terça-feira, dezembro 25, 2007

José Dirceu entrevista Ciro Gomes



Golpe fracassa, mas adversários querem inviabilizar governo Lula.

Os adversários de Lula sonharam dar um golpe no presidente da República e, diante do insucesso, derrubaram a prorrogação da CPMF, com o objetivo de impedí-lo de governar. Esta é a interpretação do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) para a rejeição “subalterna, politiqueira e eleitoreira” da prorrogação do imposto do cheque. Apontado como um dos possíveis candidatos da base aliada ao Palácio do Planalto em 2010, Ciro julga fundamental a manutenção de uma coalizão partidária, a mais ampla possível, para o sucesso naquele ano das forças do centro à esquerda que detém o poder no País hoje.




“O que está em jogo é grave e não estaremos à altura da responsabilidade que o país espera de nós neste momento se não conseguirmos isso”, adverte o deputado.




[ José Dirceu ] Eu gostaria de começar falando sobre a transposição do rio São Francisco, porque há muita desinformação na opinião pública. Diz-se que não há um projeto para o agronegócio e para o hidronegócio e que a transposição não vai levar água para famílias, para as comunidades, apenas para o empresariado e que a elite vai dominar a água.


[ Ciro Gomes ] Essa discussão precisa ser trazida a um plano minimamente racional. Sob esse ponto de vista há uma metodologia que permita, a qualquer observador, crítico ou curioso, formar juízo sobre o assunto. Primeiro, há a necessidade de levar essa água lá para cima. O Brasil inteiro tem notícias centenárias de que ocorre, ciclicamente, a seca; de que há uma indústria da seca, de que há carro pipa manipulado para subornar consciências; de que a migração explode a partir dessa situação. Porém, isso precisa ser especificado em números. As Nações Unidas estabelecem para o mundo um padrão de disponibilidade hídrica per capita de 1.500 metros cúbicos por habitante/ano. Naquela região, os números mostram a disponibilidade de 550 metros cúbicos por habitante/ano. Portanto, a disponibilidade segura existente hoje é de um terço do mínimo necessário estipulado pela ONU.Outra grande questão é se o rio tem essa água. Todo o Nordeste Setentrional só tem dois grandes rios perenes. Um, o rio Parnaíba, na fronteira do Piauí com Pernambuco, dispõe de 1.200 metros cúbicos por habitante/ano. Portanto, o Parnaíba não tem nenhum excedente. O outro, o São Francisco, tem 3.500 metros cúbicos por habitante/ano e uma vazão média de 3.850 metros cúbicos por segundo. O projeto de transposição propõe abastecer 12 milhões de pessoas, um terço da população da região. Não é a redenção do Nordeste, não vai resolver todo o problema, nem tem resposta para toda a população (...). No trecho alcançado pela obra a proposta é transpor 23 metros cúbicos por segundo e elevar isso até 63 metros cúbicos por segundo se – e somente “se” – ocorrer cheia no lago da hidrelétrica de Sobradinho, o que acontece uma vez a cada 5 anos em média. É a maior reforma agrária contínua, com água, da história do Brasil.

Quanto a questão se é para o agronegócio ou para o abastecimento humano, a outorga é um ato jurídico vinculado, formal, feito pela Agência Nacional de Águas. A outorga é absolutamente explícita: estão outorgados 23 metros cúbicos do São Francisco para abastecimento humano (...).


O presidente Lula determinou – e isso é omitido da opinião pública – e nós decretamos de utilidade pública, para fins de desapropriação para reforma agrária, três quilômetros de cada lado em toda a extensão da obra, composta por dois eixos, o Norte e o Leste que, somados, totalizam 720 quilômetros.


Então, é a maior reforma agrária contínua, com água, da história do Brasil. Três quilômetros para um lado e três para o outro nos 720 quilômetros de canais. Decretada essa desapropriação, a área fica indisponível para uso privado de quem quer que seja. Outro benefício é que o projeto pereniza mil quilômetros de rios secos no Nordeste Setentrional. O efeito estratégico disso, em matéria de produção de alimentos, de reforma agrária, de progresso, de retenção de migração é absolutamente inquestionável.Por outro lado, o rio vem sendo agredido há 500 anos. Sua degradação é um fato, só não se pode atribuí-la a uma obra que ainda não está sendo feita. Ao contrário, a possibilidade da transposição trouxe a decisão política de revitalizar o rio. Revitalizar agora não é mais uma palavra, é um projeto, com orçamento, com prazos, metas e já em franca execução.


[ José Dirceu ] O que é essa revitalização?


[ Ciro Gomes ] Primeiro, 95% das matas ciliares junto ao rio já foram desmatadas e os 5% restantes continuam sendo desmatados em Minas Gerais, na Bahia, inclusive, para fazer carvão para siderúrgicas, com mão-de-obra semi-escrava e infantil ante o silêncio e a omissão dos ditos amigos do São Francisco. Segundo, em função do desmatamento o rio assoreou e praticamente perdeu a sua navegabilidade. Terceiro, 270 cidades quando o presidente Lula tomou posse (1º/1/2003) jogavam esgoto sem tratamento no rio (...). A foz tem uma língua salgada (o mar avança sobre o rio) entrando, e isso também não é por causa da obra. O projeto de revitalização contempla essa lesão na foz, equacionou o que tem que ser feito e já está começando a obra. O desassoreamento está sendo cuidado, com a formação de 5 milhões de mudas para repor a mata ciliar nos 2.700 quilômetros de cada margem do rio e em milhares de quilômetros de seus afluentes.


[ José Dirceu ] Estes 5 milhões de mudas são para a fase inicial, não?


[ Ciro Gomes ] 5 milhões só para a malha principal. Como não tem muda, nós estamos fazendo com os assentamentos de reforma agrária e os institutos florestais de Minas Gerais. Em função das barragens (das hidrelétricas), a água chega no Baixo São Francisco praticamente filtrada, sem nutrientes para os peixes. Por isso o rio perdeu sua piscosidade. Há um projeto para atender esse aspecto e repor a produção de peixes. Tudo foi considerado e tudo está em execução. Agora, em relação a transposição há uma acusação incômoda sobre falta de discussão e autoritarismo.


[ José Dirceu ] Vamos contar um pouco essa história ... O bispo não discutiu o projeto e entrou em greve de fome


[ Ciro Gomes ] Quando o presidente Lula tomou posse, me chamou, determinou a execução do projeto e disse que tinha pressa. Ponderei que não era possível fazer qualquer coisa na área se não zerássemos o equívoco, gerado no passado e detectado em pesquisas, com relação ao termo transposição. Era preciso, primeiro, informar a população do Baixo São Francisco, principalmente em Sergipe, que transposição não significava tirar o rio do seu leito natural e levar para outro canto. Isso é um absurdo. O rio vai ficar vai ficar quietinho no lugar dele.Na seqüência, organizamos e instalamos o Comitê da Bacia do Baixo São Francisco. Instalado, o comitê fez uma primeira exigência: suspender toda e qualquer providência até que fosse feito um plano para a Bacia, o que fizemos. Mobilizamos a excelência técnica e os mais qualificados cientistas de todas as universidades brasileiras. Trabalharam juntos governo e Comitê da Bacia e, em seis meses, o projeto ficou pronto. Terminados os seis meses, e com o plano pronto, o comitê pediu mais três meses, sem que se tomasse providência nenhuma, para que o plano fosse validado pela sociedade civil. Achamos de bom senso e suspendemos tudo por mais três meses. Promovemos 40 audiências públicas, em capitais e no interior de todos os estados, e o projeto foi aprovado, por unanimidade, numa reunião em Salvador.


É tudo chincana judicial de quem alega falta de diálogo


[ José Dirceu ] E teve também uma ampla discussão sobre o processo de licenciamento ambiental.


[ Ciro Gomes ] Sim, convocamos mais de 70 audiências públicas, em todos os estados, não só nos da bacia doadora, mas também nos estados das bacias receptoras. Apesar das audiências serem convocadas com 15 dias de antecedência, essa gente que se organiza para criticar a falta de diálogo e de debate, obteve liminares judiciais, de forma absolutamente oportunista, na hora em que os servidores do governo já estavam lá para as audiências. Assim, optaram por não participar das audiências públicas e inibí-las na primeira rodada. Abria a audiência e chegava a liminar. Revogadas as liminares pelo Judiciário, nova rodada de audiências públicas foi convocada. Essa gente foi lá e impediu fisicamente, agredindo servidores públicos, ameaçando-os de morte. Impediram o debate e não deram uma única contribuição (...). Foi feito o licenciamento prévio e o assunto foi levado ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos, que reúne governo e setores da sociedade civil. Na primeira reunião para deliberação do conselho, nova liminar judicial impediu sua realização. Tudo chincana judicial de quem alega falta de diálogo. Derrubada a liminar, convocamos nova reunião e o projeto foi aprovado no Conselho por 36 votos a 2. Todas as liminares chegaram ao Supremo Tribunal Federal, que as derrubou, depois de ouvir todas as partes (...). Aí o bispo entrou em greve de fome. Sem falar com ninguém. O debate também foi levado à sociedade civil pelo governo – a OAB, duas vezes a CNBB - em ambas o bispo Cappio foi convidado e não compareceu - a CUT, ao MST, e as comunidades indígenas. O Tribunal de Contas da União e o Ministério Público também foram procurados, assim como clubes de engenharia e outras entidades que tivessem, de alguma forma, interesse, relação, contribuição ao projeto. E o vice-presidente da República liderou, pessoalmente, uma delegação em nome do Lula numa rodada de debates em todos os estados, numa discussão com governadores, políticos e com os empresários.


[ José Dirceu ] Vamos abrir uma janela aqui, nessa questão do rio São Francisco, e falar de outros assuntos. A rejeição à prorrogação da CPMF?


