quarta-feira, novembro 30, 2005
O IMPRENSAMENTO-DEGOLA do
Deputado José Dirceu: 1964-2005
Muito diferente do que pensa Júlio Delgado, PSB-MG (guardem esse nome, para não reelegê-lo nunca mais!), as coisas ainda não estão decididas, para o julgamento de amanhã. Estamos no jogo.
Amanhã, o futuro da democracia brasileira estará nas mãos dos nossos deputados federais e é verdade, sim, que tudo poderá acontecer: ou se repetirão os vergonhosos tribunais de exceção, do tempo da ditadura, ou o Brasil começará a andar adiante.
Felizmente, a prova de que se joga amanhã muito mais do que, apenas, uma cartada eleitoral para 2006, apareceu hoje, felizmente ... nos jornais! Apareceu, portanto, a tempo. Acorda, Brasil!
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No UOL, Lucia-Hippólito – sobre a qual pesam denúncias graves de que esteja incluída na folha de pagamento do gabinete dos ACMs –, publica desejos e faz votos de Rainha Louca: “Cortem a cabeça do Dirceu” (em http://noticias.uol.com.br/uolnews/brasil/entrevistas/2005/11/29/ult2614u337.jhtm ).
Na Folha de S.Paulo, Clóvis Rossi escreve, feito maluco, “Por mim, jogaria para o tal de povo decidir, por exemplo, o destino de José Dirceu.” (em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2911200504.htm)
E, no mesmo dia... o mesmo General Meira Mattos (o mesmo! Aquele! O de 1964!), reaparece na Folha de S.Paulo! E faz firulas: “A crise política que abala o Brasil, projetando um quadro de incompetência administrativa e epidêmica corrupção, vem produzindo um sentimento generalizado de descrença no destino do país” (em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2911200510.htm)
O famigerado Meira Mattos
É possível que poucos lembrem, hoje, desse famigerado General Meira Mattos, apresentado pela Folha de S.Paulo, em rodapé, em 2005, como: “Carlos de Meira Mattos, 92, general reformado do Exército e doutor em ciência política, é veterano da Segunda Guerra Mundial e conselheiro da Escola Superior de Guerra.”
É pouco rodapé, em 2005, para um golpista tão completo, de 1964. Meira Mattos é um dos últimos generais-brucutus ainda vivos. E não me interessa, agora, o motivo pelo qual o General Meira Matos, ponha-se a fazer firulas, no jornal, em 2005, aos 92 anos e sem tropa. Isso fica para outro dia.
O que me interessa hoje é ver e mostrar aí, explícito – no movimento de abrir páginas de jornal a esse general-brucutu de 64 –, o jornalismo marrom, escandaloso, golpista, antidemocrático, fascista, atrasista, horrendo, que pratica, em 2005, a Folha de S.Paulo.
Esse anti-jornalismo é que se chama, em 2005, “o imprensamento-degola do Deputado José Dirceu”, nos grandes jornais-empresas brasileiros, mas, sobretudo, na imprensa-empresa paulista. Esse imprensamento-degola de deputados federais democráticos tem história, no Brasil.
Ninguém pode supor que a Folha de S.Paulo ofereça ‘por acaso’ as suas páginas a esse execrável General Meira Mattos, e que as ofereça hoje, exatamente na véspera do julgamento do Deputado José Dirceu.
Ninguém pode ter dúvidas que o General Meira Mattos conhece José Dirceu, há muitos anos. Esse General Meira Mattos já prendeu-matou-e-arrebentou Dirceu, pessoalmente, pode-se dizer, em 1964.
Esse General Meira Mattos já prendeu-matou-e-arrebentou MUITOS deputados federais brasileiros.
Meira Mattos é, hoje, uma espécie de múmia, igualzinha àquela que Bolsonaro levou ao Plenário da Câmara de Deputados, para intimidar Dirceu (e a múmia saiu escorraçada, de lá) e, depois, à CPMI, para intimidar Genoíno (e a múmia foi posta pra correr, fácil, fácil, com dois gritos democráticos bem dados, pelo Senador Amir Lando – e pela televisão).
Hoje, ao oferecer suas páginas para esse General Meira Mattos, foi a vez de a Folha de S.Paulo dar uma de Bolsonaro, exatamente na véspera do julgamento de Dirceu.
É completamente inadmissível. A Folha de S.Paulo perdeu, completamente, o que tivesse de dignidade profissional ou jornalística. A Folha de S.Paulo perdeu completamente a vergonha.
A história narrada pela Academia Militar da Agulhas Negras conta, sobre esse General Meira Mattos e seus golpismos de general brucutu, no dia 31/4/1964, o seguinte:
“Dia 31/4/1964, o Coronel Carlos de Meira Mattos, comandante do 16º Batalhão de Caçadores, de Cuiabá, tão logo tomou conhecimento da eclosão do movimento em Minas Gerais, ainda no dia 31 de março, deslocou sua tropa por rodovia e via aérea, em caminhões e aeronaves comerciais requisitadas, com destino a Goiânia e Brasília. Após conseguir a adesão do 10º Batalhão de Caçadores, de Goiânia, e da Polícia Militar de Goiás, rumou para Brasília, ocupando a capital da República e assumindo o comando geral de toda a tropa lá aquartelada.
Às 22 horas de 1º de abril, João Goulart deixava a capital rumo a Porto Alegre.
Às 3:35 horas do dia 2, o Congresso, sob a presidência de Auro de Moura Andrade, votava o impedimento de João Goulart. Tropas do IV Exército (atual Comando Militar do Nordeste) prenderam o governador Miguel Arraes em Pernambuco. A "República Socialista" falhara integralmente, ocorrendo a fuga e prisões de "líderes" comunistas.” (Em http://cadete.aman.ensino.eb.br/histgeo/HistMildoBrasil/Rev64/5O31Mar.htm)
Meira Matos, portanto, já foi um dos carrascos de Zé Dirceu e do sonho democrático de toda uma geração de brasileiros como Dirceu e como EU.
A Folha de S.Paulo, em 2005, quer ser o segundo carrasco de Zé Dirceu, 40 anos depois. No pasarán! Lula já é presidente. Aldo Rebelo já é presidente. José Dirceu já teve 600 mil votos e é deputado federal brasileiro!
Dirceu resiste e, com ele, resiste todo o Brasil civilizado e democrático. E o jogo continua a ser jogado. Meira Mattos está quase derrotado.
Coragem, Deputado José Dirceu! Falta, agora, bem pouco! Viva o Brasil.
[assina] Caia Fittipaldi. 29/11/2005
Para vários destinatários. Para todos os deputados federais, pela página da Câmara de Deputados, sob protocolo n.
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