sábado, março 11, 2006

ECONOMIA & POLÍTICA – LV - 10/03/2006

Por Evaristo Almeida
evaristoalmeida

a)Setores estratégicos
Recentemente a Rússia elegeu 39 setores considerados estratégicos e que não podem ser controlados pelo capital estrangeiro. Esses setores passam por áreas de mineração, petróleo, defesa entre outros. Os russos disseram que a lista é menor do que a lista dos setores estratégicos dos Estados Unidos, em que o estado nunca deixará ser controlado por empresas transnacionais. No caso dos Estados Unidos esses setores são o de energia, telecomunicações, defesa, espacial, entre outros. A Índia proibiu a exportação de minério de ferro, pois o país prefere exportar o aço ou o equipamento, agregando valor à sua produção. O Brasil deveria deixar de ser a casa da mãe Joana e também eleger alguns setores que sejam vitais ao seu desenvolvimento e à sua segurança. É óbvio que a Miriam Leitão, o Carlos Sardenberg, o Joemir Betting entre outros, chamariam isso de xenofobia. Os países ricos pregam o liberalismo (laissez faire) só para os outros, geralmente trouxas que possuem uma elite predadora e vassala sem nenhum projeto nacional. NENHUM país desenvolvido tem empresas de setores como energia, transporte, telecomunicações e defesa nas mãos de empresas estrangeiras. Assim a empresa que presta serviços de telecomunicações na Alemanha é alemã, na França é francesa, nos Estados Unidos é estadunidense, na China é chinesa e assim por diante. No Brasil JAMAIS se deveria deixar que os setores de telecomunicações e de energia fosse parar nas mãos de empresas transnacionais. Além de estratégico nesses setores não há como trazer moeda conversível para o Brasil, de forma que eles só retiram via lucros e dividendos, moedas que fazem falta no balanço de pagamentos. Quanto à xenofobia (medo do que vem de fora), recentemente os Estados Unidos não deixaram que uma empresa chinesa adquirisse uma empresa de petróleo estadunidense, apesar desta oferecer um preço bem acima do mercado. Agora eles estão numa discussão enorme se deixam que os portos passem para o controle de uma empresa árabe. Na França, o governo francês não deixou que a Danone passasse para controle estrangeiro. O país que tem um projeto nacional de desenvolvimento não se pauta apenas pelo mercado e pela pretensa liberdade dos capitais de decidir o destino de suas empresas. É necessário saber se essa empresa é crucial ao projeto de desenvolvimento desse país. Se for o bem comum fala mais alto do que qualquer falácia de racionalidade econômica.

b) Companhia Vale do Rio Doce
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), foi criada em 1º de junho 1942 por Getúlio Vargas, através do decreto-lei 4352 e envolveu o esforço para nacionalizar setores básicos da economia. A luta para criar a empresa envolveu a permuta com as minas da Itabira Iron, de propriedade inglesa. O Brasil em troca deixou que os Estados Unidos montassem bases Nordeste brasileiro e a participação do Brasil na II Guerra Mundial. A CVRD é uma das maiores mineradoras do mundo, operando em 14 estados do Brasil e em vários países. Ela opera na área de mineração, logística, energia, alumínio, aço e carvão. A holding é constituída por 68 empresas diferentes. É o tipo de empresa que é estratégica para o Brasil e jamais deveria ter sido privatizada. Ela representava uma verdadeira agência de desenvolvimento, com instalação de projetos de interesse do Brasil. Um deles que envolveu toda uma estratégia de logística foi à exploração de minério de ferro na serra de Carajás. Foi construído um acordo com o Japão que financiou o projeto e se comprometeu a adquirir o minério extraído de Carajás. Para tanto foi construída uma estrada de ferro com quase 900 Km de extensão que deixa o minério no porto em São Luis do Maranhão e de lá parte para o Japão. Graças à estratégia logística a exploração do produto tornou-se viável economicamente. A empresa foi privatizada em 7 de maio de 1997, com a venda de 41,73% das ações na Bolsa do Rio de Janeiro. Pelo controle acionário foram pagos R$ 3,338 bilhões. O preço de mercado da empresa atualmente supera os R$ 100 bilhões, sendo que a Vale teve um lucro de R$ 10,3 bilhões em 2005. Alguns analistas independentes defendem a tese de que o preço da CVRD foi subestimado, ou seja, a empresa foi vendida por um preço irrisório ao que valia. Isso se confirma quando comparamos o preço de venda, o valor de mercado atual da empresa e o seu lucro em 2005 que é superior a 208,56% em relação ao que foi pago por 41,73% das ações. Os mesmos analistas argumentam que várias reservas de ouro, minério de ferro, bauxita entre outros foram colocadas em número bem abaixo do que de fato a Vale tinha no momento da privatização. Somente em minério de ferro as reservas da Companhia são suficientes para mais de 400 anos de exploração. É por essas e outras que a privatização está sendo revista na Justiça. Recentemente a empresa correu um sério risco de passar para controle estrangeiro. Só foi evitado porque Carlos Lessa, então presidente do BNDES deu ordens para o banco comprar as ações da CVRD e manter o controle nacional sobre a Companhia. O interesse das empresas estrangeiras, principalmente siderúrgicas é transformar a Vale em centros de custos. Dessa forma o minério seria exportado pelo Brasil a preços muito baixos, para essas companhias que seriam suas donas. Elas transformariam o minério em aço e teriam um lucro tremendo na operação. Ao Brasil iria acontecer o mesmo que aconteceu com as minas de prata de Potossi, no Peru, que foram exploradas pela Espanha colonial e atualmente só resta um enorme buraco no local e histórias horríveis daqueles, principalmente de origem indígena, que perderam a vida na mina. É IMPRESCINDÍVEL manter a Vale sobre controle nacional. Na índia é proibido exportar minério de ferro. Os indianos mais espertos preferem exportar o aço, que agrega valor e cria mais riquezas para o povo local, com a criação de emprego. Quando a Vale foi privatizada, o então governo tucano FHC, mostrando verdadeira miopia e ignorância econômica e geopolítica, disse que a Vale era uma empresa que só vendia terra e não havia nada de estratégico nela. O futuro será dividido entre aqueles países que possuem recursos naturais e o que não possuem. Cada vez mais esses recursos serão escassos, aumentando o seu valor e a pressão para tê-los. Na construção de um projeto de nação com desenvolvimento econômico e social é necessário que o povo brasileiro conheça as suas riquezas e dê valor a elas. Senão outros darão.




