sexta-feira, março 10, 2006
Déficit comercial dos EUA não sai de graça para o mundo
Por Osvaldo Bertolino
A balança comercial dos Estados Unidos teve um déficit recorde de US$ 68,5 bilhões em janeiro, acentuado pelos preços estrangeiros do petróleo e pelas importações de automóveis, segundo o Departamento de Comércio norte-americano. A diferença entre importações e exportações subiu 5,3% no primeiro mês de 2006. Em dezembro, foi registrado um déficit de US$ 65,1 bilhões. No ano passado, a balança comercial dos Estados Unidos apresentou o maior déficit da história, de US$ 723,6 bilhões. As previsões são de que este ano será pior.
Apesar das exportações de bens e serviços terem crescido 2,5% em janeiro, para o recorde de US$ 114,4 bilhões, as importações também se superaram. As entradas estrangeiras cresceram 3,5%, para US$ 182,9 bilhões. Com o Canadá, maior parceiro comercial dos Estados Unidos, o saldo negativo subiu 11,1%, para US$ 8,9 bilhões, e, com o México, 8,8%, para US$ 4,6 bilhões. Já com a União Européia (UE), houve declínio de 3,8% no déficit, para US$ 9,7 bilhões. As importações da China acompanharam o crescimento, refletindo a entrada de celulares e roupas. O déficit com o país subiu 9,9%, para US$ 17,9 bilhões.
Arena macroecionômica
O déficit dos Estados Unidos neste intercâmbio foi uma das prioridades na agenda da visita à China do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de 19 a 21 de novembro do ano passado. A China afirma que a culpa do déficit é dos Estados Unidos, por conta de seus estritos regulamentos para exportar produtos de alta tecnologia ao país asiático. Segundo o governo chinês, os norte-americanos deveriam seguir o exemplo da UE, que exportou à China em 2004 tecnologia no valor de US$ 5,5 bilhões (4,71 bilhões), com um aumento anualizado de 63,3%; enquanto as exportações desses produtos dos Estados Unidos à China foram de US$ 2,5 bilhões, 10,6% a menos que em 2003.
A arena macroeconômica dos Estados Unidos está montada para ser o centro da órbita do planeta. E a necessidade de financiamento do balanço de pagamentos norte-americano impacta de forma negativa a política monetária e não sai de graça para o mundo. Com o tempo, o déficit comercial promove alterações silenciosas, nem sempre perceptíveis, mas altamente relevantes nas rotas do comércio mundial A raiz da crise dos Estados Unidos é o seu endividamento público e externo. O mecanismo de antecipação de renda futura para financiar o presente, iniciado na época do governo do presidente Ronald Reagan, chegou ao seu limite. O país é o maior devedor líquido do mundo e a dívida cresce de forma alucinada e descontrolada.
Tropas imperialistas
Mas o maior problema é a dificuldade crescente de financiar os déficits interno e externo provocados pelos juros decorrentes deste endividamento. Esses financiamentos têm origem basicamente externa, sobretudo no Japão e na Alemanha. Para agravar ainda mais esse quadro, Japão e Alemanha, assim como os Estados Unidos, não conseguem se levantar. A situação das economias dos chamados "três grandes", mergulhadas em profunda crise, se traduz num quadro mundial dramático — pontuado por dificuldades estruturais, sistêmicas, que interagem com os ciclos produtivos clássicos.
Esse quadro tem tudo a ver com a dinâmica da especulação financeira internacional. A "bolha especulativa" chegou ao seu limite com o esgotamento da capacidade mundial de financiamento do alucinado endividamento público norte-americano pelo agravamento da crise de seus principais financiadores. Assim, os Estados Unidos também passaram a enfrentar o problema da vulnerabilidade externa. Nesse emaranhado, é bom prestar atenção na evolução da situação no Oriente Médio. As tropas imperialistas desembarcaram no Iraque com duas tarefas: representar os interesses do capital monopolista dos Estados Unidos e tentar impor a supremacia norte-americana no gerenciamento da economia da região e adjacências.
Com agências
http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0310/0310_deficit-eua.asp
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