segunda-feira, abril 30, 2007

NO CONVERSA AFIADA



CENTRAL GLOBO DE ENGABELAÇÃO DO POVO BRASILEIRO





CPI DO APAGÃO = CPI DO SEGURO
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 351


. O programa “Domingo Espetacular”, da Rede Record, exibiu neste domingo, dia 29, reportagem que se baseia em informações de fonte não identificada e que teve acesso a um laudo de 80 páginas do Instituto de Criminalística da Polícia Federal.



. O laudo responsabiliza os dois pilotos do Legacy pelo acidente com o avião da Gol.
. Eles serão indiciados novamente, por homicídio.
. É pena que a Justiça brasileira os tenha mandado de volta para Nova York ...


. (Imaginem se um avião Legacy de uma empresa brasileira, pilotado por brasileiros, se chocasse com um avião lotado da American Airlines sobre o deserto de Mojave e morressem todos os americanos a bordo. Os pilotos brasileiros, sobreviventes, estariam hoje no Rio, na praia de Ipanema, a curtir essa primavera fria ?)


. O laudo técnico responde a 14 perguntas do Delegado Renato Sayão, da Policia Federal de Cuiabá, responsável pelo inquérito.
. O laudo chegou ao Dr. Sayão na quinta-feira da semana passada.


. Os pilotos do Legacy cometeram vários erros – mostra o laudo.
. O mais importante é que o transponder/TCAS do avião estava desligado.
. Se estivesse ligado não teria havido acidente.


. O transponder não estava escangalhado.
. Nem a Embraer colocou o transponder de forma errada.


. A culpa é dos pilotos.
. Por que desligaram o transponder ? Não se sabe.
. O desastre da Gol, que provocou a morte de 154 brasileiros, foi manipulado pelos advogados (brasileiros) da empresa americana, a Excel, que comprou o Legacy – e contratou os pilotos – e pela mídia conservadora (e golpista).


. A Excel não quer pagar o seguro às famílias brasileiras de vítimas do acidente.
. E a mídia conservadora quer derrubar o presidente Lula.


. Os dois nobres objetivos deram origem à CPI do Apagão (ou CPI do Seguro, como adiante se demonstrará).
. Essa CPI, apesar do voto, agora irrelevante, do Ministro Celso de Mello, do STF, vai se tornar, mesmo, a “CPI do Fim do Outro Mundo”.


. Ou, talvez seja mais apropriado: “CPI d(e quem paga )o Seguro”.


. Acompanhe, passo a passo a sequência do golpe para derrubar o presidente Lula e a Excel não pagar o seguro.
. Caiu o avião da Gol.
. O Jornal Nacional não deu a noticia, para não desarrumar a edição que se concentrou em mostrar a foto do dinheiro dos “aloprados” e a cadeira vazia do presidente Lula no debate da Globo.
. Com isso, a Globo levou a eleição para o segundo turno.
. Imediatamente, a mídia levantou suspeita sobre a eficiência dos controladores de vôo.
. A mídia se apoiou, no início, no depoimento maroto de um “correspondente” do New York Times que estava a bordo do Legacy – no ato de se valer de um “jabaculê”.
. O “repórter” do New York Times disse que os controladores de vôo brasileiros não sabiam falar inglês.
. Papo furado. Há 136 vôos internacionais, por dia, no Brasil.
. E ninguém jamais reclamou do inglês dos controladores brasileiros, nem caiu nenhum avião – com o transponder ligado – por causa disso.
. Depois a mídia conservadora (e golpista) falou de “buracos negros” na Amazonia.
. Papo furado. “Buracos negros” também há ao se cruzar o Atlântico e o Pacífico e não cai avião – com o transponder ligado – por causa disso.
. Mas, a denúncia da ineficiência do controle aéreo – o que era uma forma de dizer “ineficiência do Governo Lula” – se acentuou e os controladores resolveram reagir.


. Os controladores reagiram por vários motivos.
. Porque sabem – como demonstra o laudo técnico que chegou às mãos do Dr. Sayão – que dois controladores cometeram grave erro na hora do acidente.
. Na verdade, o Cindacta de Brasília só soube que o avião da Gol caiu 29 minutos depois que o avião caiu. 29 minutos depois !
. Inadmissível.
. Se acompanhassem corretamente o que se passava no espaço aéreo sob sua responsabilidade poderiam ter sentido a falta do Legacy, quando o transponder foi desligado.
. E dar instruções ao piloto da Gol.
. O Cindacta de Brasília poderia ter perguntado ao Cindacta de Manaus: “O Legacy já entrou na tua área ?” “Cadê o Legacy ?”
. Os controladores começaram a procurar o Legacy em Fortaleza, em Recife e não avisaram ao avião da Gol onde estava o Legacy.
. Os controladores podem dizer que tentaram quatro vezes chamar o Legacy.
. Mas, além de desligar o transponder – voluntária ou involuntariamente – os pilotos do Legacy não respeitaram o plano de vôo e MAIS DO QUE ISSO voavam com o rádio numa freqüência errada.
. Mesmo assim, os controladores poderiam ter evitado a tragédia.
. Erraram, por omissão.
. Serão julgados pela Justiça Militar.


. O delegado Sayão vai pedir, de novo, o indiciamento dos pilotos do Legacy, como responsáveis pela morte de 154 brasileiros.
. Se o transponder estivesse ligado não teria acontecido NADA !
. Mesmo com a inépcia desses dois controladores de vôo brasileiros.
. Como dois controladores erraram, os controladores todos resolveram reagir.
. Botaram a culpa nos salários, na sobrecarga de trabalho, nos equipamentos obsoletos...
. E começaram a provocar apagões.
. Mal o presidente Lula levantou vôo para se encontrar com o presidente Bush, os controladores fecharam os aeroportos do país.
. Posaram para fotos como se fossem os marinheiros do Encouraçado Potenkim...


. Era o que a mídia queria: o CAOS ! O APAGÃO !


. A mídia dava a mão aos controladores.
. E os controladores, com o apoio da mídia, paravam o país, como os caminhoneiros que ajudaram a derrubar Allende.
. E a mídia conservadora (e golpista) exultava.
. Um alimentava o golpismo do outro.
. E os advogados da Excel ? A trabalhar na moita.
. Quanto maior o caos, mais longe fica a Excel da barra dos tribunais (americanos, diga-se de passagem).


. Os jornais de televisão e os portais da internet transformaram a percentagem de vôos atrasados numa rubrica tão freqüente quanto a previsão do tempo: “8,796 % dos vôos atrasados ! Isso é uma vergonha !”
. O Jornal Nacional cobria o “apagão aéreo” com fervor cívico, agora sim, com a máxima atenção ao que se passava nos céus do Brasil.
. E os advogados da Excel Aire ?
. Na moita, a jogar lenha na fogueira em que ardiam os controladores.
. Uns coitadinhos, esses brasileiros ... como disse o New York Times.
. Para os advogados da Excel – quem são eles ? Têm alguma ligação com órgãos da mídia conservadora e (golpista), por acaso ? - a culpa pode ser de qualquer um, até do Ministro Waldyr Pires, desde que a Excel não pague o seguro.
. Se a causa das famílias brasileiras for bem conduzida nos Estados Unidos, essa empresa Excel sai do mapa, assim que tiver que pagar o primeiro cheque de indenização.
. A Excel pode ter cacife para pagar bons advogados brasileiros, mas não tem cacife para pagar essa indenização.
. Os advogados brasileiros da Excel precisam condenar os controladores (e o Governo Lula) aqui – com a ajuda providencial da CPI do Seguro –, para ganhar a causa em Nova York.
. E tome CPI.
. E lá vem a CPI.
. Em 48 horas, a CPI vai apurar o preço do mármore dos aeroportos, como promete o deputado Ônyx Lorenzoni, do PFL.


(Clique aqui para saber dessa importante questão: o mármore !)


. Em 72 horas chega à família e aos amigos pessoais do presidente Lula.
. Gregório Fortunato vai depor no Galeão.
. Mas, esse não é o fato determinado da CPI, como deixou claro o Ministro Mello, ao relatar a questão no STF – dirá a base governista, como sempre, um conjunto de baratas tontas...


. (Clique aqui para ler a integra do voto do Ministro Mello)


. Mas, que interessa o voto do Ministro, depois de instalada a CPI ?
. A mídia já avisou que o fato determinado é o que a mídia quiser.
. E os advogados da Excel, nos bastidores, ajudarão a mídia conservadora (e golpista) no que for necessário, desde que seu cliente não precise pagar o seguro.
. O Deputado Osmar Serraglio, que foi relator da CPI dos Correios (e se esqueceu de incluir Daniel Dantas entre os indiciados – teve que fazê-lo DEPOIS que a CPI tinha acabado ...), entende do assunto.
. Ele disse ao Estadão deste sábado que a CPI vai ser a CPI do Fim do Outro Mundo, porque é preciso chegar “às causas” do apagão.
. Chegaremos, portanto, a Santos Dumont, porque o Demoiselle é a verdadeira origem do apagão aéreo.
. O deputado Serraglio lembra, porém: essa CPI do Fim do Outro Mundo vai mesmo é servir às seguradoras...
. Ou seja, teremos a “CPI d(e quem paga )o seguro”.
. Se depender dos advogados da Excel e da mídia conservadora (e golpista), a CPI vai incriminar os controladores de vôo.
. (E demonstrar a incompetência do Governo mais corrupto da História, como DIZIA o futuro Ministro Mangabeira Unger...)
. Ou seja, as famílias das vítimas vão ter que acionar o Estado brasileiro.
. E nós, brasileiros, vamos pagar a conta da Excel ...
. E os pilotos da Excel ? Ora, os pilotos da Excel ...
. A primavera quente no Central Park cura qualquer susto ...


E agora, quem você acha que vai pagar a conta do seguro?


Clique aqui para votar.




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PILANTRAGEM FANTÁSTICA

TEM ALGO NO AR ALÉM DE AVIÕES DE CARREIRA

Veja o que o nosso internauta Gabriel Sitônio nos mandou:

Quem tiver oportunidade veja o primeiro vídeo (1986) sobre o primeiro apagão aéreo que a Globo (no poder) mais Brasília e os militares. http://www.youtube.com/watch?v=R9SBlHZahLc A reportagem passa no Fantástico (em maio de 1986) e diz que os pontos que aparecem nos radares são ovnis.


