domingo, fevereiro 27, 2011

Exército popular marcha sobre Trípoli

26/2/2011, Juan Cole, Informed Comment
http://www.juancole.com/2011/02/popular-army-to-march-on-tripoli-as-qaddafi-massacres-protesters.html

A rede Al-Jazeeera em árabe está noticiando que o ditador Muammar Gaddafi já perdeu o controle de boa parte da cidade de Trípoli e que só controla, de fato, a área da capital em torno de seu palácio. Parece não haver dúvida que Gadaffi já luta pela vida.

O jornal Time noticia que 10 mil soldados líbios no leste do país reuniram-se ao exército popular que se prepara para avançar sobre a capital, Tripoli (em
http://www.time.com/time/world/article/0,8599,2055638,00.html?xid=rss-mostpopular).
O canal ABC News mostra vídeo dos protestos em Tripoli (em
http://abclocal.go.com/kgo/video?id=7980151):

O jornal saudita Al-Watan Online
(http://www.alwatan.com.sa/Politics/News_Detail.aspx?ArticleID=43391&CategoryID=1  noticia (em árabe) que o nó parece estar sendo apertado à volta no pescoço do ditador líbio. Dezenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas da capital Trípoli depois das orações da 6ª-feira.  O próprio Gaddafi fez discurso de desafio do alto de um prédio da praça Verde, no qual ameaçou abrir seus arsenais, para que seus apoiadores civis e tribais armem-se para enfrentar os manifestantes. (Parece não ter considerado a possibilidade de os dissidentes tomarem os tais arsenais.)

Há notícias de motins nos quartéis do exército em várias cidades, com deserção em massa de soldados que aderem aos manifestantes contra Gaddafi, os soldados também horrorizados com a repressão brutal que Gadaffi ordenou contra militares rebelados. Altos funcionários do governo, inclusive embaixadores, já renunciaram e já anunciaram que se alinham aos rebeldes. Entre esses, o Procurador Geral Abd al-Rahman al-Abbar e os embaixadores na França, Rússia e Liga Árabe, e no Conselho de Direitos Humanos do Tribunal Internacional de Haia.

Na capital Trípoli, as manifestações eclodiram depois das orações da 6ª-feira nos bairros de Fashloum, Jumhuria, Ashur, Suq al-Jum`ah e Tahira, e na praça Argélia – todos exigindo o fim do regime Gaddafi. Foram atacados a tiros pelas forças de segurança e pelos ‘comitês populares’ de Qaddafi. Al-Sharq al-Awsat diz que pela primeira vez milícias dissidentes armadas enfrentaram as forças de segurança em combate aberto na capital, do qual resultaram sete mortos.

Al-Watan (
http://www.alarabiya.net/articles/2011/02/25/139145.html) diz que testemunhas relatam que haveria dúzias de feridos. Há quem diga que mais de 9.000 soldados da Brigada Khamis (a guarda pessoal da família Gaddafi, que inclui mercenários) circulam pela cidade. O regime também está usando tanques, jatos e artilharia pesada, segundo relato não confirmado de um egípcio que trabalhava em Trípoli e conseguiu chegar a al-Bayda no leste. A mesma fonte diz que, na 6ª-feira, houve muitas deserções do exército regular em Trípoli.

A Al-Jazeera informa que muitos muçulmanos abandonaram as mesquitas em Trípoli, como protesto conta o tom conservador e pró-regime dos sermões (em
http://english.aljazeera.net/news/africa/2011/02/2011225165641323716.html).

A Al-Jazeera também noticia que, em Mselata (80 km da capital), o clérigo conclamou a congregação de fieis a abraçar a luta contra a ditadura de Gadaffi. Cerca de 2.000 partiram imediatamente em direção de Trípoli, com armas confiscadas das forças de segurança derrotadas.  Na cidade de Tajoura, houve combate entre essas brigadas populares e grupos de mercenários de língua francesa a serviço de Gaddafi. As brigadas populares não conseguiram continuar avançando em direção a Trípoli e houve número não conhecido de baixas. Também essa informação chegou com refugiados de Tajoura que conseguiram chegar à Tunisia – como noticia a rede Al-Jazeera.

Em Benghazi, segundo al-Watan, dezenas de milhares de pessoas reuniram-se diante do prédio do Tribunal, já ocupado e convertido em centro do governo popular, para celebrar a vitória, celebração da qual participaram crianças.  Organizaram-se patrulhas de comitês de cidadãos e soldados que se reuniram à rebelião. Outros soldados do exército regular estão vendendo as armas. Fonte da segurança do governo popular estima que tenha havido 500 mortos em Benghazi, antes de o exército popular assumir o controle da cidade.

Ben Wedeman da CNN fala de Benghazi (em
http://edition.cnn.com/video/data/2.0/video/bestoftv/2011/02/25/ps.wedeman.libya.opens.fire.cnn.html)

[Para total espanto da Vila Vudu, o correspondente do Jornal Nacional, da rede Globo, Brasil, falava, sobre a revolta dos árabes, ontem ou anteontem, de... Telavive!]

Muita gente, nas cidades liberadas do leste, usavam tradicionais trajes líbios na 6ª-feira, segundo o jornal al-Sharq al-Awsat (
http://www.aawsat.com//details.asp?section=1&issueno=11778&article=610054 , como modo de refutar as acusações de Gaddafi, de que os rebeldes seriam muçulmanos fundamentalistas radicais (que sempre usam roupas típicas, algumas vezes influenciadas pelos trajes afegãos).

Al-Watan noticia que relatos sugerem que os combates prosseguiram na 6ª-feira em Misurata (Misrata) entre a oposição e soldados de Gadaffi. Outras fontes dizem que na manhã de 6ª-feira as forças pró-Gadaffi foram completamente derrotadas e expulsas da terceira maior cidade do país, cerca de 100 quilômetros a leste da capital.

Em Zawiya, 30 milhas a oeste de Trípoli, fontes oficiais falavam de soldados assassinados por “terroristas”. Há notícias de outras fontes de pesados combates na 4ª-feira, e de que as forças de segurança de Gaddafi recuperaram o controle da cidade. Alguns refugiados da cidade dizem que Zawiya (em
http://www.khaleejtimes.com/DisplayArticle09.asp?xfile=data/international/2011/February/international_February935.xml&section=international  está sob controle dos rebeldes e resistiu a vários ataques pelas forças de pro-Gaddafi que tentam retomar a cidade. Se Zawiya estiver sob controle da oposição, Sirte e Trípoli são os únicos centros urbanos nos quais Gaddafi ainda tem algum mando. Mau sinal para o ditador.

A maior parte das informações sobre o que realmente se passa na Líbia vêm dos refugiados, que chegam e trazem notícias (em
http://policymic.com/beta/global-affairs/exclusive-interview-libyan-refugees-part-i). Já há centenas de milhares refugiados, líbios que deixam o país fugindo dos combates, e estrangeiros que trabalhavam no país.
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