Governo federal libera R$ 200 milhões para
atendimento de emergências no Rio de Janeiro
O governo federal vai liberar
de imediato R$ 200
milhões para atendimento
das situações de emergências
causadas pelas chuvas no estado
do Rio de Janeiro. O anúncio foi
feito pela Casa Civil. “Estamos
analisando todas as demandas do
estado, inclusive em função das
novas ocorrências desta madrugada
em Niterói”, afirmou a ministra
da Casa Civil, Erenice Guerra.
Além da verba para atendimento
emergencial, também foram
anunciadas medidas na área de
saúde, entre elas a renovação
da frota da SAMU 192, com a
antecipação da entrega de 50
novas ambulâncias, e a entrega
de 52 kits para enchentes contendo
medicamentos e material
de primeiros socorros, com capacidade
de atendimento para
até 75 mil desabrigados.
A Secretaria Nacional de Defesa
Civil providenciou a entrega
de colchões, lençóis, filtros de
água, além de cestas básicas.
Também está no local uma equipe
de especialistas em resgate
em áreas de risco da Força Nacional
de Segurança Pública, a
mesma que esteve em Angra dos
Reis no final do ano passado.
O governo federal irá atuar
também na antecipação de obras
consideradas urgentes, como a da
Praça da Bandeira, um dos principais
pontos de alagamento da
capital fluminense. A reforma está
incluída no Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC) e a conclusão
será acelerada.
Toneladas de medicamentos são
destinadas aos desalojados
Foram destinadas mais de cinco mil toneladas de medicamentos e
insumos para auxílio à situação de emergência em algumas localidades
do Rio de Janeiro. Ao todo, o Ministério da Saúde enviou 52 kits,
suficientes para atender 26 mil pessoas por um período de três meses.
Também foi estruturado nos hospitais federais um esquema especial
de atendimento à população atingida pelas chuvas e o envio de novas
ambulâncias para o estado. Também foi planejada uma campanha de
esclarecimento sobre doenças causadas pelas enchentes e avaliado um
plano de reestruturação da rede de saúde atingida pelas chuvas.
Do total de kits, 22 já estavam no Rio de Janeiro e foram colocados a
disposição das secretarias de saúde. Outros 30 kits serão remanejados
de outros estados. O material é composto por antibióticos, antiinflamatórios,
antiparasitários, analgésicos, antitérmicos, anti-hipertensivos,
ataduras, esparadrapos, luvas, máscaras, cateteres e seringas, entre
outros componentes.
O Departamento de Gestão Hospitalar Federal no Rio de Janeiro (DGH)
também participa da ajuda e colocou a disposição parte das 75 salas
cirúrgicas dos hospitais federais (Andaraí, Bonsucesso, Cardoso Fontes,
Lagoa, Ipanema e dos Servidores). Válida pelos próximos 20 dias, a medida
deve auxiliar principalmente nas áreas ortopédica e de neurocirurgia.
A iniciativa é uma das diretrizes do Plano de Contingência para Chuvas,
Catástrofes e Afins, da Rede Hospital Federal, que inclui ainda medidas
para evitar a interrupção do atendimento, inclusive a dobra na
escala de profissionais, se houver necessidade.
>>>
Migrações decisivas, o inchaço urbano devastando nossas 11 RMs (Regiões Metropolitanas), se deram a partir dos anos-70. A propósito, em plena ditadura, o Governo Geisel (1974-79) criou uma CNPU (Comissão Nacional de Política Urbana) junto ao Planejamento. Ali se elaborou um anteprojeto de Lei de Uso do Solo Urbano bem razoável. Geisel entregou a papelada a Figueiredo, que mandou engavetá-la in limine: coisas do "Alemão", disse. Nossas cidades tornaram-se, como Caracas e outras, um escândalo urbanístico e arquitetônico, feias, sujas, monstruosas e desumanas! Abraços do Arnaldo C.