O vídeo também mostra que o presidente da Petrobras, Cel. Ozires Silva que estava no avião, fez contato com os óvinis, a matéria mostra até a filmagem de um óvini no céu de são bernado, é impressionante a cara de pau da mídia (golpista) quando quer fazer a sociedade brasileira de palhaço.


Clique aqui para assistir ao vídeo no YouTube.

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domingo, abril 29, 2007



Como a Folha te enrola

Eduardo Guimarães
http://edu.guim.blog.uol.com.br


A Folha de São Paulo, bem como o resto da grande imprensa, enrola o público - ou, ao menos, tenta. Isso fica mais uma vez evidente diante da carta do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, enviada ao jornal em protesto contra uma reportagem e um editorial daquele veículo que difundem uma versão deturpada dos gastos do governo federal com publicidade.

Se você quiser entender como a Folha - e o resto da imprensa - o enrola, leia, abaixo, a reportagem (resumida) a que o ministro se refere em sua carta ao jornal, o questionamento dele a essa reportagem e minhas considerações finais.

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Folha de São Paulo, 24/04/2007
"Lula bate recorde e gasta mais de R$ 1 bilhão em publicidade (...) os gastos com propaganda estatal federal passaram de R$ 1 bilhão pela primeira vez na história (...). O valor (...) chegou a R$ 1.015.773.838. (...) Segundo o ministro Franklin Martins (...), os números da publicidade "refletem uma presença forte das estatais, pois estão entre as maiores do Brasil e precisam competir no mercado". (...) nos anos (...) em que Fernando Henrique esteve no Palácio do Planalto, o maior gasto do tucano se deu em 2001, com um investimento de R$ 953,7 milhões -a Secom corrigiu essa cifra pelo IGPM, da Fundação Getulio Vargas. (...) Com a chegada de Lula ao Planalto, os valores não param de subir. (...) em 2003, o petista foi modesto. Investiu R$ 667,6 milhões, menos do que em todos os anos anteriores com FHC. Os gastos subiram para R$ 956,1 milhões em 2004. (...) quando estourou o esquema do mensalão, o governo usou R$ 963 milhões em propaganda. Para chegar ao recorde de R$ 1,015 bilhão no ano passado, Lula teve de fazer gastos concentrados no primeiro semestre e nos últimos dois meses do ano passado -pois durante a fase eleitoral há restrições legais à publicidade estatal. (...) Não é possível saber de maneira completa quanto o governo gasta com propaganda. As cifras divulgadas não incluem o dinheiro usado em publicidade legal (editais e balanços). No ano passado, as empresas do governo que disputam o mercado com a iniciativa privada consumiram R$ 775,2 milhões -76,3% da verba lulista total em propaganda. (...) Nos anos FHC, as estatais chegaram a responder por, no máximo, 65,4% do valor gasto em publicidade (em 1999)"
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Folha de São Paulo, 28/04/07
Painel do Leitor"Não houve nenhum aumento dos gastos com publicidade institucional (...) Em 2006, a veiculação de publicidade da administração direta e das empresas estatais que não disputam mercado foi de R$ 240.595.201,92 -uma queda real de 11,25% em relação ao ano anterior, com valores corrigidos pelo IGPM (...). Tais gastos incluíram a publicidade de utilidade pública, como campanhas de vacinação infantil e de idosos. Ainda assim, é um valor 14% inferior aos R$ 280.404.743,86 despendidos em 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso. No último ano, houve, sim, aumento de investimentos em publicidade das empresas estatais brasileiras que competem no mercado e, portanto, precisam divulgar os seus produtos e serviços (...). Do total de investimentos em mídia em 2006 (R$ 1.015.773.838,00), 76,3% -ou seja, R$ 775.178.636,08- são da responsabilidade dessas estatais, empresas de grande porte como a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Mesmo nesse caso, o crescimento no ano foi de 12%, variação inferior à do mercado publicitário como um todo, de 12,3% (Ibope Mídia)." FRANKLIN MARTINS, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Brasília, DF)

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Devido à tecnicidade dos textos acima, é preciso lê-los com muita atenção para se captar o que a Folha fez. O jornal misturou todos os gastos do governo com publicidade no mesmo balaio, com o óbvio interesse de confundir o leitor. Por isso, não separou o que são gastos das empresas estatais que disputam fatias de mercado - tais como a Petrobrás ou o Banco do Brasil, que têm forte concorrência de mega empresas petroleiras e bancos, muitos deles multinacionais - e os gastos da administração direta e de estatais que não disputam mercado. Quanto o Itaú, por exemplo, gastou a mais de publicidade no mesmo período em que o Banco do Brasil aumentou seus gastos nessa área? De acordo com o ministro Franklin Martins, o mercado publicitário aumentou 12,3% no ano passado, enquanto que os gastos do governo com publicidade, no total, aumentaram 12%, ou seja, abaixo do aumento do mercado, o que significa que seus gastos nessa área acompanharam o que aconteceu com todas as empresas do país.

Em tese, será sempre bom a imprensa fiscalizar governos e questioná-los sobre como usam o dinheiro público. Porém, só quando essa fiscalização e esse questionamento não são seletivos. Se a imprensa do Estado mais rico do país - que chega a ter economia e população maiores do que todos os países sul-americanos, com exceção da Argentina - investiga o governo federal, mas não acompanha praticamente nada do que faz o governo desse Estado, mesmo sendo responsabilidade dessa esfera da administração pública cuidar diretamente da Saúde, da Educação, da Segurança e do Transporte, entre outros, é preciso saber se o que move essa imprensa é espírito público ou um reprovável e pretensamente dissimulado espírito político-partidário. Para mim, a segunda opção é a correta.




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sexta-feira, abril 27, 2007


PERFEITO: "a desqualificação da política não é um ato ingênuo".


Grande Chinaglia!!!





Câmara vai processar comentarista Arnaldo Jabor

Luiz Cruvinel
Chinaglia: "Temos a legitimidade para representar o povo, e isso precisa ser respeitado."

O presidente Arlindo Chinaglia anunciou hoje, em plenário, que a Câmara vai processar o comentarista Arnaldo Jabor, da rádio CBN. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, durante reunião dos líderes partidários. Em rede nacional, Jabor ironizou os gastos com combustível declarados por deputados, a quem chamou de "canalhas". Ele também pediu a prisão dos parlamentares, de forma genérica. Chinaglia considerou inadmissível o ataque do comentarista.


"Evidentemente que nós não queremos aqui nenhum tipo de atitude que represente uma mudança de comportamento, como se, a partir de agora, nós fôssemos atacar a imprensa. Não é isso. O que nós vamos fazer é defender a instituição", disse Chinaglia, que considerou o ataque do jornalista "injusto e generalizado". "Chegou ao nível do inadmissível", avaliou.


Legitimidade


O presidente da Câmara prometeu ainda estabelecer um debate público com os meios de comunicação para evitar esses excessos.


"Não queremos compaixão com o erro, mas queremos respeito à democracia", disse.


Para ele, a desqualificação da política não é um ato ingênuo, e procura retirar das mãos da população uma instância legítima de representação e de defesa de direitos. "Não queremos passar a idéia de que aqui somos igualmente puros, mas temos a legitimidade para representar o povo, e isso precisa ser respeitado", disse.


Consultoria jurídica


Chinaglia pediu empenho dos deputados para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 214/03, que cria uma consultoria jurídica para a Câmara, nos moldes da Advocacia Geral da União.


A consultoria seria útil, segundo o presidente da Casa, para defender os deputados em casos como esse.A PEC que cria a consultoria jurídica, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) no último dia 18, deve ser analisada por uma comissão especial antes de ser votada pelo Plenário.






Reportagem: Paula Bittar/Rádio CâmaraEdição: Simone Ravazzolli


(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')


Agência Câmara

enviado por:



http://por1novobrasil.blogspot.com/

SEM MEDO DE SER FELIZ!

LULA 2006




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quarta-feira, abril 18, 2007



FHC e pais do Real se calam sobre Nassif

O jornalista Luiz Nassif, em entrevista a Terra Magazine, acusou uma manipulação do câmbio em 1994/95. Procurados, FHC, André Lara Resende e Gustavo Franco não responderam à acusação.


Redação Terra


O presidente Fernando Henrique Cardoso e dois dos "pais" do Plano Real responderam com silêncio absoluto à acusação, feita pelo jornalista Luís Nassif, de que houve manipulação do câmbio em 1994/95 com o objetivo de favorecer com "centenas de milhões de dólares" o banco Matrix, do qual foram sócios os tucanos André Lara Resende e Luís Carlos Mendonça de Barros.

Terra Magazine publicou uma entrevista com Nassif na segunda-feira. Nela, o jornalista, autor do recém-lançado livro Os Cabeças-de-Planilha - Como o Pensamento Econômico da Era FHC Repetiu os Equívocos de Rui Barbosa, fez um ataque direto a Lara Resende (leia aqui). "Eles (os formuladores do Real) tomaram um conjunto de medidas técnicas cuja única lógica foi permitir enormes ganhos para quem sabia para onde o câmbio ia caminhar. E o grande vitorioso desse período é o André Lara Resende, um dos formuladores dessa política cambial."

Referindo-se à sobrevalorização do Real, Nassif responsabilizou FHC pela "perpetuação do erro" e o qualificou como "presidente vacilante e com pouca visão de futuro".

Na mesma segunda-feira, Terra Magazine procurou Lara Resende, FHC e Gustavo Franco, um dos presidentes do Banco Central durante o governo do tucano. O primeiro vive hoje em Londres, mas mantém uma secretária no Brasil. Ela disse que repassaria a seu chefe o link da entrevista, mas não deu garantia de retorno, alegando que ele "viaja muito". Franco e FHC foram procurados por intermédio de suas assessorias de imprensa e, passadas 48 horas, não se manifestaram.


