quarta-feira, dezembro 30, 2009

Carta a Embaixada Egípcia: pela ajuda humanitária a Palestina!

São Paulo, 29 de dezembro de 2009
Ao: Exmo. Embaixador do Egito no Brasil
Embaixador Dr. Ahmed Hassan Ibrahim Darwish
Tel. (61) 3323-8800, Fax (61) 3323-1039, e-mail: embegito@opengate.com.br
CC:
Cônsul Ministra Plenipotenciária Amany Mohamed Kamal El Etr
Tel. (21) 2554-6664/6318, Fax (21) 2552-8997
Ministro Plenipotenciário Comercial Mahmoud Murad Hassan Mazhar
Tel. (11) 3284-8184, Fax (11) 3283-5187, e-mail: emb.egito@sti.com.br
Senhor Embaixador,
            Dirigimo-nos ao Exmo. Embaixador para expressar nossa preocupação e solicitar sua colaboração para que os comboios de ajuda humanitária internacional Viva Palestina e Marcha pela Liberdade de Gaz  possam chegar ao cruzamento de Rafah,  e que, dali, não sofram empecilhos por parte das autoridades egípcias para ingressar na Faixa de Gaza.
            Os comboios da iniciativa Viva Palestina e da Marcha pela Liberdade de Gaza são formados por aproximadamente 2200 cidadãos de mais de 42 países, reunidos em uma missão humanitária e de solidariedade internacional. Juntos levam mais de 200 veículos com medicamentos urgentes para o tratamento da população de Gaza.
            O Relator Especial da ONU para a Palestina, Richard Falk, afirmou em 18 de dezembro deste ano:
            “Duas prioridades urgentes devem ser mencionadas nesse infeliz aniversário: primeiro, os aliados de Israel devem exigir que Israel termine imediatamente seu bloqueio ilegal à Faixa de Gaza, atrelando o não cumprimento dessa exigência à aplicação de sansões econômicas.  Segundo, que as recomendações do Relatório Goldstone (…) sejam rápida e plenamente implementadas .”
            Contamos com a compreensão do governo egípcio e com sua colaboração nessa missão humanitária internacional de máxima urgência.


Atenciosamente,


FRENTE DE DEFESA DO POVO PALESTINO
Abib - Associação Beneficente Islâmica do Brasil
Adims - Associação dos docentes do Instituto Metodista de Ensino Superior
Afubesp - Associação dos Funcionários do Banespa
Apta - Associação para Prevenção e Tratamento da Aids
Apeoesp - Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo
Associação Islâmica de São Paulo
Caal - Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade
Cebrapaz - Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta pela Paz
Centro Cultural Árabe-Sírio
CMI - Centro de Mídia Independente
CMS - Coordenação dos Movimentos Sociais
Comitê de Solidariedade a Cuba
Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes
Conam - Confederação Nacional das Associações de Moradores  
Conlutas - Coordenação Nacional de Lutas
Conselho Mundial da Paz
Coplac - Confederação Palestina da América Latina e Caribe
Conselho Superior dos Teólogos Muçulmanos do Brasil
CPT - Comissão Pastoral da Terra 
CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
CUT - Central Única dos Trabalhadores
Elac - Encontro Latino Americano e Caribenho de Trabalhadores
Evangélicos pela Justiça
Facesp - Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo
FDIM – Frente Democrática Internacional das Mulheres
Fearab-SP - Federação das Entidades Árabe-Brasileiras de São Paulo
Fearab/Américas
Fepal - Federação Palestina do Brasil
Fórum Paulista LBGT
Instituto Jerusalém do Brasil
ICArabe - Instituto da Cultura Árabe
Igreja Ortodoxa Antioquina do Brasil
Igreja Presbiteriana 
Instituto Futuro 
Intersindical
Jornal Al Baian
Jornal "Hora do Povo"
Juventude do Partido dos Trabalhadores
Juventude Novos Palmares
Juventude Revolução - IRJ
LER-QI - Liga Estratégia Revolucionária
Liga da Juventude Islâmica
Marcha Mundial de Mulheres
Movimento pelo Passe Livre
MLT - Movimento de Luta pela Terra 
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Mopat - Movimento Palestina para Todos
Movimento Mulheres pela P@Z!
ONG CTA/Projeto Bece - Bolsa Brasileira de Commodities Ambientais
PCdoB - Partido Comunista do Brasil
PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
Portal Vermelho 
PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
Rede para Difusão da Cultura Árabe-Brasileira Samba do Ventre
Revolutas
Sinpro-ABC - Sindicato dos Professores do ABC
Sinsesp - Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo
SBM - Sociedade Beneficente Muçulmana
Sociedade de Preservação do Patrimonio Cultural e do Meio Ambiente Memória Viva, de Sorocaba-SP
Sociedade Islâmica de Jundiaí
Sociedade Beneficente Muçulmana de Santo Amaro
Sociedade Palestina de São Paulo
União Nacional Islâmica
PCB - Partido Comunista Brasileiro
UJC - União da Juventude Comunista
UBM - União Brasileira de Mulheres 
Ujaal - União da Juventude Árabe para a América Latina 
Unegro - União de Negros pela Igualdade 
UNI - União Nacional de Entidades Islâmicas 
Uemb - União dos Estudantes Muçulmanos do Brasil 
UNE - União Nacional dos Estudantes 
Ubes - União Brasileira de Estudantes Secundaristas 
Upes - União Paulista dos Estudantes Secundaristas 
DCE da USP - Universidade de São Paulo 
UJS - União da Juventude Socialista


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Israel se tornou um país odioso, racista, agente de um novo holocausto






28/12/2009
Há um ano, Israel começava um dos mais bárbaros massacres contemporâneos. Ingressou, com todo seu poder de fogo, em uma região já cercada, que não dava possibilidade de fuga à sua população. O Exército que, há décadas, mais recursos recebe da maior potência bélica da história da humanidade, os EUA, descarregava todo seu poderio sobre uma população indefesa, acusada de colocar em risco, com pífios foguetes domésticos (a tal ponto, que Israel não conseguiu descobrir nenhuma das supostas bases de lançamento, nem lugares de sua fabricação) que não tinham provocado nenhuma vitima no seu território. Israel utilizou inclusive armas proibidas, como fósforo branco, sobre a população palestina, encerrada na área mais densamente povoada do mundo.

Os ataques, que não encontraram nenhuma resistência militar, apenas moral, duraram 22 dias, chegando a provocar 225 mortos em um único dia. 1450 palestinos morreram, dos quais 439 menores de 16 anos e 127 mulheres. 4100 edifícios foram destruídos e outros 1 mil foram danificados. A missão de investigação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas caracterizou os ataques como “crimes de guerra” e “crimes contra a humanidade”.

Foram destruídas milhares de casas, comércios, além de plantações, hospitais, escolas, universidades, clínicas – tudo que os tanques israelenses encontravam pela frente. Gaza se transformou numa terra arrasada. Quem a visitou depois daqueles terríveis 22 dias, relata que nada tinha ficado de pé, como conseqüência da orientação do Exército israelense, de que “ninguém é inocente em Gaza”.

