World Socialist Web Site - [Jerry White – Tradução do Diário Liberdade] Continuaram, nesta terça-feira, os protestos na capital do estado de Wisconsin contra a proposta de corte orçamentário do governador Scott Walker e o ataque aos funcionários públicos. A manifestação dos trabalhadores de Wisconsin inspirou protestos em outros estados dos EUA, dentre eles Indiana e Ohio.
Em Indianapolis, capital de Indiana, os trabalhadores protestaram na sede do governo contra a proposta do governador republicano Mitch Daniels de restringir os direitos de negociação dos professores de escolas públicas. Em Columbus, capital de Ohio, os manifestantes denunciaram um projeto de lei que impediria a negociação coletiva para 42.000 funcionários estaduais e 19.500 funcionários da universidade estadual e do sistema de faculdades do estado. (Ver “Columbus, Ohio rally against anti-worker legislation”) Também ocorreram protestos em Lansing, no estado de Michigan, em Boston e outras cidades.
Em Indianapolis, capital de Indiana, os trabalhadores protestaram na sede do governo contra a proposta do governador republicano Mitch Daniels de restringir os direitos de negociação dos professores de escolas públicas. Em Columbus, capital de Ohio, os manifestantes denunciaram um projeto de lei que impediria a negociação coletiva para 42.000 funcionários estaduais e 19.500 funcionários da universidade estadual e do sistema de faculdades do estado. (Ver “Columbus, Ohio rally against anti-worker legislation”) Também ocorreram protestos em Lansing, no estado de Michigan, em Boston e outras cidades.
Em Nova Jersey, o governador republicano Chris Christie anunciou, na terça-feira, um orçamento que atrelava um ressarcimento duas vezes maior do imposto por propriedade à aprovação de uma lei que responsabilizaria os funcionários públicos por 30 porcento de seus planos de saúde, mais do que o triplo do que eles pagam hoje.
Além de cortes drásticos na educação pública e no ensino superior, no sistema de saúde Medicaid e outros serviços, o governador republicano de Wisconsin exige um aumento significativo na contribuição dos funcionários públicos aos planos de saúde e de pensão, medida que resultaria em redução de centenas de dólares em seus pagamentos mensais.
O governador também almeja tirar os direitos de negociação coletiva de professores, enfermeiros, bombeiros e outros funcionários municipais e estaduais, bem como impedir negociações em quaisquer tópicos exceto aumento salarial, que não pode exceder o aumento no Índice de Preços ao Consumidor. A medida também acabaria com a contribuição automática aos sindicatos e forçaria as categorias a submeter a voto anual a permanência no sindicato.
Em um pronunciamento de 10 minutos na noite de terça-feira, Walker reiterou que insistiria nessas medidas e, mais uma vez, tentou colocar os funcionários da iniciativa privada contra os servidores ao alegar que, durante esse período de recessão, os funcionários públicos não sofreram cortes salariais nem perdas de benefícios como os empregados na iniciativa privada.
Estima-se que 15.000 funcionários e jovens participaram dos protestos na sede do governo em Madison na terça-feira. Funcionários da iniciativa privada, inclusive membros do sindicato Teamster de Minnesota, Illinois e Michigan, juntaram-se às manifestações em defesa dos servidores públicos. Bombeiros acamparam na sede do governo durante a noite para manifestar sua solidariedade à luta, embora o Governador Walker os tenha excluído das medidas que impedem negociação coletiva.
Um número estimado de 2.000 professores, auxiliares de professores e graduandos deixaram suas salas de aula na Universidade de Wisconsin-Madison (UW) na terça-feira e caminharam até o palácio do governo.
Sob o orçamento proposto por Walker, que será lançado no dia 1o de março, a universidade perderia entre US$50 e 75 milhões, o que levaria a aumentos de até 20% na anuidade nos próximos dois anos. Os direitos de negociação dos funcionários do hospital e dos auxiliares de professores da UW também estão ameaçados.
William, co-administrador na Associação de Assistentes de Professores, disse, "Eles querem quebrar nosso sindicato. Sem um sindicato nós não temos modos para garantir nossas aulas. O reitor nos prometeu isto, mas não há nada que garanta isto – deverá haver mais um semestre. Nós podemos perder direitos que lutamos por todos estes 40 anos, e o que nós pagamos por cuidados de saúde pode dobrar".
O Governador Walker ameaçou que estas demissões em massa de empregados do Estado deverá começar na próxima semana se seu projeto de lei não passar. O governador repetidamente disse que mais de 1.500 trabalhadores podem perder os trabalhos em Julho se sua proposta não for aprovada. "Temos esperanças de que não chegaremos a este ponto," disse Walker à Associated Press.
Há um crescente sentimento entre os trabalhadores em continuar as ações de massas. Na Segunda-feira pela noite, a Federação Central do Trabalho do Sul aprovou uma resolução por uma greve geral de aproximadamente 100 sindicatos, representando 45 mil trabalhadores, se o orçamento de Walker for aprovado pela legislatura estadual e assinada como leo pelo governador.
