*Sônia Jansen
O que podemos concluir a partir do resultado das eleições em São Luís
É desolador constatar que – apesar de todos os esforços para mostrar que há uma outra maneira de fazer política, com seriedade, honestidadee espírito público – o discurso acaba caindo no vazio e o que transparece é a supremacia do boato sobre a discussão de propostas. Quem vence é o marketing político, as técnicas de comunicação a serviço da ilusão. A ampla utilização dos modernos recursos imagéticos e sonoros proporcionados pela televisão e as pesquisas de intenção que vão delineando um resultado anunciado. Embalam-se promessas vazias para presente, traveste-se o vilão de mocinho e o horário eleitoral confunde-se com a ficção. Utiliza-se sem o menor escrúpulo a imagem da miséria para a enganação. O eleitor fica com a falsa impressão de que tem uma escolha e não percebe que sua vontade é manipulada pela lógica publicitária. Como disse Frei Beto num artigo publicado recentemente, “troca-se a ética pela estética”.
Mais uma vez perdemos o bonde. Mas não vamos nos concentrar nos aspectos negativos. No meio de tanta frustração é possível perceber um processo de mudança de mentalidade em curso. A mensagem foi entendida por uma grande parcela da população. Houve grandes lições de solidariedade e de amizade. Por livre e espontânea vontade as pessoas foram às ruas. Na feira, no supermercado, na padaria, nas praças e bares defenderam com paixão a idéia da “mudança pra valer”, carregaram a bandeira da ética, da gestão moderna e democrática e da política como atividade com fins essencialmente humanos e sociais. Pessoas que acreditaram no sonho de uma escola de qualidade, de um sistema de saúde eficiente, moradias dignas, transporte rápido e seguro, enfim de uma cidade mais justa, de uma administração baseada na excelência dos serviços e na correta aplicação dos recursos públicos.
Foi possível ver no rosto de cada um a paixão por uma idéia, ver que apesar de todas as frustrações, as pessoas ainda ousam acreditar que é possível fazer diferente, que a política não se reduz a um jogo de interesses ou vantagens pessoais.
E que bom que tivemos uma opção. Que bom que o voto desta vez não foi apenas uma obrigação e sim uma oportunidade de escolha, de uma nova alternativa. Finalmente, pudemos acreditar que havia uma esperança, que mesmo não se concretizando é um alento nesse mar de decepções. Esses dias de campanha foram de grande alegria e de emoção como há muito não se via na nossa cidade.
É realmente uma pena que a maioria dos cidadãos ludovicences não tenha compreendido a grandeza desse momento. O dia que seria da grande virada, de uma renovação qualitativa, do grande salto de são Luís para a modernidade. Tomara que a esperança não se perca, que ressurja ainda mais forte e que a lição seja aprendida por todos.
*Jornalista e servidora da Justiça Federal desde 1992
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