sábado, julho 31, 2010

Sociedade Maranhense de Direitos Humanos

NOTA PÚBLICA

  
A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos (SMDH), Comissão Arquidiocesana Justiça e Paz, Pastoral Carcerária, Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA), Centro de Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes Marcos Passerini, Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, Cáritas Brasileira Regional Maranhão, todas entidades integrantes do Fórum Estadual de Defesa dos Direitos Humanos, vêm publicamente formalizar veemente repúdio à ação nefasta de um pequeno grupo de servidores vinculados à administração penitenciária do Maranhão, que segundo a testemunha Marco Aurélio Paixão da Silva, executada com dez tiros no dia 21 de julho de 2010, vem agindo com total e repugnante impunidade capitaneando o trafico de drogas, concessão de “liberdade” para presos condenados, tortura e execução sumária de testemunhas, fato que além de tirar uma vida, ameaça os parentes da vítima.

A suposta prática criminosa desabona o estado democrático de direito, desmoraliza os órgãos do sistema de segurança, fragiliza os programas de proteção e acesso à cidadania e banaliza a vida das pessoas e visa comprometer a investigação de ações criminosas no sistema penitenciário do Maranhão.

A apuração da execução impetrada deve servir para restabelecimento da credibilidade das instituições de justiça, segurança e direitos humanos. Assim sendo, as Entidades de direitos humanos e cidadania afirmam:

- a urgência de ação firme da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão, no sentido de afastar imediatamente para averiguações os senhores Carlos James Moreira da Silva e Eliezer Lopes dos Santos, principais protagonistas das denúncias;

- a necessidade de total reestruturação do sistema penitenciário, inclusive com a transferência de pessoas privadas de liberdade nas unidades situadas em São Luís, de forma a desarticular os esquemas denunciados ali implantados; e

- que seja assegurada a garantia da vida e integridade física, emocional e psicológica da companheira e da filha da testemunha assassinada.


São Luís/MA, 22 de julho de 2010

Da série "QUEM PRECISA DO JORNALISMO-QUE-HÁ?" (A capa da Time que está nas bancas hoje, lá)

A capa da revista Time (nas bancas hoje)
“Não podemos sair do Afeganistão”
07/29/2010, Peter Hart, FAIR – Fairness and Accuracy in Reporting
http://www.fair.org/blog/2010/07/29/time-magazine-we-cannot-leave-afghanistan/
Caso você tenha pensado que os documentos vazados pela página WikiLeaks poderiam mudar tudo, saiba: a revista Time que chega às bancas hoje mostra, na capa, uma mulher afegã desfigurada (sem nariz) e a manchete “O que acontece se sairmos do Afeganistão.”
O subtexto parece ser que, sem a presença do exército dos EUA, os Talibã cometerão atrocidades inomináveis. Pode-se ver a capa e parte da matéria em http://www.time.com/time/world/article/0,8599,2007238,00.html.
Algo me diz que ninguém, na reunião de pauta sugeriu capa com “O que acontece se nós ficarmos no Afeganistão”, matéria que poderia ser ilustrada com o cadáver de uma criança afegã morta em ataque aéreo ou invasão da casa da família.
O editor da revista Time Rick Stengel explica a decisão editorial de publicar aquela foto. Diz que a mulher sem nariz “posou para a foto e disse que desejava que o mundo soubesse o que acontecerá às mulheres afegãs, muitas das quais nasceram depois do governo dos Talibã, se os Talibã vencerem”.
Na matéria, escreve Stengel, trata-se de “o quanto as mulheres afegãs prezam as liberdades que conquistaram depois da derrota dos Talibã.”
Stengel manifesta também muita preocupação pelo efeito que a capa horrenda pode ter numa criança, mas decidiu que, afinal, acontecem coisas horríveis às pessoas, e parte do trabalho dos jornalistas é enfrentá-las e explicá-las:
“No fim, senti que a imagem é uma janela para a realidade do que está acontecendo – e pode acontecer – numa guerra que afeta e envolve nós todos. Prefiro confrontar os leitores com o modo como os Talibã tratam as mulheres, a ignorar o tema. Prefiro que as pessoas conheçam essa realidade, quando pensarem sobre o que os EUA e seus aliados devem fazer no Afeganistão.”
Claro. O que a revista Time mostra é apenas parte da “realidade que está acontecendo” no Afeganistão.
Stengel observa que “o vazamento muito noticiado de documentos secretos pela página WikiLeaks deformou o debate sobre a guerra”. E que “a revista Time está tentando contribuir para aquele debate. Não somos nem a favor nem contra o esforço de guerra dos EUA.”
Stengel escreve:
“Políticos e cidadãos puseram-se a procurar informação sobre a guerra e a formar opinião. Nosso trabalho é oferecer o contexto e o distanciamento necessários para que o público possa pensar sobre uma das questões de política externa mais difíceis de nosso tempo. O que se vê naquelas imagens não se encontra nos 91 mil documentos: a combinação de verdade emocional e insight a propósito de como se vive naquela terra difícil e as conseqüências das decisões importantes que sejam tomadas.”
A ideia de que o modo de responder aos documentos divulgados por WikiLeaks seria destacar as atrocidades cometidas pelos Talibã é também o que a correspondente da CBS Lara Logan recomenda. Também é propaganda pró-guerra.

IBOPE DESGRUDOU DO DATAFOLHA



Ibope - Dilma 5 pontos na frente de Serra


Dilma abriu cinco ontos de vantagem em cima de Serra, segundo o Ibope.
A vantagem ainda é três pontos menor do que a registrada pela mais recente pesquisa do Instituto Vox Populi, da semana passada. O Vox deu oito pontos de vantagem para Dilma.


Dilma tem 39% e Serra, 34%, aponta Ibope (Editoria de Arte/G1)

Governo Lula trabalha para fortalecer a América Latina

Posted: 30 Jul 2010 08:25 PM PDT
Os presidentes Fernando Lugo (Paraguai) e Lula visitam as obras de terraplanagem para a subestação de Villa Hayes da linha de transmissão de Itaipu. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em visita às obras de terraplanagem da subestação da linha de transmissão de Itaipu, em Villa Hayes (Paraguai), nesta sexta-feira (30/7), o presidente Lula afirmou que preferia estar participando de um evento de inauguração, mas infelizmente a máquina do Estado ainda não está preparada para trabalhar no tempo da necessidade da sociedade. Ainda assim, comemorou a obra, que praticamente dobrará a energia que atende a capital paraguaia Assunção – e celebrou também o que isso representará para o futuro do país vizinho:
De qualquer forma, como o companheiro Lugo é um homem cristão e sabe que Deus escreve certo por linhas tortas, está permitindo que seja exatamente agora que possamos dar início a uma construção que vai, não mudar definitivamente a cara do Paraguai ou a cara de Assunção, mas trazer 50 megawatts de energia a mais para Assunção – é praticamente dobrar os duzentos e cinquenta e poucos megawatts que hoje atende a Assunção. E atrás da energia, certamente virá uma empresa, certamente virá a segunda empresa, certamente virá a terceira empresa e certamente terá que vir outra linha de transmissão, de potência maior que 500 megawatts.
Lula lembrou que o Paraguai vive “um momento virtuoso na sua vida econômica, política, empresarial e social” e disse que o cenário é inspirador, porque é a oportunidade do país vizinho se tornar cada vez “mais senhor de si”. O Brasil atuará, disse o presidente brasileiro, como parceiro nesse processo, porque só assim é possível haver prosperidade para todos.
Ao contrário dos que preferem estabelecer a antiga relação de dependência e subordinação com os países ricos, optamos por unir o destino do Brasil à nossa querida América do Sul. Ao contrário dos críticos da cooperação Sul-Sul, fazemos do Mercosul um fator dinâmico do nosso comércio intrazona e uma plataforma para inserção soberana no mundo.
Ouça aqui a íntegra do discurso:
Para ler a transcrição do discurso, clique aqui.
O presidente Lula lembrou ainda que foram criados instrumentos para fortalecer a economia paraguaia e incrementar a parceria entre empresas paraguaias e brasileiras, e feitos investimentos para eliminar gargalos em infraestrutura para reduzir custos logísticos e operacionais nas atividades de importação e exportação.
Lula reiterou o compromisso assumido com a declaração conjunta lançada por ele e o presidente paraguaio Fernando Lugo em 25 de julho de 2009, afirmando que houve “progressos significativos no diálogo com o Congresso brasileiro para aprovar as Notas Reversais que aumentam a compensação pela cessão de energia ao Brasil”.
Certamente, na próxima semana entrará em votação na Câmara dos Deputados e, se isso acontecer, possivelmente em setembro estaremos em votação no Senado da República e, quem sabe, aprovaremos isso ainda antes de terminar o meu mandato na Presidência da República do Brasil.

sexta-feira, julho 30, 2010

Daqui a 15 dias, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC inaugura a TV dos Trabalhadores (TVT)