Leia a seguir alguns comentários do livro de Nassif sobre os economistas que formularam o Real e/ou trabalharam na sua implementação:


"(...) Nos meses que antecederam a implantação da nova moeda, Winston Fritsch reuniu-se reservadamente em São Paulo com instituições financeiras internacionais, praticamente fornecendo o mapa da mina da apreciação do real. (...) Um dos presidentes de instituição estrangeira presente no encontro me contou a surpresa deles ao ver um membro do governo passando o mapa da mina cambial. Seu banco entrou no jogo, ganhou bastante, mas não tanto quanto os que tinham plena certeza de que aquele movimento não seria revertido naquele ano."

"André Lara Resende via o plano como uma forma de enriquecimento e ascensão social. Depois de enriquecer com o Real, realizou sonhos adolescentes de comprar cavalos de corrida - que transportou de avião para Londres, quando resolveu passar uma temporada por lá."

"Gustavo Franco era o ideólogo, mas casava com brilhantismo conhecimentos históricos, teóricos e de mercado. (...) Seus passos tinham como um dos objetivos centrais sepultar, varrer do mapa a estrutura industrial moldada no período de protecionismo e impor o primado do capital financeiro, com o voluntarismo que caracteriza todo jovem acadêmico quando no poder. Logo no início do Real, aliás, o Garantia abriu uma ação contra o governo, questionando os critérios de conversão dos títulos cambiais, da URV para o dólar. (,,,) Jamais o banco havia questionado uma medida que fosse do BC. A muitos pareceu um fogo de encontro, para vender a idéia de que não se estaria se beneficiando do fato de ter, entre seus sócios, o pai de Gustavo."

"De Pedro Malan não há registro sobre opiniões que tenha manifestado ao longo dos meses em que foram definidos os princípios do novo plano. Permaneceu oito anos equilibrando-se com o subsídio apertado de ministro. Apenas quando saiu conquistou um alto cargo no Unibanco."

"Os economistas do Real haviam sido os economistas do Cruzado. Lá, aprenderam duas características desses planos. Uma, as extraordinárias possibilidades que se abriam nos mercados de derivativos, devido à falta de clareza sobre os próximos passos dos mercados.


Quem está no governo tem o controle do processo porque cabe a ele definir as regras do jogo e prever suas conseqüências. Além disso, há uma dupla blindagem para suas ações: aquela decorrente do clima cívico que se seguia a qualquer plano de estabilização, e o desconhecimento da opinião pública em geral sobre as complexidades dos mercados de derivativos."

Terra Magazine


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terça-feira, abril 17, 2007




RESENDE E O GRANDE GOLPE DO PLANO REAL


Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 312



. "...(André) continuou tendo participação ativa nas formulações econômicas, em um caso flagrante de ‘inside information’. Aliás, ele era mais do que um insider. Era o economista com dupla militância, ajudando a definir as regras do Real e, depois, operando no mercado em cima dessas margens". (Pág. 187)
. "... algumas instituições começaram a atuar pesadamente no mercado de câmbio, apostando na apreciação do real... a mais agressiva foi a DTVM Matrix... com capital de R$ 14 milhões passou a ter uma carteira de R$ 500 milhões. Seu principal sócio era André Lara Resende". (Pág. 197)
. "Para fortalecer a posição dos "vendidos" (como o Matrix de André), nos meses que antecederam a implantação da nova moeda, Winston Fristch reuniu-se reservadamente em São Paulo com instituições financeiras... fornecendo o mapa da mina da apreciação do Real... Um dos presidentes de instituição financeira presente me contou a surpresa deles ao ver um membro do Governo passando o mapa da mina cambial". (Pág. 198)
. Esses relatos espantosos fazem parte do livro "Os cabeças-de-planilha", de Luis Nassif, da Editora Ediouro, que acaba de ser lançado.


. Esta é provavelmente a denúncia mais grave já feita sobre as maracutaias na política econômica brasileira.
. Sobre a promiscuidade entre o público e o privado.
. Sobre o que se passa, na verdade, por trás da ciência dos cérebros que oferecem à mídia conservadora e aos bancos as idéias luminosas que deveriam orientar essa infeliz Nação.
. Eles, os sábios. "A Nova Renascença", como dizia o "Rei Filósofo", FHC. Eles, os especialistas em "inside information"...
. André Lara Resende foi um dos formuladores e, como demonstra Nassif, o maior beneficiário do Plano Real.
. Não há como atribuir a apreciação do Real, na largada do Plano, a uma barbeiragem, ou a um "erro técnico", como prova Nassif.
. Está mais parecido com um "business plan".