Um ano depois da agressão, os corredores de entrada para Gaza continuam fechados, nada foi reconstruído, caminhões com alimentos e remédios apodrecem no deserto, às portas de Gaza, enquanto todo tipo de doença afeta a população, indefesa, diante do brutal cerco israelense e a impotência cúmplice da comunidade internacional. Dos 4 bilhões, 481 milhões de dólares arrecadados por mais de 70 países em conferência realizada em março no Egito, para a reconstrução, nada chegou a Gaza, fazendo com que a paisagem seja a mesma – ou pior, sobretudo pelas doenças – de quando os israelenses, impotentes para derrotar a resistência civil dos palestinos, se retiraram de Gaza.

O Egito colabora com esse cerco criminoso, ao deixar fechado o corredor a que tem acesso e ao construir agora um muro que tenta impedir a precária circulação por túneis clandestinos, por onde os palestinos fazem chegar os alimentos mínimos para impedir que morra de fome a população de Gaza. O relator especial da ONU para os territórios palestinos, Richard Falk, conclamou a que todos os países do mundo coloquem em prática sanções econômicas e de outra ordem contra Israel, pelas responsabilidades deste país no massacre e no cerco que mantêm contra Gaza.

Os 700 mil habitantes de Gaza desapareceram dos noticiários internacionais, assim que as tropas israelenses se retiraram. O governo de Israel busca desviar a atenção sobre a ocupação dos territórios palestinos e o cerco a Gaza, aumentando ainda mais a instalação de assentamentos judeus em pleno coração das cidades e dos campos da Cisjordânia, de onde saem regularmente jovens judeus, protegidos por tropas israelenses, para atacar casas, comércios, queimar plantações centenárias de azeitonas das indefesas famílias palestinas.

Israel se tornou um país odioso, racista, agente de um novo holocausto – segundo as palavras do próprio Jimmy Carter -, acobertado e armado pela maior potência militar da história, os EUA, que promove a guerra e pretende ser agente de negociações de paz. Nem sequer consegue deter a instalação de novos assentamentos – se é que pretende detê-los. Israel, um país que detêm, confessadamente, armamentos nucleares, ocupa territórios de outro país, impedindo que ele exerça os mesmos direitos que Israel goza, por resoluções das próprias Nações Unidas, tornando-se um Estado pária da legalidade internacional.

A posição do governo brasileiro de que somente incorporando outros governos – não comprometidos com os genocídios cometidos por Israel, que na semana passada assassinou mais 6 palestinos e continua suas detenções arbitrárias, como a de Jamal Juma, dirigente do movimento Stop the Wall – é que o processo de paz pode abrir horizontes reais de cumprimento das decisões da ONU, que garante a Palestina os mesmos direitos que os israelenses gozam há mais de 60 anos – o direito de ter um Estado palestino, soberano, com fronteiras delimitadas, com direito de regresso dos imigrantes, é a posição correta, que deve ser apoiada e incentivada por todos os desejam um mundo de paz, solidariedade e fraternidade e não o mundo das “guerras infinitas” de Bush, que Israel continua a colocar em prática, um ano depois do massacre de Gaza, contra os palestinos.



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Por trás da muralha do Egito, em Gaza


por Dina Ezzat, no Al-Ahram Weekly
Tradução: Caia Fittipaldi

Às vésperas do primeiro aniversário da operação “Chumbo Derretido”, ataque de Israel contra Gaza, o Egito volta a alimentar a revolta na fronteira leste com a Faixa de Gaza sob duro boicote por Israel. Cairo tem negado acesso a comboios nacionais e internacionais, de organizações não-governamentais que querem chegar à Faixa de Gaza pela fronteira egípcia.
O ministério do Exterior divulgou duas decisões consecutivas, na 2ª e 3ª feiras, em que se rejeitam pedidos formulados por organizações humanitárias para entrar em Gaza. Segundo o ministério, os pedidos foram rejeitados porque as organizações não satisfizeram as exigências legais vigentes para a concessão do visto de entrada.
Fontes ligadas à segurança, que concordaram em falar a Al-Ahram Weekly sob condição de serem mantidas anônimas, atribuem a negativa ao fato de o governo egípcio não querer qualquer contato ou associação com algumas das referidas organizações nacionais e internacionais, que teriam ligações com a Fraternidade Muçulmana e com o Hamás. “Estamos dispostos a aceitar o pedido de entrada de organizações humanitárias, mas não nos interessa facilitar qualquer tentativa da Fraternidade Muçulmana ou do Hamás de usarem a situação em Gaza para tumultuar a situação nas fronteiras egípcias” – disse uma daquelas fontes.
Nem o Hamás nem a Fraternidade Muçulmana negam participação nas tentativas de fazer chegar socorro humanitário à população economicamente sufocada da Faixa de Gaza; mas negam absolutamente qualquer intenção de manipular a ajuda humanitária para finalidades políticas.
Funcionários egípcios têm informado que a situação já é tensa nas fronteiras. Fonte que também pediu que não fosse identificada disse que a segurança egípcia já tem provas de que ativistas do Hamás estão passando pelos túneis, nas duas direções; esses túneis são construções ilegais que ligam Gaza e territórios egípcios na península do Sinai. Segundo a mesma fonte, “são elementos que testam o terreno para uma possível invasão em massa de palestinos, para protestar contra a construção, pelo Egito, de um muro de segurança na fronteira com Gaza”.
O muro, dizem as autoridades egípcias, é parte de sistema de segurança mais amplo que inclui a instalação, em toda a região de fronteira, de sensores detectores de túneis fornecidos pelos EUA. As mesmas autoridades dizem que o plano dos EUA visa a dois grandes objetivos: primeiro, premiar a ação dos egípcios no combate ao contrabando de armas que, segundo os israelenses, estariam sendo recebidas pelo Hamás. Segundo, impedir qualquer contrabando de armas para o Egito e impedir que o Egito seja invadido por multidões de palestinos, como ocorreu em janeiro de 2008.
O ministro do Exterior, Ahmed Abul-Gheit, e Suleiman Awad, porta-voz do presidente, destacaram em declarações oficiais “o direito de tomar todas as medidas necessárias para proteger as fronteiras, considerando os altos interesses da segurança nacional do Egito”. “A soberania dos territórios egípcios é sagrada, e o Egito não aceitará nenhum risco que a ameace”, disse Awad.
Funcionários egípcios têm demonstrado indiferença aos protestos dos militantes humanitários, contra a construção da “muralha egípcia” – que tornará ainda mais desesperadora a situação dos habitantes de Gaza. “Gostemos ou não dos túneis ilegais entre Gaza e Egito, são a única via pela qual obter água, comida e remédios, mesmo que possam ser também usados para contrabandear armas”, disse um operador de um grupo internacional de ajuda humanitária.
Informação reunida pelo Weekly indica que “o muro de segurança” (para os egípcios) ou “a muralha egípcia” (para os palestinos) consiste de um enorme bloco de aço reforçado, e está sendo construída por partes. A ideia da construção em porções aparentemente desconexas visa a reduzir tensões e protestos – que já começaram, entre os palestinos de Gaza. Na 2ª-feira, milhares de palestinos reuniram para protestar contra a construção da muralha que, dizem, tornará ainda mais desesperadoras as condições de sobrevivência em Gaza, que já vive sob o duro bloqueio imposto pelos israelenses.
Ano passado, já houve manifestações contra o Egito, depois de o país ter mantido as fronteiras fechadas durante os 22 dias da “Operação Chumbo Derretido” contra Gaza.
Hoje, fontes do Hamas disseram que as medidas tomadas pelo Egito são inadmissíveis, sobretudo ao final de um ano duríssimo, tornado ainda mais difícil pelas medidas que o Egito tem adotado na operação da passagem de Rafah. Além disso, as mesmas fontes do Hamás sugerem que, ao tomar as mais recentes medidas que tomou, o Egito dá sinais de tentar desconectar-se do compromisso com a questão palestina e, em geral, com a causa de todos os árabes.
“Nada disso”, respondeu um diplomata egípcio, que também pediu para não ser identificado. Para ele, as medidas de segurança que o Egito está tomando na fronteira com Gaza não visam a criar qualquer atrito com o Hamás, mas, apenas, a evitar que Israel envolva também o Egito no processo de transferir responsabilidades pela Faixa de Gaza. “Israel quer livrar-se de Gaza, jogando-a sobre o Egito. O que estamos dizendo é que a potência ocupante é Israel. Como tal, toda a responsabilidade por Gaza cabe a Israel, não ao Egito.”
Segundo a mesma fonte, a visita de Omar Suleiman, chefe geral da Segurança egípcia a Israel, no domingo, deveu-se exclusivamente a essa questão. Suleiman, disse esse funcionário, tenta também que Israel comprometa-se a levantar, pelo menos parcialmente, o cerco de Gaza, caso chegue a bom termo a negociação de troca de prisioneiros. “Mas essa coisa toma um rumo num dia e, dia seguinte, tudo muda completamente.”
Simultaneamente, muitos oficiais egípcios dão sinais de preocupação e insistem em que o Egito não cogita de abandonar a causa dos palestinos. Estão em andamento consultas entre Cairo e várias capitais árabes e ocidentais, para que se criem condições que levem ao reinício das negociações entre palestinos e israelenses. “A menos que se reiniciem as negociações, não vemos possibilidade de que Israel sequer cogite de melhorar a situação de Gaza” – disse um diplomata.
Fontes egípcias em Washington dizem que há planos para uma visita do ministro do Exterior Abul-Gheit à cidade em meados de janeiro. A visita, dizem, serviria para examinar saídas possíveis para o atual impasse político causado pelo fracasso dos EUA, que não conseguiram impedir que prossiga a construção de colônias israelenses ilegais exclusivas para judeus, nos territórios palestinos ocupados.
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, continua a insistir, dizem os diplomatas egípcios, na exigência de que, para reiniciar negociações com Israel,  as construções ilegais sejam completamente congeladas.
“Há algumas alternativas, que estão sendo examinadas. Um cenário possível é Israel transferir a Abbas a autoridade para governar outros territórios palestinos, em troca de um arranjo mais rigoroso nas questões de segurança” – disse fonte que Weekly entrevistou em Washington. A mesma fonte informou que essa possibilidade está sendo analisada pela Autoridade Palestina e por várias capitais árabes que esperam que, assim, se supere o impasse criado quando Israel não suspendeu as construções ilegais.
Os desenvolvimentos – ou, mais apropriadamente, a ausência de qualquer desenvolvimento – no front palestino são o item principal da agenda do presidente Hosni Mubarak que, essa semana, visitará os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e o Kuwait.

