segunda-feira, dezembro 05, 2005
NA MALA DOS TUCANOS
Político do PSDB é preso com 500kg de cocaína; dinheiro da droga seria usado em campanha
Os brasileiros que quiserem saber quem estava por trás dos 500 quilos de cocaína apreendidos semana passada no interior do Pará terá que recorrer à imprensa argentina, mais precisamente ao jornal La Nacion, pois no Brasil nenhum grande jornal destacou a notícia de que era o tucano Misilvam Chavier dos Santos, conhecido como Parcerinho, quem transportou a droga.
Misilvan foi candidato a prefeito de Tupiratins (TO) pelo PSDB em 2004 e perdeu a eleição por pouco menos de 50 votos. Na ocasião, recebeu forte apoio do senador Eduardo Siqueira Campos, que também é do PSDB de Tocantins.Ele foi preso em Castanhal, município do nordeste paraense, a 100 quilômetros de Belém, na noite de sexta-feira em um ônibus quando vinha de São Paulo. Misilvan tentava voltar para o Tocantins depois que um carregamento com 500 quilos de cocaína foi apreendido pela PF, nas margens do Rio Xingú, fronteira com o Estado do Mato Grosso (MT).
A agência de notícias Reuters reportou o caso e distribuiu a informação para toda a imprensa brasileira, mas poucos jornais e TVs repercutiram a informação e os que o fizeram omitiram a filiação partidária do traficante. O silêncio da mídia neste caso contrasta com o escândalo feito quando um assessor petista do Ceará foi pego com dólares na cueca ou quando a revista Veja fabricou uma história inverossímil sobre dólares vindos de Cuba em caixas de garrafas. Estes dois episódios mereceram estridente cobertura da imprensa brasileira.Misilvan já estava sendo procurado pela Polícia Federal (PF) por tráfico internacional de drogas. Na superintedência da PF em Belém, Misilvan, que também já foi candidato a deputado estadual, admitiu que trouxe meia tonelada de cocaína da Colômbia e que entregaria a droga no interior de São Paulo. "Eu fiz uma primeira vez há três anos e pouco e resolvi fazer de novo por questão de necessidades, mas não deu certo", disse o acusado a jornalistas em Belém no sábado (3). O carregamento foi localizado em uma pista de pouso clandestina no sul do Pará a 108 quilômetros do município de Santana do Araguaia. A droga foi levada ainda na tarde de sábado para Palmas, capital do Tocantins. "Lá naquelas pistas de pouso do sul do Pará ninguém tem controle e as pistas ficam suscetíveis a utilização de qualquer pessoa", disse o superintendente da Polícia Federal no Pará, José Ferreira Salles. A droga estava escondida no meio da floresta amazônica próximo ao rio Xingu. No local, os policiais prenderam em flagrante Elias Lopes Pimentel e Leocídio Lima da Cruz, acusados de guardar a cocaína. Na última segunda-feira (28/11), o traficante conseguiu fugir da polícia quando um avião pilotado por ele foi apreendido em uma pista de pouso no município de Tupiratins. Depois de deixar a droga no Pará, a aeronave de Misilvan foi perseguida, ironicamente, por um avião tucano da Força Aérea Brasileira. Após o pouso em Tocantins, o político conseguiu fugir em uma moto. De acordo as investigações, ele receberia quatrocentos mil reais pelo transporte da droga, dinheiro que, segundo a Polícia Federal, seria usado na campanha eleitoral de Misilvan a deputado estadual nas próximas eleições. A operação foi coordenada pela Polícia Federal em Brasília e teve apoio de policiais do Amazonas, Pará, Tocantins e Goiás.
Nota do PSDB diz que Partido já expulsou o candidato-traficante
Misilvan Chavier dos Santos é investigado há três anos pela Polícia Federal por envolvimento no tráfico internacional de drogas, mas foi só depois de sua prisão que o PSDB de Tocantins resolveu desfiliar o traficante.
Segundo nota distribuída à imprensa, o PSDB afirma que "quando foi divulgada a primeira notícia da apreensão do avião pilotado pelo Sr. Missilvan e sua fuga, o PSDB do Tocantins adotou todas as providências possíveis no âmbito partidário, em especial, a imediata expulsão do acusado dos quadros do PSDB, em respeito à população e aos seus demais 16 mil filiados no Estado do Tocantins."
A nota afirma ainda que o PSDB desconhecia "completamente as atividades criminosas do Sr. Misilvan".
Da redação
VERMELHO
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