. A melhor explicação, como diz Nassif, é que houve um trabalho em cima de "inside information", em que Resende sabia que o "erro" seria cometido e os gênios do Governo FHC não o corrigiriam.
. Por que não corrigiram?
. Nem FHC, o Farol de Alexandria, que lançava luzes sobre a Antiguidade, sabe explicar.
. A entrevista que FHC deu a Nassif, em fevereiro deste ano, é patética.
. Por três vezes ele diz que não sabia do que acontecia – e não sabia o que acontecia sobre o Plano Real, que mudou a economia, a moeda e o país (para o bem e para o mal...)
. E por cinco vezes ele diz que não foi consultado.
. Não foi consultado sobre questões centrais da reforma do Plano Real.
. É espantoso !!!
. Espantoso também é o que conta Nassif, na Pág. 211: "André Lara Resende via o plano como uma forma de enriquecimento e ascensão social. Depois de enriquecer com o Real, realizou sonhos adolescentes de comprar carros e cavalos de corrida – que transportou de avião para Londres, quando resolveu passar uma temporada por lá"...
. Leia a seguir a entrevista que fiz com Nassif, nesta segunda-feira, dia 16. Realizei uma pequena edição, para facilitar a leitura. Portanto, a versão em áudio (clique aqui para ouvir) não é exatamente a mesma da versão em texto, que se segue.
Leia a seguir a entrevista com Luis Nassif sobre o golpe (ou a tacada) do Real:
Paulo Henrique Amorim - Eu vou conversar agora com o meu colega jornalista Luis Nassif, que acaba de lançar o livro "Os Cabeças de Planilha". Até onde eu entendo, o livro é uma comparação entre a reforma monetária de Rui Barbosa, de 1890, e o Plano Real, de 1993, não é isso?
Luís Nassif - Isso.
Paulo Henrique - São 100 anos de distância entre um e outro, mas muitas similaridades, não é isso?
Nassif - Muitas, muitas.
Paulo Henrique - Eu queria entender o papel do André Lara Resende, um dos economistas mais importantes na formulação do Plano Real. Você na entrevista que deu ao Sergio Lírio, na Carta Capital, diz que o André, ao mesmo tempo foi beneficiário e formulador do Plano Real. Como assim?
Nassif - A gente tem uma discussão que começa em 1993 sobre a troca de moeda. O ponto central tanto do Rui Barbosa quanto do Plano Real é o modo como se troca a moeda. Porque, dependendo do modo, como você define por onde a moeda vai caminhar você define quem vão ser os vitoriosos. E foi definido um modelo de troca de moeda ou de introdução do Real com base na compra de reservas cambiais. Ou seja, só quem tinha dólar podia transformar os dólares em reais. Então, o dinheiro ia pra economia e o Banco Central enxugava aquele dinheiro. Quem tinha acesso a reais e não tinha dólar ficava esmagado. Agora, o ponto central foi que a lógica do Real, por tudo o que se sabia, era, quando a URV virasse Real, era manter a paridade com o dólar. Você se lembra que um dos slogans do Real era "o primeiro plano em que não haveria surpresas". Tanto que o Rubens Ricupero (Ministro da Fazenda, depois de Fernando Henrique Cardoso), que pega o bonde andando, faz o discurso na véspera da entrada em vigor da nova moeda reiterando que a paridade seria um Real por um dólar. De repente, essa paridade cai para cada dólar valendo 90 centavos de Real, da noite para o dia. Algum tempo depois, para 80 centavos. E você tinha no mercado financeiro um grupo de instituições que apostou numa valorização do Real. Tudo montado ali para ter uma apreciação do Real. Eu investiguei que ordem de equívocos, que razões de ordem teórica, técnica, para explicar essa imprevista apreciação do real. Você vai bater nos estudos que foram feitos antes do Real pela equipe econômica e eles já tinham detectado o risco da apreciação do Real e sugeriam medidas para impedir a apreciação. De repente, a equipe econômica esquece tudo isso e permite a apreciação para 90 centavos, e depois para 80 centavos. Quando chega a 80 centavos chegam a dar declarações de que era preciso cair para 70 centavos de Real. Nesse ambiente é que o André Lara Resende monta o banco Matrix especificamente para se aproveitar daquele momento...
Paulo Henrique – Dessa apreciação do Real...
Nassif - Dessa apreciação e, depois, passar o banco pra frente.
Paulo Henrique - Então, eu te pergunto: o que você está querendo dizer é que o André Lara Resende, que ajudou a formular essa conversão de URV para Real sabia que ia ter uma apreciação e abriu um banco para se beneficiar disso
Nassif - Isso.
Paulo Henrique – É isso?
Nassif - É.
Paulo Henrique - O André Lara Resende ...
Nassif - Acho que um pouco mais. Foi cometido um erro, um erro que não tem base na lógica do Plano Real e pessoas - o André foi o que mais se beneficia disso - que participaram da formulação do Plano se beneficiaram disso.
Paulo Henrique - Quer dizer, um erro que o André sabia de antemão que haveria?
Nassif - Isso.
Paulo Henrique - Ele sabia que ia ter esse erro.
Nassif - Sabia que teria erro. Como participante e formulador ele sabia que ia ter esse erro. Ele não considerava um erro. As pessoas que comentavam na época sabiam que era um erro. Você se lembra que eram apontados como inimigos da pátria.
Paulo Henrique - Claro, o Delfim Netto, por exemplo.
Nassif - Quem denunciava os erros era "lobista da Fiesp". Eu fiz uma entrevista com o presidente Fernando Henrique que fecha o livro e eu perguntava: "Mas presidente, por que o erro não foi corrigido?". [Fernando Henrique respondeu:] "Mas não se sabia que havia o erro". Mas tinha pessoas que alertavam que havia. [Fernando Henrique respondeu:] "Ah, mas essas pessoas criticavam tanto que parecia que era uma crítica sistemática". Ou seja, eles trataram de anular as críticas e depois disseram que não tomaram decisões porque a maioria da opinião pública não acreditava nas criticas que eles se incumbiram de desmoralizar.
Paulo Henrique - O presidente Fernando Henrique... você perguntou a ele se ele sabia que o André tinha aberto o banco Matrix pra se beneficiar desse erro?
Nassif – Não. Eu não perguntei por que, na época, aí que entra essa questão dos planos econômicos, porque a tendência sempre, devido a um profundo grau de desinformação de grande parte da mídia, partidos políticos e tudo, você aceita tudo o que vem dos grandes planos econômicos, como se tivesse uma racionalidade por trás disso. Na época, não se sabia que era erro. O André, quando montou o banco Matrix, a intenção expressa não era se beneficiar do erro. Mas estava na cara. Em dezembro de 94, inclusive, eu tinha escrito uma coluna onde eu já tinha intuído que havia, digamos, um modelo de negócios, da maneira como o câmbio foi conduzido, que era muito louco.
Paulo Henrique - Eu posso dizer, Nassif, que a valorização da moeda brasileira corresponde ao modelo de negócio de um banco brasileiro?
Nassif – Não de um banco, mas de um grupo, porque o que aconteceu ali...
Paulo Henrique – Mas, que outro banco além do Matrix?
Nassif - Houve reuniões alguns meses antes com bancos de investimento onde foi mencionado qual seria a trajetória do câmbio. Tinha uma briga entre os comprados e vendidos em dólar. Os comprados em dólar eram multinacionais ou grandes empresas que queriam se defender contra a desvalorização do câmbio. Na ponta dos vendidos você tinha esses bancos de investimento, que se articularam. E você tinha uma terceira ponta que poderia desequilibrar - eram os bancos comerciais. Ou seja, num determinado momento em que o câmbio estivesse muito apreciado, estes bancos comerciais poderiam pegar linhas comerciais, entrar no mercado e desequilibrar o jogo. Só que estes bancos comerciais são afastados do jogo através de uma regra do pessoal do Banco Central...
Paulo Henrique - Na época era o Pérsio Arida?
Nassif - Não era o Pérsio, não. Foram o Pedro Malan e o Gustavo Franco. No segundo semestre de 94. Eles dizem que o câmbio pode oscilar entre menos 15, mais 15: então, criaram uma insegurança em que o banco comercial não pode entrar. Quem fica no jogo? Os bancos de investimento, pressionando para o lado dos vendidos, a política monetária pressionando para o lado dos vendidos. Agora, a parte mais interessante – foi quando fechou para mim o raciocínio. Eu vinha especulando sobre as razões daquilo em algumas colunas que escrevi na Folha - e comecei a avançar quando saiu o livro da Maria Clara.
Paulo Henrique - A Maria Clara do Prado, nossa colega no iG?
("A real história do Real", Editora Record; clique aqui para visitar o site de Maria Clara do Prado)
Nassif - Isso, isso. Ela participava como assessora, tudo.
Paulo Henrique - Do ministro Malan.
Nassif - Ela levantou os trabalhos feitos antes do Plano, e ali fecha tudo. Todos os desastres que ocorreram, já haviam sido previstos por eles, inclusive com soluções para prevenir os desastres.
Paulo Henrique - E por que não corrigiram, Nassif?
Nassif – Aí que entra a presunção de que havia algo além da teoria na maneira como conduziram o plano.
Paulo Henrique - A sua suspeita é que houve uma condução que beneficiava um modelo de negócios de bancos de investimentos, inclusive o banco do André ?
Nassif - Minha presunção é a seguinte: assim como Rui Barbosa, vamos dar o primeiro lance aqui, e depois vamos corrigir ao longo do tempo. Só que o primeiro lance condiciona os seguintes.
Paulo Henrique - Dava uma tacada e depois arrumava a casa?
Nassif - Isso. Dos dois pontos que saíram da previsão do Plano, o déficit em conta corrente apareceu muito antes do que se esperava, em dezembro. E quando teve o déficit teve uma pressão por desvalorização. Aí, o Edmar Bacha e o Gustavo (Franco) disseram "não, o câmbio tem que ir pra 0,70". O Pérsio fica escandalizado: "Como, vocês são malucos?". Isso está no livro da Maria Clara. E depois teve a crise do México. Em dezembro, de 94 a crise do México provocou pequenos movimentos de câmbio aqui que levaram a prejuízos de mais de 100 milhões de dólares para o pessoal que estava na ponta vendida. E teve um seminário lá¡ no Banco Central...
Paulo Henrique – Aí, o André perdeu dinheiro?
Nassif - Não sei. Teve uma leve oscilação ali. Porque o que ocorreu ali foi que teve um seminário no BC do Rio em que o Francisco Gros - olha a coincidência, naquele dia eu tinha escrito sobre a crise mexicana - ele faz uma apresentação em que diz que na avaliação do JP Morgan, onde ele trabalhava, o México era o país de menor risco na América Latina. Provocou uma gargalhada geral. Você ficava sem entender, não era possível ele dizer que o câmbio tinha que ir para 0,70, que o déficit tinha que ser o dobro, que o México era o país com o menor risco... Era muita batatada para um pessoal tão competente, entendeu?
Paulo Henrique - Na verdade, era um "business plan"?
Nassif - A hipótese que deu para fechar ali foi que se deu um primeiro movimento e depois se perdeu o controle. Naquele período eles estavam absolutos no pedaço.
Paulo Henrique - Eles eram os gênios da República, A Nova Renascença, como diz você. Fernando Henrique chamou de A Nova Renascença.
Nassif - Fernando Henrique tinha saído candidato à Presidência, o Ricupero assumiu sem entender as tecnicalidades...
Paulo Henrique - E o Fernando Henrique sabia?
Nassif - Acho que o pecado dele foi lá na frente, na hora de corrigir o erro.
Paulo Henrique - Você entrevistou o FHC. Ele dá a sensação de que sabia, dominava essa questão?
Nassif - Todos os pontos que eu perguntei, que eram pontos centrais desse modelo - compra de reservas cambiais, o fato de você estimular a fuga do grande capital de volta - ele dizia que não tinha sido consultado.
Paulo Henrique - Ele não tinha sido consultado? Ele era consultado para que ?
Nassif - Por exemplo, vamos pegar um ponto grave. Em dezembro ele já eleito, o Serra indicado ministro do Planejamento. Já se sabia que ele e Pérsio queriam mudar o câmbio, inclusive pensam até em pedir ao Itamar Franco para fazer uma desvalorização nos moldes do que o Sarney fez a pedido do Collor. A crise do México atrapalhou. Nos últimos dias do ano o BC faz uma emissão de títulos com clausula cambial. Qual a lógica disso?
Paulo Henrique - E como o Fernando Henrique explica isso?
Nassif - Ele dizia que não tinha sido consultado.
Paulo Henrique - Quer dizer que o BC e o Ministério da Fazenda operavam à revelia do Presidente?
Nassif - Naquele segundo semestre, o Itamar ainda era o Presidente. Eles pegavam o freio nos dentes. Primeiro, entrou o Ricupero e pegou o bonde andando. Depois entrou o Ciro Gomes, que não entendia também das tecnicalidades, e eles convenceram o Ciro a manipular aquele discurso de que quem era a favor da mudança do cambio era inimigo da pátria. Foi uma violência, você lembra. Aí eu pensava: será que estão fazendo isso para queimar o Serra, que era a favor da mudança ? Mas era muita virulência, ia queimar o Ciro, e ele entrou de cabeça...
Paulo Henrique - Mas peraí, quando houve a crise do México o Presidente era o Fernando Henrique. Nassif - Sim, mas a crise começou a dar sinais em novembro, dezembro. Já tinha todos os sinais de que ia quebrar. Agora, você tem um outro movimento complicado, em março, quando se resolve mudar o câmbio. O Pérsio faz um movimento de mudança do câmbio e o Gustavo dá sinais para o mercado contraditórios e provoca uma fuga de recursos.
Paulo Henrique - Você entrevistou o Gustavo Franco?
Nassif - Eu entrevistei o Gustavo sim...
Paulo Henrique - E ele disse o que dessa sua tese?
Nassif - Que havia um risco de inflação. Quando eu entrevistei ele não tinha saído o livro da Maria Clara.
Paulo Henrique - Você entrevistou o André?
Nassif - Não.
Paulo Henrique – Você tem medo que ele te processe?
Nassif - Os ganhos do Matrix são ganhos públicos, tem balanços, tem tudo aí.
Paulo Henrique – Você conhece, evidentemente, o papel do André. Eu assisti a isso numa solenidade em Toronto, na negociação final da divida externa brasileira, em que o André, ele durante a solenidade, participa da equipe brasileira que assina a renegociação da dívida externa e, a partir de certo ponto, ele se senta na platéia - já tendo comunicado que deixava o governo naquele instante – se senta como banqueiro. Eu estava sentado ao lado de um diretor do Citibank, que me perguntou assim: "você sabe qual dos dois chapéus o André usa? Se o chapéu de autoridade monetária ou o chapéu de banqueiro, como eu?".
Nassif - Então faltou te entrevistar, Paulo Henrique.
Paulo Henrique - Na dívida externa o André deve ter desempenhado também um duplo papel...
Nassif - Na dívida externa você faz os contatos, você cria um relacionamento amplo. E no começo dos anos 90, já estava claro qual seria o negócio do século para esses bancos de investimento: seria a reciclagem da poupança brasileira que estava lá fora. É a poupança que se manda nos anos 80, desde o início, com o caso Tieppo, depois do bloqueio do Collor, ela vai inteira pra lá. Então, eu diria que a intenção inicial desses bancos era fazer a reciclagem dessa poupança.. Esse foi um grande negócio. Mas, no meio do caminho, de repente, você a tem a chance de ganhar com a apreciação do Real, uma apreciação que ninguém esperava e que compromete todo o restante.
Paulo Henrique - Que faz, inclusive, com que o Brasil tenha essa dívida interna hoje brutal.Paulo Henrique - Agora, uma última pergunta Nassif, qual foi o papel do André na formulação do Plano Real?
Nassif - Ele fez parte do núcleo central. Os caras que tinham melhor estudado o tema eram o Pérsio e o André.
Paulo Henrique - O famoso ensaio "Larida". André Lara e Pérsio Arida, não ?
Nassif - Isso. Isso. O Gustavo Franco entra no meio do caminho sem ter ainda a cancha dos dois, mas o Gustavo sempre foi o mais organizado, o cara que sistematizava. Mas o André foi fundamental. No começo ele queria que fosse um "currency board", que nem teve na Argentina de Domingos Cavallo. Agora, o interessante é que quando você pega os estudos prévios, a única coisa que não aparece nesses estudos é o essencial: o modelo da monetização, como vai ser a compra de reservas cambiais. É o que dá a base para você esmagar o setor interno da economia, aquele que não tinha acesso ao dólar. E dá todo o espaço possível ao setor que tinha acesso aos dólares. Quando você pega todos os pontos - como os bancos comerciais são afastados disso, você tem primeira apreciação do câmbio, tem a segunda desvalorização do câmbio. Depois que você chega naquela posição, vê que está tudo arrebentado ... não dá para você ficar no mero erro teórico ...
Paulo Henrique - Ainda mais com mentes privilegiadas como essas...
Nassif - Paulo, eu sou um jornalista econômico. Em 94 e 95 eu tenho todas as minhas colunas prevendo isso. E eles com o conhecimento deles e tudo mais e todas as ferramentas do Banco Central, todos os números na mão tinham mão previram ? Depois, quando você pega os estudos prévios, estava tudo lá: "pode acontecer isso, isso e aquilo. E pode ameaçar o plano. Então, para isso, isso e aquilo nós vamos tomar essa, essa e essa medida". E quando você termina o período todo, nenhuma medida foi tomada e todos os pontos que eles apontavam como vulnerabilidade da economia tinham piorado por conta dessa decisão, desse modelo de remonetização da economia.
Paulo Henrique - Quer dizer que o Presidente Fernando Henrique não era consultado?
Nassif - Não, em nada.
Paulo Henrique - Nada?
Nassif - Em nada.




