quarta-feira, janeiro 11, 2012

O noticiário político nos EUA é ‘papo’ de idiotas

Entreouvido na Vila Vudu
“Grandes EUA! Viva os EUA! Aioooou, Silver! Me Tarzan, you Jane! De buc iz ôn de têibol!Que baita país, os EUA!

Porque, no Brasil-2012, É MUITO PIOR! No Brasil-2012, o noticiário e o colunismo político já não passam de grotesco arremedo de ‘aula magna’ ministrada por autoproclamado ‘professor’ udenista golpista, comentada por arremedo de jornalista autoproclamado ‘isento’ e ‘bem informadíssimo’ (só rindo!), em que tooooooooooooooodos fazem propaganda de tucano-uspeanos-udenistas sem votos e sem poder – e todos esses, sempre, absolutamente convencidos de que (1) no Brasil, o ELEITOR e o CONSUMIDOR seriaM idiota; e de que (2) quanto menos votos tenha hoje o ex-presidente, ex-governador, ex-ministro, ex-embaixador, ex-sub-do-sub em geral,
mais entrevistável seria o tucano-udenista paulista sem-votos entrevistado da hora.

Desses, o espécime hoje mais em voga – e dos mais abjetos –, é um ‘historiador’ e ‘professor’ da UFSCar, Marco Antonio Villa, convidado infinitamente requentado nos programas da Globo News comandados por William Waack.

Hoje, o mesmo fascista sincero incansável está na Folha de S.Paulo
[1], espinafrando, dessa vez, até os jornalistas (raríssimos!) que tiveram coragem de escrever que, desse ‘historiador’
e ‘professor’ da UFSCAR, erigido em ‘especialista’ nos programas políticos do vergonhoso ‘jornalismo’ paulista, não se aproveitam nem as vírgulas!
Convenhamos: no Brasil é MUITO PIOR do que o que se lê abaixo, sobre o jornalismo nos EUA.
O ‘jornalismo’ político no Brasil-2012 é o PIOR DO MUNDO!”
[Pano rápido]

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O noticiário político nos EUA é ‘papo’ de idiotas
O primeiro comentário de Rick Santorum, depois de ver sua “avançada” comemorada como grande sucesso, com reles 30 mil votos em Iowa foi: “Segue o jogo”. E, sem nem perceber, entregou logo o jogo e os pontos, só por ter chamado o jogo de jogo.

A questão é que não é só jogo político: é também jogo ‘midiático’. Pseudo eventos como esse, são o ar que a mídia respira, o alimento, sem o qual a mídia morre: dá trabalho à mídia, faz os jornalistas sentirem-se importantes (e com carteira assinada, no Brasil-2012!). E cria-se como uma bolha de ar, espaço e tempo para infindáveis comentários de ‘especialistas’ e espetáculo, que vai fazendo passar o tempo, e ajuda a sobreviver ao infinitamente tedioso inverno em Iowa.

Para os iowanos, é a chance de “participar” em algo que parece muito importante; para os jornalistas, é a rotina da notícia, ritual santificado. O que a mídia faz, de fato, é apresentar um clip de publicidade [dela mesma], fantasiado de noticiário.

Semanas e semanas de ‘cobertura’ diária, ininterrupta, dia e noite, incluindo pesquisas e ‘análises’ de publicidade na televisão, e ninguém, absolutamente ninguém, fala sobre o quanto as empresas-imprensa lucram só por inventar um falso sentimento de expectativa e de excitação, com o qual conseguem extrair lucros do dinheiro que tantos gastam em infindáveis anúncios de propaganda deles mesmos (mas que são pagos às redes de televisão) – como os $17 milhões de dólares que o governador do Texas, Rick Perry, investiu em sua corrida para lugar algum. (Quanto você supõe que custe cada voto?)

Em Undernews, Chris Crawford chama atenção para vários fatos da realidade que vivem enterrados e praticamente jamais apareceram à luz do sol dos noticiários políticos de televisão:

1. Os Caucuses não elegem ninguém e nada (nem delegados às convenções partidárias).
2. Todos os eleitores que elejam o ‘vencedor’ não enchem nem ¼ de um estádio de futebol americano.
3. Dos três milhões de habitantes de Iowa, só 100 mil participam.
4. Os presidentes Gephardt, Huckabee, Harkin, Robertson.
5. Dizer que aquilo ‘areja’ o campo político, é o cachorro que ganha migalhas do banquete e lambe os beiços.
6. O vencedor ganha talvez seis delegados, que podem desistir de votar nele (para ser indicado candidato, é preciso garantir os votos de 1.100 delegados).
7. No Iowa, o rebanho suíno é maior que o rebanho humano.

Analistas de mídia que analisaram a cobertura repetiram que a coisa parece mais corrida de cavalos que discussão de problemas e posições.

O Projeto para Excelência em Política disse que o noticiário esteve mais focado na corrida de cavalos com revezamento que atrasou a aparição noturna de Rick Santorum, segundo análise do Projeto, examinando os principais temas da narrativa que a imprensa inventou para Iowa.

“Essa análise, baseada em amostra de mais de 11.500 websites de notícias, concluiu que elementos típicos de corridas de cavalos (estratégia, arrancada e apostas) foram o tema de mais alta ocorrência (27%) na cobertura da volátil competição em Iowa. Em segundo lugar, aparecem os recordes anteriores e posições de largada (19%). Em terceiro, referências ao próprio sistema do caucus em Iowa (16%). Referências aos problemas e atividades dos eleitores de Iowa aparecem no fim da fila (6%).”

Muitos veículos chamaram a atenção para a total irrelevância do circo de Iowa, mas cobriram o circo, mesmo assim, como se tivesse alguma importância – o que deu grande importância ao circo de Iowa, porque lhe deu enorme visibilidade, convertendo o circo de Iowa em farsa, mas com grande visibilidade e importância. Muitos dos analistas dessossados que comentaram a farsa, falavam da farsa, mas nem por isso se apresentaram como farsantes, e lá ficaram eles, falando e fazendo-se de importantíssimos.

Marvin Kitman, crítico de mídia, escreveu que “Basicamente, o formato do evento, que não é sequer uma primária, pode ser comparado ao número de pessoas que compareciam a uma reunião do Politburo, antigamente, nos tempos de pouca democracia na URSS”.

“Como na democracia leninista, o Caucus de Iowa é baseado no princípio do centralismo democrático, pelo qual pequenos grupos reúnem-se para eleger grandes grupos. É um cruzamento entre votar numa primária de verdade e a grande tradição dos EUA de selecionar candidatos em salas de ar irrespirável, pura fumaça dos cigarros, antes de uma convenção.

“Na verdade, o Caucus de Iowa é muito menos democrático que uma eleição do Politburo, porque desqualifica como eleitor, muita gente: o pessoal que trabalha às 3ªs.-feiras à noite; quem não tenha dinheiro para pagar alguém para ficar com o bebê; todos os soldados que estão lutando as guerras de Obama pelo mundo; todo o pessoal que viajou a negócios; todo o pessoal que não sai à noite, de medo do escuro. Seja qual for a razão, só uns 80 mil iowenses dar-se-ão ao trabalho de votar.”

Agora, toca para New Hampshire, para mais do mesmo, com tripulação ainda menor de jogadores a postos. Bachman foi-se. Perry faz pose de campanha de reavaliação. Gingrich foi curto-circuitado pela insatisfação ele mesmo inflou tanto. Huntsman ainda tem um pouco do dinheiro de papai para torrar por aí.

Media Tenor, outro grupo que monitora a imprensa, escreveu:

“Com a mídia cobrindo as ‘melhoras’ na economia [já estavam hoje, as tais ‘melhoras’, nos ‘noticiários’ vergonhosos da Rede Globo, desde cedo, de manhã], o presidente Obama passará a ser visto sob luz mais favorável, o que significa que os candidatos Republicanos terão de pensar em outros temas, para seduzir a base e eleitores indecisos” – segundo Racheline Maltese, pesquisadora de Media Tenor.