Secos & Molhados
Daslu terá loja em Nova Iorque – Segundo notícia do jornal Valor Econômico a Daslu planeja abrir uma loja em Nova Iorque. A dúvida que fica é se o mesmo modelo de negócios implantado no Brasil será transferido para os Estados Unidos. O modelo, segundo inquérito da Polícia Federal é baseado em contrabando de produtos, subfaturamento dos preços e evasão fiscal, conforme noticiado na grande imprensa. Será que a loja planeja contratar a filha do governador de Nova Iorque e conseguir com isso que o fisco estadual simplesmente a ignore? É necessário que ela tenha acesso irrestrito ao equivalente ao secretário da fazenda de São Paulo, senão não compensa. Poderá também contratar uma parenta de um senador, que necessariamente tem de ser do Partido Republicano, para caso aconteça alguma investigação do FBI, ele saia em defesa da loja, inclusive chorando no parlamento. Também vai ser necessário que o “The New York Times” a defenda numa situação dessas, como fez o jornal “Folha de São Paulo”, que dedicou mais de uma página ao assunto. Com certeza o prédio da loja não pagará o equivalente ao IPTU, pois ele não existirá na Prefeitura local. Pois é, dizem que os lobos perdem a pele, mas não perdem o vício, desse modo é melhor o fisco estadunidense ficar de olhos bem abertos.

Definitivamente os Estados Unidos não são um país sério. Basta ler o relatório sobre direitos humanos para saber ou que eles não cometem nenhum desatino na área, ou o país não faz parte desse mundo. É como se fosse um país do planeta Marte fazendo um relatório sobre a questão dos direitos humanos na Terra. O fato é o seguinte o relatório não comenta o total desrespeito ao que acontece em Guantânamo, em Abu Ghraib, nas prisões do Afeganistão, nas bases localizadas no Pacífico e em outras prisões espalhadas pelo mundo sobre controle dos Estados Unidos. Desconhece que o “Act Patriot” é uma violação dos direitos humanos nos próprios Estados Unidos, assim como a pena de morte. O relatório quando trata do governo iraquiano, se não fosse trágico seria hilário, tirando toda a responsabilidade dos Estados Unidos que ocupam o país, sobre o desrespeito aos direitos humanos que ocorrem lá. Definitivamente esse governo dos Estados Unidos criou uma situação mais surrealista do que George Orwell no livro 1984. A tragédia é que no livro era ficção, enquanto o governo Bush é fato. Será que eles mesmos acreditam que representam a democracia e os direitos humanos no mundo?

Sobre o Oscar. A entrega do Oscar é acompanhada pelo mundo inteiro. Nessa festa há uma verdadeira orgia ao umbigo dos Estados Unidos. É como se só o cinema estadunidense existisse. E como tudo na sociedade industrial o que vai contra o establishment não é premiado. Aconteceu com o filme do diretor brasileiro Fernando Meirelles “O Jardineiro Fiel”, que trata do uso de cobaias humanas pela indústria farmacêutica nos países da África para testar novas drogas em troca de migalhas. Um filme desses não pode ter mais repercussão do que já teve, pois prejudica os “negócios” dessa indústria. Outro filme não premiado devidamente foi o “Brokeback Moutain”, que fala da relação homossexual de dois cowbóis. No país puritano dos republicanos isso é crime. Houve ainda o filme palestino “Paradise Now” que aborda a questão dos homens-bomba na Palestina, que concorreu ao melhor filme estrangeiro. O mesmo acontece na entrega do Nobel de economia. Só ganha o prêmio aqueles economistas que inventam fórmulas que sirvam ao domínio hegemônico do capitalismo e principalmente do capital financeiro. Não importa se será de interesse da humanidade, só que deve beneficiar os endinheirados do mundo. Qualquer outro economista, por mais brilhante que seja, que não aborde esse modelo jamais ganhará esse prêmio.