[ Ciro Gomes ] Foi o ato de maior irresponsabilidade política do qual tomei conhecimento nos últimos anos. Não se trata de discutir o mérito da CPMF, porque tecnicamente é um tributo ruim, tem várias imperfeições. Ao incidir com alíquota única sobre todos os valores é regressivo. Ao incidir sobre investimento, da mesma forma – deveria incidir sobre especulação e consumo. A CPMF não é estimulante para o desenvolvimento. Em uma hipotética reforma tributária, não se deveria considerar tributo com esse tipo de incidência. Mas, não foi disso que se tratou no debate no Congresso. O debate era: o país pode ou não abrir mão de R$ 40 bilhões sem uma reforma tributária, sem um conjunto de providências que prevenissem esse saque violento e abrupto, politiqueiro, irresponsável, tal o volume de recursos nas finanças públicas brasileiras? E a resposta foi o que vimos.

A rejeição da CPMF visa inviabilizar governo Lula


[ José Dirceu ] E como você a interpreta?


[ Ciro Gomes ] É indisfarçável a motivação subalterna, politiqueira e eleitoreira da resposta. É uma motivação de quem tentou escalar o golpe por um caminho, não conseguiu e, agora, quer impedir o presidente Lula de governar. E isso é muito claro: se o país tiver superávit nominal, é possível incrementar custeio, investir mais em segurança, educação,saúde, ou incrementar o investimento nos portos, ferrovias, rodovias. Mas, o país tem déficit nominal. Portanto, o que se fez foi uma imposição ao governo. Passa-se a pressionar agora por uma alta da taxa de juros, que inibe a faixa de investimentos da economia brasileira, que vinha cobrindo, pela primeira vez em muitos anos a chegada dos jovens ao mercado de trabalho. O que querem é que o governo, para suprir os R$ 40 bilhões da CPMF, estresse o déficit da Previdência Social – elimine aposentadorias e pensões – ou elimine o Bolsa Família. É disso que se trata. E fizeram com a mão do gato, de uma forma muito competente porque falar mal de imposto num país que não devolve nada para a classe média, obrigada crescentemente a pagar dobrado para viver, é muito fácil. Esse debate é nesse estrato (classe média), não é no povão.


[ José Dirceu ] O principal problema, na verdade, é a maioria que o governo não tem na Câmara e no Senado. O partido do governo, o PT e seus aliados se conformam com isso. Aliás, o Senado é muito mais criticável do ponto de vista programático.


[ Ciro Gomes ] Na Câmara a coisa está bem. Houve um debate rico e a CPMF passou muito bem. No Senado também poderia ter passado. Aí não vale a pena só falar mal dos nossos adversários. O governo errou bastante. Errou muito quando aceitou, por exemplo, que durante três meses o relator designado negociasse pelos jornais mais um cargo e o governo não dava. Depois deu. Não creio que seja esse o caminho.


[ José Dirceu ] Chegou muito tarde no Senado e lá o governo tem que constituir maioria. O governo perdeu tempo negociando. Devia ter negociado logo para obter e provar maioria dentro de sua base de apoio, antes de negociar com senadores novos na base, como Romeu Tuma, que acabou de sair do DEM, e com alguns outros que trocaram de partido. Isso criou uma nova realidade no Senado. Nunca tive ilusão e, inclusive, três dias antes falei: vão rejeitar.


[ Ciro Gomes ] Sem dúvida.


[ José Dirceu ] Eles (os recém chegados à base) não tem responsabilidade. Eles só não rejeitam a DRU porque, de certa maneira, isso pode favorecer o governo.


[ Ciro Gomes ] Evidentemente. Sem a DRU você atinge o coração da coalizão dominante na hegemonia moral e intelectual do país.


[ José Dirceu ] Só não rejeitam por isso.


[ Ciro Gomes ] A natureza ideológica da decisão é muito clara. Não tem incoerência nenhuma. Você tira a CPMF e isso quer dizer o quê ? Você subtrai um tributo que cai sobre 14% da população, aquela que transaciona financeiramente. Se você imaginar uma pessoa que transacione nos bancos com cheques R$ 100 mil, está falando de R$ 380 (pagos de CPMF por essa pessoa) por ano. Quantos brasileiros transacionam R$ 100 mil por ano e são, a partir desse ponto de corte, responsáveis por pagar R$ 380,00, que vão para a saúde, aposentadoria e Bolsa Família. E a DRU é tirar dinheiro da saúde, da educação para o mesmo destino.


[ José Dirceu ] Eu já disse no meu blog que eles não derrubam a DRU porque ela é que garante o superávit nesse país dos juros. O que eles fizeram na verdade foi um grande favor. Mas, vamos falar um pouco de reformas política e tributária.


[ Ciro Gomes ] As duas têm uma contradição que a gente precisa analisar com muita paciência. Não aconteceu ainda uma reforma política ou uma reforma tributária, porque, se gente fizesse, vão dizer o seguinte: “houve um dia em que aconteceu e foi feito pelo governo Lula....”. Mas, nós estamos nos aperfeiçoando politicamente faz tempo e, também, a tributária.


[ José Dirceu ] Não é a reforma tributária que se deveria fazer.


[ Ciro Gomes ] Mas o Fernando Henrique pegou a carga tributária brasileira com 27% do PIB e entregou para Lula com 35%. Se o nome disso não for reforma tributária, o que é? Agora, não dá para dizer que o governo Lula é o culpado por não fazer. Em oito anos, a carga tributária subiu de 27% para 35% do PIB. Nesse mesmo período, a dívida pública subiu de 36% para 58% do PIB, se venderam US$ 100 bilhões de patrimônio público estatal brasileiro, e o país entrou num colapso de infra-estrutura. Não bastasse, perdemos um terço dos mestres e doutores das universidades públicas, enfim, essa é a realidade dessa gente que está fazendo esse movimento todo.Voltando a questão, afirmo que há uma inerência, que chamo de paradoxo da legitimidade. Basicamente, na questão política é a institucionalidade vigente, que gera representação política. E esta, por sua vez, detém o monopólio da reforma institucional. Na minha opinião, a solução é fazer uma reforma política, em tese, para vigir daqui a 5, 4 ou 3 eleições.


[ José Dirceu ] Como foi com a cláusula de barreira, que depois caiu.


Plebiscito e referendo no Brasil viraram sinônimos de chavismo


[ Ciro Gomes ] O Supremo derrubou. Ou mandar isso ao plebiscito, ou a referendo. Mas no Brasil agora se quer transformar plebiscito numa questão de chavismo.


[ José Dirceu ] Como se fosse antidemocrático.


[ Ciro Gomes ] Antidemocrático ou uma questão autoritária. Vivemos agora essa contradição. Na questão tributária temos dois problemas: um é o patrimonial – a carga tributária cresceu não porque os serviços ou a presença do Estado cresceram. Na verdade, estão muito aquém do mínimo necessário para o Brasil em questões básicas, como educação, saúde e segurança pública. O outro problema é o pacto federativo dilacerado. Então, não haverá reforma tributária. Não adianta. Qualquer um de nós é capaz de ajuizar uma reforma. O IVA é um tributo que, tecnicamente, deve ser cobrado no destino, porque é um tributo sobre o consumo. É um tributo moderno no mundo inteiro. O problema aqui é que São Paulo, que concentra 42% da produção industrial do país, agüenta que ele seja implantado? E você não pode quebrar São Paulo, porque quebrar São Paulo é quebrar o Brasil também. Então não é (uma coisa) trivial. É muito melhor a gente ir aperfeiçoando as reformas, na minha opinião, de maneira orgânica, com começo, meio e fim. Por exemplo, nós achamos que o financiamento deve ser público para as campanhas. Mas aí o PFL vai pro povão e diz: "como é que pode? Falta dinheiro para a saúde, para os hospitais e esses políticos querem agora tirar dinheiro da saúde para financiar foguete, camiseta, palanque e showmício?" Pronto, nós perdemos a discussão.


[ José Dirceu ] Mesma coisa com o voto em lista. Vai fortalecer a estrutura burocrática dos partidos.


[ Ciro Gomes ] Em parte, é verdade. O Roberto Freire é dono do PPS. E acabou. Na Constituição vigente os partidos são organizações da sociedade civil. A interatividade estatal sobre os partidos se dá exclusivamente na transferência do fundo partidário e na sua fiscalização. Mais nada. Se você faz um sistema de lista fechado, os partidos passam a ter ordem pública nas suas organizações, uma interatividade mais sofisticada. Mas isso tudo está em discussão.


[ José Dirceu ] A fidelidade acaba também tendo um corte.


[ Ciro Gomes ] Tem um corte seletivo. É o despotismo esclarecido. No Brasil nós temos uma meia dúzia de pessoas, não duvido que bem intencionadas, que acham ter a solução para as nossas contradições. E essas soluções são lusitanas, são sempre uma lei. Sempre acham que a contradição da sociedade vai ser resolvida por uma lei que pega ou não pega.


[ José Dirceu ] Eu concordo e não tenho dúvidas, porque o Senado aprovou a reforma política que não atinge senador.


[ Ciro Gomes ] Não aprovou.


[ José Dirceu ] Aprovou a dele. Não acabou com o suplente, não discutiu o papel do Senado. Aprovou tudo o que servia para a Câmara e não há maioria na Câmara para aprovar isso. O principal problema que eu vejo é que precisamos ganhar a opinião pública para a reforma.


[ Ciro Gomes ] Claro. Ou vai à plebiscito ou faz o despotismo esclarecido, transige e joga o ideal para daqui cinco eleições. Cada um de nós esquece a conjuntura, ou deixa assim. Ou faz uma reforma só dizendo o seguinte: ninguém mexe mais, vai ser essa regra aí, faz sempre eleições com ela.


