CURITIBA (Reuters) - O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, defendeu na quinta-feira a reeleição de seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, como fundamental para a união da América Latina.
Durante uma visita à cidade de Curitiba, Chávez fez a afirmação em discurso para cerca de 2.000 trabalhadores rurais que lançaram um manifesto condenando o modelo econômico dominante no mundo.
O presidente venezuelano disse que os brasileiros "têm a responsabilidade de dar continuidade ao projeto da formação de uma grande nação latino-americana, e a reeleição de Lula é fundamental para esse projeto".
"A América Latina é a pátria de todos nós e para desenvolver uma estratégia alternativa ao império norte-americano é necessário que haja união dos líderes, e o Brasil tem uma posição geopolítica e geoeconômica estratégica para esta união", completou.
Chávez insistiu em impulsionar um bloco denominado Alternativa Bolivariana para América (Alba), em contraposição à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que Washington tenta, sem êxito, pôr em prática.
Acompanhado do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), com quem firmou acordos de cooperação, Chávez assinou o "Manifesto das Américas -- Em defesa da natureza e da diversidade cultural", lançado pela Via Campesina e pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) disse que também assinaram o manifesto, entre outras personalidades, o governador Requião, o Nobel da Paz argentino Adolfo Pérez Esquivel e o escritor uruguaio Eduardo Galeano.
O texto condena o modelo econômico dominante, afirmando que dá bem-estar a um pequeno grupo social "e exclui, infelizmente, das condições mínimas de sobrevivência a grande maioria da humanidade".
Chávez disse no evento que o documento mostra que o modelo de desenvolvimento capitalista "está destruindo o planeta". "Se não for mudado esse caminho, não haverá vida nem futuro no planeta."
PROJETOS CONJUNTOS
O presidente venezuelano, que chegou na quinta-feira a Curitiba depois de uma reunião com colegas sul-americanos em Assunção, firmou com Requião uma série de acordos destinados a concretizar projetos conjuntos entre empresas públicas do Paraná, governos de Estados e ministérios da Venezuela.
Os projetos, nas áreas de agricultura, meio ambiente, saneamento, educação, habitação, ciência e tecnologia, entre outras, exigiriam um investimento de 320 milhões de dólares, segundo um porta-voz do governo paranaense.
Chávez seguiria para Brasília, onde seria recebido por Lula. O Itamaraty disse que Chávez pediu para conversar com Lula sobre relações bilaterais e analisar a conjuntura regional.