SOBRE AS PAIXÕES
Reginaldo, Lula é de um partido, onde ninguém dá refresco pra ninguém, nenhum de nós considera Lula um santo ou infalível, aliás, é por isso que votei nele 4 vezes, e vou votar mais uma em 2006. Adorei o texto da Jussara justamente pela paixão, pela parcialidade, pelo engajamento, o PT não seria o PT sem esses componentes. Pra mim, Lula representa o melhor que a esquerda brasileira foi capaz de produzir até hoje, ele e o PT estão fazendo. Erram, acertam, mas fazem, não têm medo de meter a mão na merda, o nome disso é coragem física, e eu dou muito valor a quem tem coragem física. Mas o que eu mais gosto no Lula em particular, é a capacidade que ele tem de dar um abraço gostoso como esse da foto aí em cima, é uma questão de paixão mesmo, mas eu adoro as paixões, sei conviver bem com elas... Feliz 2006 para todos!!!!
Adauto Melo
Caro Reginaldo, quando as questões se envolvem nesse quadro (veja ao lado), acho que a Jussara foi até ponderada.
Abraço.
Vanderley
De: Reginaldo B. Barbosa [mailto:regis_psol@isbt.com.br] Enviada em: sexta-feira, 30 de dezembro de 2005 16:08Para: seixas50@uol.com.br; asmelo@oi.com.br; vanderleycaixeAssunto: Comentário sobre o texto de Jussara Seixas
Nunca li um texto tão apaixonado como esse de Jussara Seixas, intitulando de FELIZ 2006. É muito parcial, é absurdo. Nele Lula é praticamente um santo, ou mais ainda, um Deus e todos os outro estao errados, são errados. É um exemplo de texto que demostra total encantamento cego por um governo que não anda tão bem assim.
Podemos considerar que muitas medidas desse governo veio beneficiar nosso Brasil, mas nem tudo foram flores. Aliais, não considero o governo Lula bom. Mas no texto de Jussara esse governo é tudo de bom. Menos, por favor, menos! Parece-me que quer alegrar alguém. Não exagere na parcialidade.
Lamento por esse pensamento cego de Jussara Seixas.
E digo, sou totalmente opositor a esses partidos da direita, assim como a seus filiados ícones. Mas não considero mais Lula como um político da esquerda e o PT agora é, no máximo, partido do centro esquerda.
Voltando ao texto FELIZ 2006, acredito que boa parte do conteúdo é realmente verdadeiro, mas existe um exagero nas expressões. É notável, no texto, a paixão e a parcialidade de Jussara Seixas. É o amor?
Reginaldo Borges Barbosa
sábado, dezembro 31, 2005
sexta-feira, dezembro 30, 2005
NATAL TUCANO
Por debaixo de um dos cartões postais da maior cidade da América do Sul e uma das mais ricas do hemisfério, em pleno século XXI, se constrói uma rampa anti-gente. Como se a história nada tivesse ensinado, a arquitetura mais uma vez é usada para segregar, acentuar as distâncias e punir as diferenças. Concreto e ferro servem para impedir o acesso de pessoas a um espaço público, materiais construtivos que deveriam erguer progresso real para todos, se transformam em matéria prima de opressão e são usados, de novo, para levantar muros e dividir populações como já o foram para construir pelourinhos, senzalas e campos de concentração. Ao interromper o acesso com uma enorme rampa de textura agressiva, nega-se aos que não têm um lugar para morar a proteção deste falso teto, e a cidade se torna um lugar mais hostil. Por debaixo da Avenida Paulista, com seus bancos e executivos, comércio e senhoras que vão às compras, se está sufocando a possibilidade da cidade vir a ser verdadeiramente pública e democrática. Aqui, ao contrário do desenvolvimento que a região diz querer, os relógios do progresso histórico e social andam para trás. A rampa anti-gente é um território que simboliza a exclusão social que vem ocorrendo sistematicamente no centro da cidade de São Paulo. Pelo seu parentesco com construções que serviram a vergonhosos períodos da história humana não a queremos aqui! São Paulo se enfeita com luzes, árvores de neve artificial e reis magos em peregrinação e por causa disto todos se sentem mais alegres, é o espírito natalino. Papai Noel já esteve por debaixo da Paulista com suas renas e seu saco de presentes, a rampa anti-gente, é um dos brindes dados pelo bom velinho para todos aqueles que almejam viver na cidade da exclusão. Contrariando este magro e antipático Papai Noel, vamos dar o nosso próprio nó no laço de fita do presente e trocar o cartão natalino por um outro que diz: "Queremos para São Paulo um futuro em que se construa para aproximar e incluir, em que se reinventem as formas de governar e se suprimam as arquiteturas de exclusão." A administração da cidade que ilumina as ruas para alegrar o natal dos consumidores é a mesma que constrói a rampa anti-gente, expulsa as famílias de baixa renda de prédios ocupados no centro e persegue quem trabalha nas ruas. Como miséria não combina com espírito de natal, esses administradores mandam tirar, violenta e arbitrariamente, na calada da noite, as famílias que por falta de alternativas dignas vêm morar no túnel. Por isto vamos fazer nossa ceia de natal na rampa, vamos ocupar um espaço que foi feito para afastar gente e dividir, mudar a cara dos quadros modernistas que simbolizam o autoritarismo visual, arquitetônico e social que quer se implantar na cidade! Depois de dois anos de imagens conservadoras e propagandistas de um projeto que procura se fincar no passado, de ver surgir um medonho monumento à exclusão social, queremos que o túnel que dá acesso à Avenida Paulista seja um campo de expressão e não de concentração!
São Paulo, 17 de dezembro de 2005.
Comitê Natal na Rampa
quinta-feira, dezembro 29, 2005
Brasil e Argentina desestabilizam FMI com o pagamento de suas dívidas
A decisão do Brasil e da Argentina de quitarem as suas dívidas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) antes do prazo previsto lançou a discussão sobre a necessidade de um novo modelo de negócios para a instituição. O FMI, como qualquer outra instituição financeira, concede empréstimos a taxas de juros ligeiramente mais elevadas do que aquelas que paga ao pegar dinheiro emprestado, utilizando o lucro obtido com esta diferença para cobrir as suas despesas operacionais e aumentar as suas reservas. Mas, agora, pelo menos, os seus clientes estão escasseando. Os novos empréstimos concedidos pela instituição no último ano fiscal, no valor de US$ 2,5 bilhões, foram os mais baixos desde o final da década de 1970, mesmo com um ajuste para a inflação do período. Brasil, Argentina, Turquia e Indonésia respondem por mais de 70% dos empréstimos totais do FMI - que caíram de US$ 90 bilhões em abril de 2004 para cerca de US$ 66 bilhões no final de novembro. A quitação das dívidas brasileira e Argentina, de cerca de US$ 15,5 bilhões e US$ 10 bilhões, respectivamente, eliminará mais uma grande parcela da cifra total. Essas quitações significam que a dívida do Uruguai, que é bem menor, será a maior quantia devida ao FMI na América Latina. Na Ásia, após as crises financeiras do final da década passada, os governos regionais acumularam grandes reservas financeiras, em parte para garantir que jamais terão que suplicar novamente pelos empréstimos do FMI, que estabelece condições severas para conceder empréstimos. "Com dois dos grandes devedores pagando o que devem, a lista de dívidas ao FMI vai ficar bem menor", afirma Desmond Lachman, funcionário do American Entreprise Institute. "Durante um certo tempo o fundo terá enfrentar uma redução dos lucros".A baixa demanda pelo crédito do FMI é principalmente o resultado do bom desempenho econômico dos países de mercado emergente, e das condições bastante favoráveis nos mercados financeiros internacionais. Mas a redução dos empréstimos faz com que se pergunte como o fundo pagará as suas despesas anuais de quase US$ 1 bilhão, relativas ao ano financeiro mais recente. A taxa de juros que o FMI cobra dos seus clientes está vinculada ao pagamento desses custos, e em uma meta para a acumulação de reservas estabelecida pela diretoria da instituição. No curto prazo, existe o perigo de que a medida adotada pelo Brasil e pela Argentina obrigue o FMI a aumentar drasticamente as taxas de juros cobradas dos seus outros clientes. Alguns reparos rápidos são possíveis. A diretoria poderia reduzir a meta de acumulação de reservas. Ela poderia também reduzir as taxas dos juros que paga aos países membros devido às contribuições que estes fazem ao fundo.E a organização multilateral é capaz de cobrir as suas despesas durante vários anos com as reservas que possui, que são de cerca de US$ 6,8 bilhões - algo que o FMI fez nas décadas de 1950 e de 1970, em períodos de baixa demanda pelos seus empréstimos. "O fundo conta com as reservas para pagar pelas suas operações durante os próximos anos", garante Kenneth Rogoff, professor da Universidade Harvard e ex-economista do FMI. "Somente se essa fase favorável durar mais cinco ou sete anos, e se não houver nenhuma grande crise financeira, é que esta questão se transformará em um problema significativo para ele".Com as condições externas tão favoráveis para os países de mercado emergente, vários observadores prevêem uma outra mudança nesse ciclo, daqui a alguns anos, quando condições externas menos favoráveis gerariam uma maior demanda pela assistência do FMI, particularmente na América Latina.Fundo terá que lançar mão de outros recursosEmbora a quase simultaneidade das duas quitações antecipadas tenha sido uma surpresa - especialmente no caso da Argentina -, as perspectivas de uma redução da carteira de empréstimos do FMI não são uma novidade. Há algum tempo os contadores do fundo vinham trabalhando em um plano para lidar com o problema por meio do aumento das receitas provenientes de outras fontes - um plano promovido por Rodrigo Rato, o diretor-administrativo do FMI, como parte de uma revisão estratégica.Uma possibilidade é a obtenção de um melhor rendimento a partir das reservas, com o investimento de uma parcela desse dinheiro em títulos governamentais de longo prazo, em vez de se recorrer a instrumentos financeiros de curto prazo. Além disso há também o subestimado ouro que compõe parte das reservas do fundo - uma fonte potencial de recursos, embora, igualmente, um motivo de inquietação política, devido às controvérsias quanto à venda de ouro para o financiamento da redução das dívidas dos clientes mais pobres do FMI. Uma outra opção seria impor taxas sobre os outros serviços fornecidos pelo fundo. Tais serviços incluem uma vasta gama de programas referentes a políticas fiscais e monetárias, ao setor financeiro, a estatísticas nacionais e a padronização de dados. Qualquer nova taxa traz o potencial para atingir os membros mais ricos do fundo: os países doadores poderiam ser encorajados a pagar as contas dos membros mais pobres, seja diretamente, seja ao concordarem em receber pagamentos de juros a índices menores sobre os seus depósitos no fundo. Alguns funcionários do FMI enxergam nisto uma oportunidade para explicar ao mundo qual é o trabalho feito pela instituição, acima e além dos empréstimos de crise aos mercados emergentes. E em um momento no qual os empréstimos concedidos pelo FMI estão encolhendo, vários observadores acreditam que o desafio mais importante para o fundo é fazer com que a sua voz seja ouvida em países que não precisam contrair empréstimos junto à instituição, sendo os mais importantes os Estados Unidos, o mais importante acionista do fundo, e a China, a maior nação em desenvolvimento.O FMI foi criado após a 2ª Guerra Mundial para lidar com os desequilíbrios dos pagamentos e com as disparidades das taxas de câmbio, em escala global. No momento, a análise do próprio fundo sugere que o maior problema mundial são exatamente esses desequilíbrios globais. A solução sugerida pelo FMI é um crescimento mais lento da demanda doméstica nos Estados Unidos a fim de que o país resolva o problema representado pelo seu gigantesco déficit da balança comercial, e um crescimento mais rápido em outros países para que a economia mundial se mantenha aquecida. Os principais contribuintes do fundo - o grupo dos sete países mais industrializados do mundo (G-7) - acataram essa abordagem de forma teórica, mas pouco fizeram para implementar as medidas sugeridas pelo FMI. Um grande desafio é persuadir os governos asiáticos a fazerem a sua parte em tal ajustamento, tanto no que diz respeito ao seu próprio interesse econômico, quanto no que se refere à promoção de fluxos comerciais mais equilibrados.Para isso, eles teriam que permitir que as suas moedas se valorizassem em relação ao dólar, em vez de criarem reservas ainda maiores de moeda estrangeira com o objetivo de manterem baixos os preços dos seus produtos de exportação para os Estados Unidos.
