quarta-feira, outubro 30, 2013

SECA: MUDOU, E MUDOU MUITO


JOSIAS GOMES
30 DE OUTUBRO DE 2013 ÀS 18:52

Novidade é que o problema, que atravessa séculos, ocorre agora sem as consequências econômicas e sociais que sempre caracterizaram o fenômeno durante todo o tempo
Há um fenômeno físico-econômico-social que mais uma vez se repete no Nordeste: a seca. Atravessando os séculos, mais uma vez ela vem acontecendo de forma violenta, já caracterizada como uma das mais severas das últimas décadas.
A novidade é que, no caso presente, ela ocorre sem as consequências econômicas e sociais que sempre caracterizaram o fenômeno durante todo o tempo. Agora, a economia da região não se mostra arrasada como sempre ocorria.
Há um aspecto novo bem evidente no quadro atual e que deveria chamar a atenção de todos os que se preocupam verdadeiramente com a vida brasileira, e, principalmente, com a realidade nordestina: a ausência das hordas de esquálidos na região.
Eram essas hordas de esfomeados que, durantes as secas, costumavam invadir as cidades em busca de comida. Para satisfazer esse tipo de necessidade primaríssima do homem, a turba invadia as cidades e saqueava mercearias, caminhões, mercadinhos da Conab e, eventualmente, supermercados.
Os saques no Nordeste têm registro antigo, remontando mesmo ao Século XVI, sendo motivo de inúmeras teses científicas e acadêmicas assinadas por brasileiros, mas, também, e em bom número, por cientistas estrangeiros. Há registros até de antropofagia.
Na época da ditadura, de forma ridícula, mas bastante sintomática para as convicções ditatoriais, o então ministro Mário Andreazza, em uma das secas da década de 70, foi a público qualificar os saques como fruto da ação de comunistas infiltrados no seio do povo. O decantado "milagre brasileiro", de então, era mesmo uma falácia.
Pois bem. Apesar de a atual ser considerada a mais dura seca dos últimos 50 anos, não há os saques verificados durante séculos, nem a morte de milhões de nordestinos com fome e sede, expostos pelas estradas da região, conforme se via desde muito antes da existência do marxismo.
Não é pouca coisa. É um acontecimento histórico da mais elevada significação, mas que, ou por ignorância ou por cinismo ou por desamor à verdade ou por desprezo elitista ou simples despeito não alcançou status de notícia merecedora de destaque na sempre atenta mídia nacional.
Sim, amigos leitores. A seca continua tão severa quanto há séculos. Mas não há mais as hordas de famintos. E a economia nordestina não restou destruída conforme os registros históricos mais remotos.
Em primeiro lugar, porque, nos últimos 10 anos, o governo federal, de Lula a Dilma, vem investindo forte em programas de transferência de renda como nunca se fez nos 500 anos de história do País.
A despeito da resistência oferecida por aqueles que não escondem seu horror diante do processo de ascensão social, foram esses programas de transferência de renda, capitaneados pelo Bolsa Família, que deram dignidade às populações mais pobres do País, entre as quais se encontram os nordestinos do semiárido.
É preciso destacar também os projetos governamentais visando a segurança hídrica do semiárido. Falo desde as ações estruturantes, como barragens, canais, estações elevatórias, sistemas de abastecimento d'água que beneficiam municípios e estados, até ações emergenciais, ampliando o acesso à água, ofertando alimentos para os rebanhos e crédito emergencial, renegociando dívidas dos agricultores, simplificando e acelerando o repasse de recursos federais para os estados e para os municípios.
Iniciado no governo Lula, o Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, apesar das inevitáveis dificuldades, está sendo acelerado, rumo à conclusão de uma das mais importantes obras de engenharia hidráulica em curso no mundo, favorecendo em elevado grau a solução do problema de água em vasta área do semiárido brasileiro.
Pois é. Há uma nova realidade no Brasil: há seca, mas não temos esquálidos invadindo cidades e mercados em busca de comida. Nem os milhões de mortos verificados pela história afora, em virtude desse fenômeno climático.
O Brasil caminha, portanto, inexoravelmente, para uma grandiosa realidade absolutamente nova, e sonhada há 500 anos: a solução definitiva para o mais esperado e previsível fenômeno natural do Brasil, que é a seca.
Essa é a nova realidade, queiram ou não os incorrigíveis e vesgos críticos das ações governamentais empreendidas no Brasil desde 2003. Ainda bem que o Brasil real não depende desses senhores para reconhecer os benefícios das mudanças em curso. Apenas o povo é suficiente.

http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/119331/Seca-mudou-e-mudou-muito.htm

domingo, outubro 27, 2013

LULA - 68 anos



quinta-feira, outubro 24, 2013

O programa do PT na TV. É hoje.



