sábado, junho 18, 2011

A CIA está construindo um golpe no Paquistão: acompanhe ao vivo!

Nunca antes, na história da imprensa brasileira, os leitores puderam acompanhar em língua portuguesa do Brasil a CONSTRUÇÃO de um golpe da CIA, contra governo que resista às políticas dos EUA.

Golpes construídos pela CIA e levados a cabo com a ajuda empenhada de jornais, jornalistas e jornalismo brasileiros, claro, houve sempre, muitos! Houve no Brasil, no Chile e em praticamente todos os países da América Latina, e o modus operandi nunca variou: os golpes da CIA sempre contam com o auxílio de jornais, televisões, rádio, jornalismos e jornalistas locais, caso a caso.

Provavelmente por isso mesmo, quem tenha de viver da informação oferecida por jornais, jornalismos e jornalistas brasileiros, pode já ter passado 30, 40, 50, 60 anos e até mais, sempre PAGANDO para ler os jornais brasileiros, e NUNCA leu sobre golpes da CIA, nem quando o alvo do golpe foram governos eleitos pelos mesmos desgraçados consumidores brasileiros que pagamos para ler os jornais brasileiros.

Agora, afinal, graças à internet, leitores que dependam do jornalismo em língua portuguesa podem acompanhar a CONSTRUÇÃO de um golpe da CIA, dessa vez contra o Paquistão, praticamente dia a dia e ao vivo.
A blogaria militante está evoluindo! É nóis! Quem precisa do jornalismo-que-há?!

O artigo do qual hoje distribuímos excertos (e BASTA!) não tem qualquer importância jornalística, mas vale como documento histórico de como a coisa é (e sempre é assim!) construída. Aí se vê a ação empenhada de uma ONG norte-americana “Radio Free Europe”, conhecida como braço de propaganda dos EUA em todo o mundo, que publica entrevista feita com agente de outra ONG similar, a “Foundation for Defense of Democracies”.

Na sequência, e para manter em pauta o que o New York Times publicou ontem, essas duas ONG, já no dia seguinte, encenam uma entrevista para oferecer argumentos de divulgação – argumentos que parecem ‘naturalmente’ óbvios, destinados aos públicos ‘externos’, para dirigir a discussão na sociedade, introduzindo a ideia de que haveria alguma razão para que os EUA detonem o exército paquistanês, porque o Paquistão estaria ameaçando os EUA.

Para que essa ameaça se configure e gere os efeitos desejados, de provocar medo na população, é imprescindível que seja introduzida exatamente como aí se vê, no que é pura propaganda de manipulação da opinião pública, mas oferecida como ‘entrevista’ 'jornalística', entre um 'especialista' e um 'jornalista'. O golpe que a CIA está construindo contra o Paquistão, como se vê, prossegue, acompanhando exatamente o velho ‘manual’.

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Ver também
12/6/2011, “Militares paquistaneses ‘enquadram’ os EUA”MK Bhadrakumar, Indian Punchline http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/06/militares-paquistaneses-enquadram-os.htm

15/6/2011, “CIA-EUA vs Serviço Secreto do Paquistão: Guerra de espiões, sem limites”,
MK Bhadrakumar, Indian Punchline
http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/06/cia-eua-vs-servico-secreto-do-paquistao.html
16/6/2011, “CIA tenta amotinar o exército do Paquistão”
MK Bhadrakumar, Indian Punchline
http://redecastorphoto.blogspot.com/2011/06/cia-tenta-amotinar-o-exercito-do.html
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Por que os militares paquistaneses prenderam quem ajudou a encontrar Bin Laden? 17/6/2011, Radio Free Europe, Ron Synovitz entrevista Sebastian Gorka http://www.rferl.org/content/interview_gorka_pakistan_arrest_find_osama_bin_laden/24237318.html

Os militares paquistaneses já prenderam, que se saiba, cinco informantes paquistaneses que forneceram à CIA informações sobre atividade no complexo onde vivia Osama bin Laden no Paquistão. Ron Synovitz, correspondente de Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL), conversa sobre implicações dessas prisões, com Sebastian Gorka, analista de assuntos militares da Foundation for Defense of Democracies em Washington, e conselheiro do governo dos EUA e aliados da OTAN, de militares britânicos e do Comando de Operações Especiais dos EUA [ing. United States Special Operations Command (USSOCOM)].

RFE/RL: O que o senhor depreende, sobre os militares paquistaneses, quando ouve que, em vez de perseguir e prender quem ajudou bin Laden a esconder-se no Paquistão, os militares paquistaneses estão prendendo as pessoas que ajudaram a CIA a encontrar e matar Osama bin Laden?

Gorka: Vejo aí exemplo magnífico de por que ninguém pode pensar no Paquistão como nação unida. Depois que bin Laden foi morto, o primeiro comentário que se viu na mídia internacional e nos EUA foi “É claro que o Paquistão sabia. E se não sabiam, são incompetentes.” É não entender o que é hoje o Paquistão. No Paquistão não há uma elite política.

Pode-se acreditar, por exemplo, que a liderança política, a liderança civil em Islamabad, não soubesse, mesmo, que bin Laden vivia em Abbottabad. Mas é impossível acreditar, por exemplo, que o serviço secreto do Paquistão, ISI [ing. Inter-Services Intelligence] ou que vários militares não soubessem. Vamos e venhamos! A casa estava a um quarteirão e meio de uma academia militar equivalente, lá, ao que é para nós a Academia de West Point. Evidentemente, o que temos aí é um daqueles atores, um dos muitos subatores que atuam no Paquistão, e que está tentando conscientemente desviar nossa atenção. É possível que seja um daqueles grupos que sabe que enfrentará dificuldades, se as lideranças civis decidirem investigar a estadia de bin Laden no Paquistão. Por isso, em vez de caçar as pessoas que facilitaram a permanência de bin Laden em Abbottabad, eles fazem o contrário, para não atrair atenção sobre eles mesmos. (...)

RFE/RL: E temos também de lembrar que foram os militares paquistaneses, não o governo do Paquistão, que prenderam os informantes da CIA...

Gorka: Sem dúvida. Esse ponto é importante.

RFE/RL: Também há notícias de que um dos cinco presos é o proprietário de uma casa, próxima do esconderijo de Osama bin Laden, que a CIA ocupava.

Gorka: Se for verdadeira, é muito triste. Se for verdade, é evidente que o Paquistão está enviando um recado aos EUA: “Sim, vocês pegaram bin Laden, mas ainda podemos atacar vocês.” Se for verdade, não é bom sinal
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