Mauro Santayna: O Estado e as forças naturais06/04/2010 – 22:11 naturais A tempestade que se abateu, segunda-feira, sobre o Rio de Janeiro – em uma estação de natureza particularmente impiedosa no mundo inteiro – tem muitas explicações, todas elas válidas, e todas elas, até o momento, inúteis. Há que se registrar, em primeiro lugar, e sem a histeria imobilizadora de alguns fanáticos, a enlouquecida agressão destruidora do capitalismo. A busca do lucro sem limites destrói as montanhas, a vegetação e suas águas, seja para a extração mineral, seja para a especulação imobiliária, e trata os seres humanos como se coisas fossem. O Estado, historicamente, tem sido servidor dessa ação depredadora. Mesmo antes do consumo alucinante de recursos naturais, na produção de energia e de artigos industriais, que se acelerou nos últimos 100 anos, o Estado dividia seus súditos em duas categorias. Uma, a dos bem nascidos, senhores, por direito de herança, do bem-estar e do mando; outra, a dos servos, cativos pela cor ou pela origem social. As favelas cariocas, como sabemos, nasceram em Canudos, com a desmobilização das forças que combateram Antonio Conselheiro, no fim do século 19. Os veteranos das tropas legalistas vieram para o Rio, acamparam-se em um de seus morros, e, em seus descendentes e agregados históricos, continuaram a morrer, como no sertão baiano: a tiros, de fome, e, por fim, nos desabamentos. Ainda assim, tiveram mais sorte do que os vencidos em Canudos, mortos em combate e degolados os prisioneiros inermes, entre eles, mulheres e crianças, em um dos momentos mais abjetos da história brasileira. Como o Rio não fosse exceção na ordem social de domínio, em todas as cidades, reproduziu-se o mesmo modelo de ocupação urbana e de exploração do trabalho. Em todas elas há, em dimensões equivalentes, os redutos da miséria, sem falar nos casebres dispersos nas regiões perdidas do interior. Há várias humanidades na Humanidade, e, em algumas delas, a vida, em lugar de ser uma graça, constitui terrível castigo. Quando a Nêmesis da Natureza resolve exercer vingança contra os que a ofendem, pune mais os inocentes do que os culpados. Tivemos, nestes últimos meses, os grandes terremotos, como sofremos, em nossos semelhantes indonésios, o mais violento maremoto registrado pela História. O terremoto do Haiti foi impiedoso, porque impiedosos haviam sido os colonizadores espanhóis e franceses e, bem mais tarde, os homens de negócios norte-americanos. Foram dizimados os pobres: os poucos ricos, estrangeiros em sua maioria, salvaram a vida e o patrimônio. No Chile, com todo sofrimento e destruição, os mortos foram relativamente poucos, porque, apesar de todos os males – e, nesses males, inclua-se Pinochet – os chilenos conseguiram construir uma sociedade mais justa. Os desastres naturais atingem qualquer lugar do mundo, e os sismólogos preveem abalos telúricos em várias regiões do globo, nos tempos próximos. É de se esperar que quanto mais pobres forem as áreas de ocupação, mais mortes haverá. Durante os últimos 100 anos, moveu-nos a ilusão de que as cidades grandes eram mais seguras. Nos anos 40, o êxodo para os grandes centros foi explicado pelo desemprego e a segurança do salário mínimo, naquele tempo restrito aos trabalhadores da indústria. A iluminação pública também serviu de atração para os homens do campo. Nos anos 50, uma pesquisa da Arquidiocese de São Paulo revelou que a afluência dos pobres à grande capital era motivada, mais do que pelo emprego, pela assistência hospitalar. Era o medo de morrer à míngua, sem chance de cura, o principal fator da migração. Hoje, a automação das indústrias e dos serviços tem descartado a mão de obra, expulsando até mesmo os trabalhadores especializados para a periferia das cidades. É hora de a ciência encontrar uma forma de produção que confira vida digna e segura a todos os homens. Lei Maluf Depois da famigerada “Lei Fleury”, da ditadura, em favor do delegado símbolo da repressão política, só nos faltava a “Lei Maluf”, contra a autonomia do Ministério Público. A proposta é inconstitucional, porque viola a igualdade de todos diante da Justiça, ao privilegiar os agentes públicos. A Câmara dos Deputados está brincando com nitroglicerina.
|