247 - Nos dez anos do programa Bolsa Família, carro-chefe do PT, o partido resolveu usar seu tempo de propaganda gratuita na televisão com um filme publicitário que promete não passar indiferente. A tendência, na noite desta quinta-feira 24, é de muitos aplausos entre os petistas e seus simpatizantes - e franca oposição entre os adversários. 
No filme, produzido pela equipe do marqueteiro João Santana, a presidente Dilma Roussseff e o ex-presidente Lula são as duas grandes estrelas políticas, mas os programas sociais implantados pelo partido, mais especialmente, têm forte destaque entre ilustrações, computação gráfica e entrevistas de campo. Pela ordem, o governador da Bahia, Jacques Wagner, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o presidente da legenda, Rui Falcão, são os outros políticos que aparecem em cena, em momentos distintos.
"O Bolsa Família é igual a um bolo, quanto mais batem nele, mais ele cresce", resume Lula, após assinalar que "muitos políticos querem acabar" com o programa sob o argumento de criar uma "porta de saída". "Mas o Bolsa Família já é essa pota de saída" da pobreza, completa o ex-presidente.
Antes, a presidente Dilma aparece cravando que "o Brasil teve e tem governos que defendem o povo". Ela diz que o país, administrado pelo partido, "fez, faz e fará". Em suas falas, Dilma sustenta que a administração pública gerenciada pelo PT "aprende rápido" a implantar programas sociais amplos a cada vez que um deles é colocado em prática.
Na abertura, a peça de propaganda mostra cenas de um telejornal da Espanha, com a informação de que o Europa bate recordes de desemprego. "Enquanto isso, o Brasil bate gera empregos a cada dia", comparam o locutor e os letterings. A seguir novos cotejamentos são feitos para mostrar, em resumo, que enquanto há uma crise infernal lá fora, aqui se vive, na prática, num paraíso de trabalho e renda. Esse contraste é acentuado por cenas em preto e branco do exterior e em vivo colorido quando aparece o Brasil.
O ritmo é veloz, o que permitiu a abordagem de diferentes temas. Após a exaltação ao Bolsa Família em seus dez anos, que retirou, de acordo com a informação veiculada, 36 milhões de brasileiros da faixa da pobreza extrema, chega a vez do Mais Médicos. O programa sancionado por Dilma esta semana é mostrado como um marco social tão importante quanto o que completa dez anos. Neste ponto, além de uma fala de um médico cubana, há um povo-fala e, sim, a presença do ministro Padilha. "Então eu sou o segundo médico que a senhora vê na vida", reflete ele diante de uma mulher idosa, moradora do interior do país. Como se sabe, o ministro é pré-candidato da legenda ao governo de São Paulo.
Em estúdio, entre placas computadorizadas, o presidente do partido, deputado estadual Rui Falcão, aparece no melhor estilo 'apresentador do Globo Repórter', prometendo que a legenda promoverá, nos próximos períodos, uma reforma política.
O filme é encerrado com uma mensagem de otimismo da presidente Dilma. Até aqui, goste-se ou não do PT e seu marqueteiro Santana, não se conhecia um filme de publicidade política tão bem elaborado tecnicamente.
Assista em primeira mão e avalie:

quarta-feira, outubro 23, 2013

NOS CÉUS DO BRASIL, NO CORAÇÃO DOS BRASILEIROS

Em 23 de outubro de 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont fez o primeiro voo com uma máquina mais pesada que o ar, o 14 Bis. Em homenagem ao feito, comemora-se na data todos os anos o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira.

O Partido dos Trabalhadores deseja os parabéns àqueles que nos transportam pelos céus!

Imagem: Réplica 14 Bis



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Santos Dumont - O Homem Pode Voar - Documentário




Mostra a trajetória do inventor e cientista brasileiro Santos Dumont. Filho de fazendeiros, desde a infância era fascinado por objetos que voavam como pipas e balões. Em sua terceira viagem pela Europa, deu início a uma série de experiências e aos protótipos que levaram o cientista à criação do 14 bis, o primeiro avião do mundo. Ganhou prêmios e títulos ao longo de sua carreira como inventor de aeromodelos e obteve reconhecimento mundial do meio científico.

segunda-feira, outubro 21, 2013

Pré-Sal: O pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff



Publicado em 21/10/2013
PRONUNCIAMENTO - 21.10.13: A presidenta Dilma Rousseff fez pronunciamento à nação nesta segunda-feira (21) para comentar o leilão do Campo de Libra, o primeiro relacionado a uma grande reserva do pré-sal brasileiro. Em discurso, Dilma afirmou que a exploração do óleo da região vai gerar cerca de R$ 1 trilhão, e 85% da renda total ficará no Brasil e na Petrobras. A presidenta disse ainda que R$ 368 milhões do fundo de investimento do pré-sal, gerados com os resultados do leilão, serão inteiramente destinados para o combate à pobreza e projetos de desenvolvimento nacional.