Após 23 anos, metalúrgicos lançam TV em SP

Concessão foi obtida em 2005, mas homologada ano passado. Lula estava na comitiva que pediu a primeira das quatro solicitações negadas pelo Ministério das Comunicações


Publicado em 29/07/2010, 16:33
Última atualização às 17:00

Após 23 anos, metalúrgicos lançam TV em SP
Nos arquivos do sindicato, imagens da reunião de 1987 do então deputado federal Lula com o ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães (Foto: Jailton Garcia)
São Paulo – Daqui a 15 dias, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC inaugura a TV dos Trabalhadores (TVT), primeira emissora de televisão de uma entidade de trabalhadores. O percurso levou praticamente 23 anos, desde a entrega do primeiro pedido de concessão ao Ministério das Comunicações, em setembro de 1987. Foram, no total, quatro solicitações e quatro negativas, até a conquista da concessão, em abril de 2005.
"Espero que a nossa TV seja uma porta de entrada para que o mundo do trabalho possa estar presente nas comunicações”, diz o presidente do sindicato, Sérgio Nobre. "Queremos dialogar com os movimentos sociais”, acrescenta.
A emissora vai ao ar no canal 46 de Mogi das Cruzes (SP). A outorga veio em outubro do ano passado para a Fundação Sociedade Comunicação, Cultura e Trabalho, criada em 1991 e dirigida por um conselho que representa diversas categorias profissionais. Segundo o atual presidente da fundação, Valter Sanches, diretor de Comunicação do Sindicato dos Metalúrgicos, toda a equipe em torno da emissora é formada por “realizadores de sonhos”, concretizando uma antiga reivindicação, aprovada em congresso da categoria.
Ainda antes do pedido de concessão, em meados dos anos 1980, os metalúrgicos haviam criado uma produtora com a preocupação de documentar e preservar a memória da categoria. A TVT começou a surgir, indiretamente, quando o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, Luiz Inácio da Silva, o Lula, ganhou uma câmera durante uma viagem à Europa. “Quando ele voltou para o Brasil, doou a câmara para o sindicato, para registrar a história”, conta Sérgio Nobre.
Então deputado federal, Lula fazia parte da comissão que, em 1987, foi recebida pelo ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, que pediu, à época, um estudo técnico a respeito do pedido de concessão. Foi o primeiro dos quatro "nãos" recebidos pelos metalúrgicos. Também estavam naquela reunião os presidentes da CUT, Jair Meneguelli, e do sindicato, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho.
Até hoje, as concessões são terreno de forte influência política. Em 2009, por exemplo, entre todas as 2.364 proposições aprovadas pelo Senado – incluindo projetos de lei, medidas provisórias etc. – 901 foi referente a autorizações ou permissões para funcionamento de rádio e televisão. Isso representa 38% das aprovações.
Em 21 de julho último, decreto assinado pelo presidente Lula criou uma comissão interministerial para “elaborar estudos e apresentar propostas de revisão do marco regulatório de organização e exploração dos serviços de telecomunicações e radiodifusão”. Apesar
Inicialmente, a emissora produzirá sete programas, com uma hora e meia diária no total. A grade será completada, neste primeiro momento, com retransmissões da TV Brasil e especiais das TVs Câmara e Senado. “Toda a programação está voltada para os movimentos sociais, para a vida do trabalhador”, diz Sanches.
A transmissão será feita pelo canal UHF 46, de Mogi da Cruzes, e pelo NGT, que tem emissoras próprias em São Paulo (48 UHF) e Rio (26 UHF), cobrindo as duas regiões metropolitanas, além de uma rede de emissoras afiliadas, que atingem atualmente por volta de um quarto do território nacional. O projeto inclui transmissões via cabo por meio de canais comunitários.
Para garantir a viabilidade do projeto, foi feito um aporte de R$ 15 milhões, que os metalúrgicos calculam ser suficiente para manter a emissora durante três anos. Enquanto isso, a fundação e o sindicato buscarão outras fontes de sustentação, como apoios culturais.

http://www.redebrasilatual.com.br/temas/politica/apos-23-anos-metalurgicos-lancam-tv-em-sp

Este é o “jornalismo” a que estamos entregues



CBN acha as FARC na Venezuela

por Luiz Carlos Azenha
Impressionante: ontem à tarde, em um intervalo de duas horas, a rádio CBN reproduziu quatro vezes a nota oficial do presidente da Colômbia, Álvaro Uribe. Nem o trânsito de São Paulo, que estava congestionado na marginal Tietê, mereceu uma “cobertura” equivalente.
Curiosamente, a nota não colocava as declarações entre aspas. O segundo parágrafo dizia: Lula desconhece o risco representado pela presença de terroristas das FARC na Venezuela. A notícia não dizia ser essa uma acusação feita por Álvaro Uribe, mas rechaçada pela Venezuela. Donde um leitor desavisado pode concluir que a CBN sabe onde estão os “terroristas” das FARC na Venezuela, mas só pretende revelar na véspera da eleição. Este é o “jornalismo” a que estamos entregues.

Vem aí o Ministério da Piada Pronta: Estadão contesta Cloaca
por Luiz Carlos Azenha
Estávamos nós reunidos para tratar do Encontro Nacional de Blogueiros quando um dos presentes informou que o Estadão havia fisicamente se dado ao trabalho de desmentir uma galhofa do Cloaca News.
Como não leio mais jornais impressos, cai na gargalhada. Eu, não. Todos os presentes rimos à beça. Ficamos imaginando o trabalho de investigação de dois repórteres do Estadão tentando confirmar a notícia. Será que eles tentaram confirmar com o candidato Serra?
Para os novatos na blogosfera, explico: o Cloaca é uma piada digital. Piada ferina, dolorida para alguns. Mas é isso: uma piada. O Estadão desmentir o Cloaca é o mesmo que alguém ir à Justiça contra uma piada do CQC ou do Pânico.
O Cloaca fez uma piada com o photoshop, como já havia feito outras: numa edição do jornal baiano A Tarde, inseriu uma manchete espantosamente fantasiosa. Serra criaria o Ministério do Acarajé.
Pois o Estadão se deu ao trabalho de “desmentir” a piada.


Para ler a resposta do Cloaca News, clique aqui


PS: Aquela piada do português, do papagaio e do céu estrelado é mentirosa.


Em campanha, Globo Online justifica em nome de Serra


Do leitor Alexandre Motta


http://www.viomundo.com.br/humor/cbn-acha-as-farc-na-venezuela.html

Folha cai no ridículo para ajudar Serra



Aula de porcalismo da Folha de São Paulo. Episódio de hoje:


Como transformar uma notícia positiva em negativa. E ainda dar manchete de primeira página.

Manchete da Folha hoje: "Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais"

No corpo da matéria está a informação que interessa: a mortalidade infantil caiu no Brasil 54%.

Entre 1990 e 2008, quando a mortalidade infantil total caiu 54% (de 95.476 para 43.601 bebês por ano), o percentual de recém-nascidos no número total passou de 49% para 68%.

Mas isso é bom. Então, como transformar algo bom numa coisa ruim e dar a primeira página para ela? Simples, é só seguir o manual do porcalismo e manipular a estatística.

Vamos fazer as contas: Em 1990, o total de recém-nascidos mortos era de 49% e o número total da mortalidade infantil era 95.476. Logo, 49% de 95.476, teremos um total de 46.783 recém-nascidos mortos, número que é maior até do que o total da mortalidade infantil de 2008 (43.601).

Agora vejamos o tal aumento na mortalidade de recém-nascidos, que passou de 49% para 68%. Para isso vamos tirar 68% do total de mortos em 2008 (43.601). Resultado: 29.648, o que significa menos 17.153 recém-nascidos mortos, aproximadamente menos 50 mortes por dia, duas por hora. De recém-nascidos.

Só notícia boa. Mas a manchete da Folha está lá: "Em 20 anos, sobe 39% proporção de mortes neonatais". É a mesma estatística que diz que se João comer um frango e Pedro, nenhum, eles terão comido meio frango cada um.

Mas, não adianta. É Frias. Esse trem não sobe Serra, só desce Serra.
http://blogdomello.blogspot.com/2010/07/aula-de-porcalismo-da-folha-de-sao.html

Americanos atolados no Vietstão

De quem são as mãos sujas de sangue no Afeganistão?



