O Brasil mudou muito, mas os tucanos e o PIG continuam os mesmos
(Quinta-Feira, 27 de Maio de 2010 às 15:50hs)
Depois de 26 horas viajando, contando a partir do momento que sai da casa do amigo que me hospedou em Moscou até a porta do meu apartamento, já estou no Brasil de novo.
Evidente que viagens a destinos diferentes sempre nos despertam novas reflexões. Entre as principais dessa viagem é de que o Brasil mudou bastante e para melhor nesses últimos anos.
Minha primeira longa viagem internacional foi à Europa em 1994. Na ocasião, a sensação que tinha quando da volta era de absoluto desalento com as perspectivas brazucas.
Sob qualquer parâmetro vivíamos num quase quinto mundismo. Nosso salário mínimo era de um ridículo de dar dó, as pessoas mal sabiam que um novo presidente acabava de ser eleito e só me perguntavam sobre miséria, futebol e desmatamento da Amazônia.
Em 1994 vivia-se o início da globalização tanto do ponto de vista da sua lógica neoliberal quanto do processo de informação. A internet ainda era um bebê de colo. Tim Berners-Lee só apresentou ao mundo a forma de rede que conhecemos hoje em 1989. E em 1994 ainda poucos utilizam.
Nesse ínterim de 16 anos fiz algumas tantas viagens internacionais, quase todas a trabalho. Fui percebendo as mudanças de perspectivas do Brasil e do olhar dos cidadãos principalmente do chamado primeiro mundo em relação a ele. Em 2004 já senti essa mudança de rota quando fui para o FMS da Índia e aproveitei para fazer um stop over na Europa, onde visitei rapidamente Espanha, França e Itália.
Mesmo ainda em tom apenas curioso, as pessoas já perguntavam de Lula e de seu governo.
Nesta última viagem ficou claro que chegamos ao que os gringos chamam de turning point (algo como o ponto da virada). Tanto na Rússia, como na Grécia, quanto na Holanda, nos noticiários de TV e de jornal e nas conversas informais, a pauta sobre o Brasil agora vai de política internacional a programas de renda que teriam mudado o destino de milhões de pessoas.
O Brasil é tratado como um país que está dando certo e seu presidente é celebrado como grande liderança mundial.
Mas infelizmente por aqui em algumas paragens a coisa continua do mesmo tamanho. A mídia e a oposição continuam fazendo avaliação deletéria tanto ao governo Lula quanto do papel do país no cenário internacional.
A manchete da Folha de hoje é um exemplo disso: “Serra diz que a Bolívia é cúmplice de traficantes”. Na chamada de capa o jornal ainda “revela” que o candidato a presidente do país teria dito “que 80% a 90% da cocaína que entra no país chega via Bolívia”.
O mesmo Serra que teria dito outro dia que o Mercosul não existe e que a China produz camisinhas com cheiro de galinha fervida.
A propósito, duas observações.
1) China é hoje a maior parceira comercial do Brasil.
2) O Brasil é hoje a liderança incontestável da América Latina, onde, por um acaso, se localizam os países do Mercosul e a Bolívia.
A oposição tucana e a parte PIG da mídia perderam o bonde da história.
Sinceramente, não sei dizer se isso é bom ou ruim.
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