segunda-feira, fevereiro 27, 2006
O que esperar de uma imprensa que trai e sabota o seu próprio país???
Lá e aqui o compromisso deles é com a barbárie. A radicalização da democracia, é a única forma de conter a barbárie.
Adauto
From: Walter Rodrigues
É um escândalo que a imprensa dos EUA parece mais escandalizada com isso que a do Brasil. É um escândalo que nossa imprensa fale em 'prisão', 'centro de detenção', 'base militar' etc, quando o nome consagrado é 'campo de concentração'. Que vem a ser justamente uma prisão onde ninguém foi julgado, nem tem direito a nada.
Quanto a saber qual a pior, está na cara que sempre será aquele com menos visibilidade. Logo, o do Afeganistão. Lá os EUA fazem coisas que não ousariam no Iraque, como transportar prisioneiros em contêineres e bombardear uma prisão rebelada.
walter rodrigues
Prisão afegã do Pentágono é pior do que Guantânamo
Existe no mundo uma prisão pior do que a de Guantânamo, em Cuba, onde o Pentágono mantém há mais de quatro anos meio milhar de prisioneiros de guerra ilegais? Sim. Segundo o jornal esamericano The New York Times, é a prisão de Bagram, mantida também pelos EUA, a 60 km de Cabul, no Afeganistão ocupado.
"Enquanto fervilha o debate internacional sobre o futuro do centro americano de detenção em Guantânamo, os militares (dos EUA) expandiram discretamente uma outra prisão, menos visível, no Afeganistão, onde mantêm cerca de 500 presumidos terroristas, em condições ainda mais preárias, indefinidamente e sem culpa formada", escreve o diário novaiorquino.
"Qualquer um vai dizer que é pior"
O jornal cita um funcionário do Pentágono que visitou o lugar. Indagado sobre qual das duas prisões ee a pior, ele afirma: "Qualquer um que tenha visto Bagram vai lhe dizer que é pior".
Bagram era tida como um lugar de triagem, para suspeitos detidos pelas forças americanas no Afeganistão. Mas se desenvolveu ao longo dos anos, até se tornar uma prisão onde não há lugar para o direito. Ali, cerca de 500 suspeitos de "terrorismo", afegãos na sua maioria, enfrentam condições piores que as de Guantânamo.
The New York Times dedicou a capoa de sua edição de domingo a essa situação quase desconhecida. O jornal lembra que os prisioneiros de Bagram, ao contrário dos de Guantânamo, não podem contestar as circunstâncias de sua prisão perante tribunais americanos. E não têm acesso a nenhum advogado. Não podem sequer saber de que são acusados.
Fotos, nem a distância
"Enquanto Guantânamo oferece visitas, cuidadosamente monitoradas, de parlamentares e jornalistas, Bagram operou em rigoroso segredo desde que foi aberta, em 2002. Proíbe visitas externas, exceto as da Cruz Vermelha Internacional, e recusa-se a divulgar os nomes dos que ali estão. A prisão não pode ser fotografada, nem a distância", descreve o NYT.
O jornal cita militares que, sob a condição de permanecerem no anonimato, descrevem um lugar sinistro. Os presos permanecem em celas, acorrentados às dúzias. Dormem no chão, sobre colchonetes de espuma. Até um ano atrás, tinham de fazer suas necessidades em recipientes de plástico. E raramente viam a luz do dia exceto para breves visitas a um pequeno pátio.
No Pentágono, ninguém quer falar
Depois de 2003, algumas reformas na oficina mecânica transformada em prisão permitiram uma melhora da situação sanitária. E o número de maus-tratos reportados por organizações de defesa dos direitos humanos recuou. Mas em 2002 dois presos foram torturados até a morte em Bagram, conforme o diário francês Libération de 21 de maio passado.
Em contrapartida, o número de prisioneiros em Bagram voltou a inchar depois que os americanos, acuados por críticas, decidiram suspender novos internamentos em Guantânamo. E a prisão afegã está longe de possuir os recursos de um presídio de verdade.
Foi feito um acordo entre o Pentágono e o governo de Cabul visando transferir a maioria dos prisioneiros para uma prisão afegã, em construção. Os ocupantes americanos só manteriam em Bagram os estrangeiros, cerca de 40, na maioria paquistaneses e árabes.
O jornal diz que o chefe do Pentágano para locais de detenção, Charles Stimson, não quis ser entrevistado sobre Bagram. E o mesmo fizeram os oficiais do Comando Central dos EUA, que operam muitas das operações militares no Afeganistão.
Com NYT e agências
http://www.vermelho.org.br/diario/2006/0227/0227_bagram.asp
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