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terça-feira, dezembro 29, 2009

88% dos 17,7 milhões de crianças e adolescentes, de 6 a 17 anos, tiveram a presença na escola registrada


Monitoramento da freqüência escolar dos beneficiários do Bolsa Família bate recorde 

O monitoramento dos alunos beneficiados pelo programa Bolsa Família foi recorde em outubro e novembro: 88% dos 17,7 milhões de crianças e adolescentes, de 6 a 17 anos, tiveram a presença na escola registrada no sistema do Ministério da Educação. São mais de 15,7 milhões de estudantes da população de baixa renda com acompanhamento individual em todas as cidades brasileiras.
Contribuíram para esse resultado a atualização, em 2009, do cadastro de 2,4 milhões de famílias atendidas pelo programa, o bloqueio de 401.354 benefícios em setembro por falta de informação de freqüência neste ano e a integração entre o gestor local do Bolsa Família e a área de educação de Estados e Municípios.
A suspensão do pagamento fez com que 264.823 famílias procurassem as prefeituras e informassem dados sobre a escola dos filhos, possibilitando assim o monitoramento da freqüência. Mas 136.498 ainda estão com seus benefícios bloqueados e precisam buscar a gestão local até 31 de dezembro para evitar o cancelamento do programa a partir de fevereiro de 2010. Todas essas ações tomadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome têm por objetivo aprimorar o acompanhamento das condicionalidades. A escolaridade é um dos instrumentos mais eficazes ara combater a pobreza.
Acima da média nacional estão três Estados do Nordeste. Com 92%, Rio Grande do Norte informou a freqüência de 391.035 do total de 424.282 alunos beneficiados pelo Bolsa Família. Em seguida, estão os municípios do Piauí com monitoramento de 483.215 estudantes do total de 530.387, o que significa 91%. O Ceará também chegou aos 90% de crianças e adolescentes acompanhados. As cidades cearenses registraram a presença escolar de 1.184.896 do total de 1.305.203.
As condicionalidades do programa têm por finalidade estimular o acesso da população atendida aos serviços de educação e saúde e, com isso, melhorar as condições de vida da futura geração. Além da transferência de renda, o Bolsa Família ao exigir as contrapartidas se transforma em um eixo articulador de outras políticas de inclusão social. São transferidos R$ 1,1 bilhão por mês a cerca de 12,3 milhões de famílias com renda mensal per capita de até R$ 140,00. 


domingo, dezembro 27, 2009

mínimo de R$ 510 terá maior poder de compra desde 1979

MÍNIMO COM O MAIOR PODER DE COMPRA DOS ÚLTIMOS 30 ANOS

"Dieese: mínimo de R$ 510 terá maior poder de compra desde 1979

Com o novo salário mínimo de R$ 510, que começa a vigorar em 1º de janeiro e a cesta báscia mantendo desde novembro o mesmo valor, o salário mínimo um poder de compra equivalente a 2,17 cestas. É a maior relação salário mínimo/cesta básica na série das médias anuais desde 1979. Os dados são de um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Segundo o Dieese, o novo salário mínimo injetará na economia cerca de R$ 26,6 bilhões. O custo adicional significará cerca de R$ 10,85 bilhões ao ano e a arrecadação sobre o consumo terá um incremento de R$ 7,7 bilhões.

Relação entre salário mínimo e cesta básica

Com o valor do salário mínimo em R$ 510,00 e a cesta básica mantendo, em dezembro e janeiro, o mesmo valor verificado para novembro de 2009, estima-se que o salário salário mínimo terá, então, um poder de compra equivalente a 2,17 cestas básicas (cesta básica calculada pelo Dieese, para indicar o valor do Salário Mínimo Necessário).

Na série histórica da relação entre as médias do salário mínimo anual e da cesta básica anual verifica-se que 2,17 Cestas Básicas é a maior relação na série das médias anuais desde 1979.