O almirante Mullen devia prestar mais atenção no atoleiro em que os EUA se meteram no Afeganistão do que acusar quem o revela

Acho que o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, o almirante Mike Mullen, anda fazendo algum curso de declarações desastrosas com José Serra. Depois de ter a fracassada estratégia dos EUA no Afeganistão, incluindo seus crimes de guerra, divulgada através de documentos vazados pelo Wikileaks, o militar acusou o fundador do importante site, Julian Assange, de ter sangue nas mãos.
O Wikileaks tem se revelado uma ferramenta importante de divulgação de fatos que os Estados gostariam de manter secretos, e Assange recebeu ano passado o prêmio de mídia da Anistia Internacional. Os documentos que o Wikileaks distribuiu para os jornais revelam massacres de civis e um conflito de difícil saída para os EUA, já batizado de Vietstão, em alusão à guerra do Vietnam, da qual os EUA sairam derrotados.
Ao invés de investigar os crimes de suas tropas, que estas sim estão com as mãos repletas de sangue, o almirante Mullens ataca o editor do site que fez a denúncia, e convoca o FBI a ajudar nas investigações para descobrir o responsável pelo vazamento.
Considerado o principal suspeito, o soldado do Exército americano Bradley Manning, foi transferido do Kuwait  para uma base na Virginia, onde permanecerá confinado até que o Exército decida sobre o julgamento. A velocidade e aparente eficiência do alto comando militar em encontrar culpados deveria se voltar para examinar o fracasso de sua estratégia no Afeganistão e o atoleiro em que se meteu, do qual terá muita dificuldade para sair.

http://www.tijolaco.com/?p=21449


quinta-feira, julho 29, 2010

O que se entende por normalidade, no nosso mundo “EUA”?