Fonte: UOL Mídia Global
IGP-M fecha 2005 com menor alta da história
RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) fechou o ano com alta de 1,21 por cento, a menor elevação em pelo menos 16 anos, favorecido pela valorização do real frente ao dólar, informou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta quinta-feira.
Em 2004, o índice, usado para corrigir tarifas públicas e outros contratos, havia subido 12,41 por cento.
"2005 foi o ano da deflação, da forte valorização cambial e do efeito disso nos preços do atacado", disse o economista da FGV Salomão Quadros a jornalistas.
O IGP-M é especialmente sensível às oscilações cambiais porque 60 por cento do seu peso corresponde aos produtos do atacado, muitos dos quais são referenciados em dólar. Em 2005, até quarta-feira, o real acumulou uma valorização de 13,17 por cento frente ao dólar.
No ano, o Índice de Preços no Atacado (IPA) teve queda de 0,96 por cento, frente a uma alta de 15,09 por cento em 2004.
Os produtos que mais ajudaram a conter o sub-índice em 2005 foram os agropecuários, enquanto os combustíveis, por conta do choque do petróleo, exerceram uma pressãao de alta.
No ano, os preços de bovinos caíram 10,35 por cento e os de aves, 18,27 por cento. O preço do leite in natura recuou 14,05 por cento e o do ferro guza, 37,94 por cento.
Alguns produtos que tiveram as maiores elevações de preços foram o óleo diesel (12,84 por cento), o óleo combustível (22,23 por cento), a laranja (49,80 por cento) e a gasolina (9,89 por cento).
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de 4,98 por cento em 2005, contra uma elevação de 6,20 por cento no ano anterior.
O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC) encerrou 2005 com variação positiva de 6,84 por cento, frente a 10,94 por cento em 2004.
ALÍVIO PARA O IPCA
Quadros afirmou que a tendência do IGP-M acumulado em 12 meses é permanecer em patamar baixo pelo menos até o fim do primeiro ou segundo trimestres de 2006.
A partir daí, o indicador pode voltar a subir à medida que as deflações registradas em 2005 --entre maio e setembro e em dezembro-- sejam substituídas.
O economista frisou, contudo, não detectar sinais de pressão sobre a inflação no curto prazo. A expectativa da FGV é que, no próximo ano, o índice fechado supere o nível de 1,21 por cento, uma vez que a valorização forte do real não deve se repetir, mas permaneça em patamar reduzido.
"Não vai voltar para taxas de dois dígitos", disse Quadros.
Ele destacou que a taxa recorde de baixa deste ano do IGP-M contribuirá para conter o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2006, usado como parâmetro para o regime de metas inflacionárias, na medida em que conterá os reajustes dos preços administrados.
"Os preços administrados, que sempre subiam muito acima da média da inflação e foram obstáculo para atingir a meta de inflação, em 2006 vão ser um facilitador do atingimento da meta (de inflação)", afirmou Quadros. "Então esse resultado (do IGP-M) tem um impacto direto sobre a inflação ao consumidor e sobre a política monetária."
DEZEMBRO
Em dezembro, o IGP-M registrou deflação de 0,01 por cento, frente a uma inflação de 0,40 por cento em novembro. Economistas ouvidos pela Reuters previam deflação de 0,05 por cento em dezembro e alta de 1,16 por cento para 2005.
O IPA caiu 0,27 por cento em dezembro, ante alta de 0,40 por cento em novembro. O IPC subiu 0,52 por cento neste mês, contra alta de 0,46 por cento no anterior.
O INCC teve variação positiva de 0,38 por cento no mês, ante 0,29 por cento em novembro.
Quadros disse não esperar nova deflação pelo IGP-M em janeiro e frisou que o resultado deste mês foi impactado principalmente pelo recuo nos preços de combustíveis.
Em dezembro, o preço do querosene para motores caiu 21,79 por cento e os de óleos combustíveis, 7,92 por cento.
O IGP-M é calculado com base nos preços coletados entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.
O resultado de 2005 foi o menor da série histórica, iniciada em 1989.
(Texto de Isabel Versiani)
PF diz que documento sobre caixa 2 do PSDB em Minas é autêntico
SÃO PAULO - O laudo do Instituto Nacional de Criminalística comprova a autenticidade do documento de três páginas que relata um suposto caixa dois de R$ 91,5 milhões durante a campanha de reeleição ao governo de Minas Gerais do hoje senador tucano Eduardo Azeredo, em 1998.
O documento, de 7 de junho de 2005, traz rubricas e assinatura, com firma reconhecida, de Cláudio Roberto Mourão da Silveira, tesoureiro da campanha. Os papéis foram entregues à Polícia Federal pelo lobista mineiro Nilton Monteiro e apontam que cerca de R$ 100 milhões teriam sido arrecadados. Deste montante, apenas R$ 8,5 milhões foram declarados ao Tribunal Reginal Eleitoral.
De acordo com o jornal, o dinheiro teria beneficiado Azeredo, que teria recebido R$ 4,5 milhões, e pelo menos 124 candidatos de outros partidos. "Foram arrecadados para a campanha, em 1998, mais de R$ 100 milhões, no decorrer da gestão final do governo de Eduardo Brandão Azeredo. Destes recursos, só as empresas SMPB e DNA movimentaram R$ 53.879.396,86", diz o documento.
Segundo a suposta contabilidade, diz o jornal, oito órgãos da administração indireta e um da direta colaboraram com R$ 12,6 milhões para um evento da SMPB, mas apenas uma parcela teria sido gasta com este fim. A maior parte do dinheiro teria sido "repassada à campanha por mio do [Banco] Rural e do Banco de Crédito Nacional".
Governo atinge meta de exportações: 177 bilhões de dólares
As exportações brasileiras atingiram ontem (27/12) US$ 117, 005 bilhões. A meta, estabelecida pelo ministro do Desenvolvimento para o final deste ano, foi superada quatro dias antes do fechamento da balança comercial de 2005.
O resultado final da balança comercial brasileira será divulgado e comentado na próxima segunda-feira (2/1), pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, em São Paulo. Na ocasião, o ministro Furlan deverá anunciar a nova meta de exportações do Governo Federal para 2006.
Fonte: Yahoo notícias
Governo decreta emergência para recuperar estradas
O governo estuda a possibilidade de decretar estado de emergência a partir de janeiro para a recuperação de rodovias federais que estão sob o controle dos estados. A proposta foi anunciada pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, após reunião com o presidente Lula, no Palácio do Planalto, anteontem (27/12), em Brasília, que contou com a presença de representantes do Ministério dos Transportes e da Casa Civil.O ministro disse que o presidente quer que o Ministério dos Transportes e o Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transportes (DNIT) apresentem até sexta-feira alternativas para colocar em execução um plano emergencial para recuperar 10 dos 14 mil quilômetros dessas rodovias que estão em péssimas condições de tráfego em todo o país. A recuperação começaria em janeiro e levaria cerca de três meses. A operação tapa-buracos - uma intervenção em estradas que foram estadualizadas no governo Fernando Henrique Cardoso, em 2002, custará entre R$150 milhões e R$ 200 milhões. Segundo Paulo Bernardo, "como não estão previstos no Orçamento 2006, esses recursos terão que ser buscados à parte", explicou.Segundo ele, em princípio, poderão ser aplicados recursos da Contribuição sobre Intervenção no Domínio Econômico (Cide) - o imposto dos combustíveis.
De Brasília,Márcia XavierCom agências
Lula confirma que o Brasil pagará o que deve ao Clube de Paris
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou ontem (28/12), que o Brasil vai pagar tudo o que deve ao Clube de Paris, a exemplo do que fez com o Fundo Monetário Internacional. O pagamento antecipado ao Clube de Paris já tinha sido anunciado pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci, no último dia 19.Em discurso, ontem, na cerimônia de assinatura de convênio de extensões universitárias, no Palácio do Planalto, Lula disse que espera que o Congresso Nacional não permita o adiamento para janeiro da aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Segundo ele, o fundo tem que ser aprovado antes do orçamento de 2006, para que sejam destinados R$ 1,3 bilhão ao Fundeb a partir do próximo ano. Lula anunciou que no início de 2006 vai viajar por todas as cidades onde estão sendo anunciados os novos campus decorrentes dos convênios de extensão universitária, assinado ontem. Ele afirmou também que a economia não pode crescer mais de 5% ao ano porque mais do que isso compromete a oferta de mão-de-obra. Lula disse que como o Brasil já se inseriu na globalização, na venda de manufaturados e de tecnologia, se não houver uma resposta na educação não há condições do Brasil continuar competindo com outros países. "O Brasil precisa urgentemente recuperar o tempo perdido, porque por mais que se invista na educação mais se percebe que ainda falta muito", afirmou o presidente. Segundo ele, a partir de agora os ministros ficam proibidos de usar a palavra gasto para a educação, porque isso é investimento.
Fonte: Agência Estado
Governo vai construir mais centros universitários em todo o Brasil
O Ministério da Educação firmou ontem (28/12), 18 convênios com universidades federais de 14 estados para a construção de centros universitários em todas as regiões do Brasil. O governo federal pretende investir R$ 266,5 milhões na instalação de unidades acadêmicas nos estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. "Praticamente todo o território nacional está recebendo novos investimentos, sobretudo aquelas regiões interioranas cuja população não tinha acesso à educação superior pública e gratuita, e com esses investimentos passarão a ter", disse o ministro da Educação, Fernando Haddad, na cerimônia de assinatura dos convênios, realizada no Palácio do Planalto.Os acordos fazem parte do projeto Expandir, que tem por objetivo criar nove universidades federais e 41 pólos universitários, principalmente, em cidades do interior do país. A expectativa do ministro é beneficiar 125 mil jovens com o programa. Segundo ele, os investimentos na expansão do ensino público superior devem chegar a R$ 500 milhões até 2007. Só neste ano, informou o ministro, foram liberados R$ 192 milhões.Um das instituições que firmaram convênio com o MEC é a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que instalará centros nos municípios de Coari, Humaitá e Benjamim Constant. Para o reitor da instituição, Hidembergue Ordozgoith da Frota, a construção das unidades é a realização de "um sonho de mais de 30 anos". Segundo ele, a criação dos campi vai diminuir a necessidade de professores universitários saírem de Manaus para ensinar no interior do estado. "Muitas vezes os professores tinham que viajar mais de mil quilômetros para dar aula. Com esse projeto, vamos ter professores morando nos municípios, o que vai contribuir para o desenvolvimento do estado", avaliou.
Fonte: Agência Brasil
Pra quem não consegue fazer, só o que resta é atrapalhar. O ressentimento é o veneno do fraco.
