Em entrevista na TV Bandeirantes, cujo extrato pode ser lido em matéria do G1 (clique aqui), Serra mostrou que não entendeu nada do Bolsa Família.
Vamos ver a besteira que ele falou e comentar:
O ex-governador de São Paulo disse que seu partido lançou o programa Bolsa Alimentação. “Quando o Lula entrou, fez primeiro o Fome Zero, que não avançou muito, e aí fizeram o Bolsa Família.”
Besteira Dr. Serra! Informe-se agora com este humilde escriba.
O Bolsa Família foi gestado na equipe de transição, sob a coordenação da Ana Fonseca, que depois (2004) foi secretária-executiva do Ministério de Desenvolvimento Social.
O Governo Lula, ainda na transição, tinha uma profunda crítica à dispersão de programas como o Vale Gás, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e Bolsa Renda.
O Vale Gás era de R$ 15,00 a cada dois meses. O Bolsa-Renda dava R$ 30,00 por mês a 842 mil famílias que moravam em municípios atingidos pela seca. O Bolsa-Escola e o Bolsa-Alimentação repassavam entre R$ 15 e R$ 45 por mês a famílias com gestantes, nutrizes e crianças de seis meses até 15 anos de idade
É preciso que se diga com todas as letras que esse programas do FHC eram meramente assistencialistas. Não tinham conceito, porta de entrada nem critérios de permanência e não tinham porta de saída.
O Governo Lula, que gestou o Bolsa Família na transição – e não tempos depois como diz o candidato a ex-Governador José Serra -, tinha uma visão completamente diferente do caráter assistencialista do governo FHC.
Qual o conceito do Bolsa Família no Governo Lula?
As famílias que se encontram abaixo da linha da pobreza estão condenadas a permanecer nessa condição. Uma das principais características delas é que a mãe cuida de três ou mais filhos sem a presença da figura paterna que, normalmente, faz o filho e se manda.
Há dois caminhos possíveis para essa mãe:
a) trabalhar em subempregos e botar os filhos para trabalharem o mais cedo possível, para garantir a mínima condição de sobrevivência; desse modo, os filhos e filhas morrerão precocemente ou constituirão famílias que perpetuarão a situação de miséria em que vivem. O que caracteriza um círculo vicioso de manutenção da condição de pobreza e miséria.
b) ao invés de trabalhar em subempregos, essa mulher recebe uma bolsa (chamada de Bolsa Família) para cuidar, exclusivamente, da educação e da saúde dos filhos e filhas; com isso, os filhos e filhas terão condição disputar melhores empregos e fazer a família sair da situação de miséria em que se encontra. O que caracteriza um círculo virtuoso de superação da condição de pobreza e miséria.
Como o Governo Lula gerou quase dez milhões de empregos, essas crianças ao serem obrigadas a estudar – ao invés de trabalhar – se colocam em condições de disputar empregos no mercado de trabalho formal. O que seria impossível no outro modelo.
Mas o Serra, os tucanos, os democratas (?) e os pepessistas não entenderam nada dessa história de sucesso do Bolsa Família…
Se o Serra se tornar presidente, com certeza, reduzirá gradativamente os valores do Bolsa Família, até que as mães não terão mais condições de garantir o sustento da família e irão trabalhar em subempregos.
Com isso, não cuidarão dos estudos e da saúde dos seus filhos e filhas e se conformarão com a idéia de que eles têm mais é que trabalhar, vendendo bala na esquina.
O gigantesco círculo virtuoso construído pelo Governo Lula será desmontado e haverá um retrocesso ao círculo vicioso deixado pelo governo FHC.
A vitória do Serra será a derrota da superação da imensa desigualdade social existente até 2002.
A vitória do Serra será a derrota da esperança dos poucos miseráveis que ainda existem.
A vitória do Serra será o retorno à idade das trevas…
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