O jogo dos contrários
Todas as anomalias do mundo “EUA”, numa coluna de jornal
Alguém já pensou sobre como é verdadeiramente estranho o que se entende por normalidade, no nosso mundo “EUA”? Demonstro o que quero dizer, com o exemplo de uma notícia publicada sem destaque no Washington Post e que não me sai da cabeça. É exemplo de notícia pela qual, no nosso mundo “EUA”, passamos quase sem reação, saltando para a notícia seguinte, apesar da extrema anomalia que se esconde nela.
O artigo assinado por Craig Whitlock foi publicado dia 19/7, sob o título “Militares norte-americanos criticados por comprar helicópteros russos para a Força Aérea afegã.” Destacado aqui, o título já soa estranhíssimo. Helicópteros russos? Claro. Todos sabemos, pelo menos vagamente, que, até o final do ano, os gastos dos EUA nessa frustrada guerra afegã e mais frustrada ‘reconstrução’ do Afeganistão estarão chegando a 350 bilhões de dólares. E, claro, são dólares que tomam o rumo de alguma caixa recebedora.
Todos sabemos também que, nos tempos que correm, em vários pontos dos EUA, governos estaduais e municipais mal conseguem reunir fundos para pagar os professores ou os policiais. O Pentágono, contudo, não hesitou em usar pelo menos 25-27 bilhões de dólares para “treinar” e “formar” o exército e a polícia afegãos – e depois de cada rodada de treinamento que não produz os resultados esperados, sempre pede mais dinheiro para mais treinamentos, e assim vai, sempre, sempre.
Entre os treinados está a Força Aérea do Afeganistão que, nos anos soviéticos da década dos 80s, contava com mais de 500 aviões e respectivos pilotos treinados. O que restava daquela Força Aérea – de pouca serventia na era dos Talibãs – foi destruído no ataque e invasão dos EUA ao país, em 2001. Resultado disso, “Força Aérea Afegã” (cerca de 50 helicópteros e aviões de transporte) nem chega a ser nome certo, porque, de fato, trata-se de “Força Aérea dos EUA”.
Ainda há alguns pilotos afegãos, a maioria deles já chegados aos 40 anos, treinados há muito tempo nos Mi-17, helicópteros russos de transporte. E, informa-nos Whitlock do Post, o Pentágono já gastou 648 milhões de dólares na compra de uma versão ‘atualizada’ daqueles helicópteros. O modelo Mi-17 foi especialmente projetado para o específico ambiente de voo no Afeganistão, no tempo em que guerrilheiros islâmicos jihadistas (alguns dos quais os EUA enfrentam hoje, identificados como “os Talibã”) eram aliados dos EUA contra os russos.
Aí vai o primeiro parágrafo do artigo de Whitlock: “O governo norte-americano está comprando helicópteros made in Russia para formar o núcleo da Força Aérea Afegã, estratégia que tem atraído pesadas críticas no Congresso, que deseja obrigar os afegãos a voar em helicópteros made in USA.”
É, há vários senadores e deputados norte-americanos incomodados porque não há planos para só comprar produtos made in USA... para a Força Aérea do Afeganistão. Essa é a notícia que Whitlock conta e comenta, porque o Pentágono planeja comprar mais dúzias de Mi-17s ao longo da próxima década. E isso, pelo que se vê, seria motivo para grave indignação nacional, porque os bons cidadãos dos EUA que vivem de fabricar armas estão perdendo contratos.
Mas há outros três aspectos do artigo de Whitlock, pelos quais passamos quase sem ver, apesar de ali estar ‘noticiada’ a espantosa ‘normalidade’ que os EUA identificam nas guerras dos EUA em terras distantes – e em Washington.
1. O programa de treinamento que não treina: Há hoje o número impressionante de 450 treinadores militares dos EUA treinando a Força Aérea do Afeganistão. Infelizmente, há um problema. Pode não haver um programa de só comprar produtos made in EUA, mas há um programa de só se entender em língua made in USA. Para ser piloto da Força Aérea Afegã, você tem de falar inglês – “a língua que se fala no cockpit,” como garante Whitlock (mesmo que seja cockpit de helicóptero russo). Como diz o articulista, o problema é que os pilotos em treinamento são quase todos analfabetos, e demoram de dois a cinco anos só para aprender inglês.  (Imaginem o que seria a Força Aérea dos EUA se, só para decolar, o piloto tivesse de aprender o idioma dari.)
Graças a essa barreira do idioma, os EUA podem continuar a treinar seja quem for, pelo tempo que for, e é garantido que praticamente nada acontecerá. “Até agora”, informa Whitlock, “apenas um piloto afegão conseguiu graduar-se em escola de voo nos EUA, e há dúzias tentando. Por causa disso, os treinadores norte-americanos no Afeganistão tiveram de confiar em pilotos que aprenderam a voar nos Mi-17s nos dias dos soviéticos e dos Talibã.” Em outras palavras, apesar da impressionante performance soviética nos anos 80s, o treinamento da Força Aérea Afegã foi replanejado pelos EUA como trabalho de Sísifo.
Tem-se aí apenas um vislumbre de o quanto são bizarros os programas de treinamento que os EUA têm oferecido ao exército e à polícia afegãos. De fato, parece que o mesmo tipo de comentário, as mesmas notícias, detalhando sempre os mesmos programas e respectivos fracassos, os mesmos relatórios, são reciclados, ano após ano, sem que ninguém jamais estranhe coisa alguma, ou pressinta algo de esquisito – ou surpreenda-se com a evidência de que cada novo carregamento sucessivo de más notícias apareça como argumento para que o Congresso decida alocar mais dinheiro e mande mais treinadores para aqueles ‘projetos’.
Em 2005, por exemplo, quando Washington já consumira 3,3 bilhões de dólares em treinamento e formação do exército e da polícia afegãos, a Agência Central de Controle de Gastos do Governo dos EUA [ing. U.S. Government Accounting Office, GAO] publicou relatório indicando que “se envidaram muitos esforços para equipar plenamente número crescente de soldados [afegãos], e mas os esforços para estabelecer instituições sustentáveis, como apoio indispensável para aqueles soldados, não acompanharam aquele processo.”
Ainda pior, segundo o relatório, “estima-se que ainda sejam necessários 7,2 bilhões de dólares [para completar o projeto de treinamento] e cerca de 600 milhões anuais para mantê-lo.”
Em 2006, de acordo com o New York Times, “relatório conjunto do Pentágono e do Departamento de Estado (...) constatou que a força policial afegã treinada pelos EUA é em larga medida incapaz de executar o trabalho de aplicação da lei, e que administradores do programa de treinamento de 1,1 bilhão de dólares não sabem dizer como há tantos oficiais considerados habilitados e em serviço, ou onde estão milhares de caminhões e equipamentos entregues às unidades policiais”. Na melhor das hipóteses, dizia aquele relatório, “menos de metade do número de policiais anunciado oficialmente “foram de fato treinados e equipados para executar satisfatoriamente funções de polícia.”
Em 2008, quando já haviam sido consumidos 16,5 bilhões de dólares em programas de treinamento do exército e da polícia afegãos, a US-GAO voltou ao tema, para dizer que apenas duas de 105 unidades do exército haviam sido consideradas “plenamente capacitadas para executar sua missão primária” e que “nenhuma unidade de política pode ser declarada capaz.”
Em 2009, o Inspetor Geral dos EUA para Reconstrução do Afeganistão [ing. U.S. Special Inspector General for Afghan Reconstruction] disse em relatório que “apenas 24 de 559 unidades policiais afegãs são consideradas prontas para operar sem auxílio internacional.” Depois desses relatórios, assim como depois de noticiários de jornais (repetitivos e repetidos) e assim como depois de milhares de análises e colunas sobre o tema, sempre vem uma longa lista de lamentações sobre corrupção, indisciplina, analfabetismo, drogas (uso e venda), altos índices de deserção, infiltração pelos Talibã, soldados-fantasma e muitos outros problemas. Mas em 2009, apesar de tudo, a solução sugerida foi a mesma de sempre: o relatório de 2009 “conclui que são necessários mais treinadores norte-americanos e mais dinheiro.”
Em junho desse ano, auditoria do governo dos EUA, outra vez por iniciativa do Inspetor Geral Especial, desmentiu as mais recentes avaliações dos treinamentos por treinadores norte-americanos e da OTAN: “os padrões adotados para avaliar as forças afegãs desde 2005 são gravemente inadequados, inflando as habilidades dos avaliados.” E seguia-se a infalível litania de lamentações. Apesar disso, segundo a Agência Reuters, o presidente Obama quer mais 14,2 bilhões de dólares para o projeto de treinamento no Afeganistão “para o ano corrente e o próximo.” Afinal, na semana passada, Julian Barnes, do Wall Street Journal, noticiou que o novo comandante da guerra no Afeganistão, general David Petraeus, está planejando “retrabalhar” a estratégia norte-americana, para lá “introduzir maior atenção ao modo como as forças de segurança afegãs estão sendo treinadas.”
No que tenha a ver com os programas norte-americanos de treinamento, pode-se concluir que o Afeganistão é um neo “Ardil 22” [ing. Catch-22, romance satírico-histórico, de Joseph Heller, norte-americano, de 1961[1]], espaço onde o tempo não anda – como tampouco anda o cérebro coletivo do establishment da segurança nacional nos EUA. Para Washington, não há curva de aprendizado no Afeganistão, não, pelo menos, no que tenha a ver com “treinamento” de afegãos.   
E, depois, o mais estranho de tudo, embora ninguém se dê o trabalho de pensar sobre isso nesse contexto: os Talibãs não recebem centenas de bilhões de dólares em fundos estrangeiros para treinamento; não receberam anos de aconselhamento estratégico pelos mais poderosos cérebros dos EUA e da OTAN que o dinheiro consegue comprar; não contam com empresas privadas contratadas, como a DynCorp, para ensiná-los a lutar e policiar. Mesmo assim, e muito estranhamente, não dão sinais de enfrentar qualquer dificuldade e estão-se dando muito bem naquela guerra. Não há soldados rebeldes ou mal treinados. Os Talibãs não foram infiltrados por seguidores de Hamid Karzai. Não há denúncias de corrupção em prejuízo dos Talibã nas hostes Talibã. É possível que sejam analfabetos e não falem inglês fluente, mas estão suficientemente bem treinados e organizados em gr andes grupos, das dimensões de uma unidade de combate dos EUA, para atacar bases militares pesadamente fortificadas dos EUA, prisões afegãs, estações de polícia e assemelhados, e, tudo, sem manter um único mentor-treinador estrangeiro na folha de pagamento.
Parece que estamos ante um moderno des-milagre, milagre ao contrário. E os EUA comprovaram-se absolutamente incapazes de treinar soldados afegãos num país onde até os meninos andam armados, no qual se combate há décadas, onde praticamente todos os homens combatem ou algum dia combateram, onde a habilidade em combate é tradição histórica. Também é muito estranho que os EUA, até agora, não tenham conseguido treinar uma pequena Força Aérea, que pelo menos conseguisse pilotar aviões leves de transporte recauchutados dos anos 80s e os tais helicópteros russos. Afinal de contas, a União Soviética, último poder imperial a tentar tal proeza, conseguiu, sim, criar uma Força Aérea afegã que, sim, pilotava muito bem, de helicópteros a aviões bombardeiros.
2. Estratégias para não-sair-de-lá: Mergulhemos um pouco mais fundo no que há de estranho no que Whitlock noticia, e consideremos a questão de quando os EUA planejam sair do Afeganistão.
Eis o que diz Whitlock: “Os militares norte-americanos estimam que a Força Aérea afegã não terá capacidade para operar independentemente até, no mínimo, 2016, cinco anos depois do prazo que o presidente Obama fixou para iniciar a retirada de soldados norte-americanos do Afeganistão. Mas Boera [brigadeiro-general da Força Aérea dos EUA, Michael R. Boera] já disse que essa data pode ser adiada por no mínimo mais dois anos, se o Congresso obrigar os afegãos a pilotarem helicópteros de fabricação norte-americana.”
Em outras palavras, enquanto os norte-americanos discutem sobre o que realmente significará o prazo fixado pelo presidente para a retirada dos soldados (julho de 2011), e enquanto o presidente afegão Hamid Karzai sugere que as forças afegãs serão encarregadas da segurança do país a partir de 2014, há “militares norte-americanos” (que Whitlock preserva, perfeitos anônimos) que operam declaradamente por outro fuso temporal, de fato pelo fuso temporal do Pentágono, e planejam com vistas a 2016-2018, e para que as forças afegãs estejam em condições, apenas, de “operar independentemente” (o que absolutamente não significa “sem apoio dos EUA”).
Se você estiver conspiracional, poderá quase pensar que o Pentágono optou por não criar nenhuma Força Aérea afegã que funcione, para que, em vez disso, haja lá, por toda a eternidade, uma força aérea apenas complementar e dependente. Foi o que aconteceu no Iraque, onde havia a 6ª maior Força Aérea do mundo e onde hoje, depois de anos de treinamento e supervisão pelos EUA, só resta sucata.
3. Quem são os russos de hoje?: Continuemos, avançando mais um pouco rumo às profundezas das coisas estranhas que nos cercam, guiados por uma passagem que se lê entre os parágrafos 20º e 21º dos 25 parágrafos do artigo de Whitlock:  “Além disso”, Whitlock noticia, “o Comando Especial de Operações dos EUA [ing. U.S. Special Operations Command] tem interesse em comprar também alguns helicópteros Mi-17s russos também para o próprio Comando, de modo que as Forças Especiais dos EUA em missões clandestinas possam esconder a identidade norte-americana. ‘Gostaríamos de também ter alguns, misturados entre os demais, para ajudar a fazer coisas por lá’, disse um militar de alta patente dos EUA, que pediu que seu nome não fosse revelado, como condição para falar sobre o programa clandestino.”
Até agora ainda não se ouviram explicações sobre como – ou onde – esses helicópteros russos ajudarão a “esconder a identidade norte-americana” em missões das Forças Especiais Norte-americanas no Afeganistão, ou em quê serão “misturados, ou que “coisas” farão por “lá”. Nada se discute sobre coisa alguma.
Em outras palavras, já se noticiou que há urgência em russianizar o transporte aéreo por “lá” e, quase um mês depois, que eu saiba, nenhum senador ou deputado pôs-se a esbravejar; nenhum jornal da grande mídia escreveu editorial questionando, indignado (nem, sequer, apenas intrigado) a adequação ou a correção dessa medida; nenhum repórter, que eu saiba, saiu a campo para investigar.  
Como mais um factóide sem qualquer importância, enterrado nas entrelinhas de artigo dedicado a outros assuntos, com certeza passou despercebido, ninguém nem viu. Mas vale a pena parar um momento e considerar a extrema estranheza desse fragmento de notícia-que-jamais-ganhará-status-de-notícia. Um dos modos pelos quais se pode considerá-lo é jogar o jogo dos contrários que sempre dá certo nesse nosso planeta EUA de mão-única.  
Imaginemos que abrimos o jornal e lá encontramos, matéria sobre país estrangeiro, o que abaixo se lê:
*De Teerã. Equipes das Forças Especiais Iranianas procuram para comprar velhos helicópteros Chinook dos EUA, para que possam ocultar a identidade iraniana em ações a serem executadas no Afeganistão e na província paquistanesa do Baluquistão.”
*Diário do Povo, de Pequim, anuncia: Equipes das Forças Especiais Chinesas procuram para comprar modelos usados de helicópteros norte-americanos, para... Epa! Aqui o jogo dos contrários não dá muito certo, e abre-se uma fresta pela qual se começa a ver o que é realmente muito estranho nas atividades dos EUA pelo planeta: por que os chineses teriam de usar essa artimanha (e por que, de fato, os EUA aceitariam participar dela)? Onde interessaria à China intrometer-se, sem ser identificada com o exército chinês?
Talvez pareça difícil imaginar hoje, mas garanto-lhes uma coisa: se alguma fonte estrangeira trouxesse notícias sobre planos desse tipo, ou se Craig Whitlock descobrisse o plano e fizesse referência a ele em coluna do WSJ – ainda que escondida profundamente em algum parágrafo –, haveria pandemônio em Washington.  O Congresso marcaria audiências. Todos os jornalistas manifestariam a mais profunda indignação sobre a infâmia de agentes iranianos ou chineses usarem nossos helicópteros como disfarce. A empresa ou empresas que vendessem os helicópteros seriam investigadam. E o que teriam a dizer os âncoras da rede Fox News?!
Mas quando os EUA fazem tais coisas, e um país – o Paquistão, por exemplo – reage com o que se designa em termos genéricos como “antiamericanismo”, os EUA concluem que são fanáticos nacionalistas de dedo no gatilho; destacamos as “sensibilidades” fanatizadas; e nossos jornalistas e repórteres escrevem solidários às dificuldades que enfrentam os soldados e os civis norte-americanos que tenham de conviver cara a cara aqueles nativos rebeldes.   
Outro dia, por exemplo, Barnes, no Wall Street Journal, noticiava que as Forças Especiais dos EUA estão ampliando o trabalho nas franjas das áreas tribais no Paquistão, “tentando trabalhar com forças paquistanesas em projetos de ajuda, aprofundando o papel dos EUA no esforço para derrotar militantes islâmicos em território paquistanês localizado fora dos limites de ação dos soldados dos EUA.” O governo paquistanês não mostra qualquer ansiedade para ter coturnos norte-americanos sobre seu território naquelas áreas. Então, Barnes conclui que “por causa das sensibilidades paquistanesas, o trabalho dos EUA progride lentamente.”
Imagine-se o quão sensíveis se mostrarão os paquistaneses, caso as mesmas forças ponham-se a pousar helicópteros russos no Paquistão, como recurso para “ocultar” suas operações e “misturarem-se” por “lá”! Ou imagine-se a rapidez dos dedos no gatilho, dos nativos de Montana-EUA, caso acontecesse de aparecerem tipos com ares de “forças especiais” paquistanesas “lá” pelo Parque Nacional Glacier, desembarcados de velhos helicópteros americanos, nos arredores de Butte. 
Considerem-se, então, as sensibilidades dos paquistaneses que ouçam contar que o recém indicado chefe dos Serviços Nacionais Clandestinos da CIA [ing. CIA’s National Clandestine Service] é, casualmente, homem de “credenciais impecáveis” (como disse o diretor geral da CIA, Leon Panetta). Dentre essas credenciais, está a credencial de ter trabalhado como chefe da agência local da CIA no Paquistão até algum dia de 2009, envolvido, é claro, nos super-hiper impopulares ataques por aviões-robôs teleguiados norte-americanos nas franjas das áreas tribais paquistanesas – atividade que, nas vagas palavras do diretor geral, corresponderia a ter comandado “operações complexas sob as circunstâncias mais difíceis que se possa imaginar”.
Aqui está a verdade, que a coluna de Whitlock deixa clara, sem a ver: atuamos dos modos mais inacreditavelmente estranhos em terras distantes e ninguém diz coisa alguma. Historicamente, essa tem sido a natureza dos poderes imperiais: considerar mais ou menos normais todas as coisas nada normais que façam. Para um poder imperial decadente, esse modo de agir implica perigos específicos.
Se não conseguimos ainda sequer imaginar alguma via para superar o modo como os EUA fazem guerras em terras distantes, a milhares de quilômetros de distância dos EUA, evidentemente tampouco conseguimos sequer começar a imaginar o modo como o mundo vê os EUA. Isso implica que somos cegos para nossa própria loucura. Helicópteros russos? É praticamente nada, se se considera o problema real.