Comissão de Orçamento luta contra manobras da oposição
A oposição tenta manobrar para adiar a aprovação do orçamento de 2006, mas ontem (28/12) a Comissão Mista de Orçamento conseguiu fazer andar o trabalho com aprovação, pela manhã, do relatório setorial da Agricultura e Desenvolvimento Agrário; e à tarde, a discussão do relatório do Trabalho. Esses são dois dos 10 relatórios setoriais que fazem parte da Proposta Orçamentária para 2006.A votação do primeiro relatório foi precedida de obstrução pelos partidos de oposição. O deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) pediu a leitura integral do relatório setorial, o que tradicionalmente não é feito. Quanto o relatório já havia sido aprovado pelos deputados, na reunião de terça-feira (27), o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) solicitou verificação de quorum e, com pouca presença de senadores, a sessão foi suspensa. O relator-geral do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SC) criticou a atitude da oposição, mas garantiu que, mesmo com a obstrução deverá ser possível votar os textos. Ele afirmou que é possível votar os relatórios setoriais já entregues à comissão desde que haja consciência política. "Estamos iniciando a discussão e votação e, por meio de uma tática do PSDB e do PFL, o relator foi obrigado a ler todo seu relatório. Essa é uma tática desnecessária, já que deputados e senadores já têm o texto em mãos há mais de uma semana. Nunca se fez essa leitura burocrática. Por acordo, o relator faz um resumo das principais questões e o que não tem consenso é discutido em destaques", afirmou. Segundo Merss, já foram entregues à comissão os relatórios setoriais de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Esporte; Saúde; Planejamento e Desenvolvimento Urbano; Poderes do Estado e Representação Trabalho, Previdência e Assistência Social. "Também já estão prontos para ser entregues os relatórios de Justiça e Defesa, Fazenda, Desenvolvimento e Turismo; e de Integração Nacional e Meio Ambiente. Espero para esta semana o relatório de Infra-Estrutura", disse. Oportunismo políticoHeráclito Fortes reconheceu que sua intenção foi obstruir a votação. "Não há motivação, é uma oportunidade política, e a oposição usa isso", justificou o senador. O relator-geral do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SC), lamentou a paralisação dos trabalhos. "Inclusive porque há motivos (para a obstrução) que estão fora do Orçamento, e sobre os quais não temos controle", afirmou.De 16 de dezembro até 15 de janeiro, o Congresso Nacional está em convocação extraordinária para a conclusão dos trabalhos das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) e do Conselho de Ética. Nesse intervalo, não há reunião de plenário. Por isso, informou Merss, a intenção é votar os dez relatórios setoriais até lá, para que seja consolidado o relatório final do orçamento, que teria prioridade na votação em plenário em 16 de janeiro.O valor do salário mínimo em 2006, a correção da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e o aumento a ser concedido aos servidores públicos federais devem ser definidos a partir do dia 11 de janeiro pela Comissão Mista de Orçamento. Na ocasião, está prevista uma reunião dos parlamentares com representantes de centrais sindicais, segundo informou Merss.AgriculturaNo relatório setorial da Agricultura, o relator-senador Romero Jucá (PMDB-RR), acatou a maioria das emendas apresentadas. O governo federal enviou uma proposta com recursos da ordem de R$8,37 bilhões e o relator, senador Romero Jucá (PMDB-RR), alocou mais R$104,4 milhões destinados a atender emendas individuais e R$228,7 milhões para emendas coletivas."O relatório setorial não pôde acatar tudo e, agora que estou recebendo os números, vou ver o que é possível melhorar", disse Merss, acrescentando ser "fundamental" aplicar valores possíveis de execução. "Não adianta colocar um valor alto que não pode se operacionalizar em 2006", avaliou.Merss destacou como pontos principais do relatório setorial de Agricultura, o aumento de recursos para ações de vigilância, de modo a prevenir focos de febre aftosa ou gripe asiática, e a ampliação de recursos para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os valores destinados ao combate da febre aftosa no ano que vem chegam a R$67,7 milhões. Para a Embrapa, os recursos ultrapassam R$1 bilhão.
de Brasília,
Márcia Xavier
Com agências
FELIZ 2006
O ano de 2005 está no fim. Foi o ano da tentativa do golpe contra a democracia, golpe contra o povo brasileiro, como o feito em 64. A oposição e a mídia não suportaram o bom desempenho do governo Lula, não suportaram ver que o governo Lula colocou a economia nos trilhos, que diminuiu a quantidade de pessoas miseráveis, que gerou milhões de empregos, que com soberania, sem crise, livrou o Brasil do FMI, que conseguiu colocar milhares de jovens carentes nas universidades particulares, antes reduto somente da classe abastada, com o PROUNI. O ano de 2005 foi ano da revelação do preconceito que existe na elite deste país. Foi insuportável para eles ver um presidente ex- metalúrgico, ex- sindicalista, migrante nordestino, integrante de um partido de esquerda, que nunca cursou uma universidade, recuperar em três anos um país que estava falido economicamente, socialmente e moralmente. Este ano de 2005 mostrou a face oculta dos políticos que há mais de 10 anos estão enganando, trapaceando e enriquecendo às custas da credulidade do povo brasileiro, que os elegeu. Borhausen, o senador banqueiro do PFL, SC: o que esse cidadão fez de bom para povo brasileiro ou pelo país? Quais os projetos dele para melhorar vida do povo, além de querer acabar com raça de 53 milhões de pessoas que elegeram Lula presidente? Pois, no fundo, foi isso que ele quis dizer quando disse que " acabaria com essa raça por 30 anos". O senador Arthur Virgílio, do PSDB, AM, que baba na gravata e cospe quando fala: quais os projetos dele para melhorar a vida das pessoas, além de obstruir todos os projetos do governo para beneficiar milhões de pessoas, principalmente as mais pobres, e ameaçar, na tribuna do senado, dar uma surra no presidente? O ACM e o seu netinho o Aceminho, o que eles fizeram além de grampear escutas telefônicas ilegalmente, acomodar suas bundas nas cadeiras do Congresso e pressionar depoentes nas CPIs com ameaças, tortura psicológica e gritos? A histérica senadora do PSOL, AL, Heloísa Helena, essa quase perde a voz de tanto gritar: o que ela fez, além de proporcionar espetáculo de circo com tapas e cadeiradas nos parlamentares do PT? 2005 mostrou a incompetência de Alckmin com a segurança em SP, o descaso com os menores infratores. Alckmin foi chamado de irresponsável pela Anistia Internacional pelos maus tratos na FEBEM, engavetou 67 CPIs para investigar o seu governo. 2005 revelou que Serra é um mentiroso: assinou compromisso de não abandonar a prefeitura de SP para concorrer à eleição de 2006 e está na disputa com os outros candidatos do PSDB; mentiu quando disse, na campanha para prefeito, que não aumentaria as tarifas de ônibus, e foi seu primeiro ato depois de eleito; disse que trabalharia em parceria com o governador Alckmin, e o que vemos é pena de tucano voando pela disputa eleitoral. Cadê os projetos dessa oposição raivosa, virulenta, racista, preconceituosa, para melhorar a vida dos brasileiros? Não existe, nunca existiu, eles nunca pensaram no povo brasileiro, sempre governaram para a elite, e em causa própria. Elegeram Severino Cavalcanti presidente da Câmara, de olho em prometidos 65% de aumento, e na tentativa de comprometer a solidez do governo Lula ao não aprovar os projetos do governo, projetos de interesse do povo brasileiro e do país. O ano de 2005 revelou que alguns integrantes do PT fizeram uso de caixa dois através do valerioduto, que foi criação do PSDB, que em 1998 já abastecia a campanha tucana de Azeredo do PSDB para eleição ao governo de MG. Laudo concluído nesta semana pelo INC (Instituto Nacional de Criminalística) afirma ser autêntico o documento de três páginas que descreve um suposto caixa dois de R$ 91,5 milhões movimentados durante a campanha à reeleição do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998.O documento, com data de 7 de junho de 2005, traz rubricas e assinatura, com firma reconhecida em cartório, de Cláudio Roberto Mourão da Silveira, tesoureiro da campanha do PSDB. As CPIs foram instaladas, os petistas foram punidos, o presidente Lula não engavetou as CPIs, se no governo de FHC, do PSDB, não tivessem engavetado todas as CPIs que tentaram instalar para apurar compra de votos, caixa dois, essa movimentação de caixa dois do valerioduto já não existiria. Esse ano de 2005 revelou que nenhum governo combateu tanto a corrupção como o governo Lula: foram mais de 1.600 pessoas presas, entre juizes, advogados, funcionários públicos, empresários, policiais, delegados e políticos, pessoas que agiam há décadas na impunidade. O presidente Lula não deu trégua para os corruptos, não jogou a corrupção para baixo do tapete, como os governos anteriores, não poupou partidários políticos, foi implacável no combate à corrupção. Esse ano de 2005 revelou que é possível levar luz para todos, alimentos para muitos, educação, saúde, terra, crédito, casa própria com os financiamentos da Caixa, gerar empregos e renda, que é possível dar dignidade ao povo quando se faz um governo para todos, quando se faz um governo sem exclusão. O presidente Lula colocou o povo brasileiro, o país, acima da crise política, da disputa eleitoreira e, principalmente, acima dos interesses de poucos. 2005 revelou que os donos da grande mídia não se importam com povo brasileiro, que a mídia não é imparcial e não se interessa por um governo que dê primazia ao povo: os jornais, revistas, rádios e canais de TV mentiram, inventaram, manipularam e omitiram informações, na tentativa de, junto com a oposição, promover um golpe no povo. Tentar derrubar um presidente como o presidente Lula não é dar um golpe no governo, é um golpe no povo. Não conseguiram e não vão conseguir, o povo sabe, sente na pele, no bolso e na alma que Lula é o melhor presidente que o país já teve. A mídia e a oposição sabem disso, eles sabem que se não tivessem armado essa tentativa de golpe, o presidente Lula se reelegeria já no primeiro turno em 2006; não importa que ele se reeleja no 2º turno, importa é que ele vai se reeleger para continuar suas realizações, que fazem o Brasil, cada vez mais, ser um país de todos.
Jussara Seixas
SEM MEDO DE SER FELIZ!
LULA 2006
quarta-feira, dezembro 28, 2005
Pachamama, mãe da terra, a nossa Mama Grande, de todos os latino-americanos.
por Caia Fittipaldi
Em homenagem ao presidente Evo Morales, mando aí pra vc conhecerem, essa imagem, como homenagem minha, nessa passagem de ano, também à Pachamama, mãe da terra, a nossa Mama Grande, de todos os latino-americanos.
É um desenho milenar e, que eu saiba, foi encontrado gravado numa pedra, junto do Lago Titicaca, onde sempre viveram os aimarás, e onde nasceu e criou-se o presidente Evo Morales (a primeira língua dele é o quechua; ele só aprendeu espanhol na escola).
Prôs aimaras, é uma figuração do movimento de roteação das plantações, importante para preservar a fertilidade da terra onde plantam, há milênios. Os livros de antropologia garantem que são duas cobras 'complementares', como o Yin-Iang dos chineses (e a figurinha chamar-se-ia "Las Serpientes", com presas de veneno e tudo). Não me responsabilizo por essa versão. É claro que essa imagem é isso tudo, e é muito mais.
Eu gosto, sobretudo, dos olhos, tão abertos e atentos. E da idéia de barco (com vela e balanço) que há lá.
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Vejam também como serão as três posses simbólicas do presidente Evo Morales, da Bolívia, na ordem em que acontecerão:
- primeiro, ele tomará posse em Tiwanacu, no espaço simbólico dos aimara, dia 21/1/2006;
- segundo, tomará posse na Plaza de San Francisco, no espaço simbólico dos movimentos populares que o elegeram; dia 22/1/2006, no início da tarde;
- terceiro, no Congresso, em La Paz, a posse formal, no espaço simbólico do mundo dos colonizadores, como chefe de Estado da Bolívia; dia 22/1/2006, no final da tarde.
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28/12/2005 - 19h06. “Evo Morales fará juramento presidencial três vezes na Bolívia” [matéria de Carlos Alberto Quiroga, de La Paz], na Internet, em http://noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2005/12/28/ult729u53132.jhtm
LA PAZ (Reuters) - O líder cocalero Evo Morales fará três vezes o juramento presidencial, em cerimônias diferentes, confirmaram quarta-feira seus aliados. Morales chegou à presidência da Bolívia com uma vitória folgada nas eleições de 18 de dezembro.
O primeiro presidente indígena do país mais pobre da América do Sul assumirá formalmente o cargo em um ato na sede do governo, em La Paz, na tarde de domingo, 22 de janeiro, diante de vários chefes de Estado e outros convidados. Porém, antes e depois dessa cerimônia, haverá outros juramentos.
Alex Contreras, porta-voz de Morales, disse à Reuters que o futuro presidente irá ao vilarejo arqueológico de Tiwanacu, 70 quilômetros a oeste de La Paz, na região aymara próxima ao lago Titicaca, em 21 de janeiro. No local, receberá o poder simbolicamente dos povos originários da região.
O líder cocalero nasceu e cresceu na comunidade de Orinoca, no altiplano boliviano, também de cultura aymara, situada a 400 quilômetros ao sul de La Paz. Ele desenvolveu suas atividades sindicais e políticas na região cocalera de Chapare, onde o quechua é o idioma nativo predominante.
"Na cerimônica de Tiwanacu se reafirmará o compromisso do governo Evo Moraes com os valores originais", afirmou Contreras.
FESTA POPULAR
Em 22 de janeiro, Morales percorrerá a pé os 500 metros que separam o Congresso e a Plaza de San Francisco, centro tradicional de festas e manifestações populares, onde fará o juramento presidencial diante dos movimentos sociais que apoiaram sua candidatura "antiimperialista".
"Será uma festa popular, até a segurança estará a cargo dos movimentos sociais, que estão organizando grupos especiais de mineiros e camponeses para cuidar do novo presidente", disse o porta-voz.
Contreras afirmou ainda que, diante dos líderes sociais, Morales jurará cumprir o programa de governo divulgado na campanha eleitoral, com destaque para a eleição de uma Assembléia Constituinte e a nacionalização dos hidrocarburetos.
Devem assistir à posse histórica de Morales a maioria dos presidentes da América do Sul e governantes de outras regiões, informou o chanceler Armando Loyaza.
Desde a vitória nas eleições, Morales tem feitos contatos intensos, e por enquanto bem-sucedidos, com vários setores bolivianos, incluindo a cúpula empresarial e o comitê cívico do distrito oriental de Santa Cruz.
Nessa região, tradicionalmente dominada pela direita, Morales foi aplaudido na terça-feira com um discurso conciliador, promessas de realizar um referendo sobre autonomias e impulsionar o megaprojeto siderúrgico do Mutun, no extremo sudestes do país.
Morales deve fazer uma viagem internacional antes da posse, começando por Cuba, em 30 de dezembro, onde ele será recebido pelo presidente cubano, Fidel Castro.
Até 13 de janeiro, visitará a Espanha, Holanda, França, Bélgica, China e África do Sul. A viagem termina no Brasil, onde Morales se encontrará com os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Ernesto Kirchner, e possivelmente o da Venezuela, Hugo Chávez.
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Ciclo eleitoral de 2006 definirá futuro da América Latina
Eleitoralmente, 2006 começou em dezembro de 2005, com a vitória de Evo Morales, e só terminará em abril de 2007, quando Nestor Kirchner tentará a reeleição. Após esse ciclo, em que Brasil e México também irão às urnas, surgirá outra América Latina, mais integrada e progressista ou mais dividida e conservadora. Por Emir Sader
Emir Sader - Carta Maior 28/12/2005
2006 já começou para a América Latina, com a eleição de Evo Morales para a presidência da Bolívia, o acontecimento mais importante da história desse país e um dos mais importantes do continente no ano. O longo ciclo de dez eleições presidenciais na região segue com o segundo turno da eleição chilena, em que deve se confirmar – embora com dificuldades – a eleição de Michele Bachelet como primeira mulher presidente do Chile, determinando o quarto mandato seguido da aliança entre os socialistas e os democrata-cristãos. Se a eleição da Costa Rica, em fevereiro de 2006, não deve apresentar novidade, a do México, em julho, em turno único, promete ser das mais importantes do ano, junto com a brasileira. Depois de ter tido sua vitória literalmente roubada – segundo confissão nas memórias do ex-presidente Miguel de la Madrid, do PRI –, em 1988, com Cuahutemoc Cardenas, o Partido da Revolução Democrática (PRD) é de novo favorito para eleger o presidente do México. O ex-governador do Distrito Federal, Andrés Manoel Lopez Obrador, está em primeiro lugar nas pesquisas, na frente de um ex-ministro do presidente Vicente Fox, do PAN, e do mesmo candidato do PRI que concorreu na eleição anterior. Caso ganhe Lopez Obrador, se ampliará o campo de alianças para a integração latino-americana. Mesmo sem sair do Tratado de Livre-comércio da América do Norte, o hoje candidato do PRD se aproximaria do Mercosul e dos outros projetos de integração continental, aumentando ainda mais o isolamento dos EUA na América Latina. Na Colômbia, depois de conseguir uma reforma eleitoral que introduziu a reeleição, o conservador Álvaro Uribe é favorito para seguir no governo, com o apoio irrestrito do governo de Bush, intensificando a guerra contra as organizações guerrilheiras, embora a oposição a seu governo tenha crescido, a ponto de ele ter perdido um plebiscito e de, nas eleições municipais, os candidatos opositores tenham vencido, inclusive na capital, Bogotá. No Peru, um candidato nacionalista surpreende e se aproxima de uma candidata empresarial, conservadora, que até ali liderava as pesquisas, para a eleição presidencial de abril de 2006. Na Nicarágua, os sandinistas têm uma nova oportunidade de retornar ao governo, seja na versão oficial de Daniel Ortega, seja na dissidente do prefeito de Manágua, Herty Lewites. A eleição equatoriana, de outubro é uma incógnita. Depois de eleito com o apoio dos movimentos camponês e indígena daquele país, Lúcio Gutierrez assinou acordos com o governo estadunidense que feriam diretamente sua própria plataforma eleitoral. Não demorou para que esses movimentos rompessem com o governo, pagando no entanto o preço de não haver construído sua própria alternativa, dividindo-se e mantendo alguns setores minoritários no governo. O quadro eleitoral ainda não está desenhado, mas os partidos tradicionais, que tiveram depostos seus últimos três presidentes eleitos por mobilizações sociais, podem voltar ao governo. No Brasil se decide muito do futuro da América Latina. A política externa brasileira colocou o país como eixo de uma ampla aliança, que vai de Cuba e da Venezuela por um lado, até a Argentina e o Uruguai, incorporando agora certamente a Bolívia. A continuidade dessa política permitirá, agora com um campo mais amplo de ação – incluindo a Bolívia e eventualmente o México e o Peru – consolidar o única espaço de integração em escala internacional com autonomia em relação aos EUA. Um eventual retorno da aliança tucano-pefelista representará não apenas uma eventual desarticulação dessa aliança ampla, com a desaparição do seu eixo, como significará, para os EUA, a conquista de um aliado importante, que romperá seu isolamento, depois que o fracasso do governo de Vicente Fox demoliu a aposta que faziam no ex-gerente geral da Coca-Cola como seu principal aliado no continente. As declarações de FHC, saindo de reuniões em Washington, com próceres do governo dos EUA, criticando a Venezuela, soam como música aos ouvidos do governo Bush e revelam o papel que essa aliança direitista teria num eventual retorno ao governo, no plano internacional. Os alvos principais da política externa seriam os ataques à Venezuela, a Cuba e à Bolívia, para isolá-los, assim como à Argentina – onde Nestor Kirchner tem boa chance de se reeleger, em abril de 2007, fechando o ciclo eleitoral aberto em dezembro de 2005, o mesmo acontecendo com Hugo Chávez, em dezembro de 2006.O certo é que a América Latina será outra depois desse ciclo eleitoral, mais integrada e progressista ou dividida e conservadora, com o fortalecimento do governo Bush no continente. É um ano longo, que vai de dezembro de 2005 até abril de 2007, em que as eleições do México e – principalmente – do Brasil serão as mais decisivas.
“Anti-racismo, o comunismo do século XXI”
Se formos tomar 2005 pelas expressões, muitas palavras e atitudes passaram despercebidas, mas pelos seus significados revelam a essência de pontos de vista que, de repente, se tornam hegemônicos. Nesse aspecto, Alckmin e Serra merecem atenção.
Para Bertold Brecht, os excessos revelam a essência de um fenômeno. Não são apenas exageros. Uma palavra exorbitante que deixamos escapar não é apenas “um mau momento”, um “lapso”, como Freud já nos ensinou. São reveladores de mecanismos que temos controlados, até que eles superam essa barreiras e nos expõe dura e cruamente.
Tantas vezes extremismos de direita são lançados ao debate e tomados como exorbitâncias pelo consenso existente, mas começam a semear novos consensos, embrionariamente, correspondendo ao que muitos setores conservadores já pensam, mas não se atrevem a expressar. Questões que começam a dar volta na cabeça de pessoas que nunca haviam se atrevido a pensar naquilo, mas de repente se colocam o problema: “E por que não?” Dali a algum tempo se tornam consenso.
O caricaturista francês Wolinski, o mais expressivo dos movimentos libertários de maio de 68, costuma colocar a dois franceses conversando em torno de uma bebida, numa mesa de bar, quando um deles começa a interpelar o outro sobre o significado de certas coisas e se desata, a partir do suposto senso comum, uma escalada de posições racistas, nazistas, embutidas em cada um, até que eles fazem um brinde às piores posições, às mais atentatórias aos pontos de partida aparentemente consensuais, dos quais partiam, fundados na “liberdade, igualdade e fraternidade”.
Se formos tomar este rico ano de 2005 pelas expressões, podemos ter palavras e atitudes muito significativas, que podem ter passado despercebidas, mas que pelo seu significado apontam nessa direção: exageros que revelam a essência de pontos de vista e que, de repente, se tornam hegemônicos. O prefeito de São Paulo foi responsável por uma decisão tão ou mais racista do que aquela do atual prefeito do Rio, quando decidiu jogar creolina nas calçadas, para impedir que os pobres dormissem nela. Uma imitação de Los Angeles, onde se criaram bancos de espera redondos nos pontos de ônibus, para impedir que alguém tentasse se deitar neles.
O prefeito de São Paulo bateu o recorde de mentalidade mercantil do ano, ao autorizar a colocação de publicidade nos uniformes das crianças das escolas municipais. José Serra e Geraldo Alckmin, que estão em disputa para ver quem ganha as graças do grande empresariado paulista para se lançar à campanha presidencial pelos tucanos, concorrem com atitudes cada vez mais mercantis e repressivas – na terceirização de hospitais, na repressão à Febem, na colocação de rampas que impedem os pobres de dormir embaixo dos viadutos etc.
Mas essa mercantilização dos uniformes das crianças é inovadora, passou de todos os limites conhecidos até aqui em matéria de mentalidade dominada pelo dinheiro, não importa a que preço. Logo acontecerá o mesmo com os uniformes dos médicos e enfermeiras dos hospitais públicos, até que eles mesmos, candidatos tucanos, colocarão bonés com propaganda dos seus patrocinadores – bancos, telefonias, bebidas, indústrias de armamentos –, quando forem ser entrevistas pelas televisões – como fazem jogadores ou treinadores de futebol ou quando forem dar entrevistas coletivas.
Porém, se formos selecionar palavras significativas, que revelam espírito racista, as do banqueiro e senador do PFL Jorge Bornhausen merecem ser destacadas como a frase do ano. A revelação da disposição de “acabar com essa raça (sic) por 30 anos”, numa referência aos petistas, é dessas expressões reveladoras do que pensam os tucanos-pefelistas em privado e que, de repente, um deles, em um delírio verborrágico, um desarranjo intestinal lingüístico, revela grande parte deles pensa. Querem “acabar com essa raça”: tanto o “acabar” como o “raça” revelam as disposições malthusianas das elites brancas brasileiras. Ganhou como a frase mais racista do ano em um país racista, mas que confessa pouco essa atitude, a ponto de correr privadamente a piadinha que reflete essa mentalidade: “No Brasil não há discriminação racial, porque os pobres conhecem seu lugar”. (sic)
Essa confissão de Bornhausen se insere no novo pensamento neoconservador (neocom, conforme o chama a imprensa) que corre pelo mundo afora, a partir da direita bushiana – e que tem na revista Veja e seus colunistas suas principais sucursais no Brasil.