Veja a tabela:

Relação entre a quantidade de cestas básicas adquiridas com um salário mínimo:

Ano (*) Relação Salário Mínimo/Cesta Básica

1995 1,02
1996 1,14
1997 1,23
1998 1,22
1999 1,25
2000 1,28
2001 1,37
2002 1,42
2003 1,38
2004 1,47
2005 1,60
2006 1,91
2007 1,93
2008 1,74
2009 (**) 2,00
jan/10 (**) 2,17

Fonte: Dieese (www.dieese.org.br)

(*) médias anuais da cesta básica de São Paulo e salário mínimo.
(**) Estimativa para o valor da Cesta Básica e do salário mínimo."

FONTE: publicado hoje (25/12) no portal "Vermelho".

quarta-feira, dezembro 23, 2009

um 2010 excelente

Em pronunciamento em rede de rádio e tv, na noite desta terça-feira (22/12), o presidente Lula afirmou que teremos “um 2010 excelente, com crescimento forte da economia e a criação de milhões de emprego”. O presidente lembrou que no final do ano passado se dirigiu à Nação para afirmar “que o Brasil estava preparado para enfrentar a grave crise financeira que ameaça o mundo”.

Leia aqui a íntegra do pronunciamento do presidente Lula.

Leia o artigo completo »




Salário mínimo de R$ 510 em janeiro de 2010 e aposentadoria reajustada em 6,14%

O presidente Lula assinou nesta quarta-feira (23/12) medida provisória (MP) que aumenta o salário mínimo e MP que reajusta benefícios previdenciários de valores superiores. O mínimo foi fixado em R$ 510, enquanto os demais benefícios da Previdência serão corrigidos em 6,14%. Os novos valores valem a partir de 1º de janeiro de 2010. As MPs serão publicadas amanhã (24/12) do Diário Oficial da União (DOU).

Leia o artigo completo »

http://blog.planalto.gov.br/


Sem limites para reinvidicar

Na celebração do Natal dos catadores de material reciclável e população em condição de rua, nesta quarta-feira (23/12), em São Paulo, o presidente Lula incentivou à população mais carente a reinvidicar sem limites. Ele determinou que o governo federal proceda um mutirão para levantar a demanda dos moradores de rua por moradias. Segundo Lula, tão logo esteja concluído o mapeamento de residências, será procedida busca da solução de utilização de prédios públicos que se encontram em estado de abandono.

Lula contou ter ficado surpreso, ontem (2/12) quando se deslocava de Manguinhos para o III Comar, no Rio, e deparou com prédios na zona portuária da capital fluminense em estado de abandono.



terça-feira, dezembro 22, 2009

O embate entre o governo Lula e a rede Globo

O embate entre Lula e a Globo poderia ser resumido como uma disputa pela verossimilhança, um bem escasso no mercado noticioso brasileiro. Ao participar quase que diariamente de atos ou eventos públicos, o presidente dialoga de forma direta com a população, estabelecendo um contrato de confiança que contrasta com a obstinação dos meios dominantes em montar um discurso noticioso divorciado dos fatos que, às vezes, beira a ficção. O artigo é de Dario Pignotti, publicado originalmente no Le Monde Diplomatique (Edição Cone Sul e Espanha).

Dario Pignotti - Le Monde Diplomatique (Cone Sul e Espanha)

No início da década de 1980, centenas de milhares de brasileiros cantaram em coro “O povo não é bobo, abaixo a rede Globo!”, quando a corporação na qual se apoiou a ditadura militar censurou as mobilizações populares contra o regime militar, utilizando fotonovelas e futebol para tentar anestesiar a opinião pública. Hoje, um segmento crescente do público brasileiro expressa seu descontentamento frente o grupo midiático hegemônico. Medições de audiência e investigações acadêmicas detectaram um dado, em certa medida inédito, sobre as relações de produção e consumo de informação: a credibilidade da rede Globo, inquestionável durante décadas, começa a dar sinais de erosão.

Contudo, é possível perceber uma diferença substantiva entre a indignação atual e o descontentamento daqueles que repudiavam a Globo durante as mobilizações de três décadas atrás em defesa das eleições diretas (1). Em 1985, José Sarney, primeiro presidente civil desde o golpe de Estado de 1964, obstruiu qualquer pretensão de iniciativa reformista relativa à estrutura de propriedade midiática e ao direito à informação, em cumplicidade com a família Marinho – proprietária da Globo, da qual, aliás, era sócio. O atual chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva, parece disposto a iniciar a ainda pendente transição em direção à democracia na área da comunicação.

No início de 2009, no Fórum Social Mundial realizado na cidade de Belém, Lula convocou uma Conferência Nacional de Comunicação. A partir daí, mais de 10 mil pessoas discutiram em assembléias realizadas em todo o país os rumos da comunicação e definiram propostas para levar para a Conferência, realizada de 14 a 17 de dezembro, em Brasília. “É a primeira vez que o governo, a sociedade civil e os empresários discutem a comunicação; isso, por si só, já é uma derrota para a Globo e sua política de manter esse tema na penumbra (...) O presidente Lula demonstrou estar determinado a instalar na sociedade um debate sobre a democratização das comunicações; creio que isso terá um efeito pedagógico e poderá converter-se em um dos temas da campanha” (de 2010), assinala Joaquim Palhares, diretor da Carta Maior e delegado na Conferência.

O embate entre Lula e a Globo poderia ser resumido como uma disputa pela verossimilhança, um bem escasso no mercado noticioso brasileiro. Ao participar quase que diariamente de atos ou eventos públicos, o presidente dialoga de forma direta com a população, estabelecendo um contrato de confiança que contrasta com a obstinação dos meios dominantes em montar um discurso noticioso divorciado dos fatos que, às vezes, beira a ficção. 

Lula configura um “fenômeno comunicacional singular; o povo acredita nele, não só porque fala a linguagem da gente simples, mas porque as pessoas mais carentes foram beneficiadas com seus programas sociais; isso é concreto, o Bolsa Família atende a 45 milhões de brasileiros que não prestam muita atenção ao que diz a Globo”, observa a professora Zélia Leal Adghirni, doutora em Comunicação e coordenadora do programa de investigação sobre Jornalismo e Sociedade da Universidade de Brasília.

“Por que Lula ganhou duas vezes as eleições (2002 e 2006), uma delas contra a manifesta vontade da Globo? Por que Lula tem uma popularidade de 80%?”, pergunta Adghirni (2), para quem “as teorias de comunicação clássica que estudamos na universidade não são aplicadas ao fenômeno Lula.Desde a teoria da ‘agulha hipodérmica’ até a da ‘agenda setting’, dizia-se que os meios formam a opinião ou pautam o temário do público, mas com Lula isso não ocorre: os meios de comunicação estão perdendo o monopólio da palavra”.

Por outro lado, como se sabe, a construção de consensos sociais não se galvaniza só com mensagens racionais ou versões críveis da realidade, também é necessário trabalhar no imaginário das massas, um território no qual a Globo segue sendo praticamente imbatível. A empresa do clã Marinho controla o patrimônio simbólico brasileiro: é a principal produtora de novelas e detém os direitos de transmissão das principais partidas de futebol e do carnaval carioca (3).