[ José Dirceu ] Coalizão. Nós tivemos no Brasil, pela primeira vez, a expectativa de formar algum tipo para além da base de apoio, para além da aliança parlamentar para apoiar o governo, a idéia de formar uma coalizão. Na minha opinião, não existe coalizão alguma.


[ Ciro Gomes ] É a minha também.


[ José Dirceu ] Não se criou nada.


[ Ciro Gomes ] Você não tem a hegemonia moral, nem intelectual, e nem um lugar para ajuizar isso. Se tivesse a gente tinha ido para o povo nesse negócio da CPMF. Qual o papel que a população tem no processo político real do país? A população só é chamada para votar nas eleições. Acabou as eleições nós vamos fazer aqui no Congresso Nacional, o que der na nossa cabeça. Coadjuvados pelo partido da imprensa.


[ José Dirceu ] O mais poderoso.


[ Ciro Gomes ] É verdade.


[ José Dirceu ] Eu vejo que uma coalizão teria que ter instâncias, deliberar, discutir as políticas de governo, dirimir, escolher candidato. Eu pego a Concertación do Chile. É verdade que esta coalizão já vai para 20 anos daqui a pouco. Disputou várias eleições, já elegeu presidente quase que dos 3 partidos que pertencem à coalizão. Porque no Brasil, ou nós vamos ter isso ou nós vamos ter uma maioria de dois, três partidos, nós vamos lutar para que dois ou três partidos formem 251 deputados, 41 senadores, nós vamos continuar vivendo isso.Se nós somarmos a estrutura política como é – mandato individual praticamente, financiamento privado – somarmos essa realidade de que ninguém, nenhum partido faz maioria, os governos vão depender de nomeação para cargos, depender de emenda parlamentar. E é muito bom se ficar só nisso.


[ Ciro Gomes ] Era muito bom se ficasse só nisso.


Uma coalizão política tem que ter uma estratégia de país


[ José Dirceu ] Como você vê hoje o diálogo entre o PT e o PSDB?


[ Ciro Gomes ] Está bem melhor do que esteve num certo momento. Eu mesmo atuei muito fortemente porque temi muito aquilo que eu disse (o golpe), temi que os “respeitáveis” pudessem pegar o estratégico, o grave, o transcendental do país. Existe uma pequena nuance que nós precisamos estabelecer. Uma coisa é um governo sediado, como é o governo Lula, precisando tocar, solucionar os negócios do Estado hoje, agora. E é necessário – e agora, de novo, a dramaticidade da CPMF revela isso. As questões de Estado possuem essas emergências, essas complexidades, que exigem construção de maioria. Uma coalizão política tem que ter uma estratégia de país. Por exemplo, o PT tem direito, ou tinha naquela época, de canibalização, de escolher o presidente da Câmara? Quem diz que sim, quem diz que não? E como se pode dizer que não? É o maior partido, o partido do presidente, por quê não tinha o direito? Agora, o PC do B, um partido aliado, tinha o presidente da Câmara. Tinha direito de aspirar permanecer naquele lugar? Tinha, por que não? Como não há um instrumento claro e havia um quadro complexo, nós fomos divididos para esse embate dando prevalência as terceiras forças, que podem ser parceiras, mas que não partilham da mesma hegemonia moral e intelectual que nos reuniu num amplo espectro de centro à esquerda, com um pouco mais de ideologia, um pouco mais de preocupação estratégica, um pouco mais de ética. E naquele momento, houve essa confusão grave. Graças aos mesmos valores, isso está bastante atenuado hoje.


O que está em jogo é grave


[ José Dirceu ] O mesmo problema aconteceu com a disputa dentro do PT entre o Luiz Eduardo Greenhalgh com o Virgílio Guimarães. Houve a vitória do Severino, que a direita apoiou,jogou no nosso colo e nós não o apoiávamos. Mas ficou como se o Lula, o PSB e PC do B tivessem posto o Severino lá.


[ Ciro Gomes ] A idéia era botar o Severino para conceber o impeachment do Lula. A nossa sorte é que o Severino aderiu a nós.


[ José Dirceu ] A verdade é essa, nua e crua.


[ Ciro Gomes ] Eu me lembro que o Severino foi recebido com palmas, gente de pé, na FIESP. Lembro bem, a minha memória é implacável.


[ José Dirceu ] Nós estamos vivendo essa manipulação agora no Brasil, aberta e pública. Ela é feita com relação a disputas internas no PT, a uma série de denúncias, ao sistema eleitoral. Todos que são contra o chamado campo majoritário ganham manchetes nos jornais. Já quem não aderiu ao discurso da mídia, à moralidade udenista, não sai uma linha na imprensa.


[ Ciro Gomes ] Saiu uma lista discretíssima com tributos para a fundação do Fernando Henrique Cardoso, com valores inacreditáveis de R$ 500 mil da Sabesp. Inacreditáveis 500 mil reais da Sabesp.


[ José Dirceu ] Vamos tratar de uma última questão, Presidência da República em 2010. Eu concordo com o que você disse: o que interessa é o projeto, a continuidade de uma coalizão, que pode ser maior ou menor. É a garantia de que vamos realizar outro movimento, aprofundar as mudanças, que começaram com o primeiro mandato do Lula. Você vê chance de nós conseguirmos estabelecer, pelo menos entre o PT, PC do B, PSB, um espaço para isso?


[ Ciro Gomes ] Eu acho que não estaremos à altura da responsabilidade que o país espera de nós neste momento se nós não fizermos isso. O que está em jogo é grave. Primeiro, institucionalizar o avanço, que depende muito da personalidade do presidente Lula. Por exemplo, enquanto o Banco Central trabalhou, nesses quatro primeiros anos, para enxugar o crédito, Lula foi na contramão, pessoalmente, para expandir o crédito – para a agricultura familiar; para aposentados e servidores públicos, para a construção civil, que vive o momento mais rico na história do Brasil. Tudo isso eu vi o presidente Lula bancando na contramão, pessoalmente. No entanto, isso é muito débil do ponto de vista estratégico, de políticas públicas. A grande tarefa é institucionalizar.

A segunda grande tarefa é projetar a estratégia de desenvolvimento do Brasil, que o presidente Lula também já deu os indícios. Nós desmoralizamos a lógica neoliberal de não planejamento. O PAC é muito mais importante porque afirma a coordenação estratégica, o planejamento, do que propriamente pelo dinheiro. É um encerramento desse equívoco grave que quase arrebenta o país. É preciso fazer disso uma estratégia geral porque não vamos superar o GAP (atraso) tecnológico sem coordenação desse tipo; não vamos ser, enquanto país, protagonistas globais, se não fizermos isso.

E a terceira tarefa é não deixar – essa é tática, mas é grave – é não deixar a coalizão anti-povo, anti-nacional, voltar. E, por uma série de questões, eles são os favoritos. Tenhamos humildade, porque a disputa pela derrota é imbecil, além de irresponsável para com o país. Temos que dar uma certa faixa de autonomia ao Lula (no processo em 2010), porque a grande tarefa hoje é garantir que o presidente seja o protagonista que, espero, e que ele precisa ser.






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segunda-feira, dezembro 24, 2007







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quarta-feira, dezembro 19, 2007