O francês Alain Finkielkraut acaba de declarar – ao estilo do banqueiro pefelista – que “o anti-racismo será no século XXI o que o comunismo tinha sido no século XX”, isto é, na sua visão, uma ideologia totalitária e repressiva, que deve ser combatida a todo custo, prioritariamente. Afirma esse personagem – que só é chamado de filósofo porque vivemos tempos em que a mídia se dá o direito de elevar alguém à categoria de “filósofo”, entrevistando-a em suas páginas, amarelas, vermelhas ou negras – que os imigrantes detestam a França, não gostam de trabalhar, “querem dinheiro e roupas de marca”.
Retomam-se na França – querendo inseri-la nos livros escolares, como nos EUA e até aqui no Rio de Janeiro – a teoria criacionista no lugar das teorias evolucionistas –, assim como a tentativa de propagar o discurso da extrema direita sobre “as contribuições positivas do colonialismo”, que teria sido uma bendição para a África, um marco de civilização no meio da barbárie.
Esse é o combate para o qual apontam os neocons dos EUA, os da França e os caboclos: atacar o anti-racismo como atacaram o comunismo. E as reações dentro da esquerda foram pequenas diante da brutalidade desses ataques por aqui. Não se pode ser de esquerda sem priorizar a luta contra a direita e a extrema-direita, em todas as suas expressões: imperialismo, guerra, capital financeiro, super-exploração do trabalho, racismo, repressão, tortura, discriminação.
Que as polêmicas dentro da esquerda se subordinem a esse combate maior. O direito de polemizar dentro da esquerda deve ser conquistado pelos que concentram suas energias e sua capacidade de luta, inclusive teórica, contra a direita e a extrema-direita. Assim se forja a unidade da esquerda contra os seus grandes inimigos. Defender o povo contra esses monstros deve ser tarefa prioritária para a esquerda.
Emir Sader, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj e autor, entre outros, de “A vingança da História".
terça-feira, dezembro 27, 2005
É assustador!!!
Retire o sistema nervoso e os sentidos, o chamado envoltório mortal e o resto é um erro de cálculo.
(Friedrich W. Nietzsche)
A idéia de um Ente supremo que cria um mundo no qual uma criatura deve comer outra para sobreviver e, então, proclama uma lei dizendo: "Não Matarás" é tão monstruosamente absurda que não consigo entender como a humanidade a tem aceito por tanto tempo. (Peter de Vries)
Para os peixinhos do aquário, quem troca a água é deus. (Mário Quintana)
Eles vieram com uma Bíblia e sua religião roubaram nossa terra, esmagaram nosso espírito... e agora nos dizem que devemos ser agradecidos ao Senhor por sermos salvos. (Chefe Pontiac, Chefe Indígena Americano)
O fanatismo é a única forma de força de vontade acessível aos fracos. (Friedrich W. Nietzsche)
Se 5 bilhões de pessoas acreditam em uma coisa estúpida, essa coisa continua sendo estúpida. (Anatole France)
Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível. (Albert Einstein)
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"O darwinismo refuta completamente o desenho inteligente", afirma Dennett
Filósofo evolucionário fala à revista alemã Der Spiegel sobre o criacionismo, a ideologia que subordina a ciência à religião, concebida pela extrema direita norte-americana
O desenho inteligente está mais uma vez sendo manchete nos Estados Unidos. Mas qual é a atração exercida por essa teoria? Daniel Dennett falou à revista alemã Der Spiegel sobre a atração exercida pelo criacionismo, sobre como a própria religião sucumbe às idéias darwinianas, e sobre a irresponsabili-dade social da direita religiosa nos Estados Unidos.Daniel Dennett é considerado um dos defensores mais vigorosos do darwinismo. Em vários livros, o professor de filosofia da Universidade Tufts, em Massachusetts, descreveu os humanos, e a alma e a cultura humana, como sendo produtos naturais do caldo primordial.No seu novo livro, "Breaking the Spell" (algo como, "Quebrando o Encanto"), que será publicado pela editora nova-iorquina Viking em fevereiro de 2006, Dennett, 63, explica --segundo a ótica da evolução-- por que os religiosos radicais têm tanto sucesso.Leia a seguir a entrevista exclusiva concedida pelo filósofo:Der Spiegel - Professor Dennett, mais de 120 milhões de norte-americanos acreditam que Adão foi criado por Deus há dez mil anos, a partir do barro, e que Eva foi feita com a costela do seu companheiro. Você conhece pessoalmente algum desses 120 milhões de indivíduos?Daniel Dennett - Sim. Mas os criacionistas geralmente não se interessam em falar sobre isso. Aqueles que são realmente entusiasmados pelo desenho inteligente, no entanto, falam sobre o assunto incansavelmente. E o que eu aprendi é que eles estão repletos de desinformações. Mas eles encontraram essas desinformações em fontes muito plausíveis. Não é apenas o pastor que lhes ensina essas coisas. Eles compram livros que são publicados por editoras famosas. Ou acessam sites da Internet e vêem propagandas bem elaboradas, publicadas pelo Discovery Institute, em Seattle, que é financiado pela direita religiosa.Spiegel - No centro do debate está a idéia da evolução. Por que é que a evolução parece provocar muito mais oposição do que qualquer outra teoria científica, como o Big Bang e a mecânica quântica?Dennett - Creio que é porque a evolução conduz ao cerne da descoberta mais perturbadora da ciência nas últimas centenas de anos. Ela contesta uma das idéias mais antigas que possuímos, talvez mais antiga até que a nossa espécie. Spiegel - Que idéia exatamente é essa?Dennett - É a idéia de que é necessário algo de grandioso, especial e inteligente para a criação de uma coisa menor. Eu chamo isso de teoria da ordem descendente da criação. Ninguém jamais verá uma lança fazendo um fabricador de lanças. Tampouco verá uma ferradura criando um ferreiro. Nem um vaso de cerâmica gerando um ceramista. As coisas ocorrem sempre na ordem inversa, e isto é tão óbvio que simplesmente parece ser uma lei universal.Spiegel - Você acredita que essa idéia já estava presente entre os macacos?Dennett - Talvez entre o Homo habilis, o "faz-tudo", que começou a fabricar instrumentos de pedra cerca de dois milhões de anos atrás. Eles tinham a sensação de serem mais perfeitos do que os seus artefatos. Assim, a idéia de um criador que é mais perfeito do que as coisas que cria é, acredito eu, uma idéia profundamente intuitiva. É exatamente a esta idéia que os defensores do desenho inteligente se referem quando perguntam: "Você alguma vez já viu uma construção sem construtores, ou uma pintura sem um pintor?". Esse raciocínio é algo que captura esta idéia profundamente intuitiva de que jamais se obtém um desenho gratuitamente. Spiegel - É um argumento teológico antigo...Dennett - ...que Darwin refuta completamente com a sua teoria da seleção natural. E ele demonstra que não. Não só é possível que se obtenham desenhos a partir de coisas não desenhadas, como também pode haver a evolução de desenhistas a partir dessas categorias não desenhadas. No final temos escritores, poetas, artistas, engenheiros e outros projetistas de coisas, outros criadores --que são frutos bastante recentes da árvore da vida. E isso desafia a idéia popular de que a vida possui um sentido.Spiegel - Até mesmo o espírito dos humanos --a sua alma-- é produzida desta forma?Dennett - Sim. Como uma forma de vida multicelular e móvel, nós precisamos de uma mente, já que temos que perceber para onde estamos indo. Necessitamos de um sistema nervoso capaz de extrair rapidamente informações do mundo, de refinar essas informações e de fazer uso delas com presteza a fim de que elas guiem o nosso comportamento. O problema básico de todo animal é identificar aquilo de que necessitam, evitar tudo o que possa feri-los, e agir dessa forma mais rapidamente do que os elementos antagônicos. Darwin compreendeu esta lei, e entendeu que este desenvolvimento vinha ocorrendo havia centenas de milhões de anos, produzindo ainda mais mentes andróides.Spiegel - Mas, mesmo assim, algo fora do comum ocorreu quando os humanos surgiram.Dennett - De fato. Os humanos descobriram a linguagem --uma aceleração explosiva dos poderes das mentes. Porque a partir disso foi possível aprender não apenas a partir da própria experiência do indivíduo, mas também de forma indireta, com base na experiência de outros. Aprender com pessoas que o indivíduo jamais conheceu. Com ancestrais mortos há muito tempo. E a própria cultura humana se transformou em uma força evolucionária profunda. É isto o que nos confere um horizonte epistemológico que é muitíssimo mais vasto do que o de qualquer outra espécie.Somos a única espécie cujos indivíduos sabem quem são, que sabem que evoluíram. As nossas músicas, nossa arte, nossos livros e nossas crenças religiosas são, todos eles, em última instância, um produto dos algoritmos evolucionários. Alguns acham esse fato fascinante. Outros o acham deprimente.Spiegel - Em nenhum local a evolução se torna mais evidente do que no código do DNA. Não obstante, aqueles que crêem no desenho inteligente enxergam menos problemas no código do DNA do que nas idéias de Darwin. Por que isso?Dennett - Eu não sei, já que a mim parece que a melhor evidência que temos da veracidade da teoria de Darwin é aquela que surge a cada dia da bioinformática, do entendimento do código do DNA. Os críticos do darwinismo simplesmente não querem encarar o fato de que moléculas, enzimas e proteínas conduziram ao pensamento. Sim, nós possuímos uma alma, mas ela é composta de vários robôs minúsculos.Spiegel - Você não acha que seja possível deixar a vida a cargo dos biólogos, mas permitir que a religião se encarregue da questão da alma? Dennett - Era isso que o papa João Paulo 2º exigia quando baixou a sua muito citada encíclica, na qual afirma que a evolução é um fato, frisando, entretanto: exceto com respeito à questão da alma humana. Isso pode ter deixado algumas pessoas satisfeitas, mas é algo simplesmente falso. Seria tão falso como afirmar: os nossos corpos são feitos de material biológico, exceto, é claro, o pâncreas. O cérebro não é um tecido mais maravilhoso do que os pulmões ou o fígado. É apenas um tecido. Spiegel - As idéias de Darwin foram utilizadas de forma errônea por racistas e eugenistas. Seria este também um dos motivos pelo qual o darwinismo é tão vigorosamente atacado?Dennett - Sim. Creio que a forma mais gentil de explicar isso é dizendo que a idéia darwiniana é muito simples --dá para explicá-la a alguém em um minuto. Mas, por este mesmo motivo, ela é também extremamente vulnerável a caricaturas e usos indevidos. Eu ensino aos meus alunos de forma muito paciente as bases da teoria evolucionária, e depois tenho que retornar ao tópico e esclarecer os maus entendidos, já que eles se entusiasmam demais com a teoria e acabam tendo idéias errôneas.O darwinismo é um doce para a mente. Ele é delicioso. Mas o fato é que o excesso de doces pode nos distrair, fazendo com que deixemos de nos concentrar na verdade. E isso pode ser utilizado por indivíduos racistas ou sexistas. Portanto, temos que praticar constantemente uma espécie de higiene intelectual. Spiegel - Parece que tudo --incluindo o adultério, o estupro e o assassinato-- está sendo atualmente analisado à luz da teoria da evolução. Como é que se separa a pesquisa séria das bobagens?Dennett - É necessário que sejamos coletores meticulosos dos fatos relevantes. E temos que organizar esses fatos de tal maneira que contemos com uma hipótese testável, que possa ser realmente confirmada ou rejeitada. Foi isso o que Darwin fez.Spiegel - O seu colega Michael Ruse o acusou de ter saído do campo da ciência, e ingressado no da ciência social e da religião com as suas teorias. Ele chegou até a afirmar que, ao proceder dessa forma, você estaria inadvertidamente ajudando o movimento que defende o desenho inteligente.Dennett - Michael está apenas tentando dar às implicações das descobertas de Darwin um enfoque suave, e assegurar às pessoas que não existe tanto conflito assim entre o ponto de vista da biologia evolucionária e as formas tradicionais de pensamento. Spiegel - E quanto às acusações de que você estaria ajudando a teoria do desenho inteligente?Dennett - Provavelmente existe um elemento de verdade nisto. Eu acabei de escrever um livro no qual olho para a religião por meio do prisma da biologia evolucionária. Creio que podemos, devemos, e até mesmo que temos que seguir essa rota. Outros dizem que não. Que devemos no manter afastados de certas áreas. Que não se pode permitir que a teoria da evolução chegue perto das ciências sociais. Creio que este é um conselho terrível. A idéia de que devemos proteger as ciências sociais e a humanidade do pensamento evolucionário é uma receita para o desastre. Spiegel - Por quê?Resposta - Eu daria a Darwin a medalha de ouro pela melhor idéia que alguém já teve. Ela unifica o mundo dos significados, dos objetivos, das metas e da liberdade com o mundo da ciência, com o mundo das ciências físicas. Quero dizer, nós falamos sobre a grande lacuna entre a ciência social e a ciência natural. O que preenche esta lacuna? Darwin, ao nos mostrar como objetivo, desenho e sentido podem surgir da falta de sentido algum, a partir da simples matéria bruta.Spiegel - O darwinismo está em ação todas as vezes que algo de novo é criado? Até mesmo durante a criação do universo, por exemplo?Dennett - É pelo menos interessante constatar que idéias quase-darwinianas ou pseudodarwinianas também são populares na física. Eles postulam uma enorme diversidade a partir da qual houve, em um certo sentido, uma seleção. O resultado é que nós estamos aqui, e isto é apenas uma pequena parte desta grande diversidade que presenciamos. Essa não é a idéia darwiniana, mas é uma idéia aparentada. O filósofo Friedrich Nietzsche teve a idéia --eu arriscaria dizer que ele talvez tenha se inspirado em Darwin-- do eterno retorno: a idéia de que todas as possibilidades são concretizadas, e que, se o tempo é infinito, e a matéria também é infinita, então todas as permutações serão realizadas, não uma só vez, mas um trilhão de vezes.Spiegel - Uma outra idéia de Nietzsche é a de que Deus está morto. Essa é também uma conclusão lógica a que chega o darwinismo?Dennett - É uma conseqüência muito nítida. O argumento em favor do desenho inteligente, creio eu, sempre foi o melhor argumento em favor da existência de Deus. E quando Darwin surge, puxa o tapete sobre o qual esta idéia se sustenta. Spiegel - Em outras palavras, a evolução não deixa espaço para Deus?Dennett - É preciso que se entenda que o papel de Deus foi diminuindo no decorrer dos éons. Primeiramente tínhamos Deus, como você disse, fazendo Adão e todas as criaturas com as próprias mãos, arrancando a costela de Adão e fazendo Eva a partir dessa costela.A seguir trocamos esse Deus pelo Deus que coloca a evolução em movimento. E depois dizemos que sequer precisamos deste Deus --o decretador da lei--, já que se levarmos as idéias da cosmologia a sério, concluímos que existem outros locais, e outras leis, e que a vida surge onde pode surgir. Então, agora não temos mais o Deus criador descobridor de leis, nem o Deus decretador de leis, mas apenas o Deus mestre-de-cerimônias. E quando Deus é o mestre-de-cerimônias e, na verdade, não desempenha mais papel algum no universo, ele ficou diminuído, e não interfere mais de forma alguma.Spiegel - Então, como é que tantos cientistas naturais são religiosos? Como é que eles harmonizam tal postura com o trabalho?Dennett - Eles harmonizam essa postura com o trabalho porque não analisam atentamente como se dá esta harmonia. É um truque que todos nós podemos fazer. Temos as nossas maneiras de compartimentar as nossas vidas, de forma que confrontemos as contradições com a menor freqüência possível.Spiegel - Mas essa compartimentação também possui um lado positivo: a ciência natural fala sobre a vida, enquanto a religião lida com o sentido da vida.Dennett - Tudo bem. Um limite. Mas o problema é que esse limite se move. E, à medida que se move, a descrição do trabalho de Deus encolhe. Eu, também, me quedo maravilhado com o universo. Ele é maravilhoso. Eu estou tremendamente feliz por estar aqui. Creio que é um grande lugar, apesar de todas as suas falhas. Adoro estar vivo. O problema é: não há ninguém a quem ser grato por isso. Não existe ninguém a quem expressar a minha gratidão.Spiegel - Mas a religião com certeza nos confere padrões morais e nos fornece diretrizes sobre como nos comportarmos.Dennett - Se a religião fizesse tal coisa, eu não acharia que ela fosse uma idéia tão tola. Mas não é isso o que ela faz. Na melhor das hipóteses, as religiões funcionam como excelentes organizadores sociais. Elas fazem do trabalho moral em equipe uma força bem mais eficiente do que ele seria em outras circunstâncias. No entanto, isto é uma faca de dois gumes. Isso porque o trabalho moral em equipe depende, em grande parte, de que você abra mão do seu próprio juízo moral em favor da autoridade do grupo. E, como sabemos, isso pode ser algo extremamente perigoso.Spiegel - Mas a religião ainda nos ajuda a estabelecer padrões morais.Dennett - Mas, dessa forma, nós não seríamos moralmente bons apenas para que fôssemos recompensados no céu? Ou seja, Deus nos pune pelos nossos pecados e nos recompensa pelo nosso bom comportamento? Eu acho que essa idéia faz de Deus algo como um protetor arrogante e ameaçador. Ela é ofensiva, já que sugere que esse é o único motivo pelo qual as pessoas agem de forma moralmente louvável. Por exemplo, será que nós só nos comportaríamos bem para conseguirmos 76 virgens no paraíso? Essa é uma idéia que seria ridicularizada por muita gente no Ocidente.Spiegel - Então, por que é que praticamente todas as culturas possuem religiões?Dennett - Creio que a resposta a esta pergunta é parcialmente histórica, no sentido de que as tradições que sobrevivem desenvolvem adaptações para sobreviverem. Assim, as próprias religiões são fenômenos culturais extremamente bem projetados que evoluíram para sobreviver.Spiegel - Como uma espécie biológica.Dennett - Exatamente. O projeto de uma religião é completamente inconsciente, exatamente da mesma forma como o projeto dos animais e plantas é completamente inconsciente. Spiegel - As religiões bem-sucedidas possuem traços em comum?Dennett - Todas elas precisam possuir características que prolonguem a sua própria identidade --e muitas dessas características são na verdade interessantemente similares àquilo que encontramos também na biologia.Spiegel - Você poderia dar um exemplo?Dennett - Muitas religiões tiveram início antes que houvesse escrita. Como é que se obtém preservação de alta-fidelidade de textos antes que existam textos? Os cantos e recitações grupais são mecanismos eficientes para a manutenção e a disseminação de informações. E temos também outras características, como a necessidade de garantir que alguns aspectos da religião sejam realmente incompreensíveis.Spiegel - Por quê?Dennett - Porque assim as pessoas têm que cair na memorização rotineira. A própria idéia da eucaristia é um exemplo adorável: a idéia de que o pão é o símbolo do corpo de Cristo, e de que o vinho é o símbolo do sangue de cristo, não é suficientemente empolgante. É necessário que a idéia se torne estritamente incompreensível. O pão é Cristo, e o vinho é o seu sangue. Só então a idéia atrairá a atenção dos seguidores. Depois disso ela vencerá na competição com outras idéias mais entediantes, simplesmente porque o fiel não consegue deixar de pensar nela. É algo semelhante ao que ocorre quando temos uma dor de dente, e não conseguimos afastar a língua do dente dolorido. Todo bom muçulmano deve orar pelo menos cinco vezes por dia, não importa o que aconteça.Spiegel - Você também vê nisso uma estratégia evolucionária para manter a religião viva?Dennett - É bem possível. O biólogo evolucionário israelense Amotz Zahavi argumenta que aqueles comportamentos "caros" --que são difíceis de serem imitados-- são os melhores para serem passados às gerações seguintes, já que os sinais "baratos" podem ser, e serão, falsificados. Esse princípio dos comportamentos caros é bem conhecido na biologia, e está presente na religião. É importante fazer sacrifícios. O "custo" do comportamento é uma característica com a qual o indivíduo não deve tentar interferir, já que isso implica riscos. Se os imames se reunissem e decidissem remover essa característica eles estariam prejudicando uma das adaptações mais poderosas do islamismo.Spiegel - Usando este tipo de argumentação, você é capaz de prever quais religiões serão vitoriosas?Dennett - Os meus colegas Rodney Stark e Roger Finke pesquisaram por que algumas religiões se disseminam tão rapidamente, e outras não. Eles estão adaptando a economia do campo da oferta a esta questão, e têm dito que existe uma espécie de mercado ilimitado para aquilo que as religiões podem fornecer, mas apenas se elas forem caras. Assim, eles têm uma explicação para o fato de as religiões protestantes muito brandas e liberais estarem perdendo adeptos, enquanto aquelas mais extremadas e intensas atraem novos membros. Spiegel - Você tem uma explicação para o fato de a crença no desenho inteligente ser mais disseminada nos Estados Unidos do que em qualquer outro lugar?Dennett - Não, infelizmente não. Mas posso afirmar que a aliança entre religiões fundamentalistas ou evangélicas e a política de extrema direita se constitui em um fenômeno muito problemático, e que essa é certamente uma das razões mais fortes para a disseminação dessa crença no país. O que realmente assusta é o fato de muitas dessas pessoas realmente acreditarem que a segunda vinda está para acontecer --a idéia de que o armagedom é inevitável, de forma que nada faz muita diferença. Para mim isso é uma irresponsabilidade social do mais alto grau. É assustador.
Der Spiegel - Professor Dennett, muito obrigado por esta entrevista.Fonte: Der Spiegel/UOL Mídia GlobalTradução: Danilo Fonseca
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Juiz dos EUA decide que teoria criacionista é inconstitucional
Por Bernardo Joffily
A luta dos fundamentalistas cristãos dos EUA contra a teoria da evolução sofreu uma derrota ontem (21/12). O juiz federal John Jones, do Estado da Pennsylvania, decidiu que a escola pública de Dover deve continuar a ensinar a teoria de Charles Darwin nas aulas de biologia.
Ele considerou inconstitucional o ensino da tese do "desenho inteligente", uma defesa do criacionismo defendida pelos fundamentalistas americanos – entre os quais se destaca o presidente George W. Bush. "Nossa conclusão de hoje é que é inconstitucional ensinar 'desenho inteligente' como uma alternativa à evolução em uma aula de ciência de uma escola pública", determinou o juiz.
"Julgamos que os propósitos seculares mencionados pelo conselho da escola eram um pretexto para seu verdadeiro propósito, que era promover a religião nas escolas públicas", afirmou ainda o magistrado.
O fundamentalismo nasceu nos EUA
Ao contrário do que muitos pensam, a palavra "fundamentalista" em seu sentido original não se refere a seitas ortodoxas do Islã. Ela surgiu, em 1918, para descrever o extremismo cristão "made in USA".
Essa corrente de pensamento conservador permanece ativa no país: teve um papel decisivo na eleição de Bush em 2000 e especialmente na sua reeleição em 2004. E, com a trincheira obtida na Casa Branca, trata de obter outros espaços, por exemplo na educação.
