Cesar Maia ao PSDB:
PFL não aceita mais 'ficar na garupa, ajudar na eleição e ser traído'
Globo Online
CBNRIO
Um dia depois de PFL e PSDB tornarem pública a crise na aliança para as eleições presidenciais, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL) fez duras críticas à campanha do tucano Geraldo Alckmin, em entrevista nesta quinta-feira à Rádio CBN. O prefeito citou erros da estratégia tucana, condenou principalmente a falta de um comando unificado dos dois partidos na campanha e assinalou que o PFL quer participar efetivamente do governo no caso de vitória. O prefeito disse que a aliança entre PFL e PSDB "precisa caminhar para uma Concertacíon do tipo chilena, em que os dois partidos estão juntos no governo", uma referência à coalizão de partidos que governa o Chile desde 1990. Para Cesar, um dos principais erros é não apostar no segundo turno:
- Ontem mesmo o presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati, estava conversando com o Roberto Freire, para tentar o apoio do PPS para a campanha do Alckmin. Isso é um equívoco. O ideal para a candidatura é que o Roberto Freire seja candidato, que o Cristovam Buarque seja candidato, que o PMDB tenha candidato. Se o PMDB tiver candidato, já tem segundo turno. Um segundo turno num quadro de reeleição desfavorece quem está no governo - criticou Cesar. - Essa história de 'vamos ultrapassar o Lula, vamos nos aproximar', isso é besteira. A construção do segundo turno se torna muito mais fácil quanto mais candidatos houver. Para o prefeito do Rio, o " PSDB já errou quando evitou que se votasse o fim da verticalização, dois anos atrás".
Segundo Cesar, se a verticalização, regra que obriga as alianças nacionais a se repetirem nos estados, tivesse caído antes do pleito de outubro, "o segundo turno seria uma coisa absolutamente óbvia, facilitando o deslanche de uma candidatura de um candidato que não sai competitivo, como sairia o Serra ." Ao ser perguntado se a principal divergência era a estratégia de campanha, Cesar Maia sinalizou que há mais problemas.
- Isso tudo são fogos de artifício que sinalizam o que está por trás de fato. O PFL não aceita mais a composição que fez no governo Fernando Henrique, ou seja, de entrar na garupa, viabilizar a eleição, ganhar uns dois ministérios, não sei quantas diretorias, um espaçozinho aqui e ser traído.
- declarou o pefelista, lembrando antigas mágoas: - Nós tínhamos o direito de eleger o presidente da Câmara no segundo governo de Fernando Henrique, o PSDB fez uma composição com o PTB, nos traiu, nos tirou da presidência da Casa, contrariando uma tradição. O que nós entendemos é que temos que caminhar para uma 'Concertación' tipo chilena, em que os dois partidos estão juntos no governo. O pefelista disse que é preciso entender que a campanha é dos dois partidos e o governo será dos dois partidos: - O Alckmin não é Fernando Henrique, não se trata de uma personalidade internacional, que produza um quadro suprapartidário em torno dele mesmo, não é assim - diz o pefelista, que justificou a lavação de roupa suja em público dizendo que, 'enquanto não houver um comando unificado de PFL e PSDB na campanha seu partido "vai se sentir à vontade para se expressar como partido que está fora da campanha":
- Quando isso for resolvido, nossas críticas passarão a ser internas. Até lá, não. Nós não temos nenhum compromisso com as decisões que são tomadas, nem acesso a pesquisas nós temos - afirmou Cesar. O prefeito, no entanto, ressaltou que "formal e pragmaticamente" existe a coligação - o PFL indicou o vice da chapa de Alckmin, o senador José Jorge - e que os dois partidos estão juntos na tarefa de derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- De qualquer maneira vamos estar com Alckmin, mas só manter nossas críticas internas quando houver uma 'Concertación' de campanha e de governo. Mas enquanto tiver dois ou três dizendo coisas que nós só saberemos pelos jornais, aí vamos continuar abrindo nossas críticas. Somos tão ou mais interessados quanto o PSDB na vitória do Alckmin, mas se não estamos na campanha, vamos expor nossa opinião.
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Tarso Genro comenta relações e conflitos entre partidos
25/05/2006 - 15h11
RIO DE JANEIRO
(Reuters)
Ainda com esperanças de que o PT possa fechar uma aliança nacional com o PMDB para as eleições deste ano, o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, disse nesta quinta-feira torcer para que a oposição consiga superar suas divergências internas para a disputa, porque o país precisa do "confronte político"."O pior que pode acontecer para o país é um racha na oposição, PSDB e PFL. Isso dissolveria o confronto político, ideológico e programático, que é muito importante para a democracia do Brasil. Nós desejamos que a oposição supere a sua crise interna e apresente um programa para o país. Com isso, todo mundo vai ganhar", disse Genro.
As últimas pesquisas de intenção de voto que mostraram a possibilidade de vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno da eleição aumentaram ainda mais as tensões entre tucanos e pefelistas em torno da campanha do ex-governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB).Genro, no entanto, minimizou a vantagem de Lula nas pesquisas e afirmou que elas são circunstancias."Isso não quer dizer que a eleição está assegurada e que esta vatangem está cristalizada", observou. O presidente ainda não anunciou publicamente sua esperada decisão de tentar a reeleição.
Segundo o ministro, o PT ainda trabalha para fechar uma aliança com o PMDB, que é fundamental para uma estabilidade no próximo governo."O que nós queremos é uma aliança com o PMDB. Na nossa opinião, o Brasil tem que ser governado por uma aliança estável de centro-esquerda. Acho que o PMDB vai ter capacidade para se unificar nacionalmente e dar estabilidade para o próximo governo", disse Genro."O PMDB provavelmente no futuro vai ser um partido de goveno, seja o Lula, seja o Alckmin, mas queremos que seja com o Lula".
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