terça-feira, novembro 08, 2005
Alemanha já teme protestos 'à francesa'
Cinco carros foram queimados na noite de domingo em Berlim
Cinco automóveis foram incendiados na noite de domingo na capital alemã, Berlim, e mais três na cidade de Bremen, no norte do país, onde desconhecidos também puseram fogo em um prédio que ia ser demolido.
A polícia alemã não vê uma relação com os protestos na França, mas admite que os incêndios podem ter sido inspirados pelos confrontos no país vizinho.
Com isso, cresce o temor de que os confrontos verificados na França se repitam na Alemanha.
Como a França, a Alemanha abriga um número grande de estrangeiros: são cerca de 7,5 milhões de pessoas, ou mais de 8% da população.
A maioria dos estrangeiros, quase 2 milhões, é de origem turca. Muitos deles têm grandes dificuldades para se integrar na sociedade alemã.
Estudos mostram que jovens turcos têm menos chances de alcançar sucesso na escola e de conseguir um bom emprego.
Eles também são mais afetados pela atual crise econômica no país do que os alemães.
Aviso
A onda de violência na França despertou o interesse dos políticos alemães para um assunto que não é dos mais populares no país – a integração dos estrangeiros.
O atual governo alemão, composto pelos partidos social-democrata e verde, possibilitou a crianças estrangeiras nascidas no país a escolha entre a nacionalidade dos pais ou a alemã quando atingem os 18 anos de idade.
No entanto, o governo não implementou todas as medidas que prometeu durante a campanha eleitoral, como por exemplo um aumento sensível do número de cursos de alemão para estrangeiros residentes no país.
Wolfgang Schäuble, apontado como o novo ministro do Interior do próximo governo alemão, disse que a integração tem que ser fomentada por meio de mais cursos de língua alemã e mais chances para jovens estrangeiros no mercado de trabalho.
O ministro do Interior do Estado da Baviera, Günther Beckstein, admitiu que até agora os esforços dos políticos alemães nesse campo deixam muito a desejar. "Nós falhamos", disse Beckstein, que acha que protestos violentos de jovens estrangeiros poderão ocorrer na Alemanha.
Um porta-voz do governo lembrou que a situação na França não pode ser comparada à da Alemanha, mas que os confrontos franceses devem servir de "aviso" aos políticos alemães.
Repetição improvável
Representantes da comunidade turca na Alemanha acham improvável a repetição dos protestos violentos na Alemanha.
Bülent Arslan, presidente do fórum turco-alemão no Estado da Renânia do Norte-Westfália, diz que até agora ele não vê nenhum perigo.
No entanto, segundo Arslan, o governo deve evitar que os turcos vivam cada vez mais em guetos, o que ocorre, por exemplo, na região industrial do Vale do Ruhr, que abriga um grande número de estrangeiros.
Marcelo Crescentide Frankfurt BBC BR
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