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FHC: "O ESTOURO VEM AÍ"

Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 313



. O livro "Os cabeças-de-planilha", de Luis Nassif, faz revelações espantosas sobre a "tacada" de um dos formuladores do Plano Real, André Lara Resende.
. André, que foi um dos pais do Plano Real e se tornou seu maior beneficiário.
(Clique aqui para ler "Resende e o grande golpe do Plano Real")
. O livro contém uma entrevista que Nassif fez em fevereiro de 2007 com Fernando Henrique Cardoso, o Farol Alexandria, aquele que lançava luzes sobre a Antiguidade.


. FHC demonstra que não sabia e nem foi consultado sobre aspectos cruciais do Plano.
. Mais do que isso, a entrevista de FHC, o suposto gênio da intelectualidade conservadora brasileira, não diz coisa-com-coisa sobre o Plano Real, nem sobre os impasses que seu Governo viveu. Nem sobre o futuro do Brasil.
. É uma misturança de conceitos imprecisos e idéias mal concebidas.
. Isso não é muita novidade.
. Só a mídia conservadora (e golpista) ainda presta atenção às "idéias" de FHC.
. Nem o PSDB presta mais.


. Porém, a entrevista demonstra o sentimento "secreto" de FHC sobre o Presidente Lula e o destino do Governo Lula.
. Em suma, FHC considera Lula um despreparado e que seu Governo vai "estourar" a qualquer hora.
. Vejam só.
. Pág. 310, sobre a necessidade de liberalizar a economia: "não sei o que vai acontecer agora, porque o Governo está bem dividido nessa matéria. E aí entram os custos. (???) O Lula sabe menos do que eu. Ele não vai arbitrar. Não consegue nem montar o Governo. Vai ter um puxa pra lá, puxa pra cá. Houve no meu Governo também, porque é constitutivo de interesses que se chocam".
. (Ganha um doce quem souber o que ele acha e pensa sobre a matéria...)
. Sobre o estouro do Governo Lula, Pág. 308: "Como agora. Você vai ver que em determinado momento vai haver um estouro. Quem vai poder mudar isso agora?"

. Que estouro?
. É uma torcida?
. Um vaticínio?
. Ou "quanto pior melhor"?




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segunda-feira, abril 16, 2007








Conheça o PAC e saiba como e onde o Governo Federal está investindo para o Brasil crescer mais.







http://www.brasil.gov.br/pac/

Edições Relativas ao PAC
Edição/Data
Título
N° 480 - 12.02.2007
PAC estabelece correção anual de 4,5% da tabela do imposto de renda até 2010
N° 479 - 09.02.2007
PAC vai permitir maior eficiência das compras governamentais
N° 478 - 07.02.2007
PAC: recuperação e integração da infra-estrutura de transportes
N° 477 - 05.02.2007
PAC garante expansão do setor energético
N° 476 - 02.02.2007
PAC: Infra-estrutura social e urbana terá R$ 170,8 bilhões em quatro anos
N° 475 - 01.02.2007
PAC: 64% dos investimentos serão destinados a projetos regionais
N° 474 - 29.01.2007
PAC dá novo impulso para a indústria de microcomputadores
N° 473 - 26.01.2007
Fundo vai impulsionar novos investimentos em infra-estrutura
N° 472 - 25.01.2007
PAC: expansão do crédito e melhoria no ambiente de investimentos
N° 471 - 23.01.2007
Redução de impostos é um dos pilares do Plano de Aceleração do Crescimento
N° 470 - 22.01.2007
PAC prevê R$ 503,9 bilhões em investimentos em infra-estrutura nos próximos quatro anos
http://www.brasil.gov.br/pac/em_questao/












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sábado, abril 14, 2007




DILMA EXCLUSIVO: CRESCER E DISTRIBUIR JÁ

Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 302

. “O Brasil saiu do círculo vicioso de controle do orçamento, inflação, controle do orçamento, inflação... daquela incapacidade de ter estabilidade e crescimento. O Brasil vai conseguir provar que é possível crescer a taxas expressivas e distribuir a renda ao mesmo tempo”.
. Essa é uma tese que a Ministra Dilma Rousseff desenvolveu numa conversa que tive, ontem, no 4º andar do Palácio do Planalto.
. Havia aparentemente uma impossibilidade teórica de crescer e distribuir a renda ao mesmo – diz ela. É o que os economistas diziam na mídia...
. Tentar isso era quase uma irresponsabilidade do governante.
. “Mostramos que isso é possível”, diz Rousseff.
. Rousseff faz questão de enfatizar que o Governo Lula conseguiu mostrar que isso “é possível a curto prazo”.
. Não foi preciso esperar a economia crescer para depois começar uma política consistente de distribuição de renda.
. Essa conversa com a Minista Dilma Rousseff teve, entre outros objetivos, tratar de temas mais ligados à conjuntura econômica e empresarial de curto prazo, e discutir o andamento do PAC.
. Rouseff diz também que o PAC é o primeiro esforço brasileiro de pensar o crescimento da economia no médio prazo – nos quatro anos do segundo mandato do Presidente Lula.
. “Não podemos admitir que a gestão governamental só seja para agir no curto prazo”, ela disse.
. O Brasil hoje tem um rumo, uma visão estratégica, com o PAC – ela diz.
. O Governo não precisou contratar nenhuma empresa de consultoria estrangeira para estudar e tomar providencias sobre as necessidades do país na área energética, portos, transportes, logística...
. O PAC organiza o governo – é a boa e velha administração por objetivos, diz Rousseff.
. Nessa discussão sobre o médio prazo, o país descobre quais são suas verdadeiras vocações.
. É óbvio que o bio-combustivel é uma vocação.
. Mas tem outra que está aí, e é uma vocação indiscutível do Brasil, diz Rousseff: é a bio-tecnologia.
. Ela comenta com entusiasmo a notícia (clique aqui para ler a reportagem do Conversa Afiada sobre o assunto) de que um pesquisador da USP – Ribeirão Preto descobriu uma forma de combater o diabetes a partir de células–tronco.
. A Ministra abre o notebook e mostra as planilhas com as 99 obras da Petrobrás, dentro do PAC.
. De todas, só 4 aparecem com o fundo “amarelo” – são as obras que Rousseff diz que tem elementos “preocupantes”.
. As que seguem dentro do prazo e sem preocupação têm fundo “verde”...
. As duas são as plataformas PJ5 e PJ 7 – cada uma de US$ 2 bilhões.
. E, aí, os preços apresentados têm que ser rediscutidos: “tem que mudar”, diz a Ministra.
. Qual a alternativa? Antecipar a PJ6 e fazer com que a PJ6 seja um clone da PJ5.
. O que é a gestão do PAC (que cabe naquele minúsculo noteboook)? “É ver onde tem problema e tomar medidas”.
. Mas, para isso, é preciso ter um rumo.
. A Petrobrás é 60% do PAC.
. O PAC são R$ 504 bilhões.
. R$ 278 bilhões são para a área de petróleo, gás, energia elétrica, e combustíveis renováveis.
. R$ 58 bilhões para investimentos em logística (portos, navios).
. E R$ 170 bilhões para a área social, e saneamento e habitação.
. Ela mencionou que, na véspera, tinha tido uma conversa muito produtiva sobre investimentos em saneamento e habitação com funcionários do Governo de São Paulo: “todo mundo tem a consciência de que em saneamento e habitação as três instâncias têm que cooperar – federal, estadual e municipal”.
. Rousseff fala com entusiasmo também sobre as novas fronteiras tecnológicas abertas pela telefonia e a digitalização, e o papel importante que o Governo tem a desempenhar.
. “O Governo governa”, diz ela sem cerimônias.
. E conta como o governo “governou” a empresa Eletronet, que estava quase fechada com a quebra da AES, e a partir daí montou o projeto Infovias, que significa “colocar o Brasil sentado em cima de uma malha gigantesca de banda larga”.
. O Presidente Lula deve anunciar a Infovias em maio.
. E daqui a duas semanas, Dilma Rousseff fará um balanço público sobre os primeiros tempos do PAC – quando o Governo voltou a governar.
. E se alguém tiver duvida é só sentar diante dessa mineira de fala (falsamente) mansa.