Quem julga a vida não tem moral para defender a vida




O Natal da discórdia

Texto publicado em 18 de dezembro no site da Agência Carta Maior



Minha crítica à greve de fome de Dom Luís ofendeu leitores e constrangeu Carta Maior. A direção segurou o texto por dois dias e quando o publicou, dele se dissociou: “Posições oficiais da Carta são assinadas por mim, Editor Chefe, pelo seu diretor-presidente, Joaquim Ernesto Palhares, ou por ambos”. Assinado: Flávio Wolf de Aguiar, Editor Chefe. Leitores em penca reclamaram indignados contra sua publicação.
Já havia sentido a rejeição de muitos leitores ao modo irônico ou à crítica ao movimento ambientalista. Desta vez, parece que mexi num vespeiro. Levei o maior cacete. De fato, meu texto chega ao limite do sarcasmo porque fiquei revoltado com a distorção de informações sobre o projeto do São Francisco. Era preciso chocar para romper o emparedamento do debate. Mesmo porque está em jogo um divisor de águas no campo progressista que vai muito além do Rio São Francisco. Apesar de fugir ao meu estilo analítico costumeiro, adotando uma retórica dramática, eu tinha a boa informação.
Gostei do novo estilo. A maioria dos leitores, não. Vários me acusaram de desqualificar o bispo em vez de discutir seus argumentos. Quando enviei o artigo à redação, no domingo, dia 9, (com data para o dia 10), o bispo não havia explicitado seus argumentos em texto assinado. Só fez isso na Folha de S. Paulo do dia 12. Meu objetivo, que muitos leitores não captaram, era decifrar as razões da segunda greve de fome, já que, ao contrário da primeira, não a movia o motivo clássico desse gesto, que é forçar uma negociação. A partir dos pressupostos de que um governo democrático não poderia ceder à chantagem e o bispo, como um general da Igreja, sabia disso conclui que o Dom Luís queria mesmo era morrer. Foi ele quem se desqualificou. Eu apenas matei a charada, como diz um dos raros leitores que me apoiaram.
Agora, que o bispo explicitou seus argumentos, é possível refutá-los. Mas antes, quero falar de minhas divergências mais gerais. A primeira é em relação ao lugar do governo Lula na nossa história. Concordo com a maioria dos leitores que o governo Lula ficou aquém do que esperávamos, em especial na fase paloccista, e continua afogado em contradições. Lula fez uma aliança estratégica com os bancos? Fez. Eu mesmo apontei isso na Carta Maior. Mas criou o Pró-Uni, o Bolsa-Família, o programa Luz para Todos e o programa Quilombola; o programa de Agricultura Familiar, aumentou substancialmente o salário mínimo, dialoga com os movimentos populares; vestiu o boné do MST, o dos petroleiros e o das margaridas. Contribuiu para a o enterro da ALCA e promove a integração latino-americana. Criou o Banco do Sul e a TV Pública. Não é pouca coisa. Não sei se tudo isso “mudará o Brasil”. Sei que não quero entrar na história como um dos linchadores de Lula e de um governo que eu ajudei a eleger . Como disse Maria da Conceição Tavares, parodiando a confusão que se estabeleceu no Chile no governo Allende: “É um governo de merda mas é o nosso governo de merda.”
Minha segunda divergência diz respeito à dimensão política da luta pela defesa do meio ambiente. Uma coisa é levar essa luta debaixo do tacão de um regime militar, outra coisa é no interior de um governo democrático, sensível às demandas populares e sobre o qual temos enorme influência, em especial nos aparelhos de Estado que cuidam do meio ambiente e dos programas sociais.
Divirjo também da doutrina de muitos movimentos ambientalistas. Quando fui procurado pelo Greenpeace, para participar de sua fundação no Brasil, lá pelos anos 80, instintivamente recusei. Digo instintivamente porque somente há poucos meses topei com a teoria da minha recusa. Num pequeno artigo no Jornal do Brasil, Emir Sader dizia ser impossível tratar temas como a economia, sem considerar conceitos básicos da economia política, entre os quais o conceito de “imperialismo.”
É isso. Uma coisa é uma agenda ambientalista endógena, concebida por nós, que considere nosso estágio de desenvolvimento, nossas necessidades básicas e nossa correlação interna de forças. Outra coisa é aceitar acriticamente a agenda que vem de fora. Ou não perceber que também na luta ambientalista, incidem o fator de classe e o fator imperialismo. O Norte com renda per capita de 30 mil dólares pode propugnar até mesmo crescimento zero ou de emissão zero de CO2. O Sul com renda per capita de três mil dólares tem que se orientar necessariamente pelo conceito do desenvolvimento sustentado, aquele que preserva o meio ambiente e os recursos naturais, mas garantindo as necessidades básicas da população presente.
Uma parte do movimento ambientalista brasileiro não se orienta pelo conceito do desenvolvimento sustentado e sim por um paradigma criado por sociedades já bem abastecidas em tudo, e que preferem atribuir ao nosso território o papel de uma gigantesca reserva florestal, indígena e de biodiversidade do planeta Terra. Não estão nem aí para as necessidades básicas da população brasileira.
Para atender essas necessidades e nos tornarmos uma sociedade minimamente civilizada, precisamos construir cinco milhões de moradias, e levar a elas água, eletricidade e esgoto. Precisamos criar pelo menos trinta milhões de empregos. Erguer dezenas de escolas, hospitais e postos do Ibama e da Polícia Federal. Implantar vastas redes de transporte de massa, metrôs, hidrovias e ferrovias, tudo isso obedecendo padrões avançados de controle ambiental. Os números são todos grandes. Mas temos recursos para isso. Nunca se ganhou tanto dinheiro no país com as exportações. É preciso lutar por políticas públicas que aloquem esses recursos em benefício da população, Mas os ambientalistas foram tomados pela cultura do não. Nada pode ser feito e, se for grande, é ainda mais condenável. Temos uma frente nacional “contra” os transgênicos, outra contra o projeto do São Francisco, e logo logo teremos, se é que já não temos, a frente nacional contra as barragens, contra o uso de células tronco e contra as estradas de integração continental. É o autismo frente às carências do povão, o fundamentalismo na luta pelo meio ambiente, e o ludismo na reação contra os avanços da biotecnologia.
Deveríamos ter, isso sim, uma frente nacional pelo zoneamento agrícola, outra pelo imposto sobre a exportação de commodities, e mais outra pela atualização dos índices de produtividade agrícola (sem o que é impossível a desapropriação para fins de reforma agrária). Uma frente nacional pela ocupação ordenada da Amazônia, outra pela integração continental. Tínhamos que pressionar pela recuperação das pequenas hidrelétricas, desativadas pelo regime militar e lutar ao mesmo tempo pela construção das de maior porte, por gerarem energia limpa, renovável e barata, a um baixo custo social.
Na oposição ao projeto da adutora do São Francisco, os traços de fundamentalismo se adensaram perigosamente, quando a Igreja se meteu na história. Leiam de novo a mensagem de apoio de Leonardo Boff a Dom Luiz, enviada por um dos leitores indignados com meu artigo. O mesmo Leonardo Boff que observou dias atrás ser incorreto discutir a existência de Deus à luz da ciência, porque a fé é uma questão de imaginação e espiritualidade, agora convoca a fé para combater um projeto terreno de captação de águas de um rio. “Acompanho com respeito e sustento com todo o coração sua decisão de doar a vida para que haja mais vida para os pobres e para o rio São Francisco... Sua opção não é a de um suicida mas de um homem livre, capaz de amar até o fim, amparado no Deus de Jesus ...” E vai por aí a fora, citando passagens da escritura e invocando repetidamente o nome de Deus.
Lembrei-me do segundo mandamento: “Não invocarás o nome de Deus em vão”. E também do oitavo: “Não levantarás falso testemunho.” Isso porque são falsos os argumentos de Dom Luiz, da CPT e da CNBB contra o projeto. Há restrições e críticas sérias ao projeto, mas as dos bispos são inconsistentes, resvalando para o demagógico.
O bispo começa pelo argumento de que Lula não tinha mandato para tocar esse projeto porque evitou discuti-lo durante a campanha eleitoral. Disso conclui que Lula governa autoritariamente, que Lula e não ele é o inimigo da democracia. “Vivêssemos numa democracia republicana, real e substantiva, não teria que fazer o que estou fazendo,” escreve Dom Luís. Outro bispo, Dom Tomás Balduíno, em artigo no Estadão, vai além: diz que “quem dividiu o país, e até a Igreja, foi Lula e não Dom Luís Cappio.”
Vamos perdoar a menção a uma “democracia republicana” por parte de uma Igreja que se opõe ao divórcio e ao uso da casmisinha. Digamos que foi um erro de digitação. Esses bispos se esquecem que depois de Lula ser eleito, a história seguiu seu curso e ele também foi re-eleito, numa segunda campanha em que a prioridade dada ao projeto já era notória. E mais: o presidente recebeu votação esmagadora na re-eleição exatamente nos Estados do Nordeste, onde vai se dar essa importante intervenção.
Lembro ainda que, por ordem do presidente, o ministro Ciro Gomes agendou uma rodada de discussões com Dom Luiz , como parte do acordo para acabar com sua primeira greve de fome. Mas Dom Luís não compareceu. Foi ele que não quis discutir.
O bispo escreve e repete que 70% da água transposta vai para uso industrial, 26% para uso agrícola e 4% para a população difusa. Isso provaria que o projeto foi feito para servir grandes empreendimentos agro-pecuários e industriais. Mas a verdade é que as águas vão perenizar os mesmos rios e abastecer exatamente os mesmos sistemas municipais, açudes e sabespes, atualmente em operação, e que já sofrem crises periódicas de abastecimento mesmo na ausência de secas.
Não encontrei no Relatório de Impacto Ambiental, (RIMA) os números do bispo, por mais que procurasse. Encontrei sim este trecho: “A demanda urbana das áreas que serão beneficiadas pelo empreendimento foi avaliada em aproximadamente 38 metros cúbicos por segundo no ano de 2025. Desse total, cerca de 24 metros cúbicos por segundo correspondem ao consumo humano e 14 metros cúbicos à demanda industrial”. Portanto, pelo menos em relação à proporção demanda humana-demanda industrial, o bispo está errado. Diz ainda o RIMA: “o projeto foi planejado procurando atender o maior número de pessoas possível.”
Confira em www.mi.gov.br/saofrancisco/integracao.rima.asp.
A adutora não foi feita para abastecer nenhum projeto especifico de agro-business ou industrial; ela reforça as adutoras e açudes já existentes, dando ao Nordeste uma perspectiva de longo prazo de desenvolvimento econômico, urbano, agrícola. O bispo não menciona quais seriam esses projetos gigantes. Procurei exaustivamente e acabei encontrando a origem da desinformação: um documento da Comissão Pastoral da Terra, hoje a principal produtora de falácias contra o projeto ao ponto de desbancar a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) que não admitia perder uma gota do rio que aciona seus geradores em Paulo Afonso.
A CPT alega que a adutora “vai servir para a siderúrgica do Pecém, vai servir para a agroindústria do Apodi.”. Ora, a siderurgia do Pecém fica próxima ao litoral, no Ceará, distante centenas de quilômetros do ramo Norte do projeto, que mal entra no Ceará, desviando-se em direção à Paraíba e Rio Grande do Norte, depois de reforçar o Riacho dos Porcos. Desse riacho até Pecém são centenas de quilômetros de rios que até mudam de nome e passam por açudes diversos. Não tem nada a ver com a siderúrgica, que já tem abastecimento local assegurado de 2 metros cúbicos por segundo, para um consumo de apenas 1,73 metros cúbicos por segundo.
Esses dados foram admitidos pela Agência Brasil, do MST ( www.brasildefato.com.br) Como contradizem o argumento da CPT, a agência alega que no futuro, quando outras indústrias forem atraídas pela siderúrgica, “caso o complexo prospere, a demanda de água superará a oferta atual”. Notem o ato falho na utilização da palavra “prospere”. Eles não querem que nada prospere. Também omitem que a siderúrgica vai produzir placas grossas, para exportação, e não as placas finas que atrairiam empresas metalúrgicas de processamento.
Mais falacioso ainda é chamar a agricultura de Apodi de agro-business, ao modo de um palavrão que desclassifica tudo. Apodi é uma história de sucesso e exuberância agrícola e grande diversidade de produção e formas de propriedade. Ali cresce, graças à Embrapa, a mais produtiva variedade de acerola. Ali o governo federal está implantando um projeto específico de financiamento da agricultura familiar. Ali existem seis assentamentos agrícolas e três cooperativas de produtores. Ali o governo instalou também um projeto de três mini-fábricas familiares para o processamento da castanha do caju, e um outro que vai beneficiar 400 pequenos produtores de mel. Um único projeto de irrigação em andamento no Apodi, com água pressurizada, vai atender mais de 200 agricultores.
Todas essas falácias e mais algumas foram inventadas pela CPT depois que se desmoralizou o argumento principal anterior de que a adutora ia secar o Rio São Francisco. Ocorre que em julho de 2004, depois de intensos debates técnicos, o governo inverteu a lógica do antigo projeto pelo qual as águas do São Francisco seriam transpostas para os sistemas do semi-árido sempre que seus açudes estivessem baixos, sem levar em conta o nível da represa de Sobradinho. Ficou decidido que será retirada uma quantidade mínima para garantir o consumo humano, e só quando Sobradinho tiver excesso de água, a captação será maior. Na sua nova formulação são retirados 26,4 metros cúbicos por segundo, cerca de 1% da vazão no local da captação, e somente quando Sobradinho estiver vertendo, ou seja, botando fora excesso de água, a captação pode aumentar, mesmo assim até o limite de 87,9 metros cúbicos. O RIMA estima que na média anual, a perda do rio vai ficar em 65 metros cúbicos por segundo.
Mas no sertão beneficiado o ganho é muito maior porque ao eliminar a insegurança a adutora diminui a necessidades de armazenamento dos açudes existentes, reduzindo as perdas por evaporação de seus espelhos de água em 22,5 metros cúbicos por segundo. É um efeito de “sinergismo, que segundo o RIMA, nunca existiu antes em projetos de adutoras. Por tudo isso, a nota técnica 492 da Agência Nacional de Águas (ANA) de setembro de 2004 avalizou o projeto.(www.ana.gov.br). Um ano depois a ANA concedeu ao Ministério da Integração a outorga definitiva para o uso dessas quantidades, através das resoluções 411 e 412. Está tudo na internet. Aliás, o portal do Ministério do Meio Ambiente, que abriga a maioria dessas informações, é muito abrangente.
Sem o argumento de que o rio vai secar, os padres passaram a argumentar que há um outro projeto, o Atlas do Nordeste, elaborado pela ANA, mais barato, custando apenas R$ 3,6 bilhões, metade do custo do São Francisco, e beneficiando três vezes mais gente, 44 milhões. É tudo falso, no atacado e no varejo. Ou um “equívoco”, como diz educadamente o presidente da ANA, José Machado: “Em primeiro lugar o Atlas não pode ser considerado um programa ou projeto. É na verdade, um portfolio de eficientes soluções técnicas para serem eventualmente financiadas. Não visou equacionar o problema da segurança hídrica do Nordeste, uma vez que não se tratou do atendimento de usos múltiplos da água, como a produção de alimentos e irrigação. Também não foi considerado o abastecimento das sedes municipais com menos de cinco mil habitantes, dos distritos, vilas e núcleos rurais. Por outro lado, o projeto de Integração do São Francisco com as bacias hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF) é um projeto de desenvolvimento regional com perspectiva de conseguir benefícios que se estendam para além de 2025. O Atlas e o PISF são, pois, iniciativas distintas, em sua gênese, seus objetivos e em sua área de abrangência. Não são conflitantes”.
Apenas um quinto dessas soluções técnicas já tinha projetos, mesmo assim abandonados. O Atlas é um mapeamento do que prefeitos deveriam ter feito e não fizeram. Mostra que é assustador o número de municípios com mais de cinco mil habitantes em situação critica de abastecimento de água: 90% deles em Alagoas, 81% no Ceará, 65% no Rio Grande do Norte e assim por diante. O motivo é simples: é o controle da maioria dessas prefeituras por grupos locais de interesse, fazendeiros e forças conservadores ou prefeitos corruptos. Além disso, abarca apenas metade dos 2116 municípios dos dez estados analisados, os que tem mais de cinco mil habitantes. Portanto é o oposto do argumento dos bispos, de que suas soluções atendem os pequenos enquanto a transposição atende os grandes. É falso também que beneficiariam 44 milhões de habitantes. Essa é população total da região e não a população específica dos municípios mapeados.
Outro argumento falacioso é o de que o governo preferiu o grande para favorecer as empreiteiras e por isso abandonou o projeto das cisternas. Trata-se da falácia da falsa premissa. Não é verdade que o governo preteriu o projeto das cisternas. O governo apoiou com entusiasmo desde o início a proposta da Articulação do Semi Árido , que reúne 700 ONGs, incluindo-a no seu programa de Combate à Fome. Foi criada uma entidade especial para gerir o programa, que recebe recursos do governo e de empresas privadas. Lula inaugurou a primeira cisterna, justamente para dar força ao projeto. Trata-se de um projeto sofisticado, em que os moradores mesmo constroem as cisternas recebendo treinamento e suporte de uma rede de ONGs. Quando as ONGs, para as quais foram repassados os recursos se revelaram vagarosas demais, o governo entrou de sola para acelerar o programa e no último mês de julho o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome lançou o edital 13/07, oferecendo mais R$ 10 milhões a entidades que queiram entrar no programa. A meta de construir um milhão de cisternas está de pé. Já foram construídas 220 mil. Cada cisterna consegue armazenar pelo menos 10.500 litros de água, o suficiente para necessidades básicas de uma família de cinco pessoas. Mas não o bastante para uso agrícola, mesmo no caso da agricultura de subsistência. As cisternas são a solução para água de beber, de banho, de cozinhar e lavar em residências isoladas, esparsas, na área rural, onde os sistemas municipais de abastecimento não chegam. Não podem ser construídas nas cidades. Um projeto complementa de forma ideal o outro.
Nos últimos documentos da CNBB, em textos de Frei Betto, de Leonardo Bosff e outros, surgiu um novo argumento, o de que o projeto “não vai levar água aos índios e quilombolas”. Tanto quilombos quanto aldeamentos indígenas por definição se situam em regiões isoladas mas com boa oferta de água. Foram os locais onde se fixaram, fugindo dos bandeirantes assassinos e capitães de mato. A esses locais o Luz para Todos está levando eletricidade, que não havia. Mas água já tem.
Os padres também alegam que o projeto é pleno de ilegalidades. É bem o contrário. Seus opositores é que vem se valendo de truques legalísticos, para obstar projetos que passaram por todos os crivos técnicos das agencias reguladores e todos as votações de comitês de bacias. Entram na justiça com pedidos de liminares, sabendo que justiça vai demorar anos para entrar no mérito. Sempre que o mérito é julgado, o projeto é aprovado. Além disso, ambientalistas tem impedido o fechamento de atas de audiências públicas à força. Várias das audiências do São Francisco foram interrompidas à força. Eu pergunto: de que lado está o autoritarismo?
Termino perguntando: Será que por trás dessa campanha contra a adutora do São Francisco não está o ressentimento pela perda do rebanho dos pobres, que hoje tem um cartão Bolsa-Família? Ou dos pobres que se libertariam da opressão da falta de água no Nordeste? Ou será que estamos testemunhando o enquadramento da Igreja de Libertação na encíclica Spe Salvi , lançada pelo papa e ex-corregedor da fé, Ratzinger, o mesmo que pediu a expulsão de Leonardo Boff da Igreja? Essa encíclica reafirma a renúncia à libertação terrena em nome de uma salvação na dor e na morte. Além de lembrar vivamente a tragédia de Dom Luís, é imobilista e reacionária. Deixa o campo da história para as forças conservadoras deitarem e rolarem, impedindo a Igreja de Libertação de disputá-lo com um projeto secular de transformação social.