Brasil distancia-se dos EUA

20/10/2013, Darío Pignotti, Pagina/12, Buenos Aires
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-231680-2013-10-20.html


As edições eletrônicas do Wall Street Journal e do Financial Times dedicarão amanhã uma cobertura agitada, recolhendo repercussões minuto a minuto do leilão a realizar-se no Brasil, do campo de petróleo Libra, de 1.500 km2, com cerca de 12 milhões de barris em águas profundas a 183 km da costa do Rio de Janeiro, e que, em alguns anos, pode estar produzindo 1,4 milhões de barris/dia, volume equivalente a 70% do que o país produz hoje.

Petrobrás e três petroleiras chinesas (não se descarta a formação de um consórcio sino-brasileiro, à última hora) aparecem entre as onze empresas que participarão da disputa pelo campo de Libra, da qual não participarão as “grandes irmãs” norte-americanas, por causa do estresse diplomático surgido entre Brasília e Washington, depois que se revelaram os atos de espionagem perpetrados pela Agência de Segurança Nacional dos EUA contra a Petrobrás e a presidenta Dilma Rousseff, dentre outros alvos sensíveis.

Por baixo e por trás das notícias em tempo real que já sufocam e mais ainda sufocarão amanhã, de índices da Bolsa e corretores e ‘especialistas’ com opiniões de curtíssimo prazo, há uma história de que pouco se falará, transcorrida nos últimos anos, e que permite compreender realmente o que está em jogo: uma reacomodação de forças na geopolítica do petróleo.

Celso Amorim era chanceler, em julho de 2008, quando recebeu um telefonema de sua contraparte norte-americana Condoleezza Rice, que lhe sugeria que recebesse sem alarme a notícia de que seria reativada a 4ª Frota, sob jurisdição do Comando Sul dos EUA, anunciada alguns meses depois de que foram descobertas, em 2007, grandiosas reservas de petróleo no litoral de Campos e de Santos, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Nem o chanceler Amorim nem seu chefe, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, levaram a sério a retórica de tranquilização da serventuária de George W. Bush. Aliás, foi exatamente o contrário: houve alarme no Palácio do Planalto. Lula, Amorim e a então ministra Dilma Rousseff, que começava a aparecer como candidata à presidência, compreenderam imediatamente que a presença da Marinha dos EUA nas costas cariocas seria uma ostentação de poderio militar sobre os 50 bilhões de cru de boa qualidade ali guardados, a mais de 5.000 metros de profundidade, numa zona geológica conhecida como “pré-sal”.

Mas, à parte os questionamentos em foros internacionais, especialmente latino- americanos, pouco o Palácio do Planalto pôde fazer naquele momento, contra a ostentação de supremacia militar dos EUA e sua decisão de que a 4ª Frota – braço armado das petroleiras de bandeira norte-americana Exxon e Chevron no hemisfério – viraria a proa na direção sul.

Lula e sua conselheira em assuntos de energia, Dilma Rousseff, viram-se num dilema: ou adotar uma saída à mexicana, como a do atual presidente Enrique Peña Nieto, que se mostrou disposto a privatizar a Pemex, embora o termo empregado tenha sido “modernização”; ou injetar dinheiro e mística nacionalista para fortalecer a Petrobrás como vetor de uma estratégia destinada a salvaguardar a soberania energética. Por fim, o governo do Partido dos Trabalhadores (PT) optou pela segunda via, e implantou-a, mediante uma bateria de medidas de amplo espectro.

Capitalizou a Petrobrás, com o objetivo de reverter o efeito de esvaziamento da empresa herdado do governo do PSDB, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002); e conseguiu aprovar, ao final de 2010, uma lei “estatizante e intervencionista” para o petróleo – na opinião de políticos neoliberais e do lobby britânico-EUA, sempre ampliada e repercutida infinitas vezes pelos jornalistas das principais empresas de jornalismo no Brasil.