Clique aqui para ler entrevista com pesquisador do IPEA sobre o melhor índice de distribuição de renda do Brasil nos últimos 30 anos – e o papel importante que o Bolsa Família desempenhou nisso.
Leia também:
Carta Capital: Lula não quer "ambevização" da Telemar

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/426001-426500/426446/426446_1.html

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sexta-feira, abril 13, 2007



ARTIGO: Marco Aurélio Garcia explica opção brasileira por biocombustíveis

O assessor especial de política externa da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, publicou nesta sexta-feira no jornal O Globo um artigo em que aborda a opção brasileira pelos biocombustíveis. “Uma revolução energética está em curso. Ela não opõe biocombustíveis aos combustíveis fósseis. Ao contrário, propõe uma complementaridade entre os dois. Ela permitirá consolidar a América do Sul como a região de maior e mais diversificado potencial energético do mundo”, afirma.

Leia a íntegra do artigo:

A opção brasileira
MARCO AURÉLIO GARCIA

A recente visita do presidente Bush ao Brasil e o encontro que manteve com Lula semanas depois, em Camp David (EUA), provocaram uma inusitada discussão sobre o papel dos biocombustíveis na matriz energética latino-americana e mundial.
O presidente Fidel Castro fez críticas ao uso do etanol e do biodiesel, compartilhadas por outros presidentes amigos do Brasil. Para Castro, a produção de etanol a partir do milho, sobretudo, beneficia o consumo dos ricos às custas da "queima de alimentos" para os pobres.
A opção brasileira pelos biocombustíveis vem de longe. Ganhou corpo a partir de 2003 e esteve presente nos diálogos de Lula com seus colegas latino-americanos nos últimos anos. Daí resultaram iniciativas concretas com Bolívia, Uruguai, Equador, Haiti e Venezuela.
O interesse dos Estados Unidos por esta alternativa energética deu maior visibilidade ao tema. É compreensível e legítimo, assim, que governantes que têm críticas à administração Bush aproveitem a oportunidade para realçar diferenças com Washington.
As escolhas energéticas do Brasil não devem, porém, transformar-se em cenário para uma discussão político-ideológica, como se estivessem configurados dois campos opostos nas Américas. A cooperação em biocombustíveis com os Estados Unidos é válida e não altera em nada a política externa do Brasil na região.
Em São Paulo e Camp David, Lula reiterou a ênfase de nossa diplomacia na integração sul-americana. Em ambas as ocasiões, afirmou que a América do Sul vive um momento privilegiado, com governos democráticos, legitimados pelo voto popular, movidos por uma preocupação reformadora que tem permitido incluir social e politicamente milhões de homens e mulheres duramente golpeados, nas últimas décadas, pela aventura neoliberal que assolou a região.
Em sua fala nos Estados Unidos, Lula explicitou por que esta opção energética ocupa um lugar central no Brasil, um país auto-suficiente em petróleo, que tem mais de 60% de sua eletricidade originária do setor hidroelétrico, que será brevemente auto-suficiente em matéria de gás, além de possuir avançados programas nos domínios solar, eólico e nuclear.
O governo brasileiro está convencido de que os combustíveis renováveis - etanol e biodiesel - apontam para o enfrentamento de quatro grandes desafios do século.
O primeiro é o da crise energética, que afeta todos os países, inclusive os desenvolvidos, e que, em nossa região, constitui sério obstáculo à retomada do desenvolvimento acelerado de que necessitamos. Na África, na Ásia, na América Central e em quase todo Caribe, os biocombustíveis são a grande alternativa para resolver o dramático déficit energético de muitos países vítimas da estagnação e da dependência externa.
O segundo desafio é dar resposta ao problema do desemprego e da concentração de renda. A produção de biocombustíveis é capaz de gerar milhões de empregos, fixando o homem na terra e distribuindo a renda, sobretudo se, como prevê a legislação brasileira, a agricultura familiar for estimulada.
O terceiro é o de contribuir para a redução do aquecimento do planeta. Como combustível ou aditivo aos combustíveis fósseis o etanol e o biodiesel reduzem consideravelmente a emissão de poluentes na atmosfera.
O último desafio é o de assentar as bases para uma indústria de nova geração, sucessora da petroquímica, capaz de produzir materiais, medicamentos, adubos e alimentos para animais.
O exemplo brasileiro indica que é totalmente controlável o risco de que programas de biocombustíveis venham a contribuir para o aumento da fome no mundo. A fome não decorre da ausência de alimentos, mas da falta de emprego e de renda, que afeta um bilhão de homens e mulheres no planeta. Como lembra o sociólogo Emir Sader, hoje se produz alimentos suficientes para 12 bilhões de pessoas, o dobro da população mundial.
A experiência brasileira mostra também que as terras destinadas à produção de matéria-prima para o etanol e o biodiesel não são próprias para o cultivo de alimentos. Menos de um quinto dos 320 milhões de hectares de terra arável do país é hoje cultivado. Desse total, apenas 1% se destina à cana, ou seja, 65 vezes menos que os milhões de hectares de pastos degradados onde esse cultivo vem se expandindo. É falta de conhecimento dizer que o Brasil poderá transformar-se em um imenso canavial.
Não há qualquer risco para a Amazônia, região sabidamente desfavorável para uma agricultura com fins energéticos e onde o governo brasileiro logrou considerável redução do desmatamento.
É evidente que a produção global de biocombustíveis requer cuidados. É necessário selecionar oleaginosas cuja exploração para fins energéticos não venha acarretar elevação do preço de bens alimentares essenciais, como vem acontecendo com o milho. Diferentemente do que ocorre com a cana - sobretudo depois dos ganhos de produtividade resultantes de anos de pesquisas -, o milho não é adequado, econômica e socialmente, para a produção de etanol.
Os biocombustíveis não aumentam a dependência dos países pobres em relação aos ricos. Ao contrário, incidem positivamente sobre a balança comercial daqueles, diminuindo as importações e aumentando as exportações.
Finalmente, uma rigorosa certificação pública dos novos combustíveis pelos países produtores - que poderá ser objeto de acordos multilaterais - evitará danos à natureza e assegurará condições decentes de trabalho. Legislações nacionais, como no exemplo brasileiro, permitirão um equilíbrio entre a pequena unidade produtiva familiar e as grandes plantações.
Uma revolução energética está em curso. Ela não opõe biocombustíveis aos combustíveis fósseis. Ao contrário, propõe uma complementaridade entre os dois. Ela permitirá consolidar a América do Sul como a região de maior e mais diversificado potencial energético do mundo.
O diálogo deve substituir a confrontação e a única paixão cabível neste momento é em torno da unidade sul-americana e do bem-estar de seus povos.

Marco Aurélio Garcia é assessor especial de política externa do presidente da República
www.pt.org.br


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Calma aí, sêo Berkeley da California! E "perícia acadêmica acumulada", qué dizê... Dá licença, mas...

Eu-euzinho, aqui da Vila Vudu, quero examinar essa perícia acadêmica aí, antes, preu vê se presta. "Acumulada", tá, eu sei que acumulô, pq esses cara sempre acumula. Eu não sei é a tal de "perícia acadêmica" presta. Pra começá, a gente ainda tem de peritá essas perícia acadêmica.

Se se avalia a perícia dos carinha lá, pela perícia dos professô-dotô da tucanaria-uspeana aqui, que eles tudo vira "pós-graduado em Berkeley" e "pós-graduado em Princeton" e "pós-graduado em Harvard", por aqui... o negócio por lá tá é maus. Sujô. Sinceramente. "Pós-graduado em Harvard", mês que vem, até o Alckmin e "a Lu" também vão sê. Bela droga.

E tem o seguinte: esse negócio aí de "a Universidade foi levada a uma parceria corporativa" parece conversa da Idade Média: a universidade foi levada por deus, depois foi levada pelos jesuítas, depois (quando brigô todo mundo) a universidade foi levada pelo papa, depois pela Inquisição, depois foi levada prô Brasil, pelo Marquês de Pombal, depois foi levada pela GGG (Grande Grana Global), depois a universidade foi levada pelo PSDB-PFL (nunca democrata) e pelo Estadão-UDN...

Mas... e a universidade NUNCA LEVOU NADA?! Conta ôtra, sêo Berkeley!

A USP, de Sampa, por exemplo, seeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeempre levô vantagem em tudo (sobretudo sempre levô a minha grana, dos meus impostos). É só fez fazê professô-dotô da tucanaria pefelista que, depois, escrevem no Estadão, na Folha de S.Paulo e coisa e tal. Já tá na cara. Cadê a "perícia acumulada", sô?! Principalmente: cadê os votos dessa tucanaria de "perícia acadêmica cum maracutaia et laudae?!
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A gente concordamo que "cabe à sociedade pressionar". Tá perfeito e, mesmo que nenhum Berkeley (e quem é esse tal de Berleley da California?!) dissesse isso, a gente pressionaria do mesmo jeito, porque a gente sempre pressionô meso e a gente sempre pressionaremo.

Mas o caso é que, se os professô-dotô das Berkeley da vida boicotassem as pesquisas, eles ajudaria MUITO MAIS, né-não? Podiam fazê greve de pesquisa e não pesquisá nada, eles meso, pra começá.

E o Brasil JÁ NÃO É ESSA ESPÉCIE de mega-lixão inerte, onde o sêo Berkeley da California e os amigos dele SEMPRE despejaran lixo ou plantaram café como o Berkeley mandá-que-sim ou mandá-que-não. Temos governo e estamos atentos.

Se esses super professô-de-Berkeley se organizarem e boicotarem as pesquisas DELES (que fosse!), ou se entregarem pesquisas tuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuudo errada, que provoquem monumentais perdas de dinheiro nas 'parceiras' lá deles, das Berkeley da vida... BOM! Já seria MUITO MAIS LINDO, né-não?!

