Da Folha de S.Paulo
Tucano contrata especialista em Twitter
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governador José Serra (PSDB), que já é usuário habitual do Twitter como ferramenta de conversação, montou uma equipe para gerenciar as ferramentas virtuais de sua campanha ao Planalto. O núcleo contará com a jornalista e publicitária Ana Maria Pacheco, encarregada de abastecer e administrar o microblog do tucano, que deverá inclusive anunciar o lançamento oficial de sua candidatura.
Sua página, cuja autenticidade é certificada pelo provedor do serviço, alcançou a marca de 181 mil seguidores.
Antes do início formal da campanha, o mecanismo já produziu resultados que encorajaram a equipe de Serra. O termômetro foi uma mensagem postada pelo governador em que ele retrucava boatos espalhados em Manaus (AM) segundo os quais seria contrário à Zona Franca. “O boato sobre acabar com a Zona Franca de Manaus é molecagem antiga. Aparece sempre em ano eleitoral”, respondeu Serra ante o comentário de um internauta. O texto foi replicado exaustivamente em veículos de abrangência regional e, dizem os tucanos, minimizou o dano político da suposta boataria.
Segundo o tesoureiro da Executiva Nacional do PSDB, Eduardo Graeff, o partido já montou estrutura para maximizar dividendos eleitorais do ciberespaço e espera receber doações via internet, com cartões de débito e crédito.
A matéria é despiste, mostrando a parte menos relevante da estratégia, que é o lado oficial, público do Twitter.
Por baixo, já foi montada uma estrutura de guerra, cujo mentor é Eduardo Graeff. Vai surpreender amigos e conhecidos de velhos tempos, mas o doce Graeff mudou bastante, da água para o vinho, ou de FHC para Serra. Tornou-se o elo com uma espécie de submundo da Internet especializado em assassinatos de reputação.
Sua primeira experiência foi com um blog apócrifo, para o qual contratou blogueiros especializados em ataques anônimos contra adversários. Foi desmascarado por uma nota da Mônica Bérgamo que descobriu que o endereço tinha como titular o PSDB do Distrito Federal.
Agora, está por trás do lado obscuro dessa estratégia da Internet. Não se trata apenas de difundir ideias e desmentir acusações, mas de montar um sistema barra pesada para ataques individuais contra adversários e blogueiros tido como inimigos.
A matéria não mostra esse lado obscuro da estratégia, mas é possível identificar algumas dessas táticas. Primeiro, monta-se uma estrutura de atiradores barra-pesadas, profissionais contratados ou ligados ao PSDB ou localizados pelo Twitter. Há a assessoria da FSB Comunicações, que montou uma base em Brasília para monitorar “inimigos” na Blogosfera. É possível identificar nessa rede políticos e seguidores menores do PSDB em vários estados, associações de blogs de ultra-direita em Santa Catarina, ou pessoas que se apresentam como jornalistas em cidades pequenas.
Identificados (ou contratados) os barra-pesadas, uma das maneiras de adensar essa estrutura é através de elogios de Serra, pelo seu Twitter, a pessoas escolhidas. É o caso de uma nota indicando um desses atiradores (cuja alcunha é sinônimo de “delator”) à massa de 180 mil seguidores do Twitter de Serra. Pelo Twiiter, basta clicar no endereço incluído na mensagem para ir ao Twitter do indicado e tornar-se seu seguidor. Com a indicação, aumentam os seguidores do tal delator e adensa-se a rede dos barras-pesadas.
É uma tolice monumental. A grande guerra da Internet não se dá em torno de ataques bobos à reputação de adversários, mas na batalha de argumentos em torno de cada tema, cada factóide levantado. Ofensas, acusações, baixarias, impressionam apenas um submundo que já tem suas posições fechadas.
Aqui, um levantamento de alguns dos twitteiros mais agressivos – selecionei aqueles dos quais recebi ataques mais o tal Gravataí Merengue, que não me ataca diretamente por estar sendo processado. Cruzei seus dados com os do Twitter do PSDB.
Autor: luisnassif - Categoria(s): Blogs, Eleições, Internet, Mídia, PolíticaTags: Eduardo Graeff, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Twitter