Atualizado em 15 de janeiro de 2010 às 14:24 | Publicado em 15 de janeiro de 2010 às 14:12
Sexta-feira, 15 de janeiro de 2010 às 11:44
do blog do Planalto
Na edição da última quinta-feira (14/01), a chamada de primeira página do jornal O Globo distorceu o conteúdo da própria reportagem publicada internamente, afirmando que o presidente Lula teria pedido que as obras da Copa não passassem por fiscalização. Em razão disso, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República enviou ao editor responsável pelo jornal a seguinte carta:
Na primeira página de sua edição desta quinta-feira (14/01), O Globo afirmou que “Lula pede vista grossa em obras da Copa”. Em momento algum o Presidente fez essa afirmação, como é possível confirmar na íntegra da matéria publicada na página 37. O que ele disse foi: “Nós precisamos criar, companheiro Orlando, um movimento que possa envolver, uma espécie de um tratado, de um ajuste de conduta entre os órgãos executores e os órgãos fiscalizadores, para que a gente não dê, na fiscalização das coisas -- seja na questão ambiental, seja na Controladoria, seja no Tribunal de Contas ou em qualquer outro órgão -- o mesmo tratamento, como se nós estivéssemos vivendo um tempo de normalidade”. Portanto, a afirmação de que o presidente pediu “para que as obras da Copa de 2014 não passem por fiscalização nem sejam embargadas por questões ambientais para que não sofram atrasos” é de absoluta má-fé e viola o direito do leitor a informações corretas. Seria ótimo que O Globo corrigisse a informação com o mesmo espaço e destaque.
A carta foi publicada na edição de hoje (15/01), sem a frase final, acima destacada. E, ao invés de se retratar pelo erro, o jornal procurou justificá-lo com a seguinte Nota da Redação:
As aspas do presidente, enviadas aqui pelo secretário de Imprensa do Palácio do Planalto, deixam claro que Lula pede um tratamento especial da fiscalização para as obras do PAC na Copa. Diz o presidente: “(…) para que a gente não dê, na fiscalização das coisas (…) o mesmo tratamento, como se nós estivéssemos vivendo num tempo de normalidade.” Ao que se sabe, o Brasil não vive quadro de calamidade pública ou estado de sítio que permita ao governo tocar obras sem fiscalização normal e rotineira.
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio (Nova Fronteira, 1975), fazer vista grossa é “ver e fingir que não vê; deixar passar”. Absolutamente não foi isso que o presidente pediu, conforme pode ser visto na íntegra de seu discurso, cujo áudio e transcriçãoestão publicados na página da Secretaria de Imprensa, e na edição em vídeo disponibilizada aqui.
Tratamento especial, negociado entre executores e fiscalizadores das obras, especificamente nos casos em que não se pode adiar um evento da magnitude de uma Copa do Mundo de futebol, não é fazer vista grossa.
O Globo sabe que errou. Quando a imprensa erra, não deve fazer vista grossa para seus erros.
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