Já tamo é de saco é muito cheio de esses caras escreverem tudo assim, tão 'politicamente correto'... mas continuarem a fazer as pesquisas que a GGG manda eles fazerem. Só falta, mesmo, algum Berkeley aí querer me convencer de que eles NÃO PODEM fazer nada... além de eles mandarem "a sociedade" fazer o que eles NÃO FAZEM.

E tamém não sei quem é esse tal de "Food First de Oakland". Quem é esse cara? Quem paga o aluguel dele? Quem põe comida na mesa dele? Sem saber isso, comé que eu vou saber qual é a dele?

Bom. De qualquer modo, se esse tal de Sr. Berkeley da California escreve IGUALZINHO a um Frei Beto qualquer... NÃO HÁ DÚVIDA que Berkekey tá piorano e o Brasil tá melhorano.

Avisa lá: aqui, pelo menos, a gente JÁ SABE que o que os Frei Betto escreve não é pra levar a sério.

Por falar nisso... onde foi que o Frei Betto estudou etanol e cana... pra ele se metê a falar de cana?! Tenha dó. Me respeitem.

Manda lá, pro Berkeley aprender, o artigo do ministro Marco Aurélio, pro Berkeley baixá a crista: "A opção brasileira pelos biocombustíveis vem de longe. Ganhou corpo a partir de 2003 e esteve presente nos diálogos de Lula com seus colegas latino-americanos nos últimos anos. Daí resultaram iniciativas concretas com Bolívia, Uruguai, Equador, Haiti e Venezuela."

Vai-se ver, o tal de Berkeley da California e o tal de "Food First de Oakland" tá brabo porque nenhum governo Lula do Brasil precisô perguntar o que fazer a nenhum Berkeley da California e a nenhum "Food First de Oakland". Que vão se catá os Berkeley & Food da California e de Oakland e o escambau.
From: Vila Vudu - Cumunidade
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Indústrias vão se apropriar da perícia acadêmica construída

Universidade da Califórnia: O poder de grandes finanças e idéias más.
Benfeitores de biotecnologia e biocombustível da Universidade da Califórnia:

O poder de grandes finanças e idéias más.

Miguel A. Altieri Professor, Universidade da Califórnia em Berkeley
Eric Holt-Gimenez, Diretor Executivo, "Food First", Oakland

Com grande alarde, a British Petroleum acaba de doar uma enorme quantia para fundos de pesquisa, para a Universidade da Califórnia em Berkeley, os Laboratórios Lawrence Livermore e a Universidade de Illinois, para o desenvolvimento de novas fontes de energia - basicamente biotecnologia para a produção de plantações visando biocombustível. A doação chega no aniversário do infeliz negócio de Berkeley com a gigante de sementes Novartis visando pesquisa, há dez anos. Entretanto, com meio bilhão de dólares, a doação da BP representa dez vezes o investimento da Novartis. A apresentação gráfica do anúncio era inconfundível: o logotipo da corporação BP está perfeitamente alinhado com as bandeiras da Nação, do Estado, e da Universidade.
O diretor executivo e presidente Robert A. Malone declarou que a BP estava "se unindo a alguns dos melhores talentos mundiais em ciências e engenharia para responder à demanda por energias de baixo teor de carbono, que estaremos trabalhando para melhorar e expandir a produção de energia limpa, renovável, através do desenvolvimento de melhores plantações."
Esta parceria reflete o alinhamento global corporativo rápido, sem fiscalização, e sem precedentes dos maiores do mundo em agro-negócio (ADM, Cargill e Bunge), biotecnologia (Monsanto, Syngenta, Bayer, Dupont), petróleo (BP, TOTAL, Shell) e indústrias automotoras (Volkswagen, Peugeot, Citroen, Renault, SAAB). Com o que para elas é um investimento relativamente pequeno, essas indústrias vão se apropriar da perícia acadêmica construída através de décadas de apoio governamental, traduzida em bilhões em receitas para esses parceiros globais.
Seria esta uma programação que só traz ganhos para a Universidade, o público, o meio ambiente e a indústria? Dificilmente. Além de sobrecarregar a programação de pesquisas da Universidade, o que os cientistas que estão por detrás deste negócio escancaradamente privado deixam de mencionar é que a aparente "boca-livre" de combustível baseado em plantações não pode satisfazer nossa fome de energia e que não será de graça, nem saudável do ponto de vista ambiental.
Destinar toda a produção atual de milho e soja dos EUA para a produção de biocombustíveis só satisfaria 12% de nossa demanda de gasolina e 6% de diesel. O total da área dos EUA para plantações atinge 625.000 milhas quadradas. Para substituir o consumo de petróleo dos EUA por biocombustível seriam necessárias 1.4 milhões de milhas quadradas para etanol de milho e 8.8 milhões de milhas quadradas de soja para biodiesel. Estima-se que os biocombustíveis vão transformar os estados de Iowa e Dakota do Sul em importadores de milho até 2008.
O equilíbrio energético do biocombustível - a quantidade de energia fóssil usada para produzir as plantações de biomassa comparada com a que será produzida - não é nada promissor. Os pesquisadores Patzek e Pimentel identificam graves equilíbrios negativos de energia com biocombustíveis.
Outros pesquisadores encontram um retorno de apenas 1.2 a 1.8 vezes para etanol, na melhor das hipóteses, com dúvidas em relação a biocombustíveis baseados em celulose.
Os métodos industriais de produção de milho e grãos de soja dependem de monoculturas em grande escala. O milho industrial exige altos níveis de fertilizante químico de nitrogênio (responsável em grande parte pela zona morta no Golfo do México) e o herbicida atrazine, um fragmentador endócrino.
A soja exige quantidades massivas de herbicida não-seletivo da Roundup, que desequilibra a ecologia do solo e produz "super ervas daninhas". Ambas as monoculturas produzem massiva erosão da camada superficial do solo e poluição da água da superfície e do subsolo devido ao escoamento de pesticidas e fertilizantes. Cada galão de etanol chupa de 3 a 4 galões de água na produção de biomassa. A expansão de combustível "em espiga" para áreas mais secas no Centro-Oeste vai reduzir o já prejudicado aqüífero Ogallala.
Um dos motivos industriais mais sub-reptícios da programação de biocombustíveis - e o motivo porque Monsanto e companhia são atores chave - é a oportunidade de transformar irreversivelmente a agricultura para plantações geneticamente modificadas (GMOs na sigla em inglês). Atualmente, 52% do milho, 89% da soja e 50% da canola nos EUA são GMOs. A expansão de biocombustíveis através de "milho programado", geneticamente adaptado para plantas especiais para o processamento de etanol, vai remover todas as barreiras práticas para a permanente contaminação de todas as plantações não GMOs.
Obviamente, os EUA não podem satisfazer seu apetite por energia com biocombustíveis. Em vez disso, culturas para combustíveis serão produzidas nos países em vias de desenvolvimento, por plantações em grande escala de cana de açúcar, palmeiras que produzem óleo e grãos de soja, que já estão substituindo florestas tropicais primárias e secundárias e pastos na Argentina, Brasil, Colômbia, Equador e Malásia. A soja já causou a destruição de mais de 91 milhões de acres de florestas e pastos no Brasil, Argentina, Paraguai e Bolívia. Para satisfazer à demanda do mercado mundial, só o Brasil terá que derrubar 148 milhões mais de acres de floresta. A redução de gases que produzem o efeito estufa se perde, quando florestas que captam carbono são derrubadas para dar lugar a plantações que produzem biocombustível.
Enquanto isso, centenas de milhares de pequenos agricultores camponeses estão sendo deslocados pela expansão da soja. Muitos mais deverão perder suas terras devido à corrida por biocombustíveis. A expansão de terras de cultivo com plantações de milho amarelo para etanol já reduziu o suprimento de milho branco para tortilhas no México, fazendo aumentar os preços em 400%. Isso fez com que os líderes camponeses presentes no recente Fórum Social Mundial em Nairobi exigissem: "Nada de tanques cheios quando ainda há barrigas vazias!".
Com a promoção em larga escala de monoculturas mecanizadas, que exigem a introdução de agro-químicos e máquinas, e conforme florestas que captam carbono são derrubadas para dar lugar para plantações visando biocombustíveis, as emissões de CO 2 irão aumentar e não diminuir. A única maneira de parar o aquecimento global é promover agricultura orgânica em pequena escala e reduzir o uso de todos os combustíveis, o que requer grandes reduções nos padrões de consumo e o desenvolvimento de sistemas massivos de transporte público, áreas que a Universidade da Califórnia deveria estar ativamente pesquisando e nas quais BP e outros parceiros no biocombustível nunca irão investir um centavo sequer.
As conseqüências potenciais para o meio ambiente e a sociedade do financiamento da BP são profundamente perturbadoras. Depois do relatório da revisão externa do acordo entre a Universidade da Califórnia e a Novartis, que recomendou que a Universidade não realizasse tais acordos no futuro, como pôde um negócio tão grande ser anunciado sem ampla consulta ao corpo docente da Universidade?
A Universidade foi levada a uma parceria corporativa que pode transformar irreversivelmente os sistemas de alimentos e combustíveis do planeta e concentrar enorme poder nas mãos de uns poucos parceiros corporativos.
Cabe aos cidadãos da Califórnia exigir que a Universidade seja responsável por pesquisas que verdadeiramente apóiem alternativas sustentáveis para a presente crise de energia. Um debate público sério sobre este novo programa já deveria der sido feito há muito tempo.
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Traduzido do inglês por Lília Azevedo, a pedido de Maria Luisa Mendonça, da Rede Social.
São Paulo, 7 fevereiro 2007
Isabella Kenfield


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sexta-feira, abril 06, 2007




Carta a Danuza Leão



Cara Danuza:


Você diz em sua coluna de domingo (1) que está precisando só da opinião de Fernando Gabeira. Mas espero, humildemente, que você também leia a minha. Senão pelo compromisso jornalístico, por uma questão de civilidade. Começo lembrando que há algum tempo a Folha de S.Paulo publicou uma sugestiva carta de um leitor. ''Desculpe, mas acabou a minha capacidade de absorver só notícias negativas. A Folha há muito deixou de praticar um jornalismo investigativo e entrou firme no jornalismo denunciativo, que não leva a nada'', disse ele.


