30/10/2012 -
Jornal Correio do Brasil
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Por Ernesto Carmona - de Santiago do Chile
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Apenas
147 conglomerados empresariais controlam 40% da riqueza
mundial
Um estudo da Universidade de Zurich
revelou que um pequeno grupo de 147 grandes corporações trasnacionais,
principalmente financeiras e mineiro-extrativas, na prática controlam a economia
global. O estudo foi o primeiro a analisar 43.060 corporações
transnacionais e desentranhar a teia de aranha da propriedade entre elas,
conseguindo identificar 147 companhias que formam uma “super entidade” que
controla 40% da riqueza da economia global.
O pequeno grupo está estreitamente
interligado através das diretorias corporativas e constitui uma rede de poder
que poderia ser vulnerável ao colapso e propensa ao “risco sistemico”, segundo
diversas opiniões. O Project Censored (Projeto Censurado, em
tradução livre) da Universidade Estadual de Sonoma, na Califórnia, EUA,
desclassificou esta notícia e sua repercussão foi sepultada pelos meios de
comunicação norte-americanos. Mas Peter Phillips, professor de sociologia
naquela universidade, ex-diretor do Projeto Censurado e atual
presidente da Fundação Media Freedom/Project Censored, fez referência a
ela em seu trabalho The
Global 1%: Exposing the Transnational Ruling Class (O Um Por Cento
Global: Exposição da Classe Dominante Transnacional), assinado com Kimberly
Soeiro e publicado em projectcensored.org. [ http://www.projectcensored.org/top-stories/articles/the-global-1-exposing-the-transnational-ruling-class/ ].
Os autores do estudo são
Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston, pesquisadores da
Universidade de Zurich (Suíça), os quais publicaram seu trabalho a 26 de outubro
2011, sob o título A Rede de Controle Corporativo Global (The
Network of Global Corporate Control ) na revista científica plosone.org
Na apresentação do estudo publicado na
PlosOne, os autores escreveram: “A estrutura da rede de controle das
empresas transnacionais afeta a concorrência do mercado mundial e a estabilidade
financeira. Até agora, foram estudadas somente pequenas mostras nacionais e não
existia uma metodologia adequada para avaliar o controle a nível mundial.
Apresenta-se a primeira pesquisa da arquitetura da rede de propriedade
internacional, junto ao cálculo da função mantida por cada contendor
global”.
“Verificamos que as corporações
transnacionais formam uma gigantesca estrutura como gravata de laço e que uma
grande parte dos fluxos de controle conduzem para um pequeno núcleo muito unido
de instituições financeiras. Este núcleo pode ser visto como um bem econômico,
uma “super-entidade” que propõe novas questões importantes, tanto para os
pesquisadores como para os responsáveis políticos”.
O diário conservador britânico Daily Mail foi
talvez o único do mundo a publicar esta notícia, em 20 de outubro 2011, assinada
por Rob Waugh com o chamativo titulo: Existe
uma ‘super-corporação’ que dirige a economia global . O Estudo ressalta que
esta célula empresarial gigante poderia ser terrivelmente instável. A pesquisa
concluiu que 147 empresas criaram uma “super entidade” dentro do grupo,
controlando 40% da riqueza mundial” [ http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2051008/Does-super-corporation-run-global-economy.html ].
Waugh explica que o estudo da Universidade
de Zurich “prova” que um pequeno grupo de companhias – principalmente bancos –
exerce um poder enorme sobre a economia global. O trabalho foi o primeiro a
examinar um total de 43.060 corporações transnacionais, a teia de aranha da
propriedade entre elas e estabeleceu um “mapa” de 1.318 empresas como coração da
economia global.
“O estudo encontrou que 147 empresas
desenvolveram em seu interior uma “super entidade”, controladora de 40% de sua
riqueza. Todos possuem parte ou a totalidade de um e outro. A maioria são bancos
– os 20 top, incluídos Barclays e Goldman Sachs. Mas o estreito relacionamento
significa que a rede poderia ser vulnerável ao colapso”, escreveu
Waugh.
O 1% do mundo
“Efetivamente, menos de 1% das empresas
foi capaz de controlar 40% de toda a rede”, disse ao Daily Mail James
Glattfelder, teórico de sistemas complexos do Instituto Federal Suíço de Zurich,
um dos três autores da investigação.
Alguns dos supostos que subjazem no estudo
foram criticados, como a ideia de que propriedade equivale a controle. “No
entanto, os pesquisadores suíços não têm nenhum interesse pessoal: limitaram-se
a aplicar à economia mundial modelos matemáticos utilizados habitualmente para
modelar sistemas naturais, usando o Orbis 2007, um banco de dados que contém 37
milhões as companhias e investidores”, informou Waugh.
O economista John Driffil, da Universidade
de Londres, especialista em macroeconomia, disse à revista New
Scientist que o valor do estudo não radicava em ver quem controla a
economia global, mas em mostrar as estreitas conexões entre as corporações
maiores do mundo. O colapso financeiro de 2008 mostrou que este tipo de redes
estreitamente unidas pode ser instável. – Se uma empresa sofre uma angústia, esta se propaga – disse
Glattfelder.
Para Rob Waugh e o Daily Mail há
um “senão”: “Parece pouco provável que as 147 corporações no coração da economia
mundial pudessem exercer um poder político real, pois representam demasiados
interesses”, assegurou o diário conservador britânico.
A riqueza global do mundo estima-se que se
aproxima dos US$ 200 bilhões, ou seja, duas centenas de milhões de milhões.
Segundo Peter Phillips e Kimberly Soeiro, 1% mais rico da população do planeta
agrupa, aproximadamente, 40 milhões de adultos. Estas pessoas constituem o
segmento mais rico da população dos países mais desenvolvidos e,
intermitentemente, em outras regiões.
Segundo o livro de David Rothkopf
Super-classe: a Elite de Poder Mundial e o Mundo que está Criando, a
super elite abarcaria aproximadamente 0,0001% (1 milionésima parte) da população
do mundo e compreenderia umas 6 a 7 mil pessoas, embora outros assinalem 6,6
mil. Entre esse grupo, teria que se procurar os donos das 147 corporações a que
se refere o estudo dos pesquisadores de Zurich. [ http://en.wikipedia.org/wiki/Superclass_(book) ]
Ernesto Carmona é jornalista e
escritor chileno.
• Artigo publicado originariamente em
Diário da
Liberdade.