segunda-feira, janeiro 16, 2006
GUERRA NO NINHO TUCANO
PSDB de Serra e FHC está rifando Alckmin
Na Folha
Alckmin diz que apóia Serra caso não seja candidato
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que apoiará o prefeito de São Paulo, José Serra, caso esse seja o nome escolhido do PSDB para a disputa da eleição presidencial deste ano.
Em O GLOBO
Alckmin diz que apoiará qualquer decisão do PSDB
Mesmo que o candidato do partido seja José Serra, garante
Noblat no Estadão
Alckmin diz que apoiará Serra, se não for o escolhido
NO SITE TUCANO PRIMEIRA LEITURA
Aliados de Alckmin passaram da conta
Por Reinaldo Azevedo
Os auxiliares do pré-presidenciável Geraldo Alckmin ultrapassaram o sinal. É chegada a hora, quero crer, de o comando tucano — de que fazem parte o presidente do partido, Tasso Jereissati, o secretário-geral, Eduardo Paes, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso — entrar em ação. Uma coisa é a disputa eleitoral normal, dentro e fora dos muros partidários, que supõe algumas pequenas cotoveladas; outra, diferente, é a depredação. No caso em questão, convenha-se: o grupo de Serra está tendo um comportamento exemplar: o silêncio. Alckmin parece estar cercado de alguns maus conselheiros. Quando menos, quero crer, atuam contra os interesses objetivos do próprio pré-candidato.
O que o governador ganha efetivamente quando seus partidários atacam Gilberto Kassab, o homem forte do PFL em São Paulo? Para um partido, como o PSDB, que depende da aliança com os pefelistas para chegar lá, a ação parece mais pautada pela pressão das pesquisas eleitorais do que por algum norte estratégico.
Não custa lembrar que o vice de Serra foi, na prática, uma escolha de Alckmin. Tem mais: se, formalmente, um vice-prefeito pode menos do que um vice-governador, Kassab, na prática, é o chefe político de Cláudio Lembro, que ficaria no lugar de Alckmin caso ele deixasse os Bandeirantes para disputar a Presidência. Em resumo: se a cidade de São Paulo, menor, não pode ficar à mercê de Kassab, o Estado, porque maior, pode? Trata-se de um argumento de ocasião. E de um mau argumento.
Convenhamos: as críticas dos alckmistas ao vice-prefeito foram feitas abaixo da linha da cintura, sobretudo porque tomam emprestados ao PT os petardos com que atingir Kassab. Eis aí um dos males de uma campanha precoce fora dos limites partidários. Fica-se na dependência de gerar notícia o tempo inteiro. E não que faltasse assunto aos Bandeirantes com que buscar a melhor comunicação com a sociedade: policiais estão sendo caçados por bandidos nas ruas. Nem fica bem dedicar-se a esse tipo de querela. O ambiente não é nada propício. Os dias estão mais para a contenção.
Volto ao ponto. Acendeu-se o sinal vermelho. O comando tem de entrar em ação, ou não haverá unidade. O PT, conforme deixa claro o presidente do partido, Ricardo Berzoini, sentiu o cheiro da confusão. Está na dele: vai tentar faturar. Alckmin sabe que, por enquanto, está perdendo a parada no partido. Também está em pior situação nas pesquisas. É legítimo que tente pôr seu nome para circular, apostando que, quanto mais conhecido, mais viável. Mas é bom dizer a seus radicais que o adversário a ser combatido é Luiz Inácio Lula da Silva, é o PT. A suposição de que a primeira etapa é vencer a batalha interna não pode perder de vista que não se terçam armas contra aliados com a mesma fúria com que se o faz contra adversários.
A política obedece a alguns rituais. Esse recado vale, em especial, para Gabriel Chalita, jovem secretário da Educação de São Paulo, sempre muito comedido ao tratar de temas que estejam fora de sua área de atuação e de sua imensíssima produção lítero-filosófica. Com sotaque quase estóico, ele abandona a discrição para lamentar, na hipótese de Serra deixar a Prefeitura: “Nunca vencemos. Na primeira vez em que o PSDB ganha, ele abre mão e entrega para outro prefeito? Isso pesa na discussão”. Não sei o que ele quer dizer. Haveria nisso qualquer ilegalidade ou imoralidade? Quando o governador escolheu Kassab para vice de Serra, estava implícita a determinação de que ele jamais poderia assumir a cadeira? Já não foi o próprio Alckmin, um dia, um vice que se fez titular? Chalita sabe que fez um pouco mais do que filosofar. Tentou tornar uma indução um dado da natureza das coisas.
Não, não é a minha já declarada preferência por Serra que me faz escrever isso. Neste momento, estou declarando a minha preferência pela prudência. Parece-me que gente como o deputado estadual Milton Flávio (PSDB) acaba, na prática, ainda que não o queira, sendo um aliado de Lula. Ou, então, ele que venha a público defender que o PFL é excelente para ajudar a ganhar eleição, mas está proibido de governar. Vamos ver quantos aliados ele consegue assim.
Reitero: hora de o PSDB, que é um partido de quadros, não de um intendente, botar um pouco de ordem na casa. Há muita gente inexperiente brincando de pega-pega perto da cristaleira. Repetindo o saudoso Tancredo Neves quando decidiu triturar Paulo Maluf no Colégio Eleitoral, pondo fim à ditadura, “o jogo é para profissionais”. Há muita gente tentando dar aula quando ainda tem muito a aprender. Nessa história toda, só um pode evocar o magister dixit: FHC.
[http://www.primeiraleitura.com.br/html/institucional/faleconosco/reinaldo_azevedo.php]Publicado em 13 de janeiro de 2006.
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