Frente à gigantesca indústria de entretenimento da Globo, o governo é praticamente impotente. Não obstante, a imagem do presidente-operário provavelmente ganhará contornos míticos em 2010, com o lançamento do longa-metragem Lula, o filho do Brasil, que será exibido no circuito comercial e em um outro alternativo (sindicatos e igrejas). O produtor Luis Carlos Barreto prevê que cerca de 20 milhões de pessoas assistirão à história do ex-torneiro mecânico que se tornou presidente, o que seria a maior bilheteria da história no país.

O balanço provisório da política de comunicação de Lula indica que esta tem sido errática. Em seu primeiro mandato (2203-2007), impulsionou a criação de um Conselho de Ética informativa, iniciativa que arquivou diante da reação empresarial. Após essa tentativa fracassada, o governo não voltou a incomodar as “cinco famílias” proprietárias da grande imprensa local, até o final de sua primeira gestão.

Em seu segundo governo – iniciado em 1° de janeiro de 2007, Lula nomeou Hélio Costa como ministro das Comunicações, um ex-jornalista da Globo que atua como representante oficioso da empresa no ministério. Mas enquanto a designação de Costa enviava um sinal conciliador aos grupos privados, Lula seguia uma linha de ação paralela.

Em março de 2008, o Senado, com a oposição cerrada do PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, aprovou o projeto do Executivo para a criação da Empresa Brasileira de Comunicações, um conglomerado público de meios que inclui a interessante TV Brasil, para a qual, em 2010, o Estado destinará cerca de 250 milhões de dólares. O generoso orçamento e a defesa da nova televisão pública feita pelos parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) indicavam que Lula havia decidido enfrentar a direita política e midiática. Ao mesmo tempo em que media forças com a Globo – ainda que não de forma aberta -, Lula aproximou posições com as empresas de telefonia (interessadas em participar do mercado de conteúdos e disputar terreno com a Globo) e algumas televisões privadas, como a TV Record -de propriedade de uma igreja evangélica (4).

A estratégia foi tomando contornos mais firmes no final do mês de outubro quando Lula defendeu, durante uma cerimônia de inauguração dos novos estúdios da Record no Rio de Janeiro, o fim do ‘pensamento único’ capitaneado por alguns formadores de opinião (em óbvia alusão à Globo) e a construção de um modelo mais plural. Dias mais tarde, o mesmo Lula afirmava: “Quanto mais canais de TV e quanto mais debate político houver, mais democracia teremos (...) e menos monopólio na comunicação” (5).

Com um discurso monolítico e repleto de ressonâncias ideológicas próprias da Doutrina de Segurança Nacional (como associar qualquer objeção à liberdade de imprensa empresarial com ocultas maquinações “sovietizantes”), o grupo Globo lançou uma ofensiva, por meios de seus diversos veículos gráficos e eletrônicos, contra a incipiente tentativa do governo de estimular o debate sobre a atual ordem informativa, que alguns definem como um “latifúndio” eletrônico.

O primeiro passo neste sentido, assinala Joaquim Palhares, foi “esvaziar e boicotar a Conferência Nacional de Comunicação, retirando-se dela, dando um soco na mesa e saindo impestivamente para tentar deslegitimá-la”, movimento seguido por outros grupos midiáticos. O segundo movimento consistiu em articular um discurso institucional para fazer um cerco sanitário contra o contágio de iniciativas adotadas por governos sulamericanos como os da Argentina, Equador e Venezuela, orientadas na direção de uma reformulação do cenário midiático.

A Associação Brasileira de Rádio e Televisão (ABERT) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) “temem que o que ocorreu na Argentina se repita no Brasil; eles vêem essa lei como uma ameaça e começaram a manifestar sua solidariedade com a imprensa da Argentina”, afirma Zélia Leal Adghirni. O receio expresso pelas entidades representativas dos grandes conglomerados midiáticos é o seguinte: se o descontentamento regional contra a concentração informática ganha força junto à opinião pública brasileira, poderia romper-se a cadeia de inércia e conformismo que já dura décadas e, quem sabe, iniciar-se um gradual – nunca abrupto – processo de democratização.

O inverso também se aplica: se o Brasil, liderado por Lula, finalmente assumir como suas as teses do direito à informação e à democracia comunicacional, é certo que essa corrente de opinião, atualmente dispersa na América Sul, poderá adquirir uma vertebração e uma legitimidade de proporções continentais.

NOTAS

(1) Esse objetivo finalmente foi frustrado pelo regime, socorrido pela Globo, que montou um simulacro eleitoral proibindo o voto direto, graças ao qual os generais deixaram o poder sem sobressaltos nem investigações sobre violações de direitos humanos.

(2) A respeito da vitória de Lula nas eleições de 2006, ler Bernardo Kucinski, “O antilulismo na campanha de 2006 e suas raízes”, in. Venício Lima (compilador), “A mídia nas eleições de 2006”, Perseu Abramo, São Paulo, 2007.

(3) Em 1989, o então candidato à presidência Lula foi objeto de um golpe midiático, perpetrado pela Globo que, para impedir sua vitória, fabricou a candidatura de Fernando Collor de Mello, que deixaria o mandato em 1992, cercado de escândalos de corrupção. Dario Pignotii, “Globo: o partido mais poderoso do Brasil”, Le Monde Diplomatique, edição Cone Sul, Buenos Aires, setembro de 2007.

(4) Nos últimos anos, a TV Record, que pertence a neopetencostal Igreja Universal do Reino de Deus, arrebatou parte da audiência cativa da TV Globo, contra a qual iniciou uma guerra de denúncias. A Record veiculou um programa especial sobre a Globo, onde repassou seus vínculos com a ditadura. Por sua parte, a Globo denunciou calotes cometidos pela Record que, segundo investigações judiciais, estaria desviando dinheiro do dízimo dos fiéis.

(5) Luiz Inácio Lula da Silva, declarações na inauguração da nova sede do canal Rede TV, em Osasco, área metropolitana de São Paulo, 13/11/2009.

(*) Jornalista, Brasília, Doutor em Comunicação pela Universidade de São Paulo

Le Monde Diplomatique, edição Cone Sul. 

Tradução: Katarina Peixoto



Fotos: Agência Brasil 

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16292



Da série "CADÊ O JORNALISMO"? Onde, diabos, lê-se informação sobre isso?!

Segue a judaicização da Palestina: Nazaré Alta*

10/9/1009, Ilan Pappe, London Review of Books, vol. 31, n. 17, p. 14
http://www.lrb.co.uk/v31/n17/ilan-pappe/in-upper-nazareth  

Ilan Pappe é professor titular de História, na University of Exeter. É autor de
The Ethnic Cleansing of Palestine [A limpeza étnica da Palestina].

Oficialmente, nenhum palestino vive na cidade 'judia' de Nazaré. A elegante página da cidade na WWW só existe para quem leia hebraico e russo. Quando estive lá, recentemente, telefonei a uma das autoridades para informar-me sobre dados populacionais, mas ninguém me deu resposta clara. "Estou diante de uma casa na qual se lê, escrito sobre o portão, em árabe corânico "Só há um poder e esse poder é Deus" – disse eu. – "E sei que há dois palestinos no Conselho Municipal". "Ainda não temos informação populacional que permita responder sua pergunta", foi a única informação que consegui.

De fato, segundo a Associação Árabe de Direitos Humanos, 20% da população da cidade são palestinos. A maioria mudou-se de uma Nazaré velha e superpovoada e das vilas que a cercam no fundo do vale. Muitos deles pagaram cerca de 500 mil libras por uma casa, três vezes o preço de mercado. Os vendedores são imigrantes russos que gravitam em torno de Telavive. Não há escolas palestinas ou creches, e as estradas entre Nazaré e Nazaré Alta estão sempre engarrafadas no horário do rushThere are no Palestinian schools or kindergartens, so the roads between. Mas os inexistentes 20% são representados no Conselho e, sendo Israel o que é, os dois conselheiros palestinos são parte de uma estranha coligação com a ultra-direita, o partido de Avigdor Liberman. O prefeito precisou do apoio deles para derrotar o Partido Labour. E eles pediram a receberam a promessa de de seria construída uma escola árabe em Nazaré Alta. O prefeito, ao mesmo tempo, está comprometido com a 'judeicização' – quer dizer: com a des-arabização – da cidade, e Liberman declarou em agosto que estava proibindo a imigração de árabes para Nazaré, porque a judeicização, como costuma dizer, é prioridade nacional.

A cidade foi construída nos anos 50s. David Ben-Gurion sentiu-se ultrajado pela presença de tantos árabes na Galileia quando visitou a região em 1953, poucos dias antes de afastar-se do posto de primeiro-ministro por um ano e meio. Designou o diretor geral do ministério da Defesa, Shimon Peres, para a missão de 'judeicizar' a Galileia usando legislação de emergência que permitia ao exército confiscar terras dos palestinos. Nazaré Alta foi inaugurada em 1957, e oficiais do exército instalaram-se ali.

Da criação até hoje, a área ocupada por Nazaré Alta quadruplicou. Cada expansão implicou expropriação de terra dos árabes. Os 50 mil habitantes vivem hoje num espaço urbano dinâmico que continua em expansão e desenvolvimento. Os 70 mil palestinos da velha Nazaré vivem numa cidade com metade da área original, que não tem para onde expandir-se e que, de fato, é proibida de crescer um metro quadrado, seja para que lado for; uma das colinas do oeste que ainda pertencia a palestinos foi recentemente 'requisitada' por Nazaré Alta.

Os habitantes que viviam em torno de Nazaré foram objeto do plano de judaicização de Yitzhak Rabin em 1976 – Yehud Ha-Galil. Na região, o plano implicava romper a continuidade geográfica natural entre as vilas palestinas, impondo entre elas novos núcleos de colônias exclusivas para judeus. Os judeus vieram, mas os palestinos não saíram. Então, uma segunda onda de judeicização começou em 2001, no governo de Peres e Ariel Sharon. Tampouco deu o resultado esperado: os judeus preferem viver em Telavive.

A tentativa que se faz hoje é motivada pelo fracasso das políticas anteriores para judeicizar a Galileia em geral, e Nazaré em particular. Pessoas e economias movem-se por motivos misteriosos: palestinos ricos começaram a comprar casas na cidadela construída para expulsar todos os palestinos. Para Benjamin Netanyahu aí estaria grave ameaça à segurança nacional de Israel. Políticos locais são ainda mais violentos: "Se perdermos a maioria de judeus na Galileia, será o fim do Estado judeu", disse recentemente Motti Dotan, do Partido Labour. "Sonho com uma Galileia sem árabes: sem ladrões, sem roubos, sem crimes. Poderíamos viver normalmente."

O racismo arraigado e sempre presente em Israel absolve o governo e lhe retira qualquer inibição moral que, desde o passado, poderia tem contido as ações racistas mais extremas.

Agora, convocaram-se ecologistas, industriais e acadêmicos. O Fundo Nacional Judeu está por trás da iniciativa, assim como a Sociedade para a Proteção da Natureza em Israel. O objetivo é reduzir o número de palestinos na Galileia – plenamente endossado pela poderosa união dos produtores de vinho de Israel, que adotou um plano preparado por especialistas do Instituto de Tecnologia de Israel. Publicado em 2003, o plano visa à "retomada" da Galileia, pelos judeus. E começa sem meias-palavras: "É ou nós ou eles. Os problemas de terra na Galileia provaram que qualquer território que não seja ocupado por sionistas, será ocupado por não-sionistas."

O núcleo do que propõem é tomar pela força terras estrategicamente importantes e manter a ocupação pela força até que judeus se instalem na região. O diretor da AMPA, fabricante de equipamento elétrico, disse recentemente que sua companhia não produz só geladeiras; que também trabalha ativamente pela "judeicização da Galileia", construindo novas comunidades naquela região para empregados veteranos da empresa: "Não nos envergonhamos de dizer que nossos planos têm um componente sionista."

A vila palestina de Ayn Mahil, a leste de Nazaré e ao lado de Nazaré Alta, só é acessível hoje por uma única estrada, que atravessa os bairros judeus de Nazaré Alta; nos feriados judaicos, os habitantes de Ayn Mahil não podem nem sair nem entrar em sua cidade. Em pouco tempo estarão cercados por uma nova cidade, chamada Shacharit (que significa "alvorada" em hebraico, mas é também o nome da primeira oração do dia, para os judeus). 10 mil judeus ultra-ortodoxos serão instalados em colônia que está sendo construída ali, na esperança de que assim se 'corrija' o 'desequilíbrio' demográfico considerado 'desfavorável'. Além disso, a colônia terá a 'serventia' suplementar de isolar completamente a vila de Ayn Mahil e a área central de Nazaré. As antigas oliveiras da vila já foram arrancadas, e o terreno já está sendo preparado para as novas construções. Uma nova estrada também assegurará que outras vilas sejam isoladas umas das outras e todas sejam isoladas de Nazaré.

Com os poderes especiais que recebeu como ministro da Infraestrutura nacional nos anos 90s, Sharon ordenou a construção de outra enorme fábrica de indústria pesada, a Ziporit, em terra confiscada de palestinos e próxima de várias vilas palestinas. O complexo industrial de Ziporit inclui uma fábrica de vidro e uma unidade de produção de alumínio; segundo a lei internacional, nem uma nem outra poderia ser construída em área habitada. A vila mais próxima do complexo industrial é Mashad: desde que o complexo industrial começou a operar, o número de mortes por câncer subiu cerca de 40%, naquela vila.

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* Nazaré Illit ('Nazaré Alta') é cidade no Distrito Norte de Israel. Foi fundada nos anos 50; as primeiras construções começaram em 1954 e os primeiros colonos chegaram dois anos depois. É cidade exclusiva para judeus, planejada, exatamente ao lado da cidade – predominantemente árabe – de Nazaré.



NO CONVERSA AFIADA

Lula chama Gilmar às falas: a decisão sobre Battisti é minha

21/dezembro/2009 20:38

A change dele passou

O entendimento do STF sobre o caso não pesará na decisão de Lula

Deu na Agência Brasil:

Lula aguarda acórdão do STF para decidir sobre extradição do italiano Cesare Battisti

Priscilla Mazenotti
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que vai decidir a situação do italiano Cesare Battisti assim que receber o acórdão do Supremo Tribunal Federal, que decidiu pela extradição do ativista.