Os dois maiores sindicatos do estado – o Conselho da Associação de Educação Wisconsin, que possui 98 mil membros, e a União Estadual de Empregados de Wisconsin, com 60 mil membros – já aderiram às demandas econômicas do governo. Eles estão limitando sua oposição à pauta de direito de negociação coletiva.
Isto revelou o abismo entre os trabalhadores e as centrais sindicais. Enquanto os trabalhadores querem defender seus direitos para se oporem aos ataques contra seus trabalhos e seus meios de subsistência, os oficiais das centrais sindicais querem defender seu status legal para negociar os salários e as concessões de benefícios, e continuam a coletar direitos sindicais.
As concessões que eles finalmente ofereceram continuava com efeitos devastadores nos 175 mil empregados públicos e suas famílias. "Meu seguro de saúde deverá subir para $226 ao mês e eu preciso pagar um dinheiro extra no valor de $200 ou mais a um mês para a aposentadoria, " Mary, uma empregada pública, disse a WSWS. "Já estou perdendo $150 por mês por conta dos dias de licença. Walker ordena que as licenças terminem em Julho. Ainda assim eu continuo perdendo $250 com os aumentos deduzidos – e ele não disse se irá remunerar os dias em licença."
"Dois anos atrá, nós perdemos 3% do aumento," continuou Mary. "A todo momento até agora nós tivemos 1% de aumento nestes 19 anos em que trabalhei. Isto não está de acordo com o aumento do custo de vida. Eu tive de refinanciar minha casa de 15 para 30 anos de hipoteca (garantia) porque minhas dívidas irão exceder minha renda. A TV a cabo e a Internet são os únicos 'luxos' que eu tenho, e eles irão ir embora em breve, pois me custam $125 ao mês. Eu não sei como as pessoas com crianças irão fazer com isto. Eu não vejo como estamos comendo bem e fazendo grandes poupanças, como diz o governador."
A burocracia do sindicato está trabalhando com os Democratas para abrandar os protestos. Na Segunda-feira, a Presidenta do WEAC, Mary Bell, se pronunciou dizendo aos professores para retornar às salas de aula e "buscar modos de se expressar e serem vistos após o seu dia de trabalho ter sido cumprido." Os professores de Madison votaram por desafiar a presidenta do WEAC e ficaram de fora das salas de aula na Segunda-feira.
Após quatro dias de ações dos empregados, entretanto, os professores retornaram ao trabalho na Terça-feira. Jesse Jackson realizou um protesto em frente à Escola do Leste de Madison – uma das escolas que os estudantes saíram das aulas para apoiarem seus professores – para ir contra a ordem de voltar ao trabalho do sindicato.
Democratas do estado se colocaram como defensores dos empregados públicos até quando eles adentraram na devastação do gasto social e na danificação dos padrões de vida dos trabalhadores. Eles saudaram os sindicatos por concordarem com as concessões salariais e de benefícios e criticaram o governador por falhar na colaboração com oficiais sindicais a impô-las.
O Senador Kathleen Vinehout, um dos 13 Senadores Democratas que voaram a Illinois na última semana para retardar a votação do projeto de lei, disse ao Wisconsin State Journal que os Democratas estão aptos para negociar com um orçamento deficitário de duas vezes o tamanho do deficit corrente em 2009 sem desencadear um levante massivo em todo o estado. Isto porque o governador Democrata, Jim Joyle, usou os serviços dos sindicatos para suspender os dias de licença e outras concessões devastadoras.
A segurança no Capitólio estadual aumento na Terça-feira pela manhã com o Senado e Assembleia controlados pelos Republicanos, que estavam agendados a estarem na sessão. Guardas foram instruídos a permitir apenas 10 manifestantes por vez, e eles foram obrigados a passar por detectores de metais. A polícia do Estado também manteve uma pesada presença e algumas indicações de que uma movimentação pode ser feita em breve para limpar o Capitólio, que está ocupado por milhares de manifestantes desde a semana passada.
Há um apoio esmagador aos trabalhadores de Wisconsin por todas as camadas da população trabalhadora. De acordo com uma nova Enquete do USA Today e Gallup, os estadunidenses se opõem fortemente a leis que removem o poder de negociação coletiva dos sindicatos dos trabalhadores públicos. A enquete descobriu que 61% se opõem a leis semelhantes à proposta do governador de Wisconsin, comparado com 33% que é a favor de tal legislação.
Lynda, proprietária de uma franquia de restaurante em Kenosha, Wisconsin, sul de Milwaukee, disse ao WSWS, "os professores voltaram ao trabalho mas precisam manter isto vivo. O governador se coloca como um grande herói. Mas ele fala para os irmãos Koch e os bilionários.
"Aqui em Kenosha eles desligaram outra indústria da Chrysler. Esta foi uma grande cidade sindical, mas eles perderam muitos empregos. Primeiro Walker está atacando os empregados públicos, e então atacará os setores dos trabalhadores privados. Se nós não nos atentarmos isto se transformará em escravos e senhores novamente."