Ressuscitou o projeto de construir um submarino atômico com a França, país com o qual o Brasil assinou em 2009 um acordo militar (que avançou menos que o prometido); exigiu nos organismos internacionais a expansão da plataforma marinha, para assegurar que ninguém aparecesse para disputar a titularidade dos campos de petróleo submarino, e promoveu o Conselho de Defesa da Unasur, com apoio de Argentina e Venezuela e indefinição dos colombianos.

Como braço auxiliar dessa linha de ação governamental, o PT operou uma perseverante aproximação com o Partido Comunista Chinês, antessala para estabelecer laços de confiança política com a nomenclatura do Estado asiático, com cujo Banco de Desenvolvimento o Brasil assinaria afinal, em 2010, uma série de pré-acordos para concessão e empréstimos de dezenas de milhões de dólares à Petrobrás.

Paralelamente aos movimentos brasileiros para salvaguardar seu interesse nacional e para alcançar um lugar para o Brasil entre as potências do petróleo, a Agência de Segurança Nacional dos EUA dedicava-se a roubar informações estratégicas do Ministério de Minas e Energia, e os diplomatas norte-americanos que operavam em Brasília [e em outras capitais] enviavam telegramas secretos a Washington, nos quais o chanceler Amorim era pintado como “diplomata antiamericano”.

Há três meses, quando Dilma Rousseff foi informada sobre as manobras da Agência de Segurança Nacional dos EUA, uma fonte do Planalto disse a Página/12 que a presidenta evitaria “radicalizar” a situação, porque confiava numa conciliação com os EUA, em visita oficial marcada para dia 23 de outubro. Mas, em setembro, Dilma se tornou irredutível, ao saber que os espiões norte-americanos haviam violado até as comunicações da Petrobrás.

A decisão de suspender a visita de estado a Washington, mesmo depois de Barack Obama ter renovado pessoalmente o convite, não deve ser interpretada como gesto impensado, que não foi; e suas consequências afetaram decisões cruciais.

O fato de que não haja inscrita nenhuma petroleira dos EUA, para participar do leilão de amanhã do megacampo de Libra, e de que três poderosas empresas chinesas, duas das quais são empresas estatais, estejam na disputa, é sinal claro de que a colisão diplomática teve, sim, repercussão prática.

Que fontes próximas do governo tenham deixado transparecer que há a possibilidade de que se constitua um consórcio entre a Petrobrás e alguma empresa chinesa, revela que a geopolítica de Brasília para o petróleo inclina-se para Pequim – que já é seu principal sócio comercial. E se isso tudo já não bastasse para demarcar o distanciamento estratégico entre o Planalto e a Casa Branca, semana passada o indigesto (para Washington) ministro Celso Amorim, agora no posto de ministro da Defesa, iniciou conversações com a Rússia, para analisar a compra de caças-bombardeiros Sukoi.

Foi só uma sondagem, mas se essa compra for formalizada, será considerável revés para a corporação industrial-militar dos EUA, que imaginava vender seus caças Super Hornet ao Brasil, durante a visita que Dilma já não fará.

sexta-feira, outubro 18, 2013

Libra não é só petróleo >> LEIA AGORA!

Em todo mundo o discurso conservador subsiste em estado comatoso. O empenho é para injetar sobrevida ao defunto, resistir e desgastar o anseio de mudança.

por: Saul Leblon 

Em todo o mundo o discurso conservador subsiste em estado comatoso desde o colapso da ordem neoliberal, em 2008. O empenho é para injetar sobrevida ao defunto, resistir e desgastar o anseio de mudança. Até que se generalize o descrédito nos partidos, na luta pelo desenvolvimento e no aprofundamento da democracia política e econômica, como instrumento de emancipação histórica e social.

A ascensão da Frente Nacional Fascista na França é um sintoma (leia a reportagem de Eduardo Febbro; nesta pág). Outro, o poder de uma falange, como o Tea Party, de empurrar até perto do abismo fiscal a nação mais poderosa da terra. São manifestações mórbidas recorrentes. Que afrontam o anseio da mudança instalado no coração da sociedade pela maior crise capitalista desde 1929.

Quando o extraordinário acontece, as lentes da rotina já não conseguem explicar a vida. A ‘redescoberta’ de Marx, analisada por Emir Sader nesta pág (leia o blog do Emir), é um sintoma do anseio por um novo foco. É mais que uma redescoberta intelectual. Essa é a hora em que o preconceito histórico inoculado contra o socialismo perde força. Até nos EUA.