Bernardo Kucinski é jornalista.



http://www.pt.org.br/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=9581&Itemid=201

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segunda-feira, dezembro 17, 2007

Lula: 'Rejeição da CPMF pelo Senado não é o fim do mundo'









Café com o presidente
http://cafe.radiobras.gov.br/Aberto/Cafe/Presidente

BRASÍLIA e MONTEVIDÉU - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira em seu programa de rádio "Café com o presidente" que a não-prorrogação da CPMF pelo Senado não é o fim do mundo e faz parte do jogo democrático. Ele voltou a descartar a criação de imposto como compensação à perda de arrecadação. O presidente assegurou que o governo encontrará uma solução sem ameaçar o desempenho da economia.
- Não há motivo para qualquer precipitação, para anunciar medidas de forma extemporânea, para anunciar novos impostos. Vamos sentar e vamos ver qual foi o estrago, o que fazer para colocar no lugar. Obviamente, nós vamos ter que arrumar uma grande parte desse recursos - completou.

Medidas serão anunciadas até o fim de semana, diz Mantega
Em Montevidéu, onde participa de uma reunião de ministros do Mercosul, Mantega afirmou nesta segunda que pretende anunciar até o final da semana quais medidas serão adotadas pelo governo para compensar o fim da CPMF. Ele disse que ainda não é o momento de se pensar em PEC (Proposta de Emenda Constitucional) para criação de novos tributos.
- Até o final da semana serão anunciadas medidas para compensar as perdas da CPMF. Até lá não tenho nada a dizer, vamos discutir. Não é o momento de falar em PEC porque temos que, emergencialmente, adaptar o Orçamento à nova realidade. Em um segundo momento, vamos tratar da questão do orçamento da Saúde. O país precisa crescer o ano que vem. As medidas vão ser construídas e elaboradas de forma a causar o menor dano à economia - disse Mantega.
Mantega também disse que não há nada definido sobre congelamento de salários e que as medidas do governo não serão motivadas por disputas eleitorais.
- Não há nada definido sobre isso, não adianta fazer especulações. Estamos analisando todas as medidas, sem pensar no período eleitoral - afirmou o ministro.

'Vamos tomar todas as medidas para não mexer no PAC'
Lula admitiu que o governo terá de repensar os cálculos para 2008, porém destacou que ainda debaterá o assunto com a equipe econômica e repetiu várias vezes que não tomará medidas que coloquem em risco a economia. Na quarta-feira, Lula vai se reunir com os ministros para avaliar os impactos do fim da CPMF.
- O Brasil está aprendendo a gostar das coisas boas que estão acontecendo. O povo está recuperando sua auto-estima e, finalmente, o Brasil se encontrou consigo mesmo. Não vou permitir que nada, nada, absolutamente nada atrapalhe os bons momentos que vive o Brasil - afirmou.
O presidente disse ainda que não mexerá no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) ou nas políticas sociais por conta do fim da CPMF.
- As políticas sociais vão continuar acontecendo. Vamos tomar todas as medidas para não mexer no PAC, para não mexer nas políticas sociais. Se a economia crescer, certamente vamos ter possibilidade de arrecadar mais dinheiro. Se for necessário fazer algumas mudanças, vamos, com muito cuidado, com muito critério, tomar essas medidas nos próximos dias, mas sem criar qualquer problema para a tranqüilidade que vive a economia brasileira - acrescentou.
- As pessoas ficam se perguntando quem perdeu, se foi o Lula, se foram os governadores, ou seja, na verdade, quem perdeu foi o país. Perderam quase 6 mil prefeitos do Brasil, perderam 27 governadores de estado e perdeu toda a população brasileira que utiliza o Sistema Único de Saúde, que utiliza o SUS - afirmou.

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"o resultado da CPMF é daquelas coisas importantes da democracia"

Apresentador: Olá, você, em todo o Brasil. Começa agora o programa de rádio do presidente Lula. Tudo bem, presidente?
Presidente: Tudo bem, Luiz.
Apresentador: Presidente, o Senado Federal não aprovou a prorrogação da CPMF. São R$ 40 bilhões a menos no orçamento a partir do ano que vem. O que o governo vai fazer para manter a estabilidade do país e os diversos programas sem esses recursos, presidente?
Presidente: Luiz, primeiro, manter a estabilidade não dependia da CPMF, dependia única e exclusivamente da nossa responsabilidade em manter uma política de ajuste fiscal dura, de controlar a inflação e não permitir que o Estado gaste mais do que aquilo que é a sua capacidade de arrecadar. Isso é uma coisa sagrada, isso eu aprendi a fazer na minha casa com meu orçamento durante a vida inteira e eu faço como presidente da República. A segunda coisa é que o resultado da CPMF é daquelas coisas importantes da democracia. Nós tivemos a maioria, mas não ganhamos. Por que? Porque a emenda constitucional exigia que nós tivéssemos 49 votos e nós tivemos quatro pessoas, teoricamente, da nossa base que votaram contra. As pessoas ficam se perguntando quem perdeu, se foi o Lula, se foram os governadores, ou seja, na verdade, quem perdeu foi o país. Perderam quase 6 mil prefeitos do Brasil, perderam 27 governadores de estado e perdeu toda a população brasileira que utiliza o Sistema Único de Saúde, que utiliza o SUS. Acabou o mundo? Não. Agora, vamos ter que pensar, vamos ter que refletir, vamos ter que ver como vamos arrecadar uma parte desses recursos, porque nós não podemos ser irresponsáveis com a saúde brasileira, em função dos votos de alguns senadores. Vamos trabalhar com muita maturidade, com muita compreensão e vamos encontrar uma solução.
Apresentador: O que o senhor está pensando em fazer, presidente? Mexer no orçamento, criar novos impostos, como é que o senhor está pensando em renovar esse dinheiro perdido da CPMF?
Presidente: Não há nenhum motivo para qualquer precipitação, não há nenhum motivo para anunciar medidas de forma extemporânea, para anunciar novos impostos. Vamos sentar e vamos ver qual foi o estrago, o que fazer para colocar no lugar. Obviamente, nós vamos ter que arrumar uma grande parte desse recursos. Como fazer? Eu preciso discutir com o ministro da Fazenda, discutir com o ministro do Planejamento, para que a gente possa tomar as atitudes mais maduras possíveis, mais conscientes, sem nenhum atropelo. Eu preciso ter em conta, Luiz, que o Brasil está indo bem, a economia está bem, o trabalho está crescendo. Nós temos uma boa perspectiva para 2008 e eu não quero que nada atrapalhe. O Brasil está aprendendo a gostar das coisas boas que estão acontecendo no Brasil. O povo está recuperando sua auto-estima e, finalmente, o Brasil se encontrou consigo mesmo e eu não vou permitir que nada, nada, absolutamente nada atrapalhe os bons momentos que vive o Brasil.
Apresentador: Você está ouvindo o Café com o Presidente. Falamos sobre a CPMF, sobre a economia brasileira. Presidente, segundo uma pesquisa do Datafolha, e foi destaque na Folha de São Paulo deste domingo, o crescimento econômico tirou 20 milhões de pessoas das classes D e E, levando essas pessoas para a classe C. Como é que o senhor analisa essa pesquisa?
Presidente: Luiz, eu não poderia ter um final de ano melhor, ou seja, nós trabalhamos para isso. Quando fizemos o sacrifício do ajuste fiscal em 2003, era porque nós achávamos que mais à frente nós iríamos colher. Há um conjunto de políticas sociais que foram implantadas a partir de 2003 e que vêm ganhando força a cada ano. E, sobretudo, o crescimento da economia, o crescimento do emprego na construção civil, na indústria, no comércio vem possibilitando que a gente comece a perceber que a geração de empregos como em nenhum outro momento da história do Brasil. Isso demonstra que as coisas vão acontecendo no Brasil. Então fiquei feliz, obviamente, fiquei muito feliz e quero mais boas notícias dessas. Nós queremos, na verdade, é que o Brasil tenha menos pobre e tenha mais gente na classe média brasileira.
Apresentador: Como ficam os programas sociais, presidente, juntando essas duas notícias: crescimento por um lado e perda da arrecadação da CPMF por outro?
Presidente: As políticas sociais vão continuar acontecendo. Nós vamos tomar todas as medidas para que a gente não mexa no PAC [o Programa de Aceleração do Crescimento], para que a gente não mexa nas políticas sociais. E vamos ver: se a economia crescer, certamente nós vamos ter possibilidade de arrecadar mais dinheiro. Se for necessário fazer algumas mudanças, nós vamos com muito cuidado, com muito critério, tomar essas medidas nos próximos dias, mas sem criar qualquer embaraço ou qualquer problema para a tranqüilidade que vive a economia brasileira.
Apresentador: Presidente, nos últimos dias, o senhor dedicou parte de seu tempo em visitas a países da América do Sul. Nós estamos gravando aqui na Base Aérea de Brasília, onde o senhor daqui a pouco embarca para a Bolívia. Como está a integração desse bloco?
Presidente: Eu estou muito satisfeito com a integração da América do Sul, sobretudo com os bons resultados no Mercosul. Eu tenho dito que o Brasil, como é a maior economia da América do Sul, como é a maior economia do Mercosul, o Brasil paga o preço de ser a economia mais forte, o país mais industrializado, o país que tem mais tecnologia, de fazer concessões para que os outros países possam crescer junto com o Brasil. Ou seja, Brasil e Argentina têm que ajudar a Bolívia, têm que ajudar o Uruguai, têm que ajudar o Paraguai, permitindo que a gente compreenda que a integração é a saída melhor para todos os países da América do Sul.
Apresentador: Obrigado, presidente e até semana que vem
Presidente: Obrigado a você, Luiz e obrigado aos nossos ouvintes. Até a semana que vem.
Apresentador: O Café com o Presidente volta na próxima segunda-feira. Até lá e um abraço para você.

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sábado, dezembro 15, 2007

Existem hoje no Brasil, como existiram em 1964, novos traidores do país









História trágica:

Ouça como foi pedida, na Casa Branca, a cabeça de um presidente brasileiro

- por Luiz Carlos Azenha (http://viomundo.globo.com/)

Uma conversa telefônica entre o então presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, e um de seus assessores, George Bell, subsecretário de Estado, em março de 1964, deveria fazer parte do currículo de História do Brasil.
Agora, que a internet facilita a transmissão e a consulta a dados em áudio e vídeo, a conversa poderia ser usada tanto para ensinar inglês quanto para ensinar História e Geografia.
Os dois discutiam medidas políticas e militares para garantir o sucesso da "Revolução Redentora". Graças ao fato de que os americanos prezam a preservação de sua própria História, a gravação da conversa hoje pode ser ouvida por qualquer um.
Um dos momentos mais bizarros dela se dá quando Johnson, que não parece aceitar um resultado que não seja a derrubada do governo brasileiro, pergunta ao assessor quantos são os estados no Brasil. O assessor consulta o assessor do assessor e responde 19, depois muda para 21, depois diz que não importa, os estados mais importantes estavam com eles (Guanabara de Carlos Lacerda, São Paulo de Adhemar de Barros e Minas Gerais de Magalhães Pinto, o homem do guarda-chuva do Banco Nacional, um dos primeiros patrocinadores do Jornal Nacional).
Os assessores de Johnson acreditavam que o Brasil estava a caminho de se tornar um país comunista em pleno quintal americano. Um novo Vietnã? Outra Cuba? O que ninguém te conta é que Johnson concorreria à reeleição naquele ano, tinha herdado o poder depois do assassinato de John Kennedy e a Guerra Fria corria solta. Johnson queria se eleger presidente, como qualquer outro político faria. Qual era o maior risco para ele - e continua sendo para qualquer presidente americano? Ser taxado de fracote, de molenga com o "inimigo", seja ele Fidel Castro, bin Laden, Hugo Chávez ou o Zebedeu.
Johnson deu gás à guerra do Vietnã, o que em 1968 custaria a ele a carreira política. Mas, quando recebeu a chamada, estava de olho em seus financiadores de campanha e queria evitar a qualquer custo a acusação de "perder" o Brasil para o bloco soviético. Johnson, é óbvio, conhecia o Brasil de "ouvir dizer". O negócio dele era a reeleição.
A TV Viomundo, sempre preocupada com a sua informação e diversão, proporciona a você este momento histórico, em que um caipira do interior americano decide o destino de milhões de brasileiros.

Clique aqui:

JOHNSON PEDE A CABEÇA DE JOÃO GOULART

Publicado em 13 de dezembro de 2007

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quinta-feira, dezembro 13, 2007

ACABOU O JOGO DUPLO, A BANCADA DA FOME MOSTROU A CARA



CPMF: CONSERVADOR E TRABALHISTA
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 818

. Uma das vantagens – talvez a única – de acabar com a CPMF é deixar claro quem é conservador e quem é trabalhista.

. Os tucanos são conservadores
. O PT é trabalhista (*).
. O PMDB é o partido de centro, governista, o PSD da República de ’45.
. Os tucanos são a UDN, os “marmiteiros” do Brigadeiro Eduardo Gomes.
. O PT, o PTB de Vargas.
. É uma divisão clássica, que se observa em sociedades maduras e se consolidava no Brasil, até que se instalaram os anos militares.
. Como em qualquer país de democracia madura, os conservadores querem cortar impostos e os trabalhistas querem dar dinheiro aos pobres.
. Nos casos extremos, os conservadores incorporam o neo-liberalismo.
. Na América Latina, o neo-liberalismo foi a doutrina que aplicaram Salinas, do México (refugiado na Irlanda), Fujimori do Peru (preso), Menem da Argentina (na mira da Justiça, permanentemente) e o Farol de Alexandria, ideólogo do fim da CPMF (além de Mário Covas, direto do além).
. A vantagem de o quadro político ficar assim mais nítido é que, com o fim da CPMF, os tucanos não podem mais fazer o jogo duplo – o jogo dos “esquerdistas a favor do avanço” e ser barriga de aluguel dos bancos, da Fiesp e da Associação Comercial.
. E, na hora da verdade, derrubar o imposto que financiava a saúde, o Bolsa Família e a previdência do trabalhador rural.
. Não dá mais para o Farol de Alexandria fingir que ainda é marxista e trabalhar para os bancos, a Fiesp e a Associação Comercial - os clientes preferenciais de suas palestras de R$ 50 mil.
. Chegar em Brown e posar de “estadista progressista”.

. Porque no Governo de FHC – que criou a CPMF –, o dinheiro da CPMF ia para o Ministro Malan pagar a dívida interna ...
. Também não dá mais para José Serra ficar de boca fechada e seus epígonos dentro e fora do PIG espalharem que ele é um progressista, adversário ferrenho do neo-liberalismo.
. Como disse na Folha de S. Paulo, o filósofo Paulo Arantes: “o que pensa esse rapaz ?” – o Serra ?
. Não precisa pensar nem falar: ele é o presidente eleito de um partido em que TODOS os treze senadores votaram contra a CPMF.
. Vai ser interessante Serra explicar isso na Favela do Real Parque, ao lado do Farol de Alexandria e de Arthur Virgilio Cardoso.
(*) Por falar em trabalhistas, louve-se a posição do PDT, que votou em bloco pela manutenção da CPMF, depois de receber um documento assinado pelo Ministro José Múcio, em que o Governo se comprometia com a austeridade fiscal e recursos para a saúde e educação.
Clique aqui para ler "Não Coma Gato por Lebre".
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/470001-470500/470224/470224_1.html

Sobre esse assunto, o Conversa Afiada também publicou:

QUEM TRAIU O GOVERNO

Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 819
. Senadores que fazem parte da “base aliada” e votaram para acabar com a CPMF:
. Cesar Borges (PR-BA)
. Expedito Junior (PR-RO)
. Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
. Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE)
. Mão Santa (PMDB-PI)
. Romeu Tuma (PTB-SP)

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quarta-feira, dezembro 12, 2007

A avaliação do governo Lula chegou em dezembro ao maior patamar do ano


BRASÍLIA - A avaliação do governo Lula chegou em dezembro ao maior patamar do ano, subindo três pontos percentuais segundo a pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento divulgado nesta quarta-feira mostra que a parcela dos entrevistados que avaliam o governo como ótimo ou bom ficou em 51% contra os 48% registrados em setembro.
Para o diretor de relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Marco Antônio Guarita, três fatores influenciaram o crescimento da avaliação positiva do governo Lula. O primeiro deles é a percepção de melhora da economia,o segundo é o aumento da visão de que o noticiário é positivo ao governo e o terceiro é sensação, presente em 50% da população, de que a vida melhorou nos últimos dois anos.
- Esse último é o mais importante. A gente sabe que pesquisas feitas no final do ano podem ser influenciadas pelo otimismo das festas e do 13º, mas o desempenho da economia realmente contaminou a população - disse.
Guarita também credita à percepção de evolução econômica a grande crença dos jovens da melhora de suas vidas.
- Eles são muito sensíveis às perspectivas no mercado de trabalho. Quando a economia mostra aquecimento, isso impacta muito nos jovens - afirmou.
Entre os pontos de melhora nas expectativas está a queda do número de pessoas que acredita que a inflação vai aumentar (de 52 % para 49%) e dos que crêem que o desemprego vai crescer (de 52% para 46%).
Aprovação de Lula permanece alta
A aprovação do presidente Lula permaneceu elevada. O patamar saiu de 63% em setembro para 65% agora, dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais. O índice de desaprovação a Lula caiu, de 33% para 30% nessa comparação. O saldo entre aprovação e desaprovação ficou positivo em 35 pontos, frente aos 30 pontos do estudo antecedente.
2007 foi ano bom ou muito bom para 79%
Para 8% dos entrevistados na pesquisa CNI/Ibope, 2007 foi um ano muito bom; foi bom para 71%. Sendo assim, soma 79% de avaliação positiva do ano. Consideraram 2007 ruim ou muito ruim 15% e 5% dos respectivamente.
O contentamento em relação a 2007 cresceu em relação a setembro por dois pontos: o percentual de bom cresceu de 71% para 68% e o de ruim caiu de 18% para 15%. Os demais fatores não se alteraram nos três meses.
A expectativa para 2008 cresceu nos últimos três meses: em setembro 18% esperavam que 2008 fosse muito bom, agora são 36%. O percentual de "bom" caiu de 63% para 52%. Por outro lado, a expectativa ruim caiu de 10% para 4% e a muito ruim se manteve em 3%. Somado bom e muito bom, a expectativa positiva cresceu de 81% para 88%.
A pesquisa foi realizada entre 30 de novembro e 5 de dezembro. Foram 2.002 entrevistas em 141 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
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A notícia de que os brasileiros estão poupando mais tem um significado especial, porque desmente cabalmente os abutres que tentavam desqualificar as políticas federais de ampliação do crédito popular alegando que elas estariam endividando o povo e conduzindo a um cenário de calotes. Há algumas semanas, inclusive, o Globo estampou manchetão na primeira página que atribuía a queda no lucro da Caixa Econômica Federal ao calotes de pequenos devedores. Eu denuncei a farsa e o volume recorde da poupança aponta para uma situação inversa. Os brasileiros não apenas estão pagando suas contas como estão conseguindo guardar um pouco. Naturalmente, há discrepâncias profundas na sociedade, com gente gastando o que não tem e outros fazendo verdadeiros milagres para conseguir guardar uma merreca qualquer no fim do mês.
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terça-feira, dezembro 11, 2007

SUICÍDIO MIDIÁTICO





"E se amanhã o frei se metê lá na cabeça dele que quer acabar com a camisinha... e fizer greve de fome pra que ninguém mais use camisinha?!"

sábado, dezembro 08, 2007

QUEM É CONTRA A CPMF?




FIQUE ESPERTO,
TEM JORNALISTA
QUE ANDA NA COLEIRA...







O problema do pobre

Adib D. Jatene*

Nenhum dos argumentos catastróficos contra a CPMF se confirmou. O que é inegável é que ela é um indicador da sonegação

Quando ocupei a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo (1979 a 82), chamou a minha atenção a diferença gritante entre o número e a qualidade dos centros de saúde no interior e os existentes na Grande São Paulo.
Era difícil entender que os municípios do interior, com 49% da população do Estado, tivessem 549 centros de saúde -quase a totalidade- em prédios especialmente construídos, e a Grande São Paulo, com 51% da população, tivesse 257, dos quais só 54 especialmente construídos. Os demais ocupavam casas alugadas, totalmente inadequadas, na periferia da capital e em cidades-dormitório.
A perplexidade começou a se desfazer quando resolvi atender a convites para ir a assembléias populares, convocadas pela população, apoiadas nas comunidades eclesiais de base. Eram reuniões agressivas e difíceis, mas me ensinaram aquilo que todo homem público deve incorporar. Ficou claro, para mim, que os pleitos eram simples e legítimos, como ter onde vacinar seus filhos -e não tinham!
Foi a partir daí que criei a frase: "O grande problema do pobre não é ele ser pobre, é que o amigo dele também é pobre!". Ele não tem amigo que fale com quem decide, que marque uma audiência, que o ajude a elaborar um projeto, que negocie financiamento.
Ele está confinado em áreas pobres, com deficiência de saneamento básico, problemas de segurança, transporte, educação, saúde, lazer etc. Isso nos moveu a elaborar o Plano Metropolitano de Saúde: propusemos construir 490 centros de saúde e 40 hospitais nas áreas mais carentes. Passados 25 anos, menos de dois terços da proposta foram construídos -e a população saltou de 12 milhões para 18 milhões de habitantes.
Quando, em 1999, estudei a distribuição dos leitos hospitalares na cidade de São Paulo, com 10 milhões de habitantes e dividida em 96 distritos, a situação continuava da maior gravidade. Em 25 distritos, com 1,8 milhão de pessoas, existiam 13 leitos por mil habitantes, concentrando os maiores e melhores hospitais; nos outros 71 distritos, onde estavam 8,2 milhões de pessoas, existiam apenas, na média, 0,6 leito por mil habitantes.
Essa realidade perversa -menos de 20% da população tem todos os recursos mais modernos, enquanto 80% sofrem todo tipo de restrições- é difícil de ser aceita como razoável. Por isso venho, há muito tempo, tentando convencer os que vivem com conforto e com os mais modernos recursos de saúde à sua disposição de que a distribuição dos recursos é injusta e não pode ser perpetuada.
A discussão sobre a prorrogação da CPMF mostra claramente isso. A parcela mais bem aquinhoada da sociedade -a que financia as campanhas políticas e sustenta a mídia- lança mão de todos os recursos para subitamente constranger o governo a abrir mão de cerca de R$ 40 bilhões, quase a metade destinada ao SUS, e não se constrange de induzir pessoas que dependem desses recursos a assinar listas e mais listas, convencendo-os de que estão sendo explorados.
Não tenho dúvida de que o chamado excesso de arrecadação ocorre porque a eficiência da Receita, nos três níveis de governo, graças à informática e aos cruzamentos possíveis, está resgatando parte da sonegação, que permitiu a escandalosa concentração de renda existente no país.
Todos os argumentos contra a CPMF vêm sendo repetidos desde quando a propusemos, em 1995. Nenhum dos argumentos catastróficos se confirmou. O país nunca exportou tanto, o saldo comercial vem ano a ano crescendo, a dívida externa, que em 2002 era de 43% do PIB, é hoje de 14%. As reservas do Banco Central atingiram inacreditáveis US$ 170 bilhões, a taxa de inflação é a mais baixa dos últimos 30 anos e a indústria automobilística produziu neste ano, até aqui, incríveis 2 milhões de carros. Portanto, não se confirmam os prejuízos apregoados. O que é inegável é que a CPMF é um indicador da sonegação.
Quando de sua regulamentação, foi proibido, na lei, o cruzamento de informações para efeito de Imposto de Renda, afinal revogado quando o secretário da Receita à época mostrou que, dos 100 maiores contribuintes da CPMF, 62 nunca tinham pago Imposto de Renda e que existia microempresa -que, para ser micro, não podia movimentar mais que R$ 120 mil/ano- que chegava a movimentar R$ 100 milhões/ano. O simples cruzamento de informações elevou a arrecadação de cerca de R$ 7 bilhões para mais de R$ 20 bilhões/mês.
Quero crer que a luta pela extinção da CPMF, isoladamente, não tenha relação com o fato de ser um eficiente indicador de sonegação, mas esteja vinculada à idéia -para mim, equivocada- de que a carga tributária é muito elevada e toda redução é bem-vinda. Sou dos que acreditam que a carga tributaria é elevada para os que ganham pouco e baixa para os que têm muito, daí a concentração de renda.
Melhor seria se o esforço que está sendo feito para extinguir a CPMF fosse dirigido para uma discussão séria e abrangente da sempre lembrada e nunca conseguida reforma tributária, capaz de compatibilizar os recursos públicos com a riqueza ostensiva de parcela minoritária da população.
Nunca é demais lembrar que todas as convulsões sociais na história da humanidade ocorreram quando a desigualdade se tornou aguda. A distribuição de leitos hospitalares na cidade de São Paulo é exemplo gritante dessa desigualdade, melhor dizendo, dessa desumanidade para com os mais pobres.

*Adib D. Jatene, 78, cardiologista, é professor emérito da Faculdade de Medicina da USP. Foi ministro da Saúde (governos Collor e FHC) e secretário da Saúde de São Paulo (governo Maluf). É idealizador da CPMF.

http://www.unafisco.org.br/publicar/principal/texto_noticias.php?ID=7687

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CPMF: POR QUE O WAACK NÃO FALA DOS BANCOS ?
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 800

Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil.

. O Conversa Afiada recebeu o seguinte e-mail de um leitor que prefere não se identificar.
“Estou aqui assistindo ao Jornal da Globo, que está em feroz campanha contra a CPMF. William Waack, hoje, saiu com uma pérola: "Apesar de todos os especialistas concordarem que a CPMF afeta toda a economia, o presidente Lula continua dizendo que só os ricos pagam a contribuição, que ele chama de imposto"...
Então, resolvi fazer uma conta: peguei o meu salário digno da elite branca e observei o quanto paguei no mês de novembro a título de CPMF (R$ 43,61, sendo que o mês foi atípico, porque vendi um carro e parte do dinheiro foi colocado na minha conta) e quanto paguei ao Banco X em taxas diversas (R$ 58,16). O Banco X é um banco popular, e eu não tenho nenhum daqueles benefícios especiais para grandes clientes. Então, eu pergunto: é melhor pagar a CPMF ou pagar as taxas do Banco X ? O ideal seria não pagar nada. Mas fica a questão: por que o William Waack e o Arthur Virgílio nunca fizeram uma campanha raivosa contra as tarifas bancárias? Pela lógica deles, o Banco X pesaria mais no preço do pãozinho do que a CPMF, não?”

Em tempo: William Waack, para quem não sabe, é a versão noturna, trevosa, da Miriam Leitão, do Bom (?) Dia Brasil. O Waack derruba o Governo Lula quando você vai dormir e a Miriam Leitão derruba o Governo Lula quando você acorda. É a liberdade de imprensa no Brasil – a liberdade dos donos da imprensa e seus epígonos.

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/469501-470000/469619/469619_1.html

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quinta-feira, dezembro 06, 2007

326 mil petistas participaram do PED 2007




Números finais mostram que mais de 326 mil petistas participaram do PED 2007

Mais de 326 mil petistas participaram do primeiro turno do PED 2007, que iniciou o processo de escolha dos dirigentes do PT, em todos os níveis, para os próximos dois anos.
O total, divulgado às 11h30 desta quarta-feira (5) pela coordenação de apuração do PED, é superior ao registrado nas eleições internas de 2005 (314.926) e não inclui os votos de 1.413 municípios onde o PT está organizado em Comissões Provisórias. Nestas cidades, os filiados puderam votar apenas nas chapas e candidatos locais – motivo pelo qual não aparecem no cálculo nacional.
A divulgação da sétima e última parcial confirmou que a presidência nacional do PT será definida em segundo turno, no próximo dia 16, entre os deputados federais Ricardo Berzoini e Jilmar Tatto.
Dos 326.147 votos apurados, Berzoini obteve 131.699 (43,42%) e Tatto 61.440 (20,25%). Na seqüência aparecem José Eduardo Cardozo (19,02%), Valter Pomar (12%), Gilney Viana (3,71%), Markus Sokol (0,99%) e José Carlos Miranda (0,61%).
Também foi concluída a votação para as chapas, cujos percentuais irão definir a composição do próximo Diretório Nacional.
Os dados estão sujeitos a pequenas alterações, já que a totalização oficial ainda depende de alguns votos não computados e da conferência das atas de votação – que deverá ser concluída até sexta-feira.
Confira abaixo a votação dos candidatos e chapas nacionais, de acordo com a sétima e última parcial do PED 2007.
Candidatos
Ricardo Berzoini – 131.699 - 43,42%
Jilmar Tatto – 61.440 - 20,25%
José Eduardo Cardozo – 57.694 - 19,02%
Valter Pomar – 36.401 - 12%
Gilney Viana - 11.249 - 3,71%
Markus Sokol – 3.015 - 0,99%
José Carlos Miranda - 1.846 - 0,61%
Brancos – 16.212 - 4,9%
Nulos – 6.591 - 2%
TOTAL – 326.147
Chapas
Construindo um Novo Brasil – 42,58%
Partido é Pra Lutar – 19,42%
Mensagem ao Partido – 16,87%
A Esperança é Vermelha – 11,76%
Militância Socialista – 4,89%
Movimento Popular – 1,48%
Terra, Trabalho e Soberania – 1,23%
Democracia Pra Valer – 1,16%
Programa Operário e Socialista – 0,61%
Brancos -8,2%
Nulos - 2%

http://www.pt.org.br:80/portalpt/index.php?option=com_content&task=view&id=9253&Itemid=195

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segunda-feira, dezembro 03, 2007

NA VENEZUELA SOBRA DEMOCRACIA. NO BRASIL FALTA JORNALISMO.


CADÊ A DITADURA DE CHÁVEZ ?
- Paulo Henrique Amorim (http://conversa-afiada.ig.com.br/).
O presidente perdeu. . A oposição ganhou. . Numa democracia em que o sistema eleitoral é muito mais eficaz e seguro que o brasileiro, porque lá é possível recontar os votos. . Aqui, não. (Clique aqui para ler) . Já imaginaram se uma eleição no Brasil acabasse, como no referendo da Venezuela, em 51% a 49% ? . E se o perdedor resolvesse dizer que houve fraude ? . Como recontar os votos no Brasil, sem o papelzinho do Brizola ? . O vencedor seria aquele que o Ministro (?) Mello quisesse ... . Na Venezuela há um sistema de auditagem que automaticamente reconta uma amostra das urnas, e confere o resultado eletrônico com o do papelzinho ... . E não se dizia que a Venezuela era uma ditadura feroz ? . O que dirá agora o Farol de Alexandria ? . O que dirá a Miriam Leitão ? . Se a Venezuela fosse tudo aquilo que o Farol de Alexandria e a Miriam Leitão diziam, a oposição teria perdido ... . Como disse o notável jornalista Mauro Santayana (Clique aqui para ler) Chávez perdeu como De Gaulle: ao fim de uma sucessão de referendos. . Como dizia o Presidente Lula: o que não falta na Venezuela é eleição ...
Clique aqui para ler "Não Coma Gato por Lebre".


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