NOTA

[1] “Ardil 22” é expressão cunhada pelo escritor Joseph Heller, que dá título ao romance Catch 22, de 1961 – para designar um conjunto de regras, regulamentos, procedimentos ou situações as quais apresentam a ilusão de escolha ao mesmo tempo em que impedem qualquer escolha real, em cenário da II Guerra Mundial, num pelotão do exército dos EUA. Na teoria da probabilidade, o termo aplica-se a uma situação na qual exis tem múltiplos eventos probabilísticos, e o resultado desejado advém da confluência desses eventos, mas há probabilidade zero de ocorrer, visto que os eventos probabilísticos são mutuamente excludentes.
    Do livro, em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Catch-22: “Só havia um regulamento, o Ardil 22, que dizia que a preocupação com a própria segurança, em face de perigos reais e imediatos, é conclusão racional de mente racional. Orr estava doido e podia ter baixa. Bastava pedir a baixa. Mas, assim que pedisse, comprovaria que já estaria curado da doideira e teria que voar em novas missões. Orr comprovaria a doideira se voasse em novas missões; e seria diagnosticado são se não voasse . Mas se estivesse são, teria que voar novamente em missões de combate, proibidas para doidos. Se voasse, estaria doido e não teria de voar. Mas, se ele não quisesse voar, então estaria são e teria de voar.” Ou: “O texano mostrou-se afável, generoso e simpático. Em três dias, ninguém mais conseguia suportá-lo”. Ou: “O caso contra Clevinger foi aberto e encerrado. Não se encontrou crime do qual acusá-lo” [NT].

Começa a ser aberta a “caixa preta” do Datafolha

Publicado em julho 29, 2010 por sejaditaverdade

TSE autoriza PRTB a ter acesso aos dados do Datafolha

Por Altamiro Borges

O instituto de pesquisas Datafolha, controlado pela famíglia Frias – que também é dona do jornal Folha de S.Paulo e do portal UOL – está na berlinda. Ninguém agüenta mais as suas manipulações. O deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ) já está propondo uma auditoria. “O Datafolha perdeu qualquer compromisso com a ciência estatística e passou a funcionar com uma arrogância que não se sustenta ao menor dos exames que se faça dos resultados que apresenta nas pesquisas”, argumenta o parlamentar.

Numa decisão que abre brechas para fustigar o Grupo Folha, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou, nesta semana, o pedido do minúsculo PRTB (Partido Renovador Trabalhista) para ter acesso aos dados da sua última pesquisa, divulgada no sábado. O partido terá direito a conhecer o sistema interno de controle do Datafolha, com a “verificação e fiscalização da coleta de dados, incluindo as identificações dos entrevistadores, para conferir e confrontar os dados do instituto”.

Forte odor de manipulação

A última pesquisa Datafolha, que mostrou José Serra um ponto a frente de Dilma Rousseff, foi uma provocação! É certo que, desta vez, o instituto demotucano diminuiu a distância – a “boca do jacaré”, no jargão dos pesquisadores –, curvando-se ao “empate técnico”. Mesmo assim, o resultado não convenceu ninguém. É sabido que a famíglia Frias apóia o demotucano, mas ela poderia ser um pouco mais cautelosa – sob o risco de afundar o seu lucrativo negócio.

O forte odor de manipulação se espalhou por vários motivos. Já na pesquisa anterior, o Datafolha foi o único que manteve larga margem de dianteira para o seu candidato, enquanto os outros três (Vox Populi, Sensus e até o Ibope) apontaram vantagem para Dilma Rousseff. Agora, ele recuou abruptamente, mas ainda deu a liderança ao seu candidato. Poucos dias antes, o Vox Populi tinha apontado exatamente o inverso, com Dilma oito pontos à frente. O que explica tanta diferença?

O estranho filtro do telefone

Diplomático, Marcos Coimbra, do Vox Populi, afirma que ela se deve às distintas metodologias aplicadas. No seu instituto, as pesquisas abarcam todo o universo de eleitores. Já no Datafolha, há um filtro: são aceitas apenas as entrevistas dos que declaram possuir telefone, fixo ou celular. O motivo seria a checagem de campo. Além disso, o Vox Populi vai à casa dos entrevistados; o Datafolha ouve as pessoas na rua, o que seria mais ágil e barato – e mais suscetível à distorção.

Ainda segundo Marcos Coimbra, do universo pesquisado pelo Vox Populi, 30% não têm telefone nem fixo nem celular. Feito o corte para o universo dos que têm telefone, os resultados dos dois institutos seriam quase iguais – diferença de um ponto apenas. Quando entram os sem-telefones, Dilma Rousseff dispara e aí aparece a diferença. “Isto explicaria a diferença, o que compromete mais uma vez a reputação técnica do instituto [Datafolha]”, denuncia o blogueiro Luis Nassif

Distorções nas áreas selecionadas

Pesquisa tendo como base a posse de telefones já é estranha. Pior ainda é quando se observam as áreas definidas para a coleta dos dados. Nesta última, o Datafolha voltou a dar mais peso para as regiões Sul e Sudeste, onde os demotucanos ainda mantém certa influência sobre o eleitorado da “classe média”. Ele inclusive aumentou as amostras em oito estados. Estes concentraram 9.750 entrevistas, do total de 10.730. Ou seja, sobraram para 19 estados apenas 980 entrevistas. Como efeito da amostragem distorcida, o resultado fica totalmente viciado, favorecendo José Serra.

No caso da última pesquisa, o Datafolha ainda “inovou” ao juntar as coletas estaduais e nacional. As discrepâncias são enormes. Apesar de Dilma aparecer com larga vantagem em várias estados, na enquete nacional ela ainda fica atrás de Serra. Esta opção, além das motivações políticas para favorecer o seu candidato, tem razões comerciais. O Datafolha garfou mais grana. A pesquisa nacional custou R$ 194 mil. Somado às pesquisas estaduais, o valor total ficou em R$ 776.258.