Uma pesquisa feita pela Pew Research, no final de 2011, tentou medir esse ponto de mutação. Os resultados foram significativos:

a) na faixa etária entre 19 e 28 anos a menção ao ‘socialismo’ encontra receptividade favorável entre 49% dos jovens norte-americanos (entre 43% ela é negativa).

b) entre a população negra – açoitada pela crise - os dados são ainda mais expressivos: respectivamente 55% de aprovação ; 36%, rejeição.

c) a mesma medição, agora para ‘capitalismo’, obteve os seguintes percentuais nos grupos mencionados: 46% e 47%, entre os jovens; e 41% favorável e 51% negativo, entre os negros.

A informação consta de um artigo de Michelle Goldberg, cuja íntegra será publicada nesta página. A liquefação da agenda neoliberal e do preconceito anti-socialista não amenizam a responsabilidade de se erguer linhas de passagem críveis ao passo seguinte da história. No caso brasileiro, a operação envolve agravantes de singularidade e circunstância.

Em primeiro lugar, a responsabilidade de ser governo. Portanto, mais que nunca, de erguer pontes que partam da correlação de força existente para superá-las, sem risco de regressão.

Em segundo lugar, os sinais de desgaste na confortável pista incremental, pela qual o país tem transitado para responder a desafios seculares com avanços específicos .

Um terceiro agravante: o crepúsculo de um ciclo internacional de alta da liquidez e dos preços das commodities. A inflexão externa adiciona percalços à renovação do motor do desenvolvimento brasileiro.

Quarto, os capitais e os grandes oligopólios não estão parados. O colapso financeiro acelerou a descentralização produtiva que define a nova morfologia da industrialização no mundo. Travada pelo câmbio desfavorável, a manufatura brasileira ficou de fora do novo arranjo global das cadeias de tecnologia e suprimento.

O país não resgatará sua competitividade sem recuperar o terreno perdido nessa área. A flacidez industrial rebaixa a produtividade sistêmica da sua economia. Com efeitos regressivos na geração dos excedentes indispensáveis à convergência da riqueza . É nesse horizonte de mutações e desafios que deve ser analisado um acontecimentos que divide o campo progressista brasileiro. O leilão de Libra.

A mega-reserva do pré-sal, capaz de conter acumulações equivalentes a até 13 bilhões de barris de petróleo e gás, deve ser leiloada na próxima 2ª feira (21). Democratas e nacionalistas sinceros divergem. Petroleiros vão à greve.

Defende-se que a Petrobrás assuma sozinha a tarefa de extrair uma riqueza guardada no fundo do oceano que pode conter até 100 bilhões de barris.

A Petrobras tem o domínio da tecnologia para fazê-lo. É quem foi mais longe nessa expertise em todo o mundo.

Mas não dispõe dos recursos financeiros para acionar esse trunfo na escala e no tempo imperativo. Paradoxalmente, em boa parte, porque cumpriu seu papel de estatal na luta pelo desenvolvimento. Os preços dos combustíveis no Brasil foram congelados pelo governo como instrumento de controle da inflação. Durante anos. Sob protesto da república dos acionistas , cuja pátria é o dividendo. E nada mais.

Secundariamente, o leilão será feito porque o governo necessita também de recursos para mitigar a conta fiscal de 2013. Ademais do peso dos juros no orçamento federal – exaustivamente criticado por Carta Maior - o Estado, de fato, realizou pesados dispêndios este ano e nos anteriores.

Em ações contracíclicas para impedir a internalização da crise mundial no Brasil. O conservadorismo reprova acidamente essas escolhas. Solertes entreguistas, súbito, pintam-se de verde-amarelo em defesa da estatal criada por Vargas. A emissão conservadora alveja o que chama de ‘ uso político da Petrobras e da receita pública’ para financiar ‘ações populistas’ , que não corrigem as questões estruturais do país. A alternativa martelada é a ‘purga’ saneadora.

Contra a inflação, choque de juros (muito superior ao que se assiste). Contra o desequilíbrio fiscal, cortes impiedosos na ‘gastança’. Qual? Qualquer gasto público destinado a fomentar o desenvolvimento, financiar a demanda, reduzir a pobreza e combater a desigualdade. O ponto é: sem agir a contrapelo dos interditos conservadores, desde 2008, o Brasil teria hoje um governo progressista?
Subsistiria ao cerco de 2010 contra Lula e Dilma? Ou da terra ‘semeada’ pela recessão e o desemprego emergiria a colheita devastadora? José Serra, que, ato contínuo, reverteria a regulação soberana do pré-sal, como, aliás, prometera à Chevron. O governo fez a escolha oposta. O resto é a história dos dias que correm.