Um dos alvos ideológicos dos fundamentalistas é o ataque à teoria da evolução das espécies. Formulada pelo cientista inglês Charles Darwin há 150 anos, a teoria da evolução se impôs como verdadeira ainda no século 19. Atualmente, uma infinidade de demonstrações empíricas comprova a sua justeza. Toda a biologia e a genética contemporâneas se apóiam nela, e ninguém nos meios científicos leva a sério a sua contestação. Mas nos EUA os fundamentalistas tentam contestá-la e levar o ensino do criacionismo às aulas de ciências.
O "desenho inteligente"
Fica difícil ensinar, como verdade científica, a versão mitológica da Bíblia Sagrada – de que o universo e todos os seres vivos foram criados em seis dias, o primeiro homem modelado em barro e sua esposa criada a partir de sua costela. Os fundamentalistas formularam então a "teoria do desenho inteligente", com pretensões científicas.
Segundo o "desenho inteligente", o desenvolvimento da vida é tão complexo que só pode ter sido criado por um ser superior, e não pela simples evolução das espécies. Era o que vinha sendo ensinado na escola pública de Dover, a crianças de 14 anos de idade.
Um grupo de pais de alunos da escola recorreu à Justiça pedindo a proscrição da tese do "desenho inteligente". Eles argumentaram que o ensino da tese é uma forma de proselitismo religioso, inaceitável em uma aula de ciências. Agora, o pronunciamento do tribunal federal deu-lhes razão.
A decisão não é extensiva a outras escolas. E os fundamentalistas podem apelar dela, indo até a Corte Suprema, onde os juizes conservadores passaram a dispor de maioria no segundo mandato de Bush.
A decisão do juiz John Jones, porém, representa um êxito do pensamento científico, num país onde a maioria dos cidadãos ainda acredita que os seres humanos foram criados, em sua forma atual, por um ser sobrenatural – conforme revelou pesquisa realizada no ano passado. A polêmica, que já pegou fogo nos EUA dos anos 30, durante o chamado "julgamento do macaco", promete reacender-se.
Com agências
VERMELHO
Aproveitando o assunto, abaixo um pouco de inteligência e sensibilidade:
http://www.wandula.com/
http://www.carlinhosantunes.com.br/
http://www.cafemusic.com.br/cd.cfm?album_id=121
http://www.cafemusic.com.br/cd.cfm?album_id=5
http://www.uakti.com.br/#
Wandula, (filé com sobremesa)...
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Sobre o Jabá
A música brasileira entrou num impressionante processo de decadência. Errado. A música brasileira continua boa como sempre. Há grandes compositores, cantores, instrumentistas. Mas não é possível dizer que estejam em atuação. Tentam atuar. Não têm onde. Tentam viver da arte – tolice. São dentistas, fiscais do INSS, professores, motoristas de táxi, balconistas, colunistas de jornais – essas atividades garantem a sobrevivência. Tomam tempo – a criação artística, que é a atividade principal (estamos falando de artistas) acaba sendo deixada para as horas possíveis. A música brasileira que toca nos rádios, na televisão, nos grandes palcos, nos estádios, nas festas de São João, no carnaval, nas convenções de criadores de gado é que está em decadência. E só ela que aparece. A outra música, a boa, existe, mas não aparece. A culpa é dos radialistas, dos que montam trilhas sonoras de televisão, dos executivos das gravadoras, dos produtores de discos e espetáculos, dos marqueteiros da indústria de entretenimento. Essa gente criminosa está transformando, conscientemente, coração em tripa. É responsável pela seleção do que você ouve e deixa de ouvir. Essa gente está assassinando o que há de mais rico em nossa produção cultural. E ganhando muito, muito, muito dinheiro.É essa a idéia. Ganhar dinheiro, e dane-se o resto. Um disco, na indústria, não é chamado de disco, mas de "produto". O produto precisa vender. Para que o produto venda, precisa ser exibido. Até agora, apenas regra de mercado, nada demais. No entanto, para que seja exibido, paga-se ao exibidor – ao programador de rádio, ao apresentador de programa de auditório televisivo. Como são muitos, os produtos, sobe o cachê do exibidor. É uma prática antiga, tem até nome: jabá. Paga-se o jabá para que a música toque, sempre foi assim. Mas o mecanismo perverso foi ficando mais perverso. Quem pode pagar mais, consegue maior número de execuções. Isso é reproduzido no País inteiro. Quem pode pagar mais, escolhe o que você vai ouvir. E você fica achando que é só aquilo que se produz de música. Porque é só aquilo que está ao seu alcance. Quem não paga, não toca. Não existe.Há alguns anos, uma igreja evangélica comprou a rádio FM Musical, de São Paulo, capital. Era uma rádio que só tocava música brasileira. Praticava o jabá, como todas, mas como a audiência era menor, o preço era menor. O que permitia o acesso às ondas sonoras a alguns artistas menos conhecidos – os tais que são dentistas ou fiscais do INSS. Às vezes, até sem pagamento de jabá programava a execução deles. Misturava um pouco de "música de mercado" e de música de verdade. Talvez por isso não tenha resistido. Há práticas alternativas de jabá. Um famoso letrista fez um disco independente, comemorativo de tantos anos de idade e de carreira. Armou pequeno esquema, alternativo, de distribuição do disco. Fiou-se, talvez, no nome famoso. Ouviu dos intermediários dos programadores de várias rádios: "Dá um aparelho de fax para ele que ele toca seu disco."O retorno do investimento dos que pagam mesmo o jabá, o dinheiro alto, sai da venda de discos e shows, da venda de bonecos, camisetas, roupinhas para crianças, sorvetes, biscoitos, bicicletas, sandálias, lancheirinhas, pegadores de cabelo, batons, perfumes, roupas de cama e banho, coleções de lápis de cor ou o que se possa imaginar que possa ter estampada a marca do "ídolo". O "ídolo", por seu turno, cumpre a maratona de estar presente em todos os programas televisivos de auditório, garantindo audiência que vende os anúncios que sustentam os programas e fazendo a roda rodar, o preço subir. A presença do "ídolo" pode mesmo ser indireta: o apresentador Raul Gil, da TV Record, prepara novos consumidores da bunda-music promovendo concurso de imitação do rebolado da Carla Perez, ex-É o Tchan. As candidatas têm 5, 6, 7 anos de idade. Não há questão moral a ser considerada. O negócio é dinheiro. Um bom compositor, cantor, instrumentista vai ter de se submeter a determinados imperativos (ditados pelos que pagam a execução) ou fica de fora. Quem não entrar no esquema não aparece. Quem quer entrar no sistema precisa ter muito dinheiro – precisa pagar mais ainda, porque as "vagas" são limitadas. Se entra um, sai outro. Por isso existem as vogas, as ondas – um ano de música sertaneja, um ano de axé music, um ano de falsas louras bundudas, um ano de pagodeiros de butique, um ano de forró deformado, desforrozado (é o que se anuncia: preparem-se). E o preço vai subindo, a cada nova etapa da substituição.Só quem entra no esquema, claro, é a grande indústria, que tem o dinheiro – e que inventou o esquema, afinal. No início da década de 90, o compositor Ivan Lins, com seu parceiro Vítor Martins, fundaram a gravadora Velas, para dar voz a uma quantidade imensa de músicos que eles conheciam, mas que estavam fora do mercado. Nomes como os de Edu Lobo, Fátima Guedes, Almir Sater, Pena Branca e Xavantinho, Guinga. Aliás, o primeiro disco da gravadora foi o primeiro disco de Guinga. A Velas tinha uma proposta musical alternativa ao padrão imposto pela grande indústria. Montou estrutura, divulgação e distribuição nacionais. O vendedor da Velas ia ao lojista oferecer o produto. Ouvia: "Quero, mas não vou pagar agora, pago se vender." Três meses depois, voltava o vendedor, para oferecer novo produto e cobrar o outro – que havia sido vendido. Ouvia: "Quero o novo, mas não pago o antigo, porque tenho de pagar à multinacional Tal, ou ela não me entrega a dupla sertaneja Qual & Pau." Acontece que a dupla sertaneja Qual & Pau (pense na que quiser: Leonardos, Chitãozinhos, ou substitua dupla sertaneja por grupo de pagode ou por banda de axé) tem música na trilha da novela, paga para tocar em todos os programas de auditório e em todas as rádios – como o lojista pode ficar sem a dupla? Então, o lojista paga a gravadora que tem sob contrato a dupla sertaneja e não paga nunca a Velas, que tem o Edu Lobo (que infelizmente não tem música em novela nem toca em programa de auditório, muito menos no rádio). Perda por perda, o vendedor da Velas deixa o novo disco, sem receber pelo antigo – e assim a coisa seguiu. Em algum tempo, a Velas faliu. Está, no momento, porque os sócios são loucos idealistas, tentando voltar ao mercado.Ou seja, estamos falando de economia, de lobbys, de pressões, não de música. Disco é negócio, todos sabemos. Precisa pagar-se, dar lucro. A questão é que os executivos do mundo do disco concluíram que o povo é burro e só vai consumir música burra. Então, o executivo da fábrica X inventa um grupo de pagode, paga para que ele apareça muito, etc. O da fábrica Y diz: "Este filão dá certo, vou nele", e inventa um grupo de pagode que imita aquele primeiro. É só o que eles fazem. Clonam-se uns aos outros. Se o Chico Buarque fosse bater à porta de uma gravadora hoje (Chico sabe disso, já disse que sabe disso) ouviria que sua música é "difícil" e não se enquadra nos "padrões da companhia". O mesmo com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Egberto Gismonti, Edu Lobo, Tom Jobim, Noel Rosa, Zeca Pagodinho, Cartola, Nélson Cavaquinho, Wagner Tiso: todos "difíceis", fora do padrão. Claro: é preciso contratar o pagodeiro barato porque ele é orientável. Faça isso, faça aquilo, cante assim, vista-se assado, vá ao programa tal, diga tal coisa, mexa as cadeiras desse modo – e, sobretudo, não faça música. Ninguém trataria assim o Chico Barque – e já que ele não pode ser tratado assim, como coisa, como objeto, como ponta-de-lança de uma campanha de vendas, então afaste-se o Chico Buarque. Ele é "difícil".Enquanto isso, o ouvinte vai acostumando o ouvido com as barbaridades criadas nos laboratórios de marketing das companhias de disco – padres cantores, traseiros cantores, sadomasoquistas cantores, falsas louras cantoras, negões vitaminados cantores. E perde a capacidade de comparar – comparar com o quê? O padre cantor com o traseiro cantor? Não há diferença. O ouvinte fica sem possibilidade de julgar (na verdade ele pensa que está escolhendo o grupo pagodeiro tal, quando, de fato, só sobrou para ele o grupo pagodeiro tal).E os criadores... Bem, os criadores, os artistas verdadeiros, que existem, quase ninguém sabe, vão resistindo o quanto podem. Um dia, desistem – os novos Chicos e Caetanos, as novas Elis Reginas e Nanas Caymmis, os novos Jobins e Fátimas Guedes um dia desistirão. Precisam comer, vestir-se, sustentar filhos. A ganância dos executivos está promovendo um massacre da cultura brasileira que talvez não tenha similar na história da humanidade. Estão matando de fome o que temos de mais rico – nossa música. Matando de fome a inteligência e a sensibilidade.
Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor.
Publicado originalmente no jornal O Estado de S. Paulo em junho de 1999.
