Pesquisa Ibope que aponta Marta Suplicy na liderança para o governo de São Paulo mostra que um em cada cinco eleitores prefere o PT. Entre os jovens e os moradores da Grande São Paulo, essa preferência é ainda maior.
Nelson Breve – Carta Maior
BRASÍLIA - No auge da crise do mensalão, um grupo de artistas se reuniu no apartamento do cineasta Luiz Carlos Barreto para ouvir explicações do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que teria o mandato de deputado federal cassado pouco depois, sob a acusação de ter organizado um esquema ilegal de aliciamento de partidos e parlamentares. A maior preocupação exposta pelos convidados – quase todos ligados ao PT ou simpatizantes do partido – era com a desilusão da juventude. “O que vamos dizer para os jovens? Como explicar o que aconteceu aos nossos filhos?”, questionavam.Um dos últimos a falar, o cartunista Ziraldo desarmou a tensão do ambiente, encontrando uma resposta espirituosa para o dilema. “A juventude precisa de utopia. Mandem eles para o PSol. Quando amadurecerem, eles voltam”, recomendou o criador do Menino Maluquinho e do símbolo comemorativo dos 26 anos do PT (A volta por cima).O que pouca gente previa naquela reunião – e no país – é que a imagem do PT não sairia tão abalada da crise como se imaginava. Afinal, os líderes da oposição estavam eufóricos com a perspectiva de se livrarem da raça petista por algumas décadas. Menos esperado, ainda, era que a suposta decepção ou desilusão da juventude com o partido fosse tão passageira.Na semana passada, o Instituto Ibope ouviu 1.204 eleitores paulistas (capital, interior e periferia) a pedido do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de São Paulo e Região (Setcesp). Foram feitas 17 perguntas sobre a avaliação dos governos federal e estadual e as intenções de voto para presidente, governador e senador. Uma das questões abordava a preferência partidária: “Por qual destes partidos o(a) sr(a) tem maior simpatia ou preferência?”.Pouco mais da metade dos eleitores (52%) disse que não tinha preferência por nenhum dos 16 partidos relacionados (48%) ou não emitiu opinião (4%). Na outra metade, a simpatia pelo PT prevaleceu, sendo manifestada por dois de cada cinco eleitores. Ou seja, 19% do eleitorado paulista declarou simpatia ou preferência pelo PT, de acordo com a pesquisa. Na segunda posição, com 10% das manifestações, houve um empate entre o PSDB e o PMDB. Tiveram 1% de citações: PFL, PL, PTB, PSB, PV, Prona e PSol. Não chegaram a 1%: PCdoB, PDT, PP, PSC, PSTU e PMN.Entre os jovens, a classe média e os moradores da Grande São Paulo, a preferência pelo PT é maior. Na faixa etária de 16 a 24 anos chega a 24%. Entre os estudantes do ensino médio, 22%. Nas famílias com renda mensal entre dois e dez salários mínimos, 23%. A simpatia pelo PT sobe para 25% entre os eleitores da capital e da periferia. Isso significa que metade dos eleitores da Grande São Paulo que manifestam a simpatia por algum partido escolhem o PT.Os piores desempenhos do PT na preferência dos eleitores paulistas estão localizados nas faixas de renda até dois salários mínimos (14%) e acima de dez salários mínimos (16%), nos nível de ensino superior (17%) e até a 4ª série do ensino fundamental (16%), nos moradores do interior do Estado (14%), nas faixas etárias acima de 50 anos (15%) e entre 30 e 39 anos (17%) e no eleitorado feminino (16%).O PSDB lidera na preferência dos eleitores mais escolarizados (18%) e mais ricos (25%).Marta na frenteA pesquisa do Ibope apontou também que o eleitorado paulista está dividido na preferência entre o presidente Lula e um dos pré-candidatos tucanos à Presidência da República. No cenário em que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seria o escolhido do PSDB, os dois empatam em 32% das intenções de voto. Se a opção fosse o prefeito José Serra, haveria empate técnico de 32% a 31% em favor de Lula.O ex-governador do Rio Anthony Garotinho, do PMDB, ficaria entre 6% e 7%, dependendo da opção tucana. A senadora Heloisa Helena, do PSol, registrou 3% de preferências nos dois cenários. O deputado Enéas Carneiro, do Prona, teria 2% ou 3%. O senador Roberto Freire, do PPS, 1%. Os outros relacionados, Cristovam Buarque (PDT) e José Maria Eymael (PSDC), não chegariam a 1%. Os votos brancos, nulos e indecisos somariam entre 21% e 23%.Na disputa pelo governo de São Paulo, a ex-prefeita Marta Suplicy, do PT, aparece na frente com índices que variam de 23% a 26%, dependendo da lista de candidatos. Ela está de quatro a seis pontos percentuais na frente do ex-governador Orestes Quércia, do PMDB, que inverteria a situação (ficando entre 23% a 27%) na hipótese de o candidato do PT ser o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (teria de 13% a 15%).Com uma administração aprovada por 76% do eleitorado paulista, o governador tucano Geraldo Alckmin sai na frente caso decida disputar a vaga para o Senado. Se a eleição fosse hoje, ele teria 40% dos votos, contra 29% do senador Eduardo Suplicy, do PT, e 13% de Orestes Quércia.
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