Ao decidir pelo leilão de Libra está dobrando a aposta. Qual seja: mais importante que adiar Libra para um futuro de hipotética autossuficiência exploratória, é aceitar a participação de terceiros, mas preservar e colher, antes, o essencial. O essencial são os impulsos industrializantes embutidos na regulação soberana das maiores reservas descobertas neste século em todo o planeta.

Um exemplo resume todos os demais. O Brasil hospeda a maior concentração de plataformas submarinas do mundo. Uma em cada cinco unidades existentes está a serviço da Petrobrás. Em dez anos, essa proporção vai dobrar. Assim como dobra a produção prevista de petróleo em sete anos: dos atuais 2 milhões de barris/dia para 4,5 milhões b/d.

Entre uma ponta e outra repousa a chance de a industrialização brasileira engatar um salto tecnológico e de escala, ancorado nas encomendas e encadeamentos do pré-sal. Emprego, produtividade, salários e direitos sociais estão em jogo nesse salto. A convergência sonhada entre a democracia política, a democracia social e a democracia econômica depende, em parte, do êxito desse aggiornamento industrializante da economia brasileira.

O leilão do dia 21 é um pedaço dessa aposta. Que tem a torcida adversa daqueles que não enxergam nenhuma outra urgência no horizonte do desenvolvimento brasileiro, em plena agonia da ordem neoliberal. Exceto recitar mantras do defunto. Na esperança de ganhar tempo para que o desalento faça o serviço sujo: desmoralizar a política e interceptar o salto histórico do discernimento social brasileiro.

Uma retração econômica redentora cuidaria do resto, injetando disciplina nas contas fiscais e ordem no xadrez político. Para, enfim, providenciar aquilo que as urnas sonegam: devolver a hegemonia do país a quem sabe dar ao ‘progresso’ o sentido excludente e genuflexo que ele sempre teve por aqui.

http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditorial%2FLibra-nao-e-so-petroleo%2F29234

quinta-feira, outubro 17, 2013

quinta-feira, outubro 03, 2013

Lições de uma sessentona rebelde


Mais que uma empresa de petróleo, a Petrobrás é um marcador incômodo do desenvolvimento brasileiro. 

Seus sessenta anos comemorados nesta 5ª feira, 3 de outubro, arguem o país do século 21 com um exemplo de audácia bem sucedida trazida do ciclo anterior.

A implícita capacidade de cobrar o presente com o desassombro de um passado que o pré-sal atualiza e magnifica, talvez seja a principal explicação para a profunda antipatia que a simples menção do seu nome inspira no sistema auditivo conservador.

Mais que antipatia, há um esforço para tornar inaudíveis as perguntas que a sua trajetória enseja.

Por exemplo: como é que uma Nação que teve audácia de se credenciar na corrida do petróleo, num tempo em que isso equivalia a uma maratona de ricos, sofre hoje a duras penas para fazer rodovias?

Ou ampliar portos? Ou ainda, estender dormentes de trens? Rasgar e concretar um simples canal para levar um pouco do São Francisco ao sertão nordestino, que concentra a maior demografia mundial em um regime semi-árido?

Como é que o país que fez a 8ª maior petroleira do planeta, detentora de conhecimento de ponta na exploração em águas profundas, não consegue mais prover a infraestrutura básica?

O PAC e os planos de investimento em logística estão aí a atestar o empenho do governo em fazê-lo.

Mas por que a coisa então se arrasta em ritmo enervante, sem avançar no volume e prazo requeridos pela economia e a sociedade?

A Petrobrás é a dissonância à resposta do cuco conservador

Aquele que troca de plumagem, mas não troca o canto fúnebre de seu veredito sobre o Brasil.

‘O país não faz e não tem condições de fazer e o Estado está fadado a fracassar se o fizer’.

Dito assim, de hora em hora, e reafirmado nos intervalos pela emissão conservadora, acaba inoculando uma prostração que subtrai ao país o direito de dizer: ‘eppur si muove’.

O que havia de tão vantajoso assim no Brasil de 1953, em relação à esférica impossibilidade dos dias que correm?

A Petrobras nasceu da rua.

Começa por aí.

Nasceu de um amplo debate que politizava as escolhas do desenvolvimento.

Fez delas uma causa pública.

Tornou-se o ponto de convergência dos anseios de prosperidade com a consciência do seu requisito, a soberania.

Era um sonho.

Mas um sonho politizado.

