E-mail: mailto:luisnassif@ig.com.br |
+++ CartaCapital n˚ 721
As eleições e suas consequências
por Marcos
Coimbra
Quando, na noite de domingo
28, conhecermos o resultado final das eleições municipais deste ano, o PT e o
governo terão muito o que celebrar. E algumas razões para olhar com preocupação
para o futuro próximo.
A se considerar o que
aconteceu no primeiro turno e os prognósticos disponíveis para as disputas de
segundo turno, o PT termina as eleições de 2012 como o principal vitorioso. De
qualquer ângulo que se olhe, são as melhores eleições municipais da história do
partido.
Os indicadores são muitos.
Entre os cinco partidos que melhor se saíram nas eleições anteriores, foi o
único que cresceu. Enquanto PMDB, PSDB, DEM e PP reduziram, o PT ampliou o
número de municípios governados por prefeitos filiados à legenda.
Com isso, manteve sua
tendência de crescimento, sem interrupção, desde a fundação. Quando se levam em
conta apenas as três últimas eleições, foi de 410 prefeituras em 2004 a 628
neste ano (sem incluir as 10 ou mais que deve ganhar no segundo
turno).
Do lado das oposições, o
panorama, ao contrário, se complicou, o que significa outra vitória para Lula e
o PT.
O total de prefeitos
eleitos pelo PSDB, o DEM e o PPS caiu, nos últimos 8 anos, de 1.973 para 1.088
(sem considerar o resultado do segundo turno, que não deve, no entanto, alterar
muito o quadro). Em outras palavras, os três partidos ficaram com pouco mais da
metade das prefeituras que tinham.
Quanto ao número de
vereadores eleitos, o cenário é parecido. De novo, o PT foi o único dos grandes
que cresceu de 2008 para cá: ganhou cerca de mil novos vereadores, ao passar de
4.168 para 5.182. Enquanto isso, os três principais partidos oposicionistas
elegeram 2.473 a menos. Entre 2004 e 2012, os representantes petistas nas
câmaras municipais aumentaram em quase 40%.
Para o que efetivamente
contam, portanto, foram eleições favoráveis ao PT. Nelas, o partido reforçou
suas bases municipais, com isso se preparando para melhorar o desempenho nas
próximas eleições legislativas.
Sair-se bem ou mal nas
disputas locais tem impacto pequeno na eleição presidencial, como ilustra o bem
o caso do PMDB, o eterno campeão em termos de prefeitos e vereadores eleitos, e
que não consegue sequer ter candidato ao Planalto desde 1998. Mas elas são
relevantes na definição do tamanho das bancadas na Câmara, fundamentais para
governar.
Há, além disso, o aspecto
simbólico.
Dessa perspectiva, o
resultado das eleições municipais é mais significativo onde elas são menos
decisivas objetivamente. É nas capitais que se travam as “grandes batalhas”, as
que despertam mais atenção e definem os “grandes vencedores”, ainda que nelas
seja menor a influência dos prefeitos nas eleições
seguintes.
Como algumas ainda estão
indefinidas, é difícil dizer com segurança, mas parece possível que o partido se
aproxime, neste ano, da melhor performance de sua história, que alcançou em
2004, quando elegeu nove prefeitos de capital.
É claro que a maior de
todas as batalhas, pelas condições em que foi montado o quadro eleitoral na
cidade, acontece em São Paulo. E com a provável vitória de Fernando Haddad, a
eleição de 2012 será fechada com chave de ouro para o
PT.
Difícil imaginar um quadro
de opinião tão desfavorável como o que foi montado para o partido nestas
eleições. Apesar dele, sai como principal vitorioso. No plano objetivo e no
plano simbólico.
Sem que houvesse qualquer
razão técnica para que o julgamento do “mensalão” fosse marcado para o período
eleitoral, o Supremo Tribunal Federal estabeleceu seu calendário de tal maneira
que parecia desejar que ele afetasse a tomada de decisão dos leitores. Como,
aliás, deixou claro o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, quando
afirmou que achava “salutar” uma interferência do julgamento na
eleição.
Nossa “grande imprensa”
resolveu fazer do assunto o carro-chefe do noticiário. Desde agosto, quando
começaram as campanhas na televisão e no ra'dio, trouxeram o julgamento para o
cotidiano da população.
Quem for ingênuo que
acredite ter sido movida por “preocupações morais”. Com seu currículo, a última
coisa que se espera dela é zelo pela ética.
Tudo o que as oposições,
nos partidos, na mídia, no Judiciário, na sociedade, puderam fazer para que as
eleições de 2012 se transformassem em derrota para Lula e o PT foi
feito.
Mas não
funcionou.
Mais que bom, isso é ótimo
para o partido. Mostra a força de sua imagem, de suas lideranças e candidatos.
Mostra por que é o grande favorito a vencer as próximas eleições
presidenciais.
O problema é a frustração
de quem apostou que o PT perderia.
E se esses setores,
percebendo que não conseguem vencer com o povo, resolvem prescindir dele? Se
chegarem à conclusão que só têm caminhos sem povo para atingir o poder? Se
acharem que novas intervenções “salutares” serão necessárias, pois a recente foi
inócua?
|