15/1/2012, China Daily, Pequim, Editorial http://english.peopledaily.com.cn/90780/7705641.html
A visita do premiê chinês Wen Jiabao à Península Árabe, de seis dias, que começa no sábado, despertou amplo interesse, tanto doméstica quanto internacionalmente.
A visita acontece quando os EUA e seus aliados ocidentais aumentam as pressões sobre o Irã para que abandone seu programa nuclear, e a ‘Primavera Árabe’ provoca mudanças profundas e dramáticas na paisagem geopolítica do mundo árabe. Nessa paisagem a significação da viagem de Wen – que visitará a Arábia Saudita, o Qatar e os Emirados Árabes Unidos (EAU) alcança espaços maiores que o dos laços atuais da China com nações árabes e mundo islâmico.
Dado os robustos laços comerciais que ligam a China e as três nações árabes, a visita de Wen terá impacto considerável na economia mundial, porque cooperação mais profunda entre China e árabes no campo da energia contribuirá para estabilizar todo o mercado global de energia e o comércio global como um todo.
Em anos recentes, sobretudo depois do Fórum de Cooperação China-Árabes em 2004, as relações sino-árabes desenvolveram-se mais rapidamente. O comércio da China com países da Liga Árabe está em ritmo de rápido crescimento. Estima-se que o volume de comércio entre China e Liga Árabe, o 7º maior para a China, já ultrapassou a marca recorde de $190 bilhões em 2011.
A cooperação no campo da energia é sem dúvida a pedra de toque do comércio bilateral. Segundo a mídia chinesa, a China importa agora mais de 55% do petróleo cru de que necessita, e 47% desse petróleo vem do Oriente Médio. A Arábia Saudita é o principal fornecedor de petróleo para a China; o Qatar é seu maior fornecedor de gás natural liquefeito.
Para alimentar o rápido crescimento de sua economia, a China precisa de fornecimento estável e continuado de grandes quantidades de combustível. O Oriente Médio é o principal exportador mundial de combustível, mas precisa de mercado consumidor de longo prazo e estável, para manter sua posição. A cooperação sino-árabe é resposta que atende aos interesses e é igualmente importante para os dois lados.
Por tudo isso, não surpreende que a China e as nações árabes atribuam grande importância à estabilidade da cooperação no campo energético. Além disso, o suprimento e o consumo normais de energia entre os dois lados é fator decisivo como ferramenta para controlar as flutuações nos preços da energia.
Apesar disso, a importância da interação sino-árabe não se limita a questões de energia. No quadro do Fórum de Cooperação China-Árabes, os dois lados estabeleceram mais de uma dúzia de mecanismos de cooperação que cobrem várias áreas, entre as quais cultura, finanças, proteção ao meio ambiente, agricultura e infraestrutura.
Empresas chinesas aumentaram seus investimentos e a transferência de tecnologia em construção de infraestrutura, manufaturas mecânicas e em indústrias leves e têxteis no mundo árabe. Ao final de 2010, o investimento acumulado da China em estados árabes já ultrapassou a marca de $15 bilhões; e os investimentos de empresas árabes na China somaram $2,6 bilhões – constituindo-se numa das fontes de investimento externo que mais cresceu na China.
Os dois lados também promoveram diálogos entre civilizações para aprofundar a compreensão mútua e aumentar as trocas entre os dois povos, e, no mês passado, organizaram a 4ª Conferência para diálogo entre civilizações, em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, quando se comprometeram mutuamente a promover a paz, a tolerância e a compreensão.
Desde 2012, China e nações árabes mantêm também o fórum anual de economia e comércio em Yinchuan, capital da região autônoma de Ningxia Hui. O povo Hui descende, em grande proporção, de povos muçulmanos do Oriente Médio e da Ásia Central, onde vivem 10% dos 20 milhões de muçulmanos chineses, e prepara-se para operar como ponte para trocas culturais e comerciais entre a China e os estados árabes.
Ao contrário dos países ocidentais, que tendem a tentar impor seus próprios valores e seus sistemas políticos ao resto do mundo, a China interage com o mundo árabe sob os princípios da igualdade, respeito mútuo e busca de mútuas vantagens.
Os EUA, na grande maioria das situações, tende a favor de Israel no conflito com os palestinos, o que enfurece muitos, no mundo árabe. Bem diferente disso, a China sempre apoiou as justas demandas dos palestinos nos fóruns mundiais, o que valeu aos chineses o respeito do mundo árabe. Ao longo da história da amizade sino-árabe, que remonta à antiguidade da ancestral Rota da Seda, a China jamais tentou impor qualquer agenda política exclusiva, à custa do Oriente Médio ou de qualquer outro povo.
A posição da China tem sido cada vez mais bem acolhida no mundo árabe e muitos estados árabes optaram por “Olhar Rumo Leste” em busca de cooperação e apoio na negociação das grandes questões regionais e mundiais.
A visita do premiê Wen à Península Arábica ajudará a consolidar uma antiga amizade, cimentará a confiança mútua e preparará o futuro de uma parceria estratégica entre a China e as nações árabes. Também fortalecerá os laços entre China, Liga Árabe e o Conselho de Cooperação do Golfo, que hoje desempenham papel importante nos negócios regionais.
Com a região passando por mudanças dramáticas desde o início da ‘Primavera Árabe’ há mais de um ano, a estabilidade regional será tema destacado das conversações entre o premiê chinês e os líderes daqueles três países árabes. O mundo aguardará o resultado dessas reuniões, porque decisões a que cheguem chineses e árabes sobre temas de interesse mútuo certamente influenciarão o rumo que a região tomará nas questões de paz e estabilidade.
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