O leitor estava comunicando a perda da paciência com um determinado tipo de jornalismo. Ele não é o único. Nem a Folha de S.Paulo é a única publicação a colocar como prioridade de sua estratégia editorial a busca do pior em tudo. É um caso em que se aplica a grande frase de Eça de Queiroz: ou é má-fé cínica ou obtusidade córnea.


Esse tipo de política editorial dá cartaz, mas não consegue ocultar algo fundamental: poucas vezes um governo brasileiro teve a sorte de enfrentar inimigos tão desqualificados como os que enfrenta hoje. De fato, um dos trunfos mais poderosos de Lula é o tipo de gente que profere bravos discursos clamando por princípios e pureza, como ACM, Bornhausen, FHC...


Assim fica difícil! Munidos de um visto temporário para o mundo da ética, esses personagens só podem levar a opinião pública a uma conclusão: se eles estão contra o governo, este só pode estar certo. Disso decorre uma constatação que vale a pena anotar: a mídia é de fato golpista.


Outro exemplo é um entrevista concedida por Gabeira (PV-RJ) - já que você o elegeu como seu único interlocutor nesta questão - à Folha tempos atrás. A linhas tantas, o entrevistador, Josias de Souza, pergunta: ''Se (José) Dirceu fosse preso hoje, o senhor seqüestraria um embaixador americano para libertá-lo?''. Essa formulação pode ser definida como a síntese da mentalidade idiota que prevalece na maioria das redações.


Já Gabeira abusou do que se pode chamar de histrionismo. A gabolice de Gabeira lhe rendeu uma superexposição na mídia e foi elogiada até por colunistas sociais. Gabeira estava sendo conduzido ao picadeiro. O circo não podia parar. Como o deputado Roberto ''Dinamite'' Jefferson praticamente já havia cumprido seu papel, entrou em cena Gabeira e seus traques.


Com o clima de fim de festa instalado nas CPIs, puseram o travesso deputado para de vez em quando gritar: ''Lobo, lobo!''. Assim ele mantinha o aparato da direita mobilizado para combater qualquer indício de flagrante nas mal escondidas intenções contra o governo Lula.


O que se via na mídia era um panorama de ruínas. Os prognósticos mais tenebrosos eram atirados ao público de todas as formas possíveis - pela televisão, pelas rádios, pelos jornais, pelas revistas, pela internet. (Quem haverá, por exemplo, de esquecer as expressões faciais de pânico indignado de William Wack no Jornal da Globo?) Nesse ambiente que premia sistematicamente a indignação, pouco importando se ela se baseia ou não em fatos, tornou-se regra conferir respeitabilidade à opinião desinformada.


Outro exemplo é a carta de José Dirceu aos deputados. ''A mídia me julgou e me condenou no dia em que um deputado corrupto resolveu se vingar por eu ter negado qualquer proteção para livrá-lo do processo que viria'', escreveu Dirceu, referindo-se ao ex-deputado Roberto Jefferson. E conclui: ''Quando a mídia escolhe alguém para crucificar, justa ou injustamente, não há reputação que resista incólume''.


Até aí não há novidade: essa mídia serve para isso mesmo. Se alguém está contrariado com alguma decisão do poder público; insatisfeito com o resultado de alguma eleição, seleção, licitação ou critério para qualquer coisa definido por algum órgão de governo; disposto a azucrinar algum desafeto, apenas, esse alguém tem uma avenida aberta pela frente; munido de alguns argumentos - podem ser merecedores de consideração ou pura fanfarronada -, esse alguém pode exercitar suas manobras politiqueiras, barrar o prosseguimento de um processo legítimo que não o beneficiou, levantar suspeitas contra um administrador que não atendeu aos seus interesses ou apenas dar a sua colaboração para atulhar um pouco mais os tribunais do país. O caminho é este mesmo: recorra à mídia.


O que se passou no caso Dirceu mostra como é fácil, e isento de quaisquer ônus, atentar contra os fatos por interesses politiqueiros. Devoto daquilo que o cineasta Billy Wilder chamou de Big Carnival (grande carnaval) - filme que no Brasil recebeu o nome de A Montanha dos Sete Abutres e que retrata o caso de um repórter especialista na arte da trapaça -, o noticiário atingiu o auge das previsões tétricas. Nesse tipo de noticiário que culpa o governo por tudo, aparecem os que criticam o presidente da República, os revoltados com o socialismo, com o MST, com a MPB, bem como os insatisfeitos em geral, seja com o campeonato brasileiro de futebol ou com o atraso do trem, a acne juvenil, a aftosa e o bicho-do-pé. Ou seja: tudo é culpa do governo.


Esse comportamento não é, absolutamente, irrelevante, porque inclui a mentira. Trata-se de um noticiário - melhor seria dizer bagunçário - que cumpre papel bem definido no jogo político que se estabeleceu no país. Ele serve aos velhos coronéis, muitos deles modernos, que usam os meios de comunicação como arma principal na luta política. E isso tem um perverso efeito colateral: a corrosão do caráter do jornalista.


Um jovem que chegue a uma redação e seja confrontado com a realidade cotidiana de trapaças de variadas espécies para a obtenção de notícias - mentiras sobre a natureza da reportagem para conseguir entrevistas e gravadores escondidos para colher flagrantes, para ficar apenas em dois exemplos comuns - é rápida e inevitavelmente engolfado pela frouxidão dos valores. A conclusão é inescapável: por mais defeitos que tenha, por mais problemas por resolver que acumule, o governo brasileiro - incluindo Franklin Martins - é, hoje, infinitamente melhor do que a mídia.


Cordialmente,

Osvaldo Bertolino


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Danusa Leão fazia melhor papel quando era recepcionista da antiga Régine, boate do Meridien. Nos anos 70, o Brasil passando por uma grande crise, a elite branca decadente brasileira, com a Danusa de porteira de boate, vivia o esplendor mundano. Régine, uma francesa vazia, aplicou 3 milhões de dólares para abrir uma boate no Rio. E a Danusa lá. É dizem que ela tem saudades.
M V M <=> @News
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UMA ATITUDE DIGNA


Os controladores de vôo tiveram uma atitude digna e pediram perdão à sociedade pelos transtornos devidos à paralisação do controle aéreo em 30/3. Como dizia meu pai, o corcunda é que sabe o lado que se deita, mas essa greve foi muito prejudicial para o país e os passageiros. O fato de os controladores terem compreendido que a paralisação dos serviços foi um erro e de virem a público assumir esse erro e pedir perdão ao povo é algo que merece respeito e consideração. Seria bom se a mídia agisse da mesma forma e pedisse perdão por ter aterrorizado a população. O jornal O Estado de São Paulo, que está espalhando boatos, notícias de novas greves com base em entrevistas manipuladas, em atitude de puro terrorismo, deveria indenizar as empresas aéreas que tiveram perdas por conta dessas falsas noticias, bem como as pessoas que desistiram de viajar de avião ao ler aquilo. O mesmo deveria acontecer com a Globo e com a Folha de S. Paulo. A mídia deveria pedir pedir perdão aos seus leitores, e telespectadores pelos delitos cometidos. Se qualquer fato pode ser manipulado para atacar o presidente Lula, e o governo Lula, a mídia o faz sem nenhum pudor, com muita afoiteza. A mídia ainda está inconformada com a derrota que teve em 2006, após dois anos de manipulação ignominiosa dos fatos e acontecimentos. Em 2006 não funcionou, o povo ficou esperto, atento, sabido, e a mídia ficou desacreditada. Mas eles vão continuar tentando manipular fatos, acontecimentos e informações contra o governo. Afinal, é a elite oposicionista e golpista que financia suas empresas e seus devaneios.


Jussara Seixas
http://por1novobrasil.blogspot.com/

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CADEIA TAMBÉM SERVE PRA JORNALISTA E DONO DE JORNAL...


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quinta-feira, abril 05, 2007





PARAR DEPOIS DA PÁSCOA? QUEM DIZ?
Paulo Henrique Amorim
Máximas e Mínimas 280
. O Estadão divulgou na edição de hoje uma "reportagem" que, em qualquer democracia séria, não teria sido publicada (clique aqui: http://www.estadao.com.br/ultimas/cidades/noticias/2007/abr/04/10.htm).
. A "reportagem" é uma ameaça/chantagem de um líder sindical que não se identifica: se o Governo não fizer isso ou aquilo, os controladores vão parar depois da Páscoa.
. É um plano em "gestação", diz o "repórter".
. Trata-se de uma informação que perturba a ordem pública, desorganiza a atividade comercial, o turismo – e é uma "informação" anônima.
. O Estadão faz parte, com entusiasmo, daquele núcleo seleto da mídia que promove e incita o golpe contra o presidente Lula.
. E se utiliza de expedientes como esse para atingir seu objetivo.
. Num país razoavelmente democrático, o Ministério Público Federal (que, aqui, se esqueceu de apurar quem financiava o "valerioduto", depois de pedir o indiciamento dos "40 ladrões”), num país razoavelmente democrático, o Ministério Público Federal interpelava o jornal e o repórter para saber a fonte da informação.
. E processar o informante. E/ou o jornal.
. A preservação da fonte é um dos pilares da liberdade de imprensa – mas, como provou a democracia americana recentemente (*), o jornalista não tem o direito de proteger a fonte quando isso se torna uma forma de obstruir a Justiça.
. A "reportagem" do Estadão não é uma reportagem.
. É outra coisa.
(*) Aconteceu no episódio do vazamento de informação para prejudicar uma espiã da CIA, casada com um embaixador que publicou um artigo no New York Times em que desmentiu a informação de que o Iraque tinha comprado urânio no Niger. O promotor público lutou na Justiça e conseguiu que os repórteres apontassem quem, no Governo, vazou a informação para "queimar" a espiã e o embaixador.
Em tempo: O Conversa Afiada enviou ao chefe de gabinete do Procurador Geral da República, Marcius Correia Lima, e ao assessor-chefe do Procurador Geral da República, José Martins Arantes, a seguinte pergunta:
“Senhor Procurador Geral da República, Antônio Fernando de Souza, o senhor vai fazer alguma coisa?”


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