Influência nefasta das pesquisas

Diante destes e outros fatos escabrosos – como a absurda diferença entre a pesquisa espontânea e a estimulada do Datafolha (na segunda, Dilma aparece um ponto abaixo; já na espontânea, mais consistente, ela está cinco pontos à frente) –, não resta dúvida que é urgente promover rigorosa auditoria no instituto do Grupo Folha. Mesmo na fase de pré-campanha na rádio e televisão, as pesquisas jogam importante papel. Elas consolidam os palanques estaduais, garantem os recursos financeiros e já influência na subjetividade do eleitor. Qualquer manipulação é crime eleitoral!

No mês passado, o Movimento dos Sem Mídia (MSM), encabeçado pelo blogueiro Eduardo Guimarães, ingressou na justiça solicitando rigorosa investigação dos quatro institutos. Caso a “caixa preta” do Datafolha seja aberta, “vai voar tucano para todo lado”, brinca o jornalista Paulo Henrique Amorim. Talvez até o instituto da famíglia Frias seja obrigado a mudar de nome para limpar a imagem. Algumas singelas sugestões: Datafalha, Datafraude ou DataSerra!

Com informações do Blog do Miro.

http://sejaditaverdade.com/

Arnaldo Jabor compara Maranhão ao Afeganistão

O Maranhão é o Afeganistão onde essa jagunçada tucana não pisa. 
O Nordeste é o Afeganistão da burguesia tukana.
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Recuperando...

A ligação política Globo, Jabor e Serra

BOLSA-CAVIAR - PROVA DA LIGAÇÃO POLÍTICA GLOBO, JABOR E SERRA
By: http://ninhotucano.blogspot.com/
(25/02/09)


Arnaldo Jabor no bolsa-caviar do tucano José Serra !!

José Serra, ultimamente, tem criticado o bolsa-família, repetindo velhos preconceitos da elite paulista de que trataria de um "bolsa-esmola" (como os demo-tucanos costumam chamar o programa).

José Serra anda dando prioridade a outro tipo de bolsa e a outro tipo de família "carente".

Arnaldo Jabor é aquele que vive de falar mal do governo Lula e bem do governo de Serra/FHC no Jornal da Globo.

Jabor é casado com Suzana Villas Boas, também uma globalete: apresenta o programa "Saia Justa" do GNT (canal das Organizações Globo).

Mas o casal não se satisfaz com os altos salários globais.

Contam com a providencial complementação de renda famíliar provida por José Serra.

Suzana Villas Boas presta assessoria à José Serra, recebendo para isso uma complementação de renda familiar ao casal Jabor.

É uma versão bolsa-família-de-elite-tucana, um bolsa-caviar, criada por José Serra, para os "pobrezinhos" jornalistas da mídia corporativa.

Assim o contribuinte paulista cumpre sua sina de sustentar o projeto do "CANDIDATO" Serra (a revista cita Serra como candidato e não como governador) em GANDAIAS como essas, descritas na revista de fofocas "Quem", da editora Globo, também das Organizações Globo.


A CASA, A MÁSCARA, O NINHO E A IMPARCIALIDADE CAIRAM !!

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Jabor não é mesmo tão raro assim


A 500 reais por cabeça,  o Instituto Millenium fez  o Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, uma reunião de conservadores, empresários e até alguns parlamentares de esquerda, mas preocupados em não chocar tão distinta platéia. Uma das estrelas foi o comentarista da Globo Arnaldo Jabor, apavorado com a possibilidade da vitória de Dilma Roussef que, segundo ele, trará “uma infiltração infinita de formigas neste país”.
O livro do apocalipse jaboriano diz que “quem vai mandar no país é o Zé Dirceu e o Vacarezza”. Pobre Cândido Vacarezza, líder do PT na Câmara e um homem de temperamento que faz jus ao seu primeiro nome.
Disse que de comunista ele entendia, que cabeça de comunista é “de pedra” e não muda. Mas ressalvou a si: “eu sou um caso raro”.
O relato do encontro, que li no site de Rodrigo Vianna é um amontoado de sandices e, pior, revelador de que os executivos da mídia estão se descabelando como Jabor, aqui e na América Latina. O dono da Equavisa, do Equador, chegou a dizer que o presidente Rafael Correa “foi eleito pelas prostitutas”, para vocês terem uma idéia do nível. O  liberalíssimo Reinaldo Azevedo, da Veja, encarnou Odorico Paraguassu e aconselhou:“A imprensa tem que acabar com o isentismo e o outroladismo, essa história de dar o mesmo espaço a todos”.
Enfim, o Brasil e o mundo estão na iminência de caírem sob o jugo comunista.
Que coisa, hein? E a 500 reais…

http://www.tijolaco.com/?p=9768

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Mainardi pedirá a cabeça de Jabor?

Karen Kupfer, da revista de fofocas Quem, da Rede Globo, publicou há poucos dias uma notinha reveladora sobre a relação promíscua entre jornalistas e políticos: “Para comemorar o sucesso do programa Saia Justa, Suzana Villas Boas abriu sua casa no Alto de Pinheiros para uma festança daquelas. A turma de convidados, que também era recebida por Arnaldo Jabor, marido de Suzana, reuniu políticos, artistas e jornalistas. O candidato José Serra, para quem Suzana presta assessoria, foi prestigiá-la. Ficou um pouco e trocou idéias com alguns jornalistas”. Luís Frias, presidente do Grupo Folha, também participou da festança, “que ferveu na pista até o sol raiar”.

No mesmo período, a colunista Hildegard Angel escreveu no Jornal do Brasil outra nota curiosa: “Elmar Moreira, irmão de Edmar Moreira [o deputado dos demos que ficou famoso pelo castelo construído no interior mineiro], é casado com Ana Leitão, irmã de Miriam Leitão” – a jornalista da TV Globo famosa por seus palpites furados sobre economia, pela adoração ao deus-mercado e pela oposição doentia ao governo Lula. O interessante neste caso é que a colunista global, metida a sabe-tudo, nunca descreveu aos seus telespectadores os detalhes do luxuoso castelo demo.

Artista global com Kassab

Para encerrar a série sobre as relações indecentes entre jornalistas e políticos da direita, a sempre atenta Mônica Bergamo, uma das raras exceções do jornal Folha de S.Paulo, revelou no início de fevereiro: “O marido de Ana Maria Braga [estrela da TV Globo e do finado movimento golpista ‘Cansei’] é o mais novo colaborador da administração Gilberto Kassab (DEM-SP). Candidato derrotado à Câmara Municipal, Marcelo Frisoni vai assumir um cargo de ‘coordenação’ na Secretaria de Modernização, Gestão e Desburocratização” da prefeitura paulistana.

Dias antes, Bergamo foi ameaçada pelo marido brigão da artista global, que o irônico José Simão batizou de “Ana Ameba Brega”. Frisoni se irritou com a pergunta sobre o pagamento da pensão alimentícia para os dois filhos do seu casamento anterior: “Publica o que quiser. No dia seguinte, vou à redação dessa bosta de jornal e encho essa Mônica Bergamo de porrada na frente de todo mundo... A única pessoa que tentou ferrar comigo foi o Madrulha [ex-marido da apresentadora da TV Globo] e eu acabei com ele. Hoje ele é secretário de cachorro e não consegue mais nada”.

Cadê o “tribunal macartista” de Mainardi?

Deixando de lado as baixarias dos “famosos”, o que chama a atenção nestas notinhas é a relação obscena entre figurões da TV Globo e políticos da direita demo-tucana do país. Outra estrela da poderosa emissora, o filhinho de papai Diogo Mainardi, criou no início do mandato de Lula o seu “tribunal macartista mainardiano”, no qual promoveu abjeta cruzada contra alguns profissionais da imprensa. “A minha maior diversão é tentar adivinhar a que corrente do lulismo pertence cada jornalista”, explicou o troglodita na sua coluna de estréia na revista Veja, em dezembro de 2005.

Aos poucos, Mainardi dedurou alguns colunistas mais independentes. “Tereza Cruvinel é lulista. Dessas que fazem campanha de rua. Paulo Henrique Amorim pertence à outra raça de lulistas. É da raça dos aloprados, dos lulistas bolivarianos. Acha que a primeira tarefa do lulismo é quebrar a Globo e a Veja”, atacou. O caso mais famoso desta cruzada fascista foi o do jornalista Franklin Martins, acusado levianamente de possuir uma “cota de nomeações pessoais no serviço público”. Após longo bate-boca, a TV Globo preferiu apoiar o delator direitista e demitiu Franklin Martins.