Lula  disse que vai tomar a melhor decisão para o país independente do entendimento do STF de que o presidente poderá ser responsabilizado caso não acompanhe a decisão da Suprema Corte. “Não me importa o que disse o STF. Ele teve a chance de fazer e fez. Eu não dei palpite. A decisão é minha. Até lá não tenho comentários a fazer”, disse.

Cezare Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos ocorridos entre 1977 e 1979. O governo italiano pediu a extradição de Battisti depois que ele foi preso no Brasil em março de 2007. Desde então, está na Penitenciária de Brasília. O Supremo decidiu pela extradição de Battisti. Cabe agora ao presidente Lula confirmar ou rejeitar a decisão.

Clique aqui para ler.


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O gráfico que a Folha(*) não mostra

21/dezembro/2009 20:04

Será que foi o Octavinho que analisou o gráfico ?

Será que foi o Octavinho que analisou o gráfico ?

O Conversa Afiada publica o comentário do amigo navegante Reinaldo:

Enviado em 21/12/2009 às 16:23
Paulo Henrique,


Veja o gráfico que a FOLHA NÃO MOSTRA:
http://blogln.ning.com/profiles/blogs/pesquisa-datafolha

Peguei os dados da Folha e coloquei no Excel (só troquei Heloísa Helena por Marina Silva – o que não muda muito depois que ela virou uma xiita da esquerda quase verde-oliva).

O resto dos dados você pode conferir no site do Datafolha… Serra continua tão estagnado quando a água da Zona Leste de São Paulo.
Aliás, vai ser inaugurada uma nova Zona em SP: “Zona Lespto..”

(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT;e que é o que é, porque o dono é o que é ; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
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Governo lança Programa Nacional de Direitos Humanos 3

21/dezembro/2009 8:00

Vanucchi: vítimas e possíveis agressores serão ouvidos

Vanucchi: vítimas e possíveis agressores serão ouvidos

Deu na BBC Brasil:


Governo propõe criação de Comissão da Verdade sobre regime militar

O governo brasileiro dá início, nesta segunda-feira, a um processo que pode levar à criação de uma Comissão Nacional da Verdade no país, com o objetivo de apurar casos de violação de direitos humanos durante o regime militar, incluindo o levantamento de possíveis responsáveis.

A formação de um grupo de trabalho que vai redigir um projeto de lei sobre a comissão faz parte do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, que será assinado nesta segunda-feira, em Brasília, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Se aprovada pelo Congresso, a Comissão da Verdade deverá divulgar relatórios anuais com a “apuração e o esclarecimento público das violações de direitos humanos” praticadas durante o regime militar (1964-1985).

Clique aqui para ler na íntegra.
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Zé Alagão: são muitos temporais e é difícil ter uma informação precisa do que acontece em cada lugar

21/dezembro/2009 20:27

Zé Alagão não contava com tantos temporais

Zé Alagão não contava com tantos temporais

Zé Alagão chegou de Copenhague e foi visitar o interior de São Paulo.

Lá falou sobre a enchente, que também fez estragos na região de Campinhas.

A sugestão é do amigo navegante João Humberto Venturini:

Enviado em 21/12/2009 às 17:31
Oi PHA! Não sei se lerá esse comentário, mas quero passar pra vc o vídeo q a EPTV Campinas fez uma reportagem questionando o governador José Serra e ele fugindo da pergunta. Olha, achei q era 100% da gde imprensa serrista, mas parece q ainda há vozes críticas ao tucano no estado. A apresentadora questiona a falta de atenção do governo do estado. Vale a pena ver esse vídeo nesse endereço:
http://eptv.globo.com/emc/VID,0,1,8827;1,serra+na+regiao.aspx
Obrigado


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Chuíça(*): Prefeitura lança programa “Vá a pé”

21/dezembro/2009 7:45

Esse é um dos slides do PPT da apresentação do projeto da Prefeitura

Esse é um dos slides da apresentação do projeto da Prefeitura

Deu na Folha(***):

Kassab confirma aumento da tarifa de ônibus para R$ 2,70 a partir de 4 de janeiro
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GUILHERME REED
colaboração para a Folha Online

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), confirmou neste domingo que a tarifa de ônibus na cidade vai subir para R$ 2,70 a partir de 4 de janeiro. Desde novembro de 2006, a passagem custa R$ 2,30.

Ao justificar o aumento, Kassab ressaltou que a tarifa não sofreu reajuste nos últimos três anos, o que aconteceu “pela primeira vez na história de São Paulo”. “Fizemos o reajuste de acordo com a taxa da inflação”, afirmou o prefeito, que hoje participou da primeira Parada da Disney em São Paulo, na zona norte da cidade.
Questionado sobre a reação da população com o aumento na tarifa, o prefeito disse que espera a compreensão, e ressaltou foram feitos estudos técnicos para para chegar ao novo valor.

Clique aqui para ler na íntegra.

(*) Chuíça é como o PiG (**) de São Paulo quer que o resto do Brasil pense que São Paulo é: uma combinação do dinamismo econômico da China com o IDH da Suíça.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista

(***) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que avacalha o Presidente Lula por causa de um comercial de TV; que publica artigo sórdido de ex-militante do PT; e que é o que é, porque o dono é o que é;  nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores
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Salário mínimo pode chegar a R$ 510. Bye bye Serra 2010

21/dezembro/2009 12:10

Bye bye

Bye bye

Deu na Agência Brasil:

Novo salário mínimo poderá ser de R$ 510

Lourenço Melo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O relator-geral do Orçamento de 2010, deputado Geraldo Magela (PT-DF), anunciou hoje (19) que vai encaminhar sugestão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o valor do salário mínimo, a vigorar a partir de janeiro de 2010, seja de R$ 510, com correção de 9,7%. A previsão anterior era de R$ 505,90.

Magela explicou que o novo valor se deve à previsão de aumento da receita em 2010 decorrente das estimativas de crescimento da economia. O custo adicional seria de R$ 870 milhões.

O relator estima em R$ 13 bilhões os recursos do Orçamento para aplicação em 2010 na Lei Kandir – ressarcimento pela União das perdas dos estados, municípios e do Distrito Federal por causa das isenções fiscais concedidas a produtos destinados à exportação -, na correção de aposentadorias e pensões, no reajuste dos servidores públicos, nos valores de tíquete-alimentação e nas obras para a realização da Copa do Mundo de 2014.

Clique aqui para ler.
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Os tentáculos de Arruda em São Paulo

21/dezembro/2009 10:42

Vote em um carea e leve dois

Vote em um careca e leve dois

Saiu na Carta Capital:

E que modelo de gestão…

20/12/2009 23:11:30

Gilberto Nascimento

O administrador de empresas Ailton de Lima Ribeiro é um gestor na área de saúde pública. Filiado ao PSDB, trabalhou ao lado do governador José Serra no Ministério da Saúde e na prefeitura de São Paulo. Prestou serviços também na gestão de Gilberto Kassab (DEM). Desde março de 2009, tornou-se um dos colaboradores de José Roberto Arruda, o democrata do Distrito Federal envolvido no escândalo de pagamento de propina a políticos.

