13/3/2001, Al-Jazeera, Qatar [excertos] http://english.aljazeera.net/indepth/opinion/2011/03/2011313842452274.html
“(...) Fui eleito presidente do Sindicado de Metalúrgicos com 92% dos votos. Depois de reeleito, poderia ter continuado lá, por mais trinta, quarenta anos, presidente daquele sindicato. Mas quando fui reeleito presidente do meu sindicato, consegui que a Assembleia Geral dos trabalhadores aprovasse regra pela qual nenhum presidente de sindicato poderia ser eleito para terceiro mandato. Na presidência da República fiz o mesmo. Poderia ter lutado por um terceiro mandato. Mas sou dos que acreditam que, para o bem da democracia, é preciso não brincar com a democracia. Ninguém deve brincar com a democracia. É preciso respeitar as regras do jogo.
Para nós, para respeitar a democracia, basta deixar que o povo se manifeste, que fale livremente, que os líderes não fujam do povo, não se escondam do povo.
De modo geral, em momentos de crise, os líderes encastelam-se em seus gabinetes, não vão às ruas. Mas é precisamente nos momentos de crise, quando o povo vai às ruas e desafia os líderes que foram eleitos para governar, que os líderes, eles e elas, devem ir às ruas e falar diretamente ao povo.
É preciso também não ver a oposição, como inimigos. A oposição deve ser vista como um cidadão, uma cidadã, que não está satisfeito com o que o está fazendo e que entende que é preciso mudar.
Acredito também que essa é a extraordinária razão pela qual é preciso valorizar muito a democracia. A democracia implica conviver, democraticamente, com o diferente, com a diversidade, democracia, democracia cultural, democracia nos meios de comunicação de massa, democracia na economia, democracia nas manifestações da sociedade.
Em meu país, digo todos os dias, que não há controle mais efetivo que a controle feito pelo cidadão, pela cidadã que assiste à televisão, que o cidadão, a cidadã que ouve rádio, que lê jornais. Ninguém precisa de censura pelo Estado, de censores que trabalhem a favor de um ou outro governo. Quem mente ao povo acabará por perder a credibilidade, para o bem ou para o mal.
Para que um governo sobreviva, é preciso comprometer-se com a verdade. Sobretudo hoje, quando a internet, a grande rede mundial, já ultrapassou todos os limites conhecidos da comunicação que o mundo conheceu antes dela. Nos velhos tempos, as notícias demoravam meses para chegar até nós. Depois, o tempo de espera começou a encurtar, 24 horas, 12, 6 horas, até hoje, quando as notícias e as informações nos chegam em tempo real.
Não há meio pelo qual alguém consiga continuar a mentir ao povo, na crença de que não será desmascarado numa ou noutra mentira. Acho que é por isso que a internet e os novos meios de comunicação têm causado tantas dores de cabeça a alguns governos no mundo. Mas, ao mesmo tempo, a internet e os novos meios de comunicação prestam extraordinário serviço no fortalecimento da democracia, no meu país e no mundo.
Queira deus que algumas das pessoas interessadas em ajudar o Oriente Médio dediquem-se a entender o que se passa no meu país, no Brasil. Que se dediquem a entender o que aconteceu no Brasil. Porque muito do que aconteceu no Brasil ajudará o mundo a construir uma nova democracia, a nova democracia pela qual, hoje, o mundo está clamando. Muito obrigado.
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“(...) Fui eleito presidente do Sindicado de Metalúrgicos com 92% dos votos. Depois de reeleito, poderia ter continuado lá, por mais trinta, quarenta anos, presidente daquele sindicato. Mas quando fui reeleito presidente do meu sindicato, consegui que a Assembleia Geral dos trabalhadores aprovasse regra pela qual nenhum presidente de sindicato poderia ser eleito para terceiro mandato. Na presidência da República fiz o mesmo. Poderia ter lutado por um terceiro mandato. Mas sou dos que acreditam que, para o bem da democracia, é preciso não brincar com a democracia. Ninguém deve brincar com a democracia. É preciso respeitar as regras do jogo.
Para nós, para respeitar a democracia, basta deixar que o povo se manifeste, que fale livremente, que os líderes não fujam do povo, não se escondam do povo.
De modo geral, em momentos de crise, os líderes encastelam-se em seus gabinetes, não vão às ruas. Mas é precisamente nos momentos de crise, quando o povo vai às ruas e desafia os líderes que foram eleitos para governar, que os líderes, eles e elas, devem ir às ruas e falar diretamente ao povo.
É preciso também não ver a oposição, como inimigos. A oposição deve ser vista como um cidadão, uma cidadã, que não está satisfeito com o que o está fazendo e que entende que é preciso mudar.
Acredito também que essa é a extraordinária razão pela qual é preciso valorizar muito a democracia. A democracia implica conviver, democraticamente, com o diferente, com a diversidade, democracia, democracia cultural, democracia nos meios de comunicação de massa, democracia na economia, democracia nas manifestações da sociedade.
Em meu país, digo todos os dias, que não há controle mais efetivo que a controle feito pelo cidadão, pela cidadã que assiste à televisão, que o cidadão, a cidadã que ouve rádio, que lê jornais. Ninguém precisa de censura pelo Estado, de censores que trabalhem a favor de um ou outro governo. Quem mente ao povo acabará por perder a credibilidade, para o bem ou para o mal.
Para que um governo sobreviva, é preciso comprometer-se com a verdade. Sobretudo hoje, quando a internet, a grande rede mundial, já ultrapassou todos os limites conhecidos da comunicação que o mundo conheceu antes dela. Nos velhos tempos, as notícias demoravam meses para chegar até nós. Depois, o tempo de espera começou a encurtar, 24 horas, 12, 6 horas, até hoje, quando as notícias e as informações nos chegam em tempo real.
Não há meio pelo qual alguém consiga continuar a mentir ao povo, na crença de que não será desmascarado numa ou noutra mentira. Acho que é por isso que a internet e os novos meios de comunicação têm causado tantas dores de cabeça a alguns governos no mundo. Mas, ao mesmo tempo, a internet e os novos meios de comunicação prestam extraordinário serviço no fortalecimento da democracia, no meu país e no mundo.
Queira deus que algumas das pessoas interessadas em ajudar o Oriente Médio dediquem-se a entender o que se passa no meu país, no Brasil. Que se dediquem a entender o que aconteceu no Brasil. Porque muito do que aconteceu no Brasil ajudará o mundo a construir uma nova democracia, a nova democracia pela qual, hoje, o mundo está clamando. Muito obrigado.
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