Perguntar não ofende: será que Mainardi, “difamador travestido de jornalista”, fará barulho agora contra seus amiguinhos da TV Globo que gozam das intimidades demo-tucanas. Pedirá a cabeça de Arnaldo Jabor, cuja esposa é assessora do presidenciável tucano José Serra, freqüentador de sua mansão? Criticará a “cota de nomeações pessoais no serviço público” da cansada Ana Maria Braga? Pedirá detalhes picantes do castelo dos demos à “ortodoxa” Miriam Porcão – ou melhor, Leitão? Ou todos juntos – Jabor, Leitão, Ana Maria Braga e o macartista Mainardi – fazem parte do esquemão montado pela TV Globo para viabilizar a vitória do tucano José Serra em 2010? 

http://altamiroborges.blogspot.com/2009/02/mainardi-pedira-cabeca-de-jabor.html

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terça-feira, julho 27, 2010

Tenho ficado mais emocionado porque as coisas estão acontecendo

Lula se emociona e chora em entrevista que avalia oito anos de governo

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Record, o presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva se emociona e chora ao avaliar oito anos de governo. "Tenho ficado mais emocionado porque as coisas estão acontecendo. É como se você tivesse ficado o tempo todo com gente olhando a sua roça e falando "não vai dar nada, não vai plantar'. E, de repente, a planta brota, cresce e eu estou colhendo", disse Lula ao ser questionado sobre seu governo.


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ALAGADA EM DÍVIDAS


Endividamento da cidade de São Paulo,
pela dupla Serra/Kassab, complica Copa-2014

São Paulo é a única das cidades-sede da Copa 2014 impedida de contrair dívidas, pelo excessivo endividamento da cidade, promovido pela  dupla Serra/Kassab.
A medida provisória assinada na semana passada pelo presidente Lula, que ampliou o limite de endividamento das cidades-sede da Copa, será insuficiente para ajudar São Paulo. O município é o único que não pode contrair dívidas porque estourou os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.

José Serra (PSDB/SP) e Kassab (DEM/SP) compartilham essa semi-quebradeira, porque um é continuação do outro, como se fossem sócios no mesmo governo.

Serra assumiu a prefeitura de São Paulo em 2005, governou até o primeiro trimestre de 2006 (quando abandonou o cargo para candidatar-se a governador). Disse que deixava o vice Kassab no lugar, porque o governo dele na prefeitura já tinha deixado "tudo encaminhado". Em 2008 apoiou Kassab, dizendo que a reeleição expressava o "êxito" do programa de ambos (dele e de Kassab) na prefeitura.

Agora o rombo está aí. A capital paulista está com dificuldades para fazer os investimentos necessários à Copa - e não é só estádio. A necessidade de melhorar a rede de transporte, que permanecerão como melhorias na infra-estrutura para população da cidade.
da Agência Brasil

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Diretrizes de governo da candidata Marina Silva esquecem da logística e dos transportes

Abri o documento apresentado no site da candidata (clique aqui), usei a palavra-chave transportes e encontrei apenas o seguinte:

1. Diagnóstico “Ampliação do Caos Urbano”

“Nas cidades, o tempo gasto no trânsito já chega a 2,6 horas por dia, e a distância percorrida cresce continuamente por aqueles que utilizam transporte público.”

2. Proposta de medidas em relação à infra-estrutura

“Nos sistemas de transporte, a ênfase deve ser dada às ferrovias, às hidrovias e aos sistemas híbridos, combinando biocombustíveis e eletricidade.”

3. Preparação para os grandes eventos

“A realização de grandes eventos, como a Copa do Mundo, a Olimpíada e a Convenção Internacional Rio + 20, deve ser encarada como uma importante oportunidade para projetar a imagem de um país que tem a sustentabilidade no eixo central de seu desenvolvimento, ao mesmo tempo que deixará uma ampla gama de investimentos em infraestrutura urbana como legado para a melhoria de qualidade de vida dos brasileiros. Neste sentido é fundamental criar força-tarefa para otimizar planos e investimentos, e garantir a instalação de sistemas de transporte público e saneamento nas cidades-sede.”

4. Estímulo à geração de empregos verdes

“São os empregos calcados em uma economia sustentável, proporcionando trabalho decente com baixo consumo e emissão de carbono. Os setores de maior potencial no Brasil são a construção civil, a indústria, o turismo, a geração de energias limpas, seguras e renováveis, o transporte, a agropecuária e o uso sustentável dos diferentes biomas (particularmente das florestas). Eles precisam ser estimulados por meio de instrumentos fiscais, tributários e creditícios.”

5. Mobilidade urbana saudável

Reordenar e direcionar os investimentos e subsídios em transportes de forma a orientar e estruturar o crescimento e mobilidade nas cidades, visando sistemas adequados aos diferentes tamanhos e tipologias de cidades existentes no território.

Criar incentivos e inserir nos critérios de financiamento o estabelecimento de instituições reguladoras de transportes coletivos em regiões metropolitanas e aglomerados urbanos (integrar modais, otimizar frotas e itinerários, reduzir tempo de viagens, entre outros). Incorporar a bicicleta como meio de transporte e criar condições para seu uso seguro (ciclofaixas, ciclovias, ligações intermodais).

***

É só!

De todos as candidatas e candidatos, este talvez seja o programa de governo mais anêmico no que se refere às enormes necessidades de aumento da eficiência e da eficácia dos sistemas de transportes e da logística, para o crescimento sustentável do país.

Ainda mais que o PV e os ambientalistas mais radicais são extremamente críticos em relação às grandes obras de infra-estrutura de transportes.

As diretrizes apenas tocaram de leve nas questões relativas aos municípios e regiões metropolitanas, sem mencionar qualquer proposta ou diretriz para os modais rodoviário, ferroviário, aeroviário, dutoviário, portos, hidrovias e aquaviário. Utilizei cada uma dessas palavras na procura e nada…

Entrei com a palavra-chave “logística” e não encontrei referência alguma.

Ou seja, um dos principais temas da campanha - a logística e a infra-estrutura de transportes - não foi abordado nas diretrizes de programa de governo da candidata Marina Silva, a não ser, levemente, na área urbana.

É uma pena, pelo empobrecimento do debate, já que palavras de ordem como sustentabilidade e meio-ambiente são insuficientes para o eleitor entender a proposta de cada candidato em relação ao desenvolvimento econômico e social, ambientamente sustentável.

José Augusto Valente - Diretor Técnico do T1


Leia outras matérias interessantes no Portal T1 - Logística e Transportes: http://agenciat1.com.br

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segunda-feira, julho 26, 2010

10 motivos falsos criados para não votar em Dilma

Jorge Furtado, diretor de cinema, fala de 10 motivos falsos criados para não votar em Dilma


Tenho alguns amigos que não pretendem votar na Dilma, um ou outro até diz que vai votar no Serra. Espero que sigam sendo meus amigos. Política, como ensina André Comte-Sponville, supõe conflitos: “A política nos reúne nos opondo: ela nos opõe sobre a melhor maneira de nos reunir”.
Leio diariamente o noticiário político e ainda não encontrei bons argumentos para votar no Serra, uma candidatura que cada vez mais assume seu caráter conservador. Serra representa o grupo político que governou o Brasil antes do Lula, com desempenho, sob qualquer critério, muito inferior ao do governo petista, a comparação chega a ser enfadonha, vai lá para o pé da página, quem quiser que leia. (1)
Ouvi alguns argumentos razoáveis para votar em Marina, como incluir a sustentabilidade na agenda do desenvolvimento. Marina foi ministra do Lula por sete anos e parece ser uma boa pessoa, uma batalhadora das causas ambientalistas. Tem, no entanto (na minha opinião) o inconveniente de fazer parte de uma igreja bastante rígida, o que me faz temer sobre a capacidade que teria um eventual governo comandado por ela de avançar em questões fundamentais como os direitos dos homossexuais, a descriminalização do aborto ou as pesquisas envolvendo as células tronco.
Ouço e leio alguns argumentos para não votar em Dilma, argumentos que me parecem inconsistentes, distorcidos, precários ou simplesmente falsos. Passo a analisar os dez mais freqüentes.

1. “Alternância no poder é bom”.
Falso. O sentido da democracia não é a alternância no poder e sim a escolha, pela maioria, da melhor proposta de governo, levando-se em conta o conhecimento que o eleitor tem dos candidatos e seus grupo políticos, o que dizem pretender fazer e, principalmente, o que fizeram quando exerceram o poder. Ninguém pode defender seriamente a idéia de que seria boa a alternância entre a recessão e o desenvolvimento, entre o desemprego e a geração de empregos, entre o arrocho salarial e o aumento do poder aquisitivo da população, entre a distribuição e a concentração da riqueza. Se a alternância no poder fosse um valor em si não precisaria haver eleição e muito menos deveria haver a possibilidade de reeleição.


2. “Não há mais diferença entre direita e esquerda”.
Falso. Esquerda e direita são posições relativas, não absolutas. A esquerda é, desde a sua origem, a posição política que tem por objetivo a diminuição das desigualdades sociais, a distribuição da riqueza, a inserção social dos desfavorecidos. As conquistas necessárias para se atingir estes objetivos mudam com o tempo. Hoje, ser de esquerda significa defender o fortalecimento do estado como garantidor do bem-estar social, regulador do mercado, promotor do desenvolvimento e da distribuição de riqueza, tudo isso numa sociedade democrática com plena liberdade de expressão e ampla defesa das minorias. O complexo (e confuso) sistema político brasileiro exige que os vários partidos se reúnam em coligações que lhes garantam maioria parlamentar, sem a qual o país se torna ingovernável. A candidatura de Dilma tem o apoio de políticos que jamais poderiam ser chamados de “esquerdistas”, como Sarney, Collor ou Renan Calheiros, lideranças regionais que se abrigam principalmente no PMDB, partido de espectro ideológico muito amplo. José Serra tem o apoio majoritário da direita e da extrema-direita reunida no DEM (2), da “direita” do PMDB, além do PTB, PPS e outros pequenos partidos de direita: Roberto Jefferson, Jorge Borhausen, ACM Netto, Orestes Quércia, Heráclito Fortes, Roberto Freire, Demóstenes Torres, Álvaro Dias, Arthur Virgílio, Agripino Maia, Joaquim Roriz, Marconi Pirilo, Ronaldo Caiado, Katia Abreu, André Pucinelli, são todos de direita e todos serristas, isso para não falar no folclórico Índio da Costa, vice de Serra. Comparado com Agripino Maia ou Jorge Borhausen, José Sarney é Che Guevara.


3. “Dilma não é simpática”.
Argumento precário e totalmente subjetivo. Precário porque a simpatia não é, ou não deveria ser, um atributo fundamental para o bom governante. Subjetivo, porque o quesito “simpatia” depende totalmente do gosto do freguês. Na minha opinião, por exemplo, é difícil encontrar alguém na vida pública que seja mais antipático que José Serra, embora ele talvez tenha sido um bom governante de seu estado. Sua arrogância com quem lhe faz críticas, seu destempero e prepotência com jornalistas, especialmente com as mulheres, chega a ser revoltante.


4. “Dilma não tem experiência”.
Argumento inconsistente. Dilma foi secretária de estado, foi ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, fez parte do conselho da Petrobras, gerenciou com eficiência os gigantescos investimentos do PAC, dos programas de habitação popular e eletrificação rural. Dilma tem muito mais experiência administrativa, por exemplo, do que tinha o Lula, que só tinha sido parlamentar, nunca tinha administrado um orçamento, e está fazendo um bom governo.


5. “Dilma foi terrorista”.
Argumento em parte falso, em parte distorcido. Falso, porque não há qualquer prova de que Dilma tenha tomado parte de ações “terroristas”. Distorcido, porque é fato que Dilma fez parte de grupos de resistência à ditadura militar, do que deve se orgulhar, e que este grupo praticou ações armadas, o que pode (ou não) ser condenável. José Serra também fez parte de um grupo de resistência à ditadura, a AP (Ação Popular), que também praticou ações armadas, das quais Serra não tomou parte. Muitos jovens que participaram de grupos de resistência à ditadura hoje participam da vida democrática como candidatos. Alguns, como Fernando Gabeira, participaram ativamente de seqüestros, assaltos a banco e ações armadas. A luta daqueles jovens, mesmo que por meios discutíveis, ajudou a restabelecer a democracia no país e deveria ser motivo de orgulho, não de vergonha.


6. “As coisas boas do governo petista começaram no governo tucano”.
Falso. Todo governo herda políticas e programas do governo anterior, políticas que pode manter, transformar, ampliar, reduzir ou encerrar. O governo FHC herdou do governo Itamar o real, o programa dos genéricos, o FAT, o programa de combate a AIDS. Teve o mérito de manter e aperfeiçoá-los, desenvolvê-los, ampliá-los. O governo Lula herdou do governo FHC, por exemplo, vários programas de assistência social. Teve o mérito de unificá-los e ampliá-los, criando o Bolsa Família. De qualquer maneira, os resultados do governo Lula são tão superiores aos do governo FHC que o debate “quem começou o quê” torna-se irrelevante.


7. “Serra vai moralizar a política”.
Argumento inconsistente. Nos oito anos de governo tucano-pefelista – no qual José Serra ocupou papel de destaque, sendo escolhido para suceder FHC – foram inúmeros os casos de corrupção, um deles no próprio Ministério da Saúde, comandado por Serra, o superfaturamento de ambulâncias investigado pela “Operação Sanguessuga”. Se considerarmos o volume de dinheiro público desviado para destinos nebulosos e paraísos fiscais nas privatizações e o auxílio luxuoso aos banqueiros falidos, o governo tucano talvez tenha sido o mais corrupto da história do país. Ao contrário do que aconteceu no governo Lula, a corrupção no governo FHC não foi investigada por nenhuma CPI, todas sepultadas pela maioria parlamentar da coligação PSDB-PFL. O procurador da república ficou conhecido com “engavetador da república”, tal a quantidade de investigações criminais que morreram em suas mãos. O esquema de financiamento eleitoral batizado de “mensalão” foi criado pelo presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo, hoje réu em processo criminal. O governador José Roberto Arruda, do DEM, era o principal candidato ao posto de vice-presidente na chapa de Serra, até ser preso por corrupção no “mensalão do DEM”. Roberto Jefferson, réu confesso do mensalão petista, hoje apóia José Serra. Todos estes fatos, incontestáveis, não indicam que um eventual governo Serra poderia ser mais eficiente no combate à corrupção do que seria um governo Dilma, ao contrário.


8. “O PT apóia as FARC”.
Argumento falso. É fato que, no passado, as FARC ensaiaram uma tentativa de institucionalização e buscaram aproximação com o PT, então na oposição, e também com o governo brasileiro, através de contatos com o líder do governo tucano, Arthur Virgílio. Estes contatos foram rompidos com a radicalização da guerrilha na Colômbia e nunca foram retomados, a não ser nos delírios da imprensa de extrema-direita. A relação entre o governo brasileiro e os governos estabelecidos de vários países deve estar acima de divergências ideológicas, num princípio básico da diplomacia, o da auto-determinação dos povos. Não há notícias, por exemplo, de capitalistas brasileiros que defendam o rompimento das relações com a China, um dos nossos maiores parceiros comerciais, por se tratar de uma ditadura. Ou alguém acha que a China é um país democrático?


9. “O PT censura a imprensa”.
Argumento falso. Em seus oito anos de governo o presidente Lula enfrentou a oposição feroz e constante dos principais veículos da antiga imprensa. Esta oposição foi explicitada pela presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ) que declarou que seus filiados assumiram “a posição oposicionista (sic) deste país”. Não há registro de um único caso de censura à imprensa por parte do governo Lula. O que há, frequentemente, é a queixa dos órgãos de imprensa sobre tentativas da sociedade e do governo, a exemplo do que acontece em todos os países democráticos do mundo, de regulamentar a atividade da mídia.


10. “Os jornais, a televisão e as revistas falam muito mal da Dilma e muito bem do Serra”.
Isso é verdade. E mais um bom motivo para votar nela e não nele.

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(1) Alguns dados comparativos dos governos FHC e Lula.
Geração de empregos:
FHC/Serra = 780 mil x Lula/Dilma = 12 milhões
Salário mínimo:
FHC/Serra = 64 dólares x Lula/Dilma = 290 dólares
Mobilidade social (brasileiros que deixaram a linha da pobreza):
FHC/Serra = 2 milhões x Lula/Dilma = 27 milhões
Risco Brasil:
FHC/Serra = 2.700 pontos x Lula/Dilma = 200 pontos
Dólar:
FHC/Serra = R$ 3,00 x Lula/Dilma = R$ 1,78
Reservas cambiais:
FHC/Serra = 185 bilhões de dólares negativos x Lula/Dilma = 239 bilhões de dólares positivos.
Relação crédito/PIB:
FHC/Serra = 14% x Lula/Dilma = 34%
Produção de automóveis:
FHC/Serra = queda de 20% x Lula/Dilma = aumento de 30%
Taxa de juros:
FHC/Serra = 27% x Lula/Dilma = 10,75%
(2) Elio Gaspari, na Folha de S.Paulo de 25.07.10:
José Serra começou sua campanha dizendo: “Não aceito o raciocínio do nós contra eles”, e em apenas dois meses viu-se lançado pelo seu colega de chapa numa discussão em torno das ligações do PT com as Farc e o narcotráfico. Caso típico de rabo que abanou o cachorro. O destempero de Indio da Costa tem método. Se Tupã ajudar Serra a vencer a eleição, o DEM volta ao poder. Se prejudicar, ajudando Dilma Rousseff, o PSDB sairá da campanha com a identidade estilhaçada. Já o DEM, que entrou na disputa com o cocar do seu mensalão, sairá brandindo o tacape do conservadorismo feroz que renasceu em diversos países, sobretudo nos Estados Unidos.
Com informações do Blog do Jorge Furtado
PS – Jorge Furtado é um famoso diretor gaúcho de cinema. Entre suas obras, há o curta ILHA DAS FLORES, veja aqui: