sexta-feira, abril 16, 2010

Para uma nova ordem internacional

Presidente Dmitri Medvedev (Rússia), presidente Lula, presidente Hu Jintao (China) e primeiro-ministro Manmohan Singh (Índia) durante a II Cúpula Brasil-Rússia-Índia-China (Bric) realizada em Brasília. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente Dmitri Medvedev (Rússia), presidente Lula, presidente Hu Jintao (China) e primeiro-ministro Manmohan Singh (Índia) durante a II Cúpula Brasil-Rússia-Índia-China (Bric) realizada em Brasília. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Selo do Bric e Ibas 2010
Em sua declaração à imprensa feita na abertura da II Cúpula de Chefes de Estado e de Governo do Brasil, Rússia, Índia e China (Bric), hoje à noite em Brasília, o presidente Lula afirmou que o grupo tem um papel fundamental na construção de uma nova ordem internacional, “mais justa, representativa e segura”. Antes de iniciar seu discurso, Lula se solidarizou com os líderes russo e chinês pelas tragédias que recentemente atingiram os respectivos países – ataque terrorista na Rússia e terremoto na China.
O presidente brasileiro agradeceu “de coração” a atenção dedicada pelos líderes russo, indiano e chinês ao encontro, consolidando assim a parceria iniciada em Ecaterimburgo, na Rússia, em 2009. Lula afirmou ainda que o grupo decidiu aprofundar a cooperação, e a declaração conjunta reflete justamente o “amplo leque de interesses comuns” que une os países nas áreas política, financeira, comercial, ambiental, energética, agrícola e de segurança. Lembrou ainda a importância do acordo de cooperação entre os bancos de desenvolvimento dos quatro países, que vai permitir “ampliar as atividades de fomento a projetos de infraestrutura”, e a interação entre as cooperativas de cada país, estimulando os setores produtivos.
Ouça aqui a íntegra do pronunciamento do presidente Lula:
Selo do Bric e Ibas 2010
Brasil, Índia e África do Sul vão trabalhar juntos para acelerar o processo de reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) “para representar melhor os pobres”, afirmou o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, durante a conferência de imprensa realizada no encerramento da 4ª Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas). As palavras de Singh foram reforçadas pelos presidentes Lula e Jacob Zuma, da África do Sul, que reafirmaram o comprometimento do grupo pela promoção do desenvolvimento trilateral, por meio do engajamento e colaboração entre as partes.
O presidente sulafricano afirmou que seu país está muito animado com a proposta de construção de satélites do Ibas, que oferecerá oportunidade de expansão das comunicações e do setor agrícola, além de aumentar as capacidades na área científica de Brasil, Índia e África do Sul.
O primeiro-ministro Singh aproveitoou ainda para elogiar o presidente Lula “por sua visão pioneira, que fez do Ibas um fórum inovador para a cooperação Sul-Sul”.
O primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, o presidente Lula e o presidente sulafricano Jacob Zuma se reuniram em Brasília para a IV Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas). Foto: Ricardo Stuckert/PR
O primeiro-ministro indiano Manmohan Singh, o presidente Lula e o presidente sulafricano Jacob Zuma se reuniram em Brasília para a IV Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas). Foto: Ricardo Stuckert/PR
Selo do Bric e Ibas 2010
Para problemas cada vez mais globais é preciso ter respostas igualmente universais, baseadas na solidariedade, cooperação e diálogo, defendeu o presidente Lula na abertura da plenária da 4ª Cúpula do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), realizada na tarde desta quinta-feira (15/4), no Palácio Itamaraty, em Brasília. O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohah Singh, também participaram do encontro.
O presidente Lula afirmou que o grupo é uma resposta “a uma ordem internacional desigual e injusta, incapaz de resolver antigos problemas, como a pobreza extrema e a fome de milhões”, e também não oferece respostas adequadas a novas ameaças como a degradação ambiental e a insegurança alimentar e energética. Como alternativa aos desafios de um mundo interdependente, o Ibas propõe mais cooperação e mais solidariedade, afirmou o presidente Lula, além de ajudar a moldar um século 21 livre de conflitos, miséria e medo.
Somos três grandes democracias multiétnicas do mundo em desenvolvimento, unidas para propor e construir. Sem antagonismos. Com firmeza e continuidade de propósitos. Nossa vocação democrática nos ensinou a apostar na transparência e legitimidade das decisões multilaterais. Para problemas cada vez mais globais, precisamos de respostas igualmente universais.
Lula afirmou ainda que pretende realizar ainda este ano, no Brasil, um encontro de líderes empresariais dos três países.
E em seu discurso de encerramento, o presidente Lula afirmou:
Esta Cúpula é a culminação de uma longa caminhada e o começo de uma jornada ainda mais promissora. Índia, Brasil e África do Sul já têm uma história conjunta e certamente terão, cada vez mais. um futuro comum. Pessoalmente, me despeço do IBAS. E o faço com o sentimento do dever cumprido, com orgulho e felicidade de ver que nossa idéia prosperou. Com a alegria de ter compartilhado com indianos e sul-africanos esta extraordinária e promissora aventura. Desafiamos a geografia e a inércia – e vencemos.
Ouça a íntegra do discurso do presidente na abertura do encontro:

Ouça a íntegra do discurso do presidente no encerramento do evento:

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Ibas e Bric declaram apoio às principais bandeiras da política externa do Brasil

O governo brasileiro conseguiu reforço para algumas de suas principais bandeiras políticas na área internacional na declarações finais dos encontros realizados nesta quinta-feira (15), em Brasília, entre os membros do Ibas (Índia, Brasil, África do Sul) e do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China).

O Ibas reiterou o apelo brasileiro para a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e para maior participação dos países em desenvolvimento nos órgãos decisórios mundiais.

A cúpula do Ibas também endossou a tese brasileira de que os esforços de não proliferação nuclear devem ser simultâneos aos avanços no desarmamento dos países com armas nucleares.

O apoio expressado após os encontros, segundo o petista, deve surtir efeitos positivos no andamento dos pleitos brasileiros, especialmente na reforma da ONU. O Brasil pleiteia um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, caso o órgão venha a ser reformulado.
Respaldo
"Não estamos isolados", ironizou o assessor internacional da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, após o encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da China, Hu Jintao. Ambos discutiram a situação do Irã, ameaçado de sanções pelos Estados Unidos por indicações de que perseguiria a construção de uma bomba atômica. Os EUA chegaram a divulgar, no início da semana, que a China aceitaria as sanções aos iranianos, o que não foi confirmado pelos chineses, que preferem mais negociação.

Garcia afirmou que há "afinidade de opiniões" entre Brasil, Índia e China no que diz respeito ao Irã. O Brasil defende que se inicie uma negociação para assegurar o uso pacífico da energia nuclear no Irã, mas também cobra dos iranianos maior transparência e colaboração com a fiscalização internacional. A declaração final da reunião do Ibas reitera o compromisso dos países com o uso pacífico da energia nuclear e pelo progressivo desarmamento.
O Brasil aproveitou a reunião do Ibas, a primeira do dia, para reforçar a ação da comunidade internacional na crise do Oriente Médio. Logo no início da manhã, os ministros de Relações Exteriores do Brasil, Índia e África do Sul tiveram uma reunião com o ministro de Relações Exteriores da Palestina, Riad Maliki.
O palestino relatou novas agressões do governo israelense contra habitantes da Cisjordânia, ameaçados de deportação caso não consigam permissão de moradia concedida por autoridade militar de Israel. A medida, disse Maliki, é reedição de medidas da década de 60 e prevê a expulsão de palestinos para dar lugar a assentados israelenses. O Ibas, em comunicado, cobrou de Israel o reconhecimento do Estado palestino e a interrupção dos assentamentos.

www.ptnacamara.org.br

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