Mauro Dias
São Paulo, 19/12/2005
Digestivo Cultural
Programas sociais incitam boicote da oposição, diz relator do Orçamento
Deputado Carlito Merss (PT-SC), relator geral do Orçamento 2006, não alimenta mais ilusões quanto à aprovação imediata do texto, como pretendia até duas semanas atrás. Para ele, cenário de mudanças, com Pronaf e Bolsa Família, é a razão dos ataques ao governo pelos setores mais conservadores do país.
por Luiz Augusto Gollo - Agência Carta MaiorO relator geral do Orçamento 2006, deputado Carlito Merss (PT-SC), não alimenta mais ilusões quanto à sua aprovação imediata, como pretendia, até duas semanas atrás. Ele participou nos últimos anos do esforço do Congresso Nacional para que o país tivesse o orçamento definido na virada do ano, o que pode não ter tido importância do ponto de vista administrativo, mas sinalizou ao país a preocupação de senadores e deputados com a principal peça de trabalho do Executivo para cada ano que começa. Agora, às vésperas do Ano Novo, Carlito Merss admite que não adianta correr porque mesmo que a comissão vote antes do 31, o orçamento irá ao Congresso somente depois do dia 16 de janeiro, quando começa a convocação extraordinária do presidente Renan Calheiros (PMDB-AL). O momento psicológico foi, assim, descartado sem justificativa, mas isso não diminui a relevância de uma novidade anunciada pelo relator geral: "Eu estou tentando incluir no orçamento 2006 mais R$ 3,5 bilhões para que todos os servidores públicos possam chegar ao final do primeiro governo Lula com pelo menos 29% de reajuste. Civis, militares, todos os servidores públicos federais. Eu tenho, por enquanto, R$ 1,5 bi, e preciso de mais R$ 3,5 bi para atender a essa demanda, que é justa”. Acostumado às discussões orçamentárias na comissão desde 1999, quando chegou à Câmara dos Deputados, o hoje relator geral está à vontade na condução dos trabalhos, apesar das ameaças oposicionistas. “Não acredito que a oposição não vá votar o orçamento, porque ela mesma acaba prejudicada”, adverte. Este raciocínio vale também para os créditos suplementares do orçamento 2005 aprovados na convocação extraordinária, graças a um artifício do governo denunciado sem muita convicção na semana passada. Inicialmente não se incluiu o orçamento na pauta da convocação, o que possibilitou a votação dos créditos na Comissão Representativa, integrada por 17 deputados e oito senadores, em vez dos 513 deputados e 81 senadores do plenário do Congresso Nacional. “Nós já tínhamos discutido amplamente mais de 40 créditos na Comissão de Orçamento. Não tem essa conversa: ‘ah, ninguém sabia’. Mentira, teve crédito aqui sete meses parado, os ministérios quase se inviabilizando, porque a oposição, durante a crise, travou tudo aqui no Congresso. Então, o discurso que eu ouvi nos últimos dias lá na comissão não tem nada a ver, diversos desses créditos os relatores são do PFL e do PSDB, inclusive”, explica o relator, sem esconder a irritação. Os créditos resultam de alterações promovidas ao longo do ano no orçamento aprovado para os ministérios, conforme a necessidade. “O ministério tira daqui e põe ali, às vezes uma obra não está andando tão rápido e você coloca em outra”, Carlito Merss esclarece. “Se você somar, não deve ter dado 50 créditos durante o ano; é pouquíssimo, e muitas vezes são coisas pedidas, e o governo manda esses créditos suplementares para fazer modificações internas apenas. Não cria receita nem despesa, é só mudança interna. Mas até nisso eles pegaram este ano para fazer a luta política. Quase inviabilizaram algumas ações de ministérios, pelo menos de agosto para cá”. “Lei São Paulo”
“O negócio da oposição é não deixar o governo governar, mas uma das coisas que os opositores querem é a tal da Lei Kandir, e se não tiver orçamento não tem Lei Kandir, não tem nada...esse é que é o problema”, afirma Carlito Merss. “A Lei Kandir foi uma invenção do Fernando Henrique, que disse assim: ‘Olha, queremos criar uma lei para valorizar os Estados exportadores, incentivar os Estados exportadores’. É o que eu chamo de Lei São Paulo, porque 31% do valor total vai pra São Paulo. É uma lei que já perdeu sua razão de ser, o governo tem a proposta de criação de um fundo de auxílio e apoio à exportação com a qual todos concordam, menos São Paulo”. Ele reclama que “não dá para todo ano o relator do orçamento ficar com essa conta, esse problema insolúvel. A lei isenta as exportações de ICMS e os estados querem a compensação da União. O Fernando Henrique nunca cumpriu, sempre repassou muito pouco, dois bi, três bi do total de prejuízos de arrecadação dos Estados e dos municípios, que têm direito a 25%. Este ano o governo está repassando R$ 5,2 bilhões, o maior repasse da história desta lei aí, e os caras ficam resmungando. É a mesma coisa com a Cide: os governadores gastam como querem a parcela deles e ainda batem no governo. Ninguém cumpre a lei, e o governo Lula cumpre e ainda apanha por isso. É uma manipulação aberta”. O relator geral do orçamento espera aprovar na comissão os relatórios setoriais antes do fim do ano, com as prováveis exceções: “O presidente do Congresso, Renan Calheiros, já fez o adendo incluindo na pauta da convocação extraordinária a questão do orçamento, e o presidente da comissão, Gilberto Mestrinho, paralelamente a isto, convocou a comissão para votar os relatórios setoriais. Eu acredito que a gente vá ter seis ou sete relatórios setoriais para votar nesta última semana do ano. Agricultura, Educação, Cidades, Poderes, Justiça, Trabalho e Integração Nacional. As dificuldades maiores, como sempre, são Saúde e Infra-estrutura, mais polêmicos, que têm mais emendas”. As 10 relatorias setoriais da Comissão Mista do Orçamento são as seguintes, por áreas temáticas e com os respectivos relatores entre parênteses: Poderes do Estado e Representação (senadora Lúcia Vânia, PMDB-GO), Justiça e Defesa (deputado Amauri Gasques, PL-SP), Fazenda, Desenvolvimento e Turismo (deputado Anivaldo Vale, PSDB-PA), Agricultura e Desenvolvimento Agrário (senador Romero Jucá, PMDB-RR), Infra-estrutura (deputado José Priante, PMDB-PA), Educação, cultura, Ciência e Tecnologia e Esporte (deputado Wasny de Roure, PT-DF), Saúde (deputado Cláudio Cajado, PFL-BA), Trabalho, Previdência e Assistência Social (senador João Ribeiro, PL-TO), Integração Nacional e Meio Ambiente (deputado José Chaves, PTB-PE) e Planejamento e Desenvolvimento Urbano (deputado Nelson Meurer, PP-PR). Pior já passou
Carlito Merss não gosta de misturar questões econômicas do orçamento com as da política partidária, mas considera que a campanha eleitoral está nas ruas “e isto é sensível em tudo o que conversamos aqui”. Ele esteve com pessoas da Executiva Nacional do partido, depois do jantar de Natal, em Brasília, e elas foram unânimes em dizer que o presidente Lula deve ser candidato à reeleição. “Mas ele tem uma certa razão em resistir”, avalia. Se você não tiver uma base um pouco melhor, vai ser difícil, porque nós já vimos que é muito difícil governar com essa base que nós temos aí”. “Tudo bem, nós passamos o mais difícil, o risco Brasil está praticamente em 300 pontos, o dólar num patamar que nos deu um recorde na balança comercial, graças à política de exportação agressiva”, ele ressalta..”Vamos pagar adiantado ao FMI...sabe o que é em três anos você se livrar da agiotagem internacional? Vamos destinar R$ 20 bilhões só para investimentos no orçamento de 2006, o que é pouco, mas é muito mais do que nos últimos 20 anos”. Este cenário de mudanças, na opinião do relator geral do orçamento, é a verdadeira razão dos ataques ao governo federal pelos setores mais conservadores, em todo o país. “Não é fácil ter oito bilhões para atender 11 milhões de família de miseráveis, que eu espero que não sejam tantos, eu duvido dessas estatísticas do IBGE, sabe por quê? Porque elas não são feitas pelo IBGE, elas são feitas pelas prefeituras, lá embaixo, e infelizmente há uma indústria da miséria no país. Esses ‘coronéis’ locais estão desesperados com o Bolsa-Família, porque as pessoas começam a ter dignidade, ganham um cartão magnético e não dependem mais do vereadorzinho do PFL, do PSDB, dos ‘coronéis’ do interior. Isso incomoda”. Outro motivo de preocupação dos oposicionistas é a agricultura familiar, segundo Carlito Merss: “Quando a gente coloca no orçamento nove bi para o Pronaf, também incomoda. O pequeno agricultor vê a cor do dinheiro público, para pode plantar comida, porque ele produz comida, não é para exportação, não é agronegócio. O agribusiness se transformou numa indústria toda mecanizada, e o governo está fazendo o contrário, banca um programa chamado biodiesel, que vai garantir a dignidade numa região difícil, que é o semi-árido, onde o cara vai plantar mamona, girassol, e vai ter dignidade, vai ser um pequeno agricultor com a produção praticamente garantida, porque o que ele produzir vai virar combustível”. Erro primário
A maior prova desse incômodo generalizado na direita, ele relembra, foi a manchete da Folha de S. Paulo: ‘Lula empobrece os ricos’, a propósito de mais uma pesquisa Datafolha. “Um negócio deprimente, é tentar desqualificar”, condena o deputado, ampliando o horizonte de seu raciocínio: “O que se aproveitou nesses sete meses? Foi o erro gravíssimo do PT. Eu acredito que 99% dos membros do partido, da direção, não sabiam o que estava acontecendo. Pelo amor de Deus, isso é uma das coisas mais primárias, mais imbecis, que eu já vi na vida: você trazer a tecnologia dos tucanos – porque a tecnologia é principalmente do PSDB – e trazer o operador dos tucanos, que é o Marcos Valério. É muita incompetência! E a oposição pega isso e mistura com o país, porque não quer enxergar”. “Por que nós aprovamos na LDO do ano passado um crescimento de 3,5% somente para 2005?”, ele pergunta, e imediatamente responde: “Porque nós sabíamos que aquele boom de 2004 não se repetiria, não temos infra-estrutura para suportar um crescimento desses. Todo mundo viu o desespero que deu no final de 2004 nos nossos portos, nas estradas, nos aeroportos. Este ano chegamos a 3% de crescimento apesar de todos os problemas, da febre aftosa, da estiagem e das enchentes”. Carlito Merss diz que apesar das deturpações criadas pela oposição, o país sente que o governo está no rumo certo. “Num Estado desmontado como o Brasil que o presidente Lula recebeu, o que ele está fazendo? Está, por exemplo, reestruturando o papel das agências reguladoras. No governo Fernando Henrique Cardoso elas se transformaram num agrupamento de gerentes, de capatazes dos interesses das empresas que compraram as estatais. Eu não quero uma agência pra isso, eu quero uma agência onde eu possa falar com alguém e brigar pela tarifa do meu telefone, que defenda o meu interesse, o interesse do consumidor. Agora, se eu tenho lá um gerente da empresa na agência, eu não consigo nada. Essas mudanças também estão incomodando as elites”. Da mesma forma, na sua opinião, é preciso rever o papel do Sistema S. “O Senai virou uma escola particular, que cobra R$ 250, R$ 300 de mensalidade. Qual trabalhador pode manter o filho lá? E o presidente Lula é fruto do Senai, se não fosse o Senai ele não chegaria à presidência da República”. Carlito garante que o governo vem recuperando as escolas técnicas, executa o projeto de transformação dos centros de educação técnica em universidades, um terceiro grau técnico. “Isso estava tudo abandonado, assim como as universidades, nos oito anos do Fernando Henrique. A universidade federal estava destruída, e nós estamos recuperando os planos de cargos e salários. O Ministério do Planejamento faz um trabalho de recuperar categoria por categoria, porque houve carreiras ‘típicas de Estado’, segundo o governo Fernando Henrique, que tiveram aumentos de 400%, 500%, enquanto o pessoal da saúde, da educação, da assistência social, foi massacrado por oito anos”.
Fonte: Agência Carta Maior