Ao desenrolar o novelo do Arrudagate, o fio das investigações aponta para um esquema formado por uma rede de empresas beneficiadas por contratos milionários no DF e em São Paulo. Na quarta-feira 16, o deputado Simão Pedro (PT) começou a recolher assinaturas na Assembleia Legislativa de São Paulo para pedir uma CPI, a fim de investigar as relações entre o escândalo do DF e as contratações de empresas do mesmo esquema em São Paulo. Um dos responsáveis por parte das contratações na prefeitura de São Paulo, segundo políticos oposicionistas, seria Ribeiro. Seu nome passou a ser citado em denúncias nas últimas semanas. O administrador tucano negou todas as acusações a CartaCapital.

Clique aqui para ler na íntegra.

Em tempo: Da amiga navegante Maria

Enviado em 21/12/2009 às 11:16

PHA, excelente este texto postado pelo Azenha no Vi o Mundo, sobre Serra e Arruda:

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/laerte-braga-serra-e-arruda-em-copenhague/

Leia também:

Arruda é a metástase do Governo Serra

Serra ao anunciar a chapa com Arruda: vote num careca e ganhe dois

Carta: Arruda contamina Zé Pedágio e Kassab

Arruda (“dois carecas num só”) provoca metástase em São Paulo
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Nassif: A inapetência administrativa de Serra

21/dezembro/2009 9:45

A gestão do economista e engenheiro competente não vai ser lembrada

Os três anos de gestão do economista e engenheiro competente serão lembrados como tempo da má vontade de administrar

Deu no blog do Nassif:

21/12/2009 – 08:42

A inapetência administrativa de Serra

Do Último Segundo

Coluna Econômica 21/12/2009

Independentemente das eleições do próximo ano, quando baixar a poeira permitindo uma avaliação serena de sua administração, o governador José Serra não entrará para a história da administração pública do Estado.

Pelo contrário, o balanço de três anos de gestão revela um mérito – administração financeira responsável – e uma falta de vontade de administrar poucas vezes vista no Estado.

Mesmo a Geraldo Alckmin – que tem lacunas como administrador – não faltava vontade de fazer, embora tivesse dificuldades evidentes para escolher o secretariado e definir políticas públicas inovadoras.

***

No caso de Serra, um dos fatores que pesou foi o fato de, desde o início, estar com a cabeça na futura eleição para presidente da República. Com isso, toda sua energia passou a ser canalizada para articulações e para algo inusitado para um governante com sua responsabilidade: monitorar e responder às críticas da imprensa. Certa vez, em reunião do secretariado, admitiu que chega a gastar três horas por dia lendo os jornais e articulando reações ou respostas a pontos que não lhe agradam.

***

Costuma dormir às quatro da manhã. De madrugada passa mensagens pelo Twitter – sistema de mensagens curtas da Internet. Dormindo tarde, começa a trabalhar tarde.

Seu dia não começa antes das 11 da manhã – em geral, em compromissos fora do Palácio Bandeirantes. Praticamente não participa das reuniões do Secretariado.

Cada Secretário encolheu-se em sua área, faz o seu trabalho sem que Serra tenha noção clara do que acontece no seu governo. Nas reuniões, seu único empenho consiste em cobrar a aceleração de obras, para poder entregar no decorrer de 2010.

***

Entra no jogo apenas em momentos de crise. Quando isso ocorre, não raras vezes emperra o processo decisório com indecisões frequentes.

Na greve da Polícia Civil, por exemplo, permitiu que o caldeirão entrasse em fervura recusando-se durante semanas a receber representantes do movimento. Só tomou uma decisão quando eclodiram conflitos em frente do Palácio Bandeirantes. Na semana seguinte, aceitou sem pestanejar todas as reivindicações dos policiais – inclusive a de reduzir o tempo de trabalho para aposentadoria de 35 para 30 anos.

***

Quando explodiu a crise mundial, industriais paulistas procuraram o Palácio Bandeirantes atrás de medidas que ajudassem a amenizar o desastre – especialmente em máquinas e equipamentos, setor que experimentou queda de 40% na produção.

Serra passou meses sem receber as lideranças. Aí a Abimaq (que representa os fabricantes) acertou um pacto com a CUT e a Força Sindical – que ameaçaram com uma manifestação em frente o Palácio. Só aí Serra aceitou algumas concessões tributárias ao setor, além de destinar uma verba – proveniente de recursos da venda da Nossa Caixa – para financiamento ao setor. Já era mês de março.

Se estivesse à frente do governo federal, essa demora teria sido fatal para a superação da crise.

***

O resultado desse desinteresse se reflete no descontentamento que grassa em seu secretariado – no qual os Secretários são desestimulados a mostrar seu trabalho e Serra, por desconhecimento do que se passa, é incapaz de mostrar realizações na imprensa.

O caso Detran – 1

Logo no início do seu governo, foi estimulado por alguns secretários a tirar o Detran das mãos da Polícia Civil. Alguns funcionários, egressos do governo Mário Covas, lembravam-se do drama do governador. Necessitando de fundos de campanha, foi obrigado a aceitar a sobrevivência dos esquemas do Detran. Mas quando falava do tema, chegava a chorar de raiva e de impotência.

O caso Detran – 2

Com Serra entrando, o caixa de campanha fornido, foi-lhe sugerido limpar a área. Serra recusou com receio da reação da cúpula da Polícia Civil. “Até Pernambuco, de Jarbas Vasconcellos, fez essa limpeza “, contava-me um alto funcionário do secretariado de Serra. Hoje São Paulo é um dos cinco ou seis estados da Federação que ainda não conseguiu romper com os esquemas do Detran.

A gripe suína – 1

A dificuldade em gerenciar o Estado explode em vários outros episódios. Jamais recebeu lideranças de suinocultores no Palácio. Quando ocorreu o famoso episódio da gripe suína – na qual Serra gravou uma entrevista (que virou campeã do Youtube) relacionando a gripe com os porcos -, vendo o estrago convidou o setor para um almoço. Todos foram para o restaurante Varanda Grill e ficaram aguardando o governador.

A gripe suína – 2

Serra chegou atrasado, com uma equipe de TV a tiracolo. Mal cumprimentou os presentes, pediu um bife de carne suína, cortou um pedaço, levou à boca – tudo devidamente registrado pelos cinegrafistas – despediu-se secamente e foi embora. A intenção foi apenas a de registrar cenas, caso os adversários resolvessem explorar o tema na campanha.

Esvaziamento – 1

São Paulo tem as melhores universidades, os melhores institutos de pesquisa do país, as melhores empresas, a infra-estrutura mais completa, os melhores quadros intelectuais. Caso Serra ainda tivesse mantido a energia de outrora, poderia ter mudado a face do país a partir de São Paulo. Com sua inapetência administrativa, houve um afastamento gradativo dos melhores quadros do partido.

Esvaziamento 2

O grande desafio dos próximos anos será a recomposição da oposição, o renascimento do PSDB sob outra base. Aparentemente houve o esgotamento completo da geração que emerge das diretas. FHC já está fora do jogo; Serra joga sua última cartada. Mas o egocentrismo das velhas lideranças, o desaparecimento dos grandes vultos, como Franco Montoro, Mário Covas, impediram a renovação do partido. A nova geração surgirá apenas quando a velha for afastada pelo tempo.
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