Que deixa de ser um devaneio, porque submete seus flancos às mediações das circunstancias e ao escrutínio dos projetos.

Há 60 anos, uma geração de homens e mulheres apostou que o petróleo era necessário ao país.

Porque sem ele o Brasil ficaria mais distante dos anseios de dignidade, justiça, independência .

A luta do ‘Petróleo é Nosso’ foi isso.

Como hoje, havia derrisão na mídia conservadora diante do projeto que associava o petróleo a uma industrialização ainda frágil e difusa.

Um especialista, Walter Link, geólogo norte-americano, contratado pelo Conselho Nacional do Petróleo, emitiria, ademais, um veredito fatal.

O famoso Relatório Link descartava (com alguma razão, vê-se hoje) a ocorrência de reservas de alta acumulação em quase todo o território brasileiro.

Exceção feita a uma hipótese intangível.

As reservas mais promissoras concentravam-se na plataforma marítima.

Em profundezas tecnologicamente inacessíveis, a custos economicamente inviáveis, ao abrigo de desafios logísticos inalcançáveis até pelas economias mais ricas.

Era desse calibre a pá de cal do famoso relatório, que as oligarquias estendiam à emergente industrialização.

Se dependesse das restrições da época e do imediatismo das elites saqueadoras, Getúlio Vargas não teria criado a Petrobrás, naquele 3 de outubro de 1953.

Tampouco insistido na industrialização. Ou Juscelino feito Brasília. Nem Celso Furtado teimado em erradicar o apartheid que dava ao Nordeste um quê de bantustão avant la lettre.

A determinação de viabilizar cada um dessas bandeiras, extraiu do planejamento público a credibilidade que lhe sonegavam as elites e seu aparato emissor.

Há mais exemplos que o alto-falante conservador cuida de abafar.

A atual e festejada eficiência agropecuária, por exemplo (de custos ambientais e sociais nunca ponderados).

Só atingiu a grandeza de escala e produtividade, graças à semeadura incansável do crédito público.

E da pesquisa realizada por uma estatal fundada em 1973, que se transformou em referência mundial na agricultura tropical: a Embrapa.

O etanol brasileiro é outro.

Que não sairia do sonho de visionários sem um programa estatal iniciado em 1975, o Pró-álcool.

Bilhões de dólares foram destinados à consolidação do que é hoje uma opção efetiva de combustível renovável.

Sem esquecer a Embraer, estatal criada no final dos anos 60, privatizada em 1994.

Uma das maiores fabricantes de aeronaves de autonomia regional do mundo.

O que havia de singular no pós-guerra, até meados dos anos 80, era esse entrelaçamento da indução pública de recursos com o poder operacional de estatais.

Criadas ou já existentes, elas ordenavam o mercado e o setor privado à consecução de objetivos estratégicos.

O que se seguiu à crise da dívida dos anos 80 é conhecido: rapinagem, corrosão fiscal, sucateamento e privatizações escalpelaram a capacidade do setor público de orientar o desenvolvimento do país.

A década de 90 juntou a fome com a vontade de fazer regime de soberania.

Entregou-se o destino da economia e o da sociedade aos impulsos reptilíneos dos mercados autorreguláveis.

Não por acaso, a industrialização brasileira embicou a partir daí.

Padece hoje do longo e corrosivo esgarçamento dentro do qual terá que se reinventar nas novas –e difíceis-- condições de integração às cadeias globais.

Não é apenas um desafio tecnológico.

Os sacerdotes do sacrifício exibem a sangria como prova dos pecados da oferenda.

E cobram a penitência do autoflagelo definitivo, com a abertura irrestrita do país à purga redentora da concorrência internacional.

O diabo é a Petrobrás.

A sessentona rebelde, com todas as suas cicatrizes e cabelos brancos, avança na contramão do trânsito.

A disparar saltos de eficiência e avanços tecnológicos ali onde a disputa é mais renhida e travada contra interesses gigantes da geopolítica mundial.

Seu êxito ofusca o discurso da rendição redentora aos ‘livres’ fluxos de capitais e mercadorias.

Mais que isso.

Longe de se resumirem a uma efeméride, seus 60 anos embalam um trunfo que avaliza a possibilidade da reindustrialização brasileira.

A sangria de décadas sofrida no parque fabril do país tem sido mitigada com desonerações, protecionismo e ajuste de câmbio.

Mas reverter os buracos consolidados é mais difícil.

O dinamismo que se perdeu teria que ser substituído por um gigantesco esforço de inovação e redesenho fabril, a um custo que um país em desenvolvimento dificilmente poderia arcar.