Estão apelando – após tentar desqualificar as pesquisas que dão a derrota do PSDB nas eleições, os tucanos estão apelando para tudo. Agora estão inventando uma tal de pesquisa por telefone. Segundo o Painel da Folha, nessa pesquisa Serra venceria no primeiro turno para governo de São Paulo. Esse tipo de pesquisa é tão crível como a de que os tucanos não têm nada a ver com a lista de Furnas. Ela seleciona os eleitores por faixa de renda que pode ter um telefone. Assim que começarem a perder nessa também eles começam a fazer a pesquisa somente com quem tem automóvel Ferrari e BMW e continuando perdendo eles só farão a pesquisa na Daslu e na Fiesp.

Goebells na Folha – Notícia da Folha de São Paulo de 09/03/2006: “Mulheres depredam fábrica de celulose no RS”. Então as mulheres invadiram o recinto da fábrica e quebraram as máquinas que transformam a madeira em cavaco, as que cozinham esses cavacos, os depuradores e toda parafernália que se usa para fabricar celulose?


Contraponto
Pesquisa por telefone dos tucanos dá a vitória do Serra no primeiro turno para o governo de São Paulo. Ligaram para a sede do PSDB, do PFL, para a casa do Serra, do Alckmin, do FHC e do ACM (ops).



Boas Novas
Criação de mais empregos e integração - A Venezuela, através da PDVSA, comprará 36 navios de grande porte dos estaleiros brasileiros.

Aumento de renda – Os reajustes salariais em 2005 foram os melhores dos últimos 10 anos para os trabalhadores brasileiros, segundo o DIEESE.

Alimentação mais barata – A cesta básica está mais barata em 13 das 16 capitais pesquisadas, segundo o DIEESE.

PT 100% - O Partidos dos Trabalhadores pretende organizar diretórios municipais nos 500 municípios aonde ainda não tem. Dessa forma o Partido dos Trabalhadores estará representado em 100% dos municípios brasileiros.

Frases

“Já a elite de verdade é hipócrita, canalha, egoísta e cruel. Tem ódio de Lula, por ser mestiço, nordestino e pobre. Acha um insulto ser governada por ele e se pudesse já o teria tirado do poder na ponta da baioneta, como fez com João Goulart, que nem pobre, nem nordestino era, apenas um moderado socialista. É uma elite pobre de cultura e formação, composta por quatrocentões decadentes, descendentes de degredados, que se julgam nobres e por emergentes ridículos, que se sentem quatrocentões. Uma elite ignara, que compra livros como se fossem azulejos, para decorar paredes. E é uma elite burra, que nunca leu Gilberto Freyre nem Adam Smith e não aprendeu que, até para poder continuar a habitar a casa-grande, precisa deixar a senzala comer um pouco melhor”.
Veruska – citada por Marilene Felinto – revista Caros Amigos, número 105.


“A mídia representa hoje o que as forças armadas representaram em 1964”
Valter Pomar, em entrevista ao jornal Valor Econômico.

“Esperança é paixão que se ensina pra consolar os escravos. A homens livres, deve-se ensinar a defender a liberdade”.
Caia Fittipaldi – citando Espinoza

“Esses “coronéis” locais estão desesperados com o Bolsa-Família, porque as pessoas começam a ter dignidade, ganham um cartão e não dependem mais do vereadorzinho do PFL, do PSDB, dos “coronéis” do interior. Isso incomoda”.
Carlito Merss – deputado federal -PT - Relator do orçamento federal

“Um partido sem jornal é como um exército sem armas” – jornal japonês Johji Shimbum, ao ser criado em 1875 – citado por Vito Giannotti, no jornal Brasil de Fato.



Poesia

DALAI LAMA

Minha mensagem é a práti-
ca da compaixão,do amor
e da gentileza. Compaixão
pode ser colocada em práti-
ca se você reconhecer o fato
de que cada ser humano é
um membro da humanida-
de e da família humana,
apesar das diferenças religio-
sas, culturais, raciais e
de crença. Bem no fundo
não há diferença.
Nós nunca devemos deixar
nossa felicidade mental ser
perturbada. Se nós estamos
sofrendo no presente, ou
sofremos no passado, não
há razão para ficar infeliz.
Se podemos reparar, por
que ficar infeliz? E se, não
pudermos, qual a vanta-
gem de ficar deprimido
com isso? Isso apenas adi-
ciona mais infelicidade e
não faz nenhum bem.
Ao desenvolver um senso
de respeito pelos outros e
uma preocupação para o
bem-estar,nós reduzimos o
nosso próprio egoísmo, que
é a fonte de todos os nossos
problemas, e intensifica-
mos o nosso senso de genti-
leza, que é a fonte natural
de toda a bondade.

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