"É fácil ser um general, pois o Estado brasileiro lhe dá a certeza de que na sua mesa não faltará o pão e que a sua integridade física está protegida pelas paredes dos quartéis ("General responsável pelo ensino no Exército exalta golpe de 64 e ironiza cotas", Brasil, 12/5).
Difícil é ser cidadão comum, à mercê das incertezas e das crises econômicas e morais que assolam o mundo dos mortais. Difícil é ser trabalhador de verdade. Difícil é tomar o ônibus lotado de madrugada para ir ao trabalho. Difícil é não ter certeza se vai ou não ter a próxima refeição.
Difícil mesmo é viver de verdade, sendo assaltado na rua e insultado no jornal com uma apologia à vergonha nacional que foi o golpe de 64. Com respeito, digo que a "lepra ideológica" parece ter afetado apenas uma pessoa.
Reservo-me o direito de não discutir aqui as cotas sociais, tão repudiadas pelo general. O mundo sabe que um golpe militar é sempre um retrocesso. É lamentável que alguém com essas ideias seja responsável pelo ensino no Exército Brasileiro."
RENILDO MIRANDA DE OLIVEIRA (Americana, SP)
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