Exceto se tivesse em seu horizonte a exploração soberana, e o refino, das maiores jazidas de petróleo descobertas no século 21.

É isso o que representa o pré-sal.

Dele o país já obtém 300 mil barris/dia. Este ano, nove plataformas entram em operação e podem elevar em 50% a produção da empresa.Em 2020, o pré-sal fornecerá 2,1 milhões de barris/dia, dobrando a produção nacional.

Até 2017, US$ 237 bilhões serão investidos nessa maratona.

Não existe automatismo entre esses valores e o desenvolvimento do país.

Os efeitos virtuosos disso no conjunto da sociedade só ocorrerão por conta de um lacre de segurança que não pode ser removido: o marco regulador do pré-sal.

Aprovado com a oposição de quem agora agita a bandeira contra o intervencionismo petista –- ele institui o regime de partilha e transfere o comando de todo o processo tecnológico, logístico, industrial, comercial e financeiro da exploração à Petrobras (PPSA).

Todos os contratados assinados nesse âmbito –inclusive os do polemico leilão de Libra-- incluem, por exemplo, cláusula obrigatória de conteúdo nacional nas compras de equipamentos, de 65% , pelo menos.

Esse é o ponto de mutação da riqueza do fundo do mar em prosperidade na terra.

O novo marco regulador transfere à Petrobras/PPSA a responsabilidade soberana de harmonizar duas variáveis básicas: o ritmo da extração e do refino; e a capacidade brasileira de atender a demanda por plataformas, máquinas, barcos, sondas etc.

Se a exploração correr livre, como gostariam a república dos acionistas e as multinacionais, o fôlego da indústria local será atropelado.

Não são apenas negócios que estão em jogo.

Cerca de 300 mil jovens brasileiros serão treinados nos próximos anos pelo Promimp, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural.

Sem o novo marco regulador, que sofreu e sofre o cerco beligerante do conservadorismo, eles seriam desnecessários.

O conjunto requer ainda forte expansão da rede brasileira de refinarias, estagnada desde 1980.

Tudo isso causa erupções cutâneas na pátria dos dividendos, que prefere embolsar lucros rápidos, com o embarque predatório de óleo bruto.

O que a sexagenária Petrobras propicia ao país, portanto, é uma espécie de berçário da reindustrialização de que o desenvolvimento brasileiro tanto necessita.

É desse arcabouço de medidas e salvaguardas que poderão jorrar os recursos do fundo soberano para superar os grandes interditos que ainda afligem a população brasileira.

O acesso à saúde e à educação públicas de qualidade, por exemplo.

Desqualificar a estatal criada por Getúlio é um requisito para reverter a blindagem em torno de uma riqueza, da qual as petroleiras internacionais e o privatismo de bico longo ainda não desistiram.

Mais que isso.

É uma salvaguarda contra um perigo maior.

Aquele que pode levar o discernimento nacional a enxergar no épico contrapelo do petróleo nacional – ordenado pelo guarda-chuva de uma estatal espelho poderosa-- uma inspiração para destravar o arranque de um ciclo acelerado de expansão da infraestrutura brasileira.

Postado por Saul Leblon às 20:45


Missão Netuno - Petrobras 60 anos



Missão Netuno leva bandeira do Brasil e cápsula com mensagens de brasileiros até o pré-sal


Um dos marcos da comemoração dos nossos 60 anos, a Missão Netuno foi lançada no dia 3 de setembro. O objetivo era levar a bandeira do Brasil e uma cápsula com mensagens dos brasileiros até a região do pré-sal, localizada a mais de 2 mil metros de profundidade e a cerca de 300 quilômetros da costa.
Mais de 55 mil brasileiros participaram e a missão foi concluída com louvor. Daqui a dez anos, em 2023, essas mensagens serão resgatadas e abertas para que as pessoas relembrem suas histórias e expectativas escritas em 2013.

Operação especial – Para concretizar a ação, nosso Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) desenvolveu uma cápsula capaz de aguentar pressões em torno de 200 atm (Atmosfera) ou 200 Kgf (quilograma força) por cm2. Em razão das altas pressões, proibitivas à presença de mergulhadores, a bandeira e a cápsula foram levadas até o fundo do mar por 2 ROVs – veículos submarinos operados remotamente.
Os bastidores da Missão Netuno foram registrados em um minidocumentário que irá ao ar no site www.petrobras.com.br/meinspira, a partir do dia 2 de outubro, véspera do nosso aniversário de 60 anos.
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