Muito curiosa a edição de hoje do Financial Times, o grande jornalão conservador de economia da Inglaterra.
Na mesma edição, duas matérias sobre o Brasil.
Uma, sobre os “riscos” de uma “bolha” de crédito, absolutamente sem qualquer base sólida de avaliação, estendendo uma pequena elevação da inadimplência registrada pelo Serasa. Claro que essa elevação é resultado do apertto de crédito, mas está a anos-luz de poder ser caracterizada como o “estouro de uma bolha” de crédito, como você pode verificar no gráfico da própria Serasa que reproduzo aí ao lado.
Típica noticia de quem vê o Brasil “ameaçado” pelo apetite consumista de uma massa de ex-miseráveis.
Diz o FT:
” O rápido crescimento econômico do Brasil tem levantado mais de 30 milhões de pessoas da pobreza nos últimos anos.
Estes novos consumidores começaram empréstimos para comprar casas, carros e eletrodomésticos, contribuindo para um aumento de quase 100 por cento no crédito privado desde 2007, segundo o Fundo Monetário Internacional.”
Estes novos consumidores começaram empréstimos para comprar casas, carros e eletrodomésticos, contribuindo para um aumento de quase 100 por cento no crédito privado desde 2007, segundo o Fundo Monetário Internacional.”
Embora não esteja dito, é óbvia a conclusão de que há crédito demais para os pobres e, portanto, nada melhor que um bom arrocho. Balela, porque os níveis de crédito na economia brasileira – apesar do crescimento – ainda representam parcela pequena da economia, menos da metada, aliás, se comparado ao que significam nos países desenvolvidos. E é crédito caro, como qualquer um de nós sabe.
Mas o FT tem outra matéria interessante.
É que o jornal britânico diz que a Ferretti, fabricante italiana de iates, está se voltando aos super-ricos brasileiros, já que as vendas aos clientes tradicionais do Mediterrâneo despencam.
A razão, segundo o jornal, é que presidentes e diretores de empresas ganharam mais em São Paulo do que em Londres ou Nova York.
Os barcos da Ferreti custam entre 300 mil euros e 80 milhões de euros. Isto é, entre R$ 685 mil e R$ 182 milhões.
Sinal que o tal “custo Brasil” provocado pela carga tributária “altíssima” não está chegando a atrapalhar o lazer dos executivos que reclamam tanto, não é?