“Iowa responde seguidamente a questões sociais, por causa do baixo número de participantes nos caucuses. É oportunidade para ver-se que mensagens os candidatos estão passando aos apoiadores, mas nem sempre reflete o tom mais amplo das eleições” – observa ela.

“Nem sempre reflete” – é dizer muito pouco. Até aqui, o vencedor é, por irônico que pareça, Barack Obama – só porque nada faz para mostrar-se ‘presidencial’, ou quando faz uma pausa no jogo de golfe, ou quando não está assinando ‘declarações’, na calada da noite, na véspera de Ano Novo, nas quais manifesta “reservas” – mas mesmo assim assina, emenda inconstitucional à Lei de Segurança Nacional dos EUA para 2012.

E a corajosíssima ‘imprensa’ norte-americana continua a mais esconder que cobrir a crise financeira, o desespero dos mais pobres e a violenta pressão econômica sobre tantas famílias norte-americanas. O fracasso da imprensa nos EUA é efeito da decisão, dos principais jornalistas e empresários da mídia nos EUA, que se recusam a ver que o próprio jornalismo, os próprios jornalistas e suas práticas contribuem para aprofundar uma crise que se aproxima rapidamente do colapso.

O New York Times não se peja de converter-se, cada dia mais, em jornal para o 1%: o preço do jornal nas bancas subiu para $2,50. Você tem de pagar mais para ler cada dia menos sobre a inflação que não pára de crescer.

E os ‘noticiários’ de televisão são cada dia menos noticiários, como observa o Washington Post:

“Os noticiários de TV são alimentados cada dia mais com publicidade comercial mascarada como noticiário – e o governo federal quer intervir nesse processo. Preocupado com a evidência de que essa sutil ‘compra de noticiário’ já ocupa quase totalmente o serviço jornalístico, a Federal Communications Commission propôs uma lei regulatória, segundo a qual todos os 1.500 veículos das redes da televisão-empresa dos EUA passariam a ser obrigados a informar, nos próprios noticiários, quais as empresas beneficiadas por cada notícia distribuída aos consumidores.

“A proposta, que exigiria muitos meses de trabalho até ser implementada, foi elogiada por grupos de críticos e de militantes a favor do direito dos consumidores, que têm criticado o sistema vigente, que obriga os veículos a informar quais os anunciantes que pagaram para que uma ou outra notícia fosse ao ar, mas só no final do programa, nos créditos da equipe técnica.

“A menos que alguém espere até o último crédito técnico, não se fica sabendo que empresa pautou cada notícia” – disse Corie Wright, conselheiro sênior do instituto Free Press, grupo de pesquisadores de mídia que está apoiando a proposta da FCC. – Se cada jornal e jornalista dos noticiários de televisão for obrigado a declarar, no próprio noticiário de televisão, a empresa que pautou uma ou outra notícia, o consumidor passa a poder verificar se o noticiário é isento e jornalístico, ou se não passa de publicidade paga, impingida aos consumidores pagantes como se fosse jornalismo.

A regulação agora proposta visa aos noticiários oferecidos a telespectadores como se fossem trabalho de jornalismo independente, mas que, de fato, são modelados pelos patrocinadores, quando não são diretamente pautados por eles.”
[2]
O problema, de fato, é que nem o noticiário que não seja modelado, ou diretamente pautado pelos patrocinadores, tem qualquer credibilidade, nem induz ao julgamento crítico ou democrático, nem sugere qualquer possibilidade de o consumidor poder, efetivamente, contestar um status quo cada vez mais corrupto, em todo o jornalismo que lhe é impingido.

O que hoje se conhece como ‘mídia’ não passa de papo infinitamente requentado, entre idiotas, para que todo o público consumidor de notícias continue a ser, como hoje está sendo, perfeitamente enganado.

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