sexta-feira, maio 19, 2006
Os líderes e as crises
Eduardo Guimarães
Crises constituem oportunidades preciosas para medir líderes políticos. O comportamento deles em situações-limite permite avaliá-los da forma mais precisa possível. Dessa maneira, a crise espantosa da Segurança Pública em São Paulo permitiu ao país uma visão bastante nítida daqueles que desejam governá-lo. A simples comparação de comportamentos durante a crise paulista dos que estão pedindo o voto popular para se elegerem presidente da República ou governador de São Paulo nas eleições de outubro nos dirá mais sobre eles do que qualquer campanha eleitoral.
Luiz Inácio Lula da Silva: presidente da República, foi o primeiro chefe de governo detentor de responsabilidade sobre a segurança no Estado de São Paulo a se pronunciar publicamente no auge da crise. Transmitiu serenidade à população e colocou todos os recursos de sua administração à disposição do governo paulista, sem se importar em ter seu nome associado aos problemas que se abateram sobre o Estado e em se expor às presumíveis tentativas da mídia (que se materializaram) de responsabilizá-lo acima dos responsáveis de fato pelo caos.
Cláudio Lembo: governador de São Paulo, no dia de maior pânico da população paulista (segunda-feira, 15/5) permaneceu escondido quase até o fim daquele que foi o terceiro dia da crise, e, ao se manifestar quando as cobranças por fazê-lo tornaram-se estridentes, manifestou-se de forma absolutamente patética, proferindo como um mantra a frase ridícula de que estava "tudo sob controle", gerando piadas e mais piadas.
Geraldo Alckmin: responsável maior pela Segurança Pública paulista por ter sido, além de gestor das polícias e dos presídios de São Paulo, vice-governador do Estado de 1995 a 2000 e governador de 2000 a 2006 - e ainda mais responsável por ter deixado o cargo há menos de 60 dias -, só foi dar alguma declaração na terça-feira, quando a crise estava praticamente controlada. E, não bastando tanta pusilanimidade, ainda se manifestou apenas para transferir sua responsabilidade preponderante para seu adversário na disputa pela Presidência da República.
José Serra: candidato favorito a governador de São Paulo, cargo que o elevará à condição de gestor da Segurança Pública do Estado, esse certamente foi o líder político que mais decepcionou a sociedade por sua conduta covarde no decorrer da crise da Segurança paulista. Simplesmente desapareceu da face da Terra até o presente momento. Não deu nem sequer uma mísera declaração sobre os acontecimentos no Estado que pretende governar.
É sempre temerário fazer previsões sobre as opiniões das massas que elegem governantes. Freqüentemente, essas massas põem a lógica de lado e votam por razões absolutamente divorciadas da sensatez. Contudo, a prevalecer a lógica e o entendimento do comportamento dos homens públicos acima mencionados, acredito que a crise paulista definiu ao menos a eleição presidencial deste ano, e ainda deverá provocar mudanças significativas na preferência dos paulistas sobre quem irá governar São Paulo a partir de janeiro de 2007.
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