Turquia pronta para invadir a Síria 29/11/2011, M K Bhadrakumar, Indian Puchline
http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2011/11/29/Turquia-is-ready-to-invade-syria/
http://blogs.rediff.com/mkbhadrakumar/2011/11/29/Turquia-is-ready-to-invade-syria/
A Turquia e seus aliados ocidentais estão transferindo, para a Síria, os mercenários líbios que treinaram e armaram para depor Muammar Gaddafi. Cerca de 600 ‘voluntários’ líbios já entraram na Síria. O jornal Daily Telegraph noticia que houve encontros secretos na 6ª-feira em Istanbul, entre oficiais turcos, representantes da oposição síria e mercenários líbios. Infiltração de armas em grande escala, da Turquia e da Jordânia, já ocorre há meses, para criar condições para uma guerra civil na Síria, mas, até agora, não havia notícia de infiltração também de grande número de mercenários ‘voluntários’.
O movimento tornou-se necessário, porque o projeto de induzir grande número de deserções nas forças armadas sírias não produziu o resultado esperado (houve pouquíssimas deserções). A Turquia e as potências ocidentais precisam desesperadamente construir o mito de uma força síria ‘de resistência’ contra o regime de Asad, sem o qual qualquer movimento contra a Síria estará exposto como o que realmente é, agressão nua e crua.
Moscou reagiu hoje: sugeriu firmemente que pode fornecer armas ao regime sírio, para sua autodefesa. O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Lavrov, parou um a um milímetro de dizê-lo claramente. Disse que qualquer embargo de armas para a Síria seria “injusto”. Moscou confirmou que uma esquadra de combate russa navega para a base russa no porto sírio de Tartus, no Mediterrâneo oriental, bem próxima da fronteira entre Turquia e Síria. Lavrov criticou a interferência estrangeira na Síria, mas sem citar Turquia, Jordânia, etc.
As coisas parecem estar andando céleres para a invasão. Sinal claro disso é que o vice-presidente Biden dos EUA, estará em Ancara no fim-de-semana. Com toda a certeza, lá estará para dar aos turcos o ‘sinal verde’ dos EUA, para que ataquem a Síria, sem medo. E o rei Abdullah da Jordânia viajou outra vez para Israel. É o ‘canal oculto’ direto entre Arábia Saudita e Israel e aliado regional chave da inteligência ocidental.
Verdade é que a Turquia está tendo de engolir o medo do desconhecido, e se exporá muito abertamente, com a intervenção armada na Síria. Hoje, pela primeira vez, o ministro das Relações Exteriores da Turquia Ahmet Davotoglu sugeriu que a Turquia esteja em preparação para invadir a Síria; à espera, apenas, do ‘sinal verde’ dos aliados ocidentais. Foi o que quase disse, pouco antes de uma reunião de ministros de Relações Exteriores da União Europeia e representantes da Liga Árabe (leia-se: Arábia Saudita e Qatar).
O dia dessa fala de Davutoglu, 29 de novembro, ficará marcado na crônica da República Turca que Kemal Ataturk fundou. A ‘linha vermelha’ que Ataturk fixou determinava que em nenhum caso a Turquia se deixaria envolver nas questões do Oriente Médio muçulmano e que, em vez disso, se dedicaria à ‘modernização’ do país. Evidentemente, o governo islâmico hoje no poder entende que a Turquia já é suficientemente ‘moderna’ e já pode voltar atrás e ir à guerra para reclamar seu legado otomano.
Haver exército turco em ataque a país árabe – isso é virada histórica. Faz um século que os turcos foram vencidos pela ‘revolta árabe’. A coincidência pinga de ironia. A revolta árabe contra os turcos foi instigada pela Grã-Bretanha. E a Grã-Bretanha, embora seja hoje poder muito enfraquecido, ainda desempenha papel seminal, com a diferença que, hoje, está empurrando os turcos de volta ao mundo árabe. Há cem anos, a Grã-Bretanha conseguiu empurrar os árabes contra os turcos. Hoje, os turcos dão as